Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Gente, por favor, leiam as notas finais.



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O tempo passou. Seis semanas se foram, sem que eu prestasse muita atenção a elas.

Barty e Nora ficaram preocupados comigo por causa do quase acidente, mas eu afirmei que estava tudo bem comigo — tive que fazer isso muitas e muitas vezes —, e depois de um tempo, eles se acalmaram. A explicação sobre o porquê de eu continuar viva que dei a eles foi a mesma que eu dei a todos: Edward Cullen estava ao meu lado e me empurrou. Era uma meia verdade — ele de fato me empurrara, mas não estava perto de mim e sim longe, impossivelmente longe. Muitos na escola alegaram que não o tinham visto, mas como essa era a única explicação razoável, passaram a aceitá-la.

Ele não falava comigo, eu não falava com ele. Não tentei fazer amizade - a dele eu com certeza não queria.

Eu estava extremamente vulnerável. Cada vez que eu via um dos Cullen, cada vez que eu ficava em silêncio em casa, pensando, cada vez que eu acordava de um pesadelo, cada vez que eu via Alicia e me lembrava de Megan... Essas coisas me faziam desmoronar, ficar mais sem vida, seca. Aquilo estava acabando comigo, e eu não aguentaria por muito tempo.

Tyler Crowley se machucou feio, mas depois de duas semanas, estava de volta à escola. Ele tentou se desculpar algumas vezes comigo, já que podia ter me atingido, e eu lhe dizia sempre que não tinha como ele me ver, porque eu estava caída no chão, e que eu estava bem — acho que minha hostilidade o afugentou depois de um tempo, e ele me deixou em paz.

Seis semanas após o acontecimento, quando cheguei na aula de biologia — o Cullen me ignorava, como sempre —, ouvi alguém me chamar.

— Bella?

Virei-me e vi Angela Weber, uma garota alta, com cabelos lisos e castanho-claros, assim como os olhos, que eu conhecia desde criança. Quando eu era pequena, éramos bem amigas, principalmente pelo fato de ela ser tímida como eu sou — e como eu era também —, e de ser tão meiga, verdadeira e inocente. Ela sempre foi a pessoa mais bondosa que eu conheci.

— Oi, Ang. — era como eu a chamava. Ela sorriu ao ouvir o apelido.

— Ahn, daqui a dois dias, no sábado, provavelmente será ensolarado, então vamos para La Push. Pensei que gostaria de ir, porque você gosta de calor, e tudo mais... E por que eu gostaria que você fosse, é claro — ela deu um pequeno e amigável sorriso.

— Ah... Tudo bem, eu vou.

Ela sorriu.

—Aqui está o endereço e o horário para nos encontrarmos.

Olhei para o papel, onde estava escrito:

"NEWTON'S OLYMPIC OUTFITTERS

SÁBADO, 10H"

— Quem vai?

— Ahn, eu, Mike, Jessica, Ben, Tyler, Eric, Lauren, Conner, Lee, Austin, Katie e Samantha. E você, é claro.

Ela sorriu, e eu sorri de volta.

— Ok, então até lá, ou até qualquer hora.

— Até, Bella — Angela se virou e foi embora.

Eu sempre gostara de Angela, e Mike era legal. Jessica... Era muito falsa. Eu sabia que ela era afim de Mike, mas não tinha certeza se eles namoravam. Eu mal conhecia Ben, mas eu tinha a vaga impressão de que Ang era afim dele. Tyler, quando não estava me enchendo por causa do quase-acidente, era legal também, assim como Eric - a diferença era que ele não me enchia em momento nenhum. Lauren era o único problema. Ela era invejosa, falsa, metida, egocêntrica... E os defeitos não paravam por aí. O restante eu não me lembrava direito, mas eu conhecia todos desde pequena, pois nós sempre estudamos juntos... Apenas depois que... Aquilo... Aconteceu, eu me distanciei de todos.

Ainda pensando sobre o assunto, me sentei, já ignorando o Cullen como de costume. Eu já quase não notava sua presença.

Eu mal prestei atenção na aula também. Eu nem sei sobre o que pensava direito, talvez na viagem para La Push, ou em qualquer coisa, só sei que, quando o sinal tocou, me sobressaltei. Comecei a guardar minhas coisas, calma e lentamente, até que alguém pigarreou atrás de mim.

— Bella?

Virei-me, surpresa por a voz ser de Edward Cullen.

Ele me encarou.

— O que foi? — perguntei.

Ele pareceu esperar encontrar a resposta para essa pergunta, como se me ouvir falando fosse fazer uma surgir de repente.

— Eu... Queria pedir desculpas. Por... Você sabe, não estar falando com você e...

Eu ergui uma sobrancelha.

— E eu queria explicar... Por que eu faço isso.

Era tudo o que me faltava. Trinquei os dentes, já sabendo o que estava por vir.

— Bella, eu acho melhor não sermos amigos.

A já conhecida frase ecoou em meus ouvidos, e exatamente a mesma cena que eu vivenciava no momento passou por minha mente, mas de outro ângulo — como se eu estivesse observando a mim e a ele.

— Tudo bem, não seremos amigos, Cullen. Não é nada novo para mim, não tem problema você não querer minha amizade, posso conviver com isso. Mas se não quer minha amizade, novamente pergunto, por que me salvou? Não podia ter me deixado morrer, ter deixado aquela estúpida van ter passado por cima de mim? Teria te poupado muitos problemas e dores de cabeça, não é? A vida não está fácil para ninguém, você devia ter facilitado a sua!

