Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, mais um capítulo longo e confuso especialmente para vocês! Obrigada pelo review no capítulo passado ( :* ).
Nos vemos lá embaixooo!



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O começo do dia seguinte foi a mesma coisa do dia anterior em tudo. Eu realmente não queria ir para a aula de biologia, por motivos óbvios. Mas, na hora do almoço, quando olhei para a mesa onde novamente os Cullens se sentaram, e Edward Cullen, o gatoto estranho com cabelos cor de bronze, não estava lá, somente o restante da família dele. Ignorei a sensação - que eu soube que viria na hora em que não o vi - de que sua ausência era culpa minha. Afinal, dizer que eu queria ficar perto dele não era exatamente verdade.

A semana foi passando, e o Cullen de cabelos cor de bronze não voltou à escola.

O fim de semana foi normal, continuou úmido e chuvoso neste pequeno buraco verde que eu chamo de casa.

Na segunda-feira seguinte, estava estranhamente mais frio que o normal. Quando o almoço começou e eu saí da sala, estava nevando. Todos estavam animados com isso, pois era a primeira vez que nevava no ano. Eu era a única que não estava satisfeita com isso. Eu sempre odiei o frio, neve então nem se fala.

As pessoas jogavam bolas de neve umas nas outros, e fui para o refeitório na maior velocidade possível sem que eu escorregasse. Fui atingida nas costas e nos braços algumas vezes, e quase fui atingida na cabeça. Eu podia ouvir pessoas planejando uma guerra de neve depois da aula. Eu teria que me esconder no ginásio até que a bendita guerra acabasse antes de ir para casa. Argh!

Eu tinha criado nessa semana o irritante hábito de olhar a mesa dos Cullens assim que entrava no refeitório. Não sei por que raios de motivo eu fazia isso, mas fazia e depois desviava o olhar.

Hoje havia algo diferente naquela mesa. Haviam cinco pessoas sentadas lá. Edward Cullen voltara à escola.

Com isso meu estômago embrulhou; não o queria perto de mim. Não conseguia sentir culpa por esse sentimento, afinal, não era culpa dele, e de certa forma também não era minha.

Hoje havia algo diferente nele. Não somente nele mas no resto de sua família também. Hoje suas olheiras não estavam tão fundas e pretas. Mas eu não ia perder tanto tempo assim olhando para as olheiras deles; procurei diretamente os olhos deles, sabendo que essa era uma mudança que fazia diferença.

Eu gemi involuntariamente quando percebi que os olhos de todos eles estavam muito mais claros. Não tinha me dado ao trabalho de olhar isso na semana passada, mas me lembrei disso hoje. Era difícil dizer o tom exato, mais eu já sabia qual tom eu esperava que não fosse...

Quase sem ter comido nada saí do refeitório. Ou tentei, já que Mike Newton, um garoto bonitinho, de olhos azuis e cabelo louro me parou para conversarmos.

– Oi Bella.

– Oi Mike. - respondi, me munindo de toda a paciência que me restava.

– Bom... você já deve saber que estamos planejando uma guerra de neve hoje... - ele começou a falar, coçando levemente a parte de trás da cabeça como se estivesse confuso. - Por que não vem? - convidou-me.

– Ahn... obrigada pelo convite Mike, mas eu não gosto muito de neve... você sabe. Além do quê, provavelmente vou cair mais do que jogar - torci o nariz como se isso me incomodasse. Nesse momento não me incomodava; era uma maneira de sair da situação mais facilmente.

– Ah... ok - ele desistiu. Na verdade, deve ter me chamado apenas por educação. Acho que a maioria das pessoas se sente um pouco culpada por eu ter poucos amigos, mas eu realmente não me sentia assim tão desconfortável com isso. Afinal, eram poucas, quase ninguém, as pessoas de que realmente gosto. Mike é legal, mas é um pouco... como posso dizer... "apegado" demais de vez em quando.

Saí do refeitório e, para minha surpresa e satisfação, a neve havia novamente transformado-se em chuva, o que significava que não haveria guerra de neve e eu poderia ir logo para casa. Coloquei o capuz e tentei esconder meu sorriso de outras pessoas que percebiam o fato e se lamentavam.

Fui para a aula de biologia. Quando eu cheguei lá todos estavam agitados e conversando, e a aula ainda não começara. Sentei em minha cadeira sem que muitas pessoