Assim que a porta do quarto, o Uchiha fechou atrás de si, a sua expressão fria retornou ao seu rosto. Ele se sentia humilhado ao ter que passar por tudo aquilo pela empresa que era sua por direito.

–Tão patético – se viu resmungando ao tirar a blusa e ir para o banheiro. Ele tinha consciência que tudo que fazia era para o bem maior, mas ainda assim se sentia humilhado e patético por precisar usar uma criança como a Haruno para conseguir o que tanto desejava.

Sakura permaneceu na sala por quarenta minutos. Sentada no sofá ainda tentando decifrar Sasuke.

–Algo me diz que estou apenas perdendo tempo – murmurou antes de se levantar e seguir para o quarto. Abriu a porta encontrando o seu noivo deitado na cama. Ela sabia que deveria ignorá-lo e seguir para o banheiro, mas simplesmente não conseguia. Permaneceu parada na porta, olhando para Sasuke que continuava dormindo tranquilamente. – Estou ficando louca – percebeu ao menear a cabeça e seguir para o banheiro, aonde se trancou enquanto tomava um banho.

Sasuke esboçou um leve sorriso antes de voltar a fechar os olhos. Ele não queria admitir, mas estava surpreso pelas ideias do Naruto não terem sido tão idiotas.

***
A noite havia sido mais tumultuada do que Sakura havia imaginado. Assim que deitou-se ao lado de Sasuke, sentiu o braço dele a rodear, como se por instinto. O seu corpo apenas endureceu em resposta, e foi exatamente assim que se seguiu a sua noite. Sasuke continuava a agarrá-la e por mais que tentasse tirar a mão dele de seu corpo, não conseguia.

Assim que o despertador tocou, Sakura abriu os olhos exibindo olheiras. Ela não havia dormido a noite toda. Enquanto ao seu lado, o seu marido acordava com um sorriso largo na face.

–Bom dia – Sasuke falou ao abrir os olhos e se espreguiçar-se, sem importar-se com o seu tórax nú. Sakura apenas desviou o olhar tentando não sentir-se atraída pelo corpo dele.

Hormônios. Só pode ser hormônios

Sakura pensou com força ao fechar os olhos ate escutar a porta do banheiro se fechar.

Estou ficando louca. Só pode.

Levantou-se da cama a contragosto, pegou as suas roupas e se dirigiu para o banheiro no corredor. Ela não estava pronta para ver Sasuke mais uma vez aquele dia. Não ate preparar a sua mente. E ela tinha certeza que iria demorar para conseguir se concentrar em algo novamente.

Meneou a cabeça ao entrar no banheiro e trancar a porta. Tomou banho rapidamente com o único intuito de fugir de seu noivo, e assim que colocou os pés para fora do banheiro, arregalou os olhos diante do homem parado a sua frente com um sorriso irônico e os braços cruzados a frente de seu corpo.

–Sa..suke, o que faz aqui? – Sakura perguntou tentando aparentar normalidade quando sentia-se nervosa por dentro. – Não estava no banho?

–Aparentemente fui mais rápido que você, querida.

Sakura engoliu em seco, sorrindo levemente ao passar a mão pelos seus cabelos molhados.

–Correu tanto para fugir de mim que nem secou seus cabelos – ergueu a mão tocando uma mecha do cabelo da rosada com delicadeza – Deixe-me secá-los para você – pediu ao olhar para ela nos olhos.

Sakura não conseguiu responder. Se viu encarando os olhos ônix dele, e sem perceber começou a andar para atrás no mesmo passo que Sasuke. Ele estava a guiando de volta ao banheiro.

A rosada permaneceu parada em frente ao espelho quando ele pegou uma toalha, e secou seus cabelos delicadamente. Sakura respirou profundamente sentindo o amargo e agridoce perfume dele.

–Porque está fazendo isso? – Sakura se viu perguntando ainda confusa – Você deixou claro que não gostava de mim, então.. porque esta sendo gentil?

Sasuke continuou a enxugar os cabelos dela em silencio.

–Porque não responde? – insistiu – Se continuar calado...

–Eu tenho que me concentrar – Sasuke tornou sério.

–Se concentrar em enxugar meu cabelo? – perguntou pasma e incrédula.

–Sim, se não fizer corretamente, você pode ficar doente. – Sakura engasgou ao escutar tais palavras. Ela não poderia estar ficando louca. Ela tinha certeza que ele estava sendo gentil. Exageradamente gentil.

–Você nunca foi assim.

–As pessoas não mostram suas verdadeiras personalidades sempre – deu de ombros ao tocar novamente os cabelos dela – Eles já estão quase secos – anunciou ao colocar a toalha molhada em cima da pia, e segurar os ombros dela delicadamente. – Tenha uma boa aula, Haruno. – afastou-se em seguida indo para fora do banheiro.

