Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 11
Os três e Henry - Emma


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Eu já tinha vivido de tudo naquele dia e mesmo assim, ainda parecia longe de acabar.

Depois de procurar Zelena em vários lugares, até mesmo em casa, eu tive que dar uma pausa para atender a vários chamados. Diversas pessoas fizeram queixas de uma espécie de pássaro gigante, que sobrevoava suas casas. Mesmo achando aquilo a coisa mais estranha do mundo, eu fiz uma busca geral pela cidade, mas não encontrei absolutamente nada. Continuaria no dia seguinte caso as denuncias insistissem.

Ao deixar a delegacia, cansada por ficar dando voltas e voltas na cidade, me senti aliviada ao lembrar que no dia seguinte eu já teria ajuda. Meu novo ajudante havia caído do céu, as coisas no trabalho começariam a ser mais tranquilas.

Tentei ligar novamente para Zelena – depois que saiu às pressas do Granny’s – mas mais uma vez foi diretamente para caixa postal. Eu estava começando a ficar bem preocupada. Se ela não voltasse para casa no horário de sempre, eu teria que vasculhar toda a cidade. Coisa que já tinha feito a procura de um pássaro misterioso.

Estacionei a viatura próxima à floricultura. Eu não havia levado Henry, mas não deixaria de busca-lo.

Ainda não tinha visto Regina naquele dia. Mesmo com a cabeça pensando em onde Zelena poderia estar eu ainda precisava ver a florista, nem que fosse por dois minutos do meu dia. Sabia que aqueles olhos me fariam sentir mais calma e até mais forças para encontrar minha esposa sumida. Mesmo aquilo não fazendo nenhum sentido.

Assim que bati a porta do carro meu celular começou a tocar, ao ver o nome Zelena cheguei a respirar aliviada.

— Eu estou te ligando há horas! – Eu falei brava antes mesmo dela dizer alguma coisa.

— Emma... – Sua voz saiu fria. – Eu acabei de chegar em casa, estou te ligando para dizer que vou tomar um banho, tomar um calmante e dormir até amanhã. Então quando chegar não me acorde. Vou trancar a porta do quarto, durma no de hospedes.

— Você está bem? Quer que eu vá para ai agora?

— Não, eu quero ficar sozinha, quero dormir até amanhã. – Por mais que seu tom fosse completamente seco, eu conseguia sentir emoção ao fundo, algo como tristeza e até raiva.

— Tem certeza?

— Tenho Emma! Até amanhã. – Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela desligou.

Respirei aliviada por ela estar em casa e ter me dado notícias. Eu sabia que havia algo de errado, mas se não queria conversar naquele momento, eu daria o espaço que precisasse. Pelo menos Zelena estava a salva e eu poderia ter mais de dois minutos com a florista, talvez com sorte uns dez.

De imediato eu balancei a cabeça tentando espantar aquela vontade. Independente de qualquer coisa, minha mulher estava aparentemente péssima em casa e até calmante ela ia tomar... eu não deveria ficar pensando em ter mais tempo com outras pessoas, eu tinha era que pegar Henry e correr para casa. Mas era tão difícil não ser egoísta quando se tratava daqueles olhos castanhos, daquela voz meio rouca, daquele cheiro adocicado. Parecia até uma droga, que quando mais eu dizia não, mas ela me seduzia para ficar.

Colocando toda a situação em jogo me forcei a apenas entrar, pegar meu filho e correr para casa. Mesmo que Zelena tivesse dormindo, eu estaria lá com ela.

Eu não era mais apaixonada por minha mulher, aquilo era a única certeza que eu tinha. Mas, ainda éramos casadas, ainda tinha que cuidar dela. Porém, ao entrar na loja e dar de cara com Regina chorando, me esqueci completamente de todo o resto.

— Está tudo bem? – Perguntei preocupada ao me aproximar, com uma vontade absurda de acolhê-la em meus braços e nunca mais deixar com que ficasse triste.

Meus sentimentos pela Srta. Mills eram tão intensos, que eu mal os entendia. Eram tão surreais, que me assustavam. Eu a conhecia a mais ou menos duas semanas, mas para meu coração – que sempre foi descrente de quase tudo – ele me dizia todo momento, que não era de hoje que ele batia loucamente por ela.

— Está. – Regina passou a mão em seu rosto secando suas lágrimas com pressa. – Henry está na estufa, pode ir lá se quiser. – Sua postura rígida, sua expressão séria. Havia algo de muito errado com ela, meu coração batia com força só de tentar imaginar o motivo de sua tristeza.

