Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 3
Pureza de espírito - Regina


Notas iniciais do capítulo

Se já leu esse capítulo, releia, também fiz modificações, e mais do que nos outros dois. Tente prestar atenção, para não passar despercebido as alterações.

(AMMY BELL = TINKERBELL)

Espero que gostem das modificações e que fiquem tão ansiosos como eu! hahahahahha

Boa leitura!



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Eu estava em pé olhando pela grande janela daquele quarto, com as mãos sobre minha barriga que crescia cada dia mais. Por mais perfeito aquela noite fosse, com todos seus encantos de estrelas brilhantes e lua cheia, eu estava angustiada e tentava de algum jeito arrumar uma solução para todos os meus problemas. Eu me sentia apavorada, completamente perdida, como se a qualquer momento eu fosse sair de um lindo sonho para viver em um pesadelo.

— Você não vai achar respostas no céu, Regina... – Emma disse ao sair do banheiro secando seus cabelos com uma toalha. Eu apenas a olhei de relance soltando o ar que estava preso em meus pulmões, mas voltei a encarar a noite.

— Foi o que eu disse... – A voz de Henry veio do outro lado do quarto, ele estava sentado a escrivaninha fazendo sabe-se lá o que. – Ela está ali em pé desde a hora em que você foi tomar banho. – Ele falou diretamente com Emma.

— Regina... – Emma se aproximou – Você tem que relaxar um pouco... – Colocou uma de suas mãos em meu ombro. – Olha para mim... – Com calma me fez ficar de frente para ela. – Eu também estou com medo... – Pegou em minhas mãos, olhando-me profundamente. - Eu também estou preocupada, na verdade todos nós estamos... mas você tem que relaxar... Vai da tudo certo no final, assim como deu para mim... você já deveria ter aprendido que de uma forma ou de outras as coisas sempre dão certo. – colocou suas mãos sobre minha barriga – Nós vamos conseguir, temos que confiar no nosso amor e na nossa força... e confiar também no destino...

— Eu não quero confiar no destino, eu não quero que as coisas sejam desse jeito. Eu quero meu castelo de volta, quero poder viver em paz com você, Henry e elas... – coloquei minhas mãos sobre as de Emma.

— Eu sei, eu também. – Seu semblante era firme e sério, o que fez com que me sentisse segura – Por mais que as coisas não sejam do jeito que a gente quer, pelo menos temos a certeza que vai dar tudo certo no final, pelo menos temos esperança de que nossa perda não será eterna e que quanto antes as coisas vão se arrumar e vamos estar todos juntos outra vez. – Ela segurou em meu rosto sorrindo de canto. – Temos que viver o hoje... porque se essa maldição acontecer se essa profecia se cumprir como todas as outras, eu sei que o que estamos vivendo aqui será forte o suficiente para nos ajudar no futuro.

— Ah claro... E você quer que eu viva feliz sabendo que a qualquer momento vamos ser arrancados de nossas vidas? Quer que eu aproveite o restinho de felicidade que tenho, como se não houvesse o amanhã? – Eu falei com deboche. – Pode ser fácil para você, Emma, mas você sabe que eu não consigo!

— Não meu amor... - Ela tentou me acalmar.

— Acabei! – Henry interrompeu ao largar a pena sobre a escrivaninha.

— O que? – Emma perguntou ao se virar para ele.

— Então... – Ele pegou os pergaminhos que estavam sobre a superfície ao se levantar. – Eu tive uma ideia e resolvi coloca-la em pratica antes de falar com vocês... – Ele disse vindo em nossa direção. – Mas antes tenho uma pergunta para você, mãe... – Ele falou diretamente comigo.

— Diga querido.

— Quando vocês voltaram para cá, todas as coisas que estavam lá em Storybrooke também voltaram? – Ele perguntou como se já soubesse a resposta.

— Sim, por quê?

— Então o meu livro está em algum lugar por ai, certo?

— Sim Henry, mas o que seu livro tem a ver com o que está acontecendo? – Eu perguntei realmente sem achar uma ligação.

— Só me diga se pode acha-lo para mim.

— Claro que posso... – Eu estendi minhas duas mãos fazendo o livro surgir com magia.

— Ótimo! – Henry disse feliz o pegando com pressa.

— Não vai contar qual foi sua ideia, Henry? – Emma perguntou curiosa.