Sakura levou a mão ao coração sentindo seus batimentos aumentarem a cada segundo.

–Eu realmente espero que isso seja um infarto – murmurou.

Sasuke pegou a sua pasta na sala e se dirigiu para a porta. Seduzir a jovem Haruno estava sendo mais fácil do que havia imaginado. Em pouco tempo não precisaria se preocupar com Itachi.

***
A cabeça de Sakura ainda rodava quando saiu do carro, que Sasuke havia imposto para ela, e entrou no colégio. Ela ignorou os olhares de curiosidade e não percebeu que Sai a observava a poucos metros. Ele a seguia silenciosamente.

Os olhos de Sai mantinham-se fixados na rosada, percebendo todos seus movimentos e os locais para aonde seu olhar se direcionava. Percebeu o modo como ela olhava para a pulseira em seu pulso, e sorriu. Retirou o celular do bolso, digitou uma mensagem e a enviou.

Esperando instruções para o alvo.

Ino acenou entusiasmada para Sakura assim que a viu entrar na sala, mas estranhou o modo como ela pareceu não vê-la.

–Ei, testuda?! – Ino gritou assustando a rosada, que sorriu constrangida diante dos sorrisos dos demais alunos.

–Não deveria me chamar assim tão alto – reclamou ao parar em frente a Ino.

–Você que não me viu. Não tenho culpa – deu de ombros antes de abraçar a rosada – Agora está pronta para me contar seu mistério?

Sakura ponderou por alguns segundos. Ela assinou um contrato em que afirmou que não contaria para ninguém sobre ela e Sasuke, mas sabia que precisaria, eventualmente, desabafar com alguém.

–Se eu te contar algo.. fará segredo disso? – perguntou seriamente, assustando a sua amiga – Estou falando muito sério.

–Sakura, o que aconteceu?

–Sim ou não?

–Claro que sim. Como ainda pergunta? É obvio que guardarei qualquer segredo – disse firmemente, fazendo a rosada sorrir largamente.

–Hoje, no intervalo. – prometeu ao ver o professor chegar e ir sentar-se.

***
Naruto cantarolou pelo corredor da empresa antes de abrir a porta da sala de Sasuke. Olhou para o seu amigo e sorriu largamente ao ver que Sasuke não havia o insultado ainda.

–Isso quer dizer que a lista deu certo – Naruto disse entusiasmado ao fechar a porta e sentar-se na cadeira em frente a mesa de Sasuke – Conte tudo.

–Naruto, acredito que na sua visão deturpada do mundo, nós somos velhas fuxiqueiras, não é?

–É claro que não, apenas amigos que gostam de conversar da vida alheia.

–Isso é a mesma coisa – murmurou ao suspirar – Sua lista está sendo, relativamente, útil.

Naruto abanou-se com a mão surpreso pelas palavras de Sasuke. Ele jurava que jamais escutaria tais elogios de seu amigo.

–Isso quer dizer que está agradecido a mim, não é?

–Não exagere – fez uma careta ao perceber que na realidade estava agradecido a Naruto pelas ideias de conquistar a adolescente.

–Sim, sim, vou aceitar como um agradecimento. E me diga, noticias de Itachi?

–Ainda não, mas tenho a sensação que ele logo aparecerá. Itachi gosta de entradas triunfais.

–Eu já não acho – disse pensativo – Não acho que Itachi irá aparecer agora.

–Porque acha isso?

–Você está noivo, é o atual presidente da empresa, por mais que ele queira a presidência, este não seria o cenário ideal.

–Então ele deve aparecer em alguma crise?

–É o que eu acho.

–Talvez seja mais a cara dele – concordou ao olhar para o teto – Quando tudo isso acabar, eu deveria recompensá-la, não é?

–Está se sentindo culpado por enganá-la? – Naruto perguntou surpresa pela súbita demonstração de emoção de Sasuke Uchiha.

–Não estou me sentindo culpado, apenas justo. Ela está me ajudando a ter tudo o que mais desejei na vida.

–Sem ela saber – acrescentou com uma careta.

–Isso é um detalhe, Naruto. Um pequeno detalhe.

–Se é um detalhe tão insignificante porque está pensando em recompensá-la?

Sasuke não respondeu a aquela pergunta, afinal não tinha uma resposta concreta.

***
Um homem de cabelos negros e olhos na cor ônix sorriu ao olhar para o espelho a sua frente. Ele se divertia ao observar os olhares das mulheres a sua volta. Olhares de desejo.

–Tudo isso é tão fácil – se viu murmurando ao dar de ombros e sair da loja de grife em que comprara algumas roupas. Logo estaria na hora de voltar para a casa.