— Tem certeza que você está bem? – Eu passei os olhos pela sua funcionária, que me analisava atentamente. Cheguei a me incomodar com seu olhar invasivo. Mas voltei para Regina que permanecia imóvel.

— Tenho sim, Xerife. Vai querer ir lá, ou prefere que eu o chame? – Ela apontou para a porta de trás. Ela não me parecia nada satisfeita com minha presença. Aquilo me deixou bem chateada.

— Ele já terminou?

— Não sei. Eu o deixei com as crianças e a Sra. Blanchard.

— Ah, eles estão ai? – Me senti feliz com aquela notícia. Tirando a florista, eu nunca em minha vida tinha gostado tanto de pessoas que havia acabado de conhecer.

— Henry os trouxe. – Ela soltou o ar e balançou a cabeça negativamente. – Vamos lá. – Ela falou comigo, mas olhou para sua funcionária que lhe deu um sorriso e afirmou com a cabeça. A conversa silenciosa que levou um segundo entre elas, fez meu coração se apertar de um jeito ruim.

Eu nunca tinha reparado de fato naquela garota. Sempre simpática, sempre sorrindo e alegre. Qual era a relação entre elas? Qual era o grau de intimidade entre Regina e sua funcionária? Talvez não fosse nada, mas também poderia ser tudo. Quando eu cheguei e vi Regina completamente fragilizada à frente da outra, eu sei que atrapalhei o momento, sei que acabei com o clima que estava ali. Mas essa era a pergunta que me matava lentamente. Que clima era aquele? E por que Regina estava chorando?

Tentei afastar tudo aquilo da minha cabeça ao irmos para estufa. Eu não tinha que pensar em nada daquilo, não tinha que ficar remoendo uma coisa sem sentido. Talvez se eu fosse uma mulher livre e desimpedida, até poderia me dar ao luxo de ter aquele ciúme idiota. Porém, nada daquilo me pertencia. Se por um acaso... eu quisesse algo com a florista, teria que dar um ponto final a minha relação com Zelena. E não ficar me matando por dentro com aqueles pensamentos sem pé e sem cabeça.

— Henry? – Regina o chamou fazendo todos que estavam presente a olharem. – Sua mãe está ai. – Ela apontou para trás fazendo cada um deles me olhar.

A mulher – Mary Margaret – sorriu de um jeitinho meigo, como se tivesse feliz em me ver. A garotinha de gênio forte, que estava sentada sobre a mesa, ainda me olhava como mais cedo – hostil e medrosa. Sarah, que estava próxima os meninos, sorria quase igual sua mãe, mas com surpresa no olhar. Levi sorriu animado, mas acredito, que mais por estar brincando com as plantas, do que por ter me visto. Já meu filho – Henry – fez uma carinha de que havia feito besteira.

— Poxa mãe... – Seus olhos já me pediam desculpas. – Foi mal, mas esqueci de te ligar e avisar que não precisava vir me buscar. David ia me deixar em casa.

— Não tem problema... – Eu falei já ao me aproximar. – Eu já estou aqui.

A florista ficou ao lado da pequena Elise, que sorriu de canto rapidamente para Regina. De alguma maneira bem estranha, me senti triste com aquilo. Como se tivesse feito a coisa errada. Como se não fosse uma pessoa boa o suficiente para merecer aquele singelo sorriso.

— Já estou quase acabando de explicar as coisas para eles, não vou demorar muito. – Henry falou comigo e com a Regina, voltando a falar com os dois que estavam próximos.

— E você? Não vai lá aprender também? – Perguntei para Elise que ainda me olhava do mesmo jeito. Como antes ela não respondeu. O que tinha de errado comigo? Por qual motivo ela não gostava de mim?

— Na verdade acho que ela prefere os cavalos não é? – Regina falou animada com a menina, que lhe recriminou com o olhar. Acho que era um segredo. Mas me senti bem ao ver que Mills tentou não me deixar falando sozinha. – O que foi? – Ela perguntou para a menina sem entender seu olhar, que pareceu ficar brava por me contar sobre os cavalos. – A Xerife é legal, aposto que ela tem contatos para poder te levar no haras da cidade.

Por alguns segundos Elise me analisou, mas mais uma vez não disse nada. Ela não queria muito papo comigo, porém algo dentro de mim não queria que eu desistisse.