— Eu escrevi aqui nesses pedaços de... pano... – Henry falou de maneira estranha ao levantar os pergaminhos.

— São pergaminhos, Henry... – Eu lhe expliquei com calma.

— Então... – Ele sorriu sem jeito. – Eu escrevi tudo que aconteceu desde o momento que saímos de casa para acampar no meu aniversário... – Ele disse essa parte olhando diretamente para Emma. - Até o momento em que o Sr. Gold nos contou sobre o futuro. – Ele estendeu o pergaminho nos mostrando. – Mas vocês duas são as principais... É o nosso conto de fadas... – Ele falava animadamente. – Não está perfeito, na verdade está longe disso, o que tenho aqui é apenas um resumo para ajudar minhas irmãs. Quando eu tiver tempo eu escrevo tudo que aconteceu desde a parte que o livrou parou... – Seu sorriso me fazia sentir paz. Eu amava muito aquele meu filho. – Mas então... A minha ideia é... – Ele respirou fundo antes de continuar. – Colocar o que eu escrevi junto com o livro, para que elas saibam como tudo aconteceu, e quando elas voltarem, eu possa tê-lo de volta e mais uma vez ajudar vocês a se lembrarem de tudo, como fiz da outra vez... – Eu ia começar a falar, mas ele não deixou. – Deixa eu terminar... – Eu apenas acenei com a cabeça para que continuasse. – Eu sei que Mary Margaret e David vão estar lá e vão poder contar tudo à elas, mas quando voltarem, se estiverem com o livro e com a parte que eu escrevi a mão, vai ser muito mais fácil me fazer acreditar. – Seus olhos brilhavam como se sua ideia fosse resolver todos os nossos problemas. – E mais uma coisa, vocês duas podem escrever uma carta para elas e uma outra para vocês mesmas lerem no futuro, isso também pode ajudar na parte das memórias. – Ele falava com tanta convicção que estava começando a me dar esperança. – Pode não ser o melhor plano do mundo, mas pode ser o que vai nos salvar depois... – Ele respirou aliviado ao conseguir dizer o que tinha em mente.

— Como você mesmo disse... – Eu sorri para ele. – Pode não ser o melhor, mas pode sim nos salvar depois. – Minhas palavras fizeram com que ele abrisse seu melhor sorriso.

— Então façam suas cartas, porque além de ter escrito o que aconteceu, eu também escrevi algo especial para elas, e para mim... - Henry disse ao colocar os pergaminhos dentro do livro e estende-lo em nossa direção.

Tudo ficou negro como se eu tivesse sido apagada repentinamente, mas ao abrir os olhos eu estava em meu quarto, de volta a minha vida real...

Meus sonhos eram sempre diversos. Uns felizes, outros tristes, alguns até engraçados, vários deles eram raivosos, mas os melhores eram os “família”. Eu realmente gostava deles, eu me sentia completa, como se eles sim fosse reais, não a vidinha sem graça que eu levava todos os dias. Não que eu não gostasse das coisas que eu fazia, mas aqueles sonhos eram sem duvidas muito melhores do que qualquer coisa que eu pudesse fazer.

Ammy chegou antes de mim à floricultura, já com nossos cafés em mãos, sempre atenciosa e prestativa. Era muito melhor quando ela estava lá. Sempre tagarelando, me fazendo rir e me distraindo. Eu de fato não tinha muitos amigos, se é que eu tinha algum além da minha única funcionária. Tinham alguns clientes que eu até gostava bastante, mas eu acho que não poderia dizer que eram meus amigos.

Depois que voltei do almoço em minha casa, Ammy já me esperava ansiosamente para poder fazer suas entregas da tarde. Eu não era de me atrasar, mas fiquei mais tempo do que deveria pensando no sonho que havia tido naquela noite. A imagem do menino me chamando de mãe, a mulher me tratando com tanto carinho, a barriga já avançada... Eu certamente não estava muito interessada no contexto do sonho, – já que eu nunca os entendia muito bem – além de não conseguir tirar da minha cabeça aqueles dois, – que eram iguais a Xerife da cidade e seu filho – eu não conseguia parar de pensar no bebê... na verdade nos bebês que eu estava esperando. Será que eles também existiam?

— Eu vou entregar esses pedidos, mas volto em uma hora. - Ammy falou já indo em direção à porta. – Vou tentar voltar antes que perceba, então não se preocupe que não vai ficar muito tempo sozinha. – Ela disse com seu sorriso de sempre. – E não mexa nas Azaleias que eu vou terminar de arruma-las quando voltar.

— Tudo bem Ammy... pode ir. – Eu disse achando graça da sua animação.

— Até mais. 

Eu tinha alguma coisa para arrumar na estufa, mas iria esperar Ammy voltar. Então resolvi pegar meu bloquinho para fazer a contagem das flores. Mas antes mesmo de começar a conta-las a porta da floricultura abriu, fazendo-me desviar toda a minha atenção para quem estava entrando.

— Boa tarde. – O mesmo menino do dia anterior disso meio tímido.

— Boa tarde... – Eu senti meu coração acelerar com sua presença. Tive que me segurar para não correr e abraça-lo, mesmo só tendo o visto uma vez na vida.

— A senhora... está bem? – Ele ainda estava tímido. – Digo, de ontem... melhorou?

— Sim... – Eu sorri me sentindo muito feliz com sua preocupação.

— Que bom, eu fiquei preocupado... – Ele pareceu aliviado dando um sorriso de canto no final.

— Como eu disse, era apenas fome... E pode deixar que eu já comi hoje, não vai acontecer de novo. – Eu o tranquilizei, fazendo-o seu sorriso se abrir.

— Então... ontem eu vim aqui para te perguntar uma coisa... Mas aconteceu aquilo e... eu não pude fazer o que tinha vindo realmente fazer. – Ele disse mais relaxado.

— Diga-me, querido. – Eu falei de maneira carinhosa mesmo sem saber de ele acharia bom ou não.

— A minha professora passou um projeto de jardinagem... Na verdade ela disse que não era bem jardinagem, mas sim um projeto para que a gente pudesse aprender a ter paciência, equilíbrio e outras coisas mais... – Ele tagarelou como se achasse aquilo tudo uma bobeira. – Mas para mim é apenas jardinagem e mesmo eu não gostando dessas coisas a minha aprovação no final do ano vai depender disso... – Ele concluiu revirando os olhos, fazendo-me achar aquilo incrivelmente familiar.

— Então, no que eu posso te ajudar? – Eu estava me sentindo muito feliz com aquele menino me pedindo ajuda com o dever de casa.

— Eu tenho que plantar begônias... A única coisa que sei é que é uma flor... então eu vim aqui para saber se você vende sementes de begônias... E... se poderia me ensinar como cultiva-las... Eu posso pagar para a senhora me explicar. – Ele disse ansioso antes mesmo de eu dizer que ajudaria, mesmo sem pagamento.

— Sementes não... Mas tenho mudas, serve? – Eu perguntei com calma, tentando tranquiliza-lo.

— Não sei, eu tenho uma folha aqui no meu caderno explicando como deve ser feito – Ele foi retirando a mochila das costas. - Mas eu acho que serve sim... – Se ajoelhou e apoiou a mochila ao chão para procurar. – Mas se servir, pode me explicar? Eu realmente posso pagar pelas aulas.

— Henry... é o seu nome não é? – Eu sabia que sim, mas queria ter certeza que não estava sonhando, ele apenas afirmou com a cabeça ao retirar um caderno de dentro da mochila. – Então Henry, eu posso te explicar sim, com todo o prazer e não precisa me pagar, eu vou adorar te ajudar com esse trabalho da escola. – Eu sorri feliz, fazendo-o sorrir satisfeito com minha resposta.

— Muito obrigado Sra. Mills... – Ele agradeceu contente. – Eu estava desesperado com esse projeto. Minha mãe Emma não sabe nada dessas coisas, e minha mãe Zelena nunca me ajuda nos deveres de casa, ela está sempre muito ocupada... – Ouvir o menino falando de sua outra mãe fez meu coração doer de uma maneira que nunca tinha acontecido na vida.

— Eu fico muito feliz em poder te ajudar. – Eu o observei enquanto foleava rapidamente seu caderno.

Eu estava feliz com aquilo, mas a angustia dentro de mim estava me torturando, por que, por mais que meus sonhos fossem apenas sonhos, por alguns segundos ali com ele me pedindo ajuda com o dever de casa, me fez senti igualmente eu me sentia quando dormia, realizada e feliz. Mas eu não era a mãe dele, eu nem o conhecia para falar a verdade e era isso que fazia minha alma doer como se estivesse sendo arranca de mim.