Sua expressão ficou confusa por um segundo, e depois furiosa.

— Está dizendo que devia ter te deixado morrer? Que isso faria minha vida mais fácil?

— Talvez tivesse poupado seu arrependimento, não é?

— Arrependimento? — ele quase gritou.

— Arrependimento, sim! O que mais você poderia sentir em relação a mim, sendo que me salva e no mesmo segundo tenta me convencer de que sou louca? Admita, Cullen, você preferia que eu tivesse morrido! Não teria problemas com alguém que quer saber como está vivo por sua causa! E quer saber? Não importa! EU não me importo de saber que VOCÊ SE ARREPENDE! Quero mais é que se arrependa mesmo!

Cometi o erro de olhar dentro de seus olhos: negros, absolutamente negros.

Inconscientemente segurei minha garganta, como se soubesse o que ele sentia.

Eu rezei para que não houvesse ninguém por perto.

— Realmente acha que me arrependo? — ele disse, baixando a voz para um tom normal.

— Acho. — disse, entre dentes.

— Bella... — ele olhou dentro dos meus olhos. — Você não sabe de nada.

Eu o encarei por um segundo.

— Ótimo. Você se arrepende e eu não sei de nada. Maravilha. Tchau, Cullen.

Virei-me e saí da sala, indo direto para o estacionamento.

Na manhã seguinte, quando saí do meu quarto, percebi que Jacey dormira na porta, o que era estranho, já que ela geralmente dormia no andar de baixo ou encostada no sofá - ou em cima dele. Assim que botei o pé pra fora, ela passou por mim como uma bala, e cheirou tudo — a cadeira de balanço no canto, meu cobertor e, por fim, deteve-se na janela. Ela olhou para o lado de fora com desconfiança, como se alguém fosse surgir de repente ali, e depois se virou para mim, talvez esperando que eu fizesse algo.

— Está tudo bem Jacey. — passei a mão por sua cabeça, fazendo carinho no topo. — Não tem nada aí. Vem.

Ela continuou lá, e eu fui tomar banho. Quando terminei, ela ainda estava em meu quarto, mas agora estava sentada no meio dele. Ignorei seu estranho comportamento.

Comi minha típica tigela de cereais, servi um pouco de ração para Jacey, e fui para a escola.

Quando estava saindo do carro, me atrapalhei com a mochila e as chaves, deixando-as cair. Suspirei e fechei os olhos, tentando manter o nível de paciência, e quando os abri novamente, as chaves não estavam no chão, e Edward Cullen estava parado na minha frente, segurando-as.

— Obrigada — disse secamente, pegando as chaves. Sem querer, encostei em sua mão estranhamente fria, e uma corrente elétrica percorreu meu corpo. Ignorei esse fato.

Eu me desviei dele, e comecei a andar. Ele me acompanhou facilmente.

— Bella? — ele me chamou. Seu tom de voz estava estranho. Diferente do que ele geralmente usava comigo. Talvez um pouco... carinhoso? Isso me fez parar de andar.

— O quê?

Ele me olhou de modo estranho, que eu não entendi.

— Me desculpe por ontem — disse, baixinho.

Isso me deixou um pouco irritada, mas o principal foi que eu quase desabei, por causa da surpresa e da dor — sempre a dor — de me lembrar de ontem. Minha vida era assim - lembranças me causavam dor, e lembrar de quando eu lembrei das lembranças e senti dor me fazia sentir dor de novo. Não sei como eu ainda não tinha enlouquecido, mas tudo bem.

— Por favor, me deixe em paz — ao dizer isso, me lembrei de algo que "eu" pensara certa vez, após "dizer" estas mesmas palavras. — "Acredite, eu tentei. A propósito, estou miseravelmente apaixonado por você" — murmurei.

— O quê?! — parecia que ele ia ter um ataque.

— Nada. Então, era só isso?

— Não — disse. — Olha, eu sei que ontem disse que não devíamos ser amigos, mas... Estou cansado de tentar ficar longe de você Bella, de tentar evitá-la.

Minha vontade era de voltar para o carro e chorar ao ouvir aquilo. Todo aquele momento, em uma outra dimensão, passou por minha mente.

— Não devíamos ser amigos, por que... Eu não sou um bom amigo para você. Para ninguém, aliás.

— Já ouvi isso antes. — murmurei. — Então... Você quer ser meu amigo, mas não quer?

Ele sorriu.

— É mais ou menos isso.

— Você parece bipolar de vez em quando.

Ele riu baixinho, e eu sorri minimamente com o som.

— Então... Amigos?

Ergui uma sobrancelha, e ele levou as mãos ao alto, em sinal de rendição.

— Ou talvez não.

— Consideremos isso uma trégua, uma bandeira branca.

— Feito! — ele sorriu novamente, mas logo expressão ficou séria novamente. — Você realmente deveria me evitar, Bella.

E então se virou e foi embora.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Deuses, mil desculpas pela demora, pessoal! É que minha beta teve que betar todos os capítulos que já postei até agora, e eles são longos. Então ela me entregou esses dias, mas eu, sem querer, deletei do capítulo 3 ao 6, e tive que reescrever. Agora estou no começo do 5, e vou fazer o mais rápido possível.
Mas, então, mereço algum review?
— Mary.