— Isso é verdade, eu posso te fazer andar a cavalo todos os dias se quiser. – Fui a mais simpática que pude. Por mais que tivesse um filho, não era muito boa com crianças.

— Tanto faz. – Ouvi sua voz pela primeira vez, fazendo-me sentir um friozinho gostoso na barriga.

Ela foi indiferente e até meio grosseira, mas fiquei feliz por ter falado diretamente comigo. Não sei qual era o meu real problema, nunca gostei de criança mimada e mal educada. Mas Elise era diferente, parecia até um desafio. O que me fazia querer me aproximar ainda mais dela.

A garotinha não disse mais nada, pulou da mesa e fui em direção as outras crianças. Ela podia não gostar de mim, mas eu ainda ia conquistar aquele coraçãozinho.

— Elise é uma menina difícil de lidar. – Mary Margaret comentou comigo. – Só tem que...

— Dar tempo a ela. – Eu completei, ao ouvir aquilo pela terceira vez no mesmo dia – Sua outra filha e seu marido me falaram mais cedo.

— Olha... Eu não a conheço. – Mills começou a falar diretamente com a mãe da menina. – Mas, pelo o que vi nessa última meia hora aqui com vocês, não é de tempo que ela precisa. É de liberdade. Se fizer com que se sinta livre, você terá o que deseja. – Ela completou olhando em meus olhos por alguns segundos.

— Na verdade, acho que ela não foi muito com a minha cara.

— Ela tem medo de tudo que é novo. Ainda mais... – Mary hesitou. – Ainda mais de pessoas realmente desconhecidas. – Completou com um sorriso que não me convenceu.

O silêncio se fez por alguns segundos, enquanto olhávamos para os três que sorriam felizes e Elise que apenas os observava logo atrás.

Uma paz tão grande me invadiu com aquela cena, que cruzei os braços e sorri. Meu pequeno Henry já não era tão pequeno como antes e ao vê-lo como um garoto crescido, e ainda ensinando aos mais novos, senti orgulho, orgulho de quem era. Do grande menino que estava se tornando.

— Mas quando a conhecem... – Mary Margaret falou depois de um tempo. – Se apaixona pela menina maravilhosa que ela é.

— Acho que já me conquistou. – Regina falou com um sorriso lindo, que me fez ficar ainda mais em paz. Era daquilo que eu estava precisando. – Não só ela como todos os três... E Henry, que já é um caso mais antigo. – Sorriu diretamente para mim, fazendo meu estomago revirar.

— Levi é o mais fácil de lidar dos três. – Mary começou a contar. – Ele é como o filho modelo. Calmo, simpático, educado, sorridente. Ele sempre faz amizades por onde passa. Sarah apresar da pose de rainha que tem, e daquele olhar intenso, é uma menina doce, simpática e educada. Mas quando explode vira um bicho. E é também a única que sabe lidar perfeitamente com a irmã. – Ela falava olhando para eles, enquanto eu e Regina a encarávamos. Eu estava estranhamente encantada em saber mais deles. – Elise é a mais complicada, a que mais dar dor de cabeça, a que faz mais arte. Mas é a que tem mais medo e sempre se esconde atrás de sua postura de durona. Mas de verdade... – Ela colocou a mão na frente como se fosse um segredo. – Ela é a mais sensível dos três. – Falou baixinho e sorriu no final.

— Três filhos... – Regina disse com a voz triste. – Uns com muitos e outros com nada. – Ela forçou um sorriso. – Eles são incríveis, todos os quatro. – Ela revezou o olhar entre eu e Mary. – Cada um especial da sua forma. Vocês são ótimas mães.

— Mãe, Regina? – Henry chamou por nós, quebrando o clima estranho que estava presente. – O que acham que pedirmos umas pizzas e comermos todos juntos naquela mesa lá trás?

— Por mim tudo bem. – Regina disse sorrindo sem hesitar.

Eu tinha que ir para casa, ficar perto de Zelena caso ela precisasse. Tinha que me desprender de tudo aquilo. Mas a fome estava falando alto e a vontade de ficar mais alto ainda. Confesso que por mais que eu me sentisse uma péssima pessoa relacionado a minha mulher. A necessidade de ter mais tempo com a florista, e agora também com aquelas novas pessoas, era maior do que toda a minha culpa.

— Não podemos demorar Henry, sua mãe está precisando da gente. – Eu falei fazendo todos fecharem a cara, incluindo o sorridente Levi. Aquilo foi bem esquisito – Mas acho que podemos comer a pizza antes de irmos. Eu estou faminta. – Sorri para Henry que abriu seu melhor sorriso.