— Aqui está! – Ele exclamou estendendo o caderno em minha direção, ainda de joelhos no chão.

A muda de begônia serviria e o projeto era muito legal. A ideia central era fazer com que os alunos tivessem mais paciência e mais compreensão de tempo. Para que soubessem lidar melhor com a vida, sem toda aquela urgência e impaciência dos tempos “modernos”. E para aprenderem a lidar com suas escolhas e conflitos, sem medo do futuro.

Enquanto Ammy não voltava, eu expliquei para Henry toda a parte teórica de cultivar uma planta, tentei ser o mais clara possível, para que aquele menino - que aparentava ter doze anos - pudesse entender que cuidar de uma planta não era apenas regar e só. Tinha também toda a parte afetiva, que era muito importante dar amor a elas, para que crescessem ainda com mais vida. Ele por sua vez prestou atenção em cada palavra minha e mesmo sem concordar algumas vezes, era educado e gentil. As mães dele lhe deram uma ótima educação. Henry era um menino de ouro.

Quando Ammy voltou eu a deixei no comando da loja, levando-o diretamente para a estufa, onde começamos o projeto. Escolhemos o vaso, a terra e por fim a cor da begônia – branca.

Com calma eu fui dizendo passo-a-passo como ele teria que fazer. Que me entendia com clareza, sempre querendo saber mais. Aquilo era como um sonho, mas na vida real. Aquele menino, que era tão meu quando eu dormia, estava ali, a minha frente, sorrindo e com as mãos sujas de terra, feliz por estar recebendo a minha ajuda com seu dever de casa.

— Sabia que cada flor tem um significado? – Eu perguntei quando ele terminava de plantar a muda com cuidado.

— Não... – Henry disse um pouco surpreso. – E qual é o significado da begônia? – perguntou curioso.

— Pureza de espirito... – Eu sorri achando que nada acontecia por um acaso. E que aquela flor tinha tudo a ver com aquele menino.

— Legal... – Ele comentou com um sorriso sincero, mas se calou voltando a fazer o que estava fazendo, eu apenas o observava atentamente, querendo aproveitar cada segundo daquele momento ao máximo.

— Regina? – Ammy me chamou da porta da estufa.

— Estou aqui Ammy... – Eu falei em tom alto já saindo de trás de algumas plantas e entrando em seu campo de visão.

— Tem uma mulher ai na frente perguntando pelo garoto. – Ammy disse como se não soubesse o que fazer.

— Deve ser minha mãe, ela disse que viria me buscar... – Henry falou diretamente para mim. – Mas eu disse para ela que ligaria quando acabasse... – Ele protestou como se não estivesse satisfeito com sua aparição.

— O que eu faço, peço para esperar? – Ammy parecia inquieta querendo voltar para loja.

— Ela pode vir aqui? – Henry me perguntou. – Eu ainda não terminei e já que ela está ai, queria que ela visse o que estou fazendo... – sua voz era mansa, como se tivesse medo da minha resposta.

— Claro... – Eu senti meu coração ir a boca, mesmo sem saber de qual mãe ele estava falando. – Pede para ela vir aqui, Ammy!

— Pode deixar. – Ela praticamente gritou já se retirando.

Aquele meio minuto que levou para a mãe de Henry aparecer foi uma grande tortura. Eu estava me tremendo e não era só por dentro. Meu coração estava acelerado. E a reviravolta em meu estomago começou a me deixar enjoada.

Mas assim que a Xerife Swan surgiu sorridente, toda a montanha-russa que eu estava sentindo se tornou algo completamente leve. Foi como voar sobre as nuvens em uma tarde fresca. Aquela sensação de estar completa era igualmente maravilhosa aos meus sonhos “família”.

— Hey... – A Xerife chegou meio sem jeito, já eu apenas consegui dar meio sorriso.

— Mãe, eu não te disse que ligaria quando estivesse tudo pronto? – Henry reclamou como um menino mimado. – Mas tudo bem... – Ele mudou seu tom de voz para algo mais descontraído. – Já que está aqui, vem ver como estou me saindo. – Ele sorriu feliz ao olhar para a plantinha.