Henry, Levi e Sarah chegaram a comemorar. Enquanto Elise parecendo insatisfeita, subiu à mesa próxima a eles. Eu queria tanto que ela estivesse se divertindo como os outros. Mas seguindo o conselho da florista, em vez de ir lá e questiona-la o melhor a se fazer era dar liberdade para ela. Talvez assim o tempo que eu teria que esperar para ela gostar de mim, fosse menor.

Pedimos as pizzas, as crianças lavaram as mãos e fomos todos para a mesa de concreto onde Henry, Regina e eu comemos donuts no outro dia.

Enquanto esperávamos, os quatro ficaram explorando o lugar. Henry não tinha a mesma idade e nem mais aquela curiosidade toda. Mas ele agia como um irmão mais velho. Aquele que cuida e também se diverte com os mais novos. Eu nunca tinha visto meu filho com um sorriso tão sincero nos lábios.

A funcionária de Regina que nos levou as pizzas. Pensei até que ficaria para comer com a gente. Porém, ela chamou a florista em um canto, falou algumas palavras, nos olhou rapidamente e se abraçaram antes dela partir.

Pelo olhar que a Srta. Mills carregava, o curto papo de meio minuto mexeu com ela. Mas ao se aproximar e sentar entre Henry e Elise. colocou seu melhor sorriso no rosto e pegou uma fatia de pizza.

Os primeiros pedaços foram comidos em silêncio, acho que não só eu como todos estavam com bastante fome.

— Eu nunca comi algo tão gostoso em toda a minha vida! – Levi comentou ao pegar o terceiro pedaço.

— Vai com calma criança, se não vai ter uma dor de barriga. – Sorri para ele que estava sentado ao meu lado.

— É realmente muito saboroso. – Sarah estava do meu outro lado. Ainda com seu primeiro pedaço em mãos. Seus olhos brilhavam de felicidade. - Do que é feito? – Ela perguntou diretamente para mim.

— Como assim, do que é feito? – Eu não entendi sua pergunta. – É Pizza, é feito de pizza.

— Mas como? Do que é feito a pizza? – Não só ela, como Elise e Levi ficaram me olhando atentos, ansiosos por minha resposta.

— Vocês nunca comeram pizza antes? – Henry perguntou com a boca cheia. Eu apenas o recriminei com o olhar, que entendeu de imediato engolindo o pedaço.

— Não. – Levi respondeu como se fosse obvio.

— Como assim vocês nunca comeram? – Henry estava surpreso. – De onde vocês vieram?

Todos eles ficaram sem palavras, incluindo Mary Margaret que ficou até pálida, como se tivesse visto um fantasma. A cada momento as coisas iam ficando mais esquisitas. Eu não conhecia todos os lugares do mundo, mas acreditava que pizza era algo meio que universal. 

— De Nova York. – Sarah respondeu sem medo, fazendo Mary Margaret se pronunciar.

— Passamos por Nova York. – Mary Margaret corrigiu a filha. – Mas antes morávamos em uma cidade bem pequena. Quase como uma vila. Plantávamos nossa comida no jardim de casa e vez ou outra caçávamos alguns animais. – Foi nítida a expressão de espanto dos três na parte de caçar os animais. Aquilo era mentira, mas de algum jeito eu ainda confiava nela. Se não queria nos dizer a verdade, eu a respeitava. – Era bem mais saudável do que toda essas porcarias. – Mary completou tentando ser convincente.

— Mas já que não vamos caçar hoje, vamos comer mais pizza! – Eu falei querendo mudar de assunto, já pegando meu quatro pedaço. Por mais diferente fosse, eu não queria ficar pensando no motivo de não conhecerem pizza.

— Quem vai ficar com dor de barriga será você, Xerife. – Mills falou em tom irônico. – Se não me engano é seu decimo terceiro pedaço. – Ela sorriu de canto.

— Por que não toma conta do seu pedaço, que acabou de ser roubado pela garotinha ao seu lado. – Elise enfiou tudo na boca escondendo o riso. - Em vez de ficar tomando conta de mim, em?

— Não acredito que você pegou meu último pedacinho! Ele é sempre o mais gostoso. – Ela falou fingindo estar brava com a menina, mas eu via em seus olhos a felicidade que estava com aquele simples gesto de “intimidade”.