— Eu trouxe seu lanche. – A Xerife falou sorrindo mostrando uma caixa de papelão.

— São donuts, não são? – Henry perguntou a olhando como se a recriminasse. Ela por suas vez, apenas afirmou com um sorriso envergonhado, como se fosse levar uma bronca. – Bem que achei estranho você aparecer sem eu ter ligado antes... – Ele a recriminava, mas o olhar travesso da Xerife me entregava que era apenas uma brincadeira. - Tudo isso faz parte do seu plano sombrio de comer seus donuts sem medo de ser pega pela grande mãe mais chata com comida do mundo. – Ele semicerrou os olhos como se achasse aquilo a coisa mais feia do mundo. – Que coisa feia em, Xerife Swan... Espero que tenha pelo menos trago o de chocolate. – Sua expressão ainda era série.

— É claro que trouxe. – A Xerife sorriu ainda com aquele olhar travesso.

— É por isso que eu te amo, mãe! – Henry abriu um sorriso enorme para a mãe, mas se virou para mim em seguida. – Está vendo a mãe que tenho? Enquanto a outra me proíbe de comer quase tudo, essa ai sempre faz uns contrabandos de donuts para alegrar o nosso dia. – Ele disse feliz ao se virar completamente para mim e limpar suas mãos em sua calça jeans.

— Não limpe suas mãos na calça, Henry... – Eu falei sem pensar como se fosse minha responsabilidade. – Tem uma pia logo ali... – Eu apontei para onde ela estava há alguns metros de distância tentando disfarçar minha vergonha por ter “brigado” com ele. Mas Henry apenas sorriu sem graça e correu até a pia me deixando sozinha com sua mãe. Me virei para ela desejando que ele voltasse o mas rápido possível, eu não queria ficar tonta outra vez e desmaiar na frente deles novamente.

— Você melhorou? – A Xerife perguntou em tom baixo com um olhar preocupado.

— Sim... – Eu dei um meio sorriso tentando não mostrar o quanto eu estava encantada com sua preocupação.

Ela sorriu de volta fazendo-me sentir paz, mas um silêncio constrangedor permaneceu após minha simples resposta. Onde cada uma ficou olhando para um lado e talvez desejando a mesma coisa, que Henry voltasse o mais rápido possível.

Aquela mulher era de tirar meu folego. Era a segunda... terceira vez que a via na vida e as emoções que me causavam pareciam ser coisas de outro mundo, quase que igual aos contos de fadas que eram lidos para crianças dormirem. Como se tivéssemos nascido uma para outra.

— Mãos lavadas e barriga roncando... – Henry disse ao se aproximar. – Já podemos comer. – Ele se colocou entre nós.

— Eu não sabia de qual você gostava então trouxe vários sabores. – A xerife falou comigo sem jeito, fazendo meu coração acelerar com aquela “lembrança”.

— Eu gosto de creme. – Sorri de canto, mesmo não ligando para donuts.

— Eu também... – A Xerife deu um meio sorriso.

Fomos os três para a parte de trás da estufa onde tinha uma mesa de concreto, que eu não me lembrava de ter usado nunca em minha vida.

Henry ficou tagarelando sobre o que ele havia aprendido comigo, enquanto Emma vez ou outra me olhava de canto como se tentasse se certificar que eu ainda estava ali. O seu olhar era tão intenso que eu quase sempre achava que ela podia ler todos os meus pensamentos.

Aquele momento, só nós três, comendo donuts e nos conhecendo um pouco mais, era como está sonhando, mas era melhor, por que era real e eles estavam a minha frente. Poderiam não ser meus como nas noites de sono, mas estavam ali... não eram devaneios eram de carne e osso.

— Porque você não é mãe? – Henry perguntou descontraído diretamente para mim.

— Henry! – A Xerife o recriminou pela pergunta. – Isso não é pergunta que se faça. – Ela se virou para mim em seguida. – Desculpe.

— Não... – Eu sorri tentando dizer que estava tudo bem. – Não tem problema...

— Você não precisa responder... – Henry estava nitidamente envergonhado.

— Eu não sou mãe... – Eu parei para pensar por alguns segundos. - Por que a vida não quis... – Eu sorri para ele. – Mas eu acho que amaria. – Me lembrei da barriga em meu sonho, lembrei da sensação maravilhosa que era ter aqueles seres dentro de mim.

— É... você seria uma boa mãe... – Henry disse como um menino inocente e eu senti vontade de chorar. Aquelas emoções sempre tão intensas eram ainda mais na presença deles.

— Então, você vai levar sua filha planta para casa? – A Xerife perguntou mudando de assunto.

— Eu não sei... – Henry olhou com um pouco de receio para mim. – Eu pensei... que talvez... – Ele estava com receio de dizer.

— Fale, querido... – Sorri simpática, mostrando que ele poderia dizer qualquer coisa.

— Pensei que... Talvez eu poderia deixar a planta aqui, pelo menos no início e vir todos os dias depois da aula cuidar dela. – Falou ainda com receio nos olhos.

— Sem problemas, Henry... Pode sim. – Eu disse ao colocar o último pedaço de donuts na boca.

— Obrigado Sra. Mills, muito obrigado! – Ele agradeceu feliz e enfiando um grande pedaço de donuts de chocolate em sua boca.

— Vai com calma criança, assim você vai ficar com dor de barriga, e quem vai levar a culpa será eu. – A Xerife tirou a caixa de donuts da frente dele. – Sabe bem como sua mãe é...

— Relaxa mãe, ela não vai descobrir nosso segredo... – Ele falou descontraído de boca cheia. – A não ser... – Ele me olhou como se me acusasse, mas eu vi que era brincadeira. – Que a Sra. Mills conte tudo para ela.

— Por favor, me chame de Regina... – Eu pedi para ele. – E não, não vou contar nada a sua mãe, Henry... – Eu deixei meu sarcasmo escapar sem querer. – Será o nosso segredo. – Eu sorri para ele.

— Agora tenho duas cumplices. – Henry nos olhou de um jeitinho único.

Nos olhamos como a família feliz que éramos em meus sonhos, aqueles segundos mágicos e reais à minha frente. Eu queria que durasse para sempre, queria nunca mais sair de perto deles.

Por mais perfeito meus sonhos fossem e por mais que eu amasse dormir muito mais que estar acordada, naquele instante eu amei estar viva. Porque depois de tanto tempo, foi o que eu senti, que estava viva pela primeira vez em toda aquela minha vida sem graça.

O instante perfeito durou apenas alguns segundos, por que logo fomos interrompidos pelo celular da Xerife, que berrou sem pudor, me dando um belo susto e um choque de realidade.

— Oi amor... – A Xerife atendeu meio sem graça já se levantando, fazendo-me querer arrancar aquele telefone de sua mão e matar a pessoa que estava do outro lado da linha. – Não, eu vim buscar o Henry, já estamos indo embora. – Ela foi se afastando conforme falava.

— Mesmo amanhã sendo sábado eu posso vir? – Henry perguntou tirando minha atenção para ele.

— Claro querido, pode vir sim. – Eu olhei de relance para Emma que havia acabado de desligar o celular.

— Obrigado mais uma vez... – Henry agradeceu ao se levantar.

— Já te disse é que um prazer te ajudar. – Eu sorri mais uma vez.

— Desculpe acabar com nosso momento secreto dos donuts. – A Xerife falou ao voltar. – Mas Zelena está em um mal dia e devemos ir logo.

— Sem problemas. – Eu tentei não mostrar minha frustração, mas eu sei o quanto fria soou minha frase.

— Que horas eu venho amanhã? – Henry perguntou animado.

— Como amanhã é sábado, nós ficamos aberto até o meio dia, então venha na parte da manhã – Eu tentei sorrir. Henry logo deu as costas indo em direção a saída.

— Até mais Srta. Mills. – A Xerife sorriu de canto também dando as costas, mas rapidamente se virou para mim sem parar de andar, dando passos para trás. – Você ainda me deve um café. – Ela me olhou de um jeito que quase me fez perder o ar e também esquecer o motivo de estar brava.

— É devo... – Eu sorrir timidamente o que a fez intensificar o olhar, molhar seus próprios lábios com a língua e partir, deixando-me como uma menina platonicamente apaixonada.


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Notas finais do capítulo

Por favor, aos que já leram me digam o que acharam, e se sentiram diferença desse cap para o que eu havia postado antes.

E para os que estão lendo a primeira vez, me digam, estão gostando?