— É sim, o mais gostoso! – Elise disse ainda de boca cheia. Já seu sorriso estava ficando mais nítido.

— Agora você me deve um último pedaço. – Regina ainda fingia estar brava.

— A única coisa que te devo é a liberdade. – Respondeu irônica ao sair da mesa e ir em direção a uma das árvores.

Mary, Levi e Sarah ficaram tensos com que a outra disse. Já Regina, Henry e eu, apenas tentamos entender onde aquilo se encaixava.

Sem duvidas, existia algo muito maior e misterioso por trás daquela nova família. Não só deles, mas como de tudo que me rodeava nas últimas semanas. Eu sabia o que era certo, e o que era errado. O que era normal, e o que era loucura. Mas depois que Mills entrou em minha vida, o que deveria ser dito como normal, me parecia completamente sem sentido. Já aquilo que era considerado a coisa mais louca do mundo, me fazia sentir em casa, como algo completamente comum.

Elise subiu a árvore com facilidade, me deixando até um pouco impressionada. Mary Margaret apenas a olhou com reprovação, que fez a menina virar a cara.

Terminei de comer e enquanto todos ainda terminavam, respirei fundo e resolvi ir falar com a garotinha na árvore. Eu não fazia ideia do que dizer a ela, nem se teria alguma conversa. Mas eu precisava tentar, pelo menos mais uma vez naquele dia.

— O que é isso? – Eu perguntei ao ver que ela olhava para o que tinha pendurado em seu cordão. Que levou um susto e o guardou com pressa dentro de sua blusa. – Desculpa... Não quis te assustar. – Mirei o céu por alguns segundos em busca do que dizer a ela. Enquanto sentia seu olhar ainda em cima de mim. – Sei como se sente com toda essa mudança... – Eu me virei para olha-la que ficou bem chateada com o que eu disse.

— Não, você não sabe de nada, não faz ideia de como eu me sinto. – Seu tom saiu verdadeiramente bravo e alto, fazendo todos nós olharem assustados. Eu já tinha escutado aquilo antes. – Vocês acham que sabem de tudo, mas não sabem, não sabem de nada! – Ela pulou da árvore e ficou de frente para mim. – Eu não queria nada disso. – Seus olhos estavam vermelhos, o que me deu ainda mais vontade de protegê-la.

Elise correu até sua mãe, que tinha um olhar preocupado. Mas era um olhar de preocupação geral, e não somente com sua filha. Aquilo de algum jeito fez com que me sentisse mais segura.

— Por favor, já chega por hoje. – A voz de Elise era tremula, ela estava no seu limite.

Sarah levantou com pressa e pegou na mão da irmã, apoiou sua cabeça no ombro da outra, lhe mostrando que estava ao seu lado. Aquele gesto lindo, mas ficou ainda mais completo quando Levi também se juntou a elas, segundo na outra mão de Elise.

Mary Margaret sorriu para eles e levantou, que com pressa a abraçaram. Um simples abraço em família que me apertou o coração de uma maneira tão grande, que busquei o olhar de Regina para me confortar. Já ela, tinha os olhos tão vermelhos quanto os de Elise. Encava a cena com uma tristeza tão grande que foi inevitável não me aproximar para tentar acalma-la. A minha dor eu sabia lidar, agora com a dela era algo tão insuportável que eu ficava completamente cega. Pensei em pegar em sua mão, mas ao perceber que eu havia me aproximado, ela deu um passo ao lado, quebrando ainda mais meu coração.

— Tudo bem... está tudo bem... – Mary ainda os abraçava e falava com calma.

— Por favor, Mary Margaret, por favor... – Elise segurava suas lágrimas ao máximo.

— Tudo bem, querida. – Ela os largou. – Vamos voltar para a pensão, ok? – Elise apenas afirmou com a cabeça. – Podem indo para a porta, que eu já vou.

Sarah e Levi se viraram para nos dar tchau. Já Elise não olhou para trás em nenhum segundo. Logo os três pequenos sumiram de nossa visão. Dando-me uma estranha saudade imediata.

— Desculpa por isso. Não tem nada a ver com você. – Mary Margaret falou diretamente comigo tentando me confortar, mas não senti confiança no que tinha dito. – Até mais. – falou com todos, já indo em direção à saída.

Ficamos apenas nós três. Diferente de todas as outras vezes – em que me senti loucamente completa com apenas Henry e Regina – naquele instante, após os forasteiros irem embora, algo pareceu estar faltando dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Sejam legais comigo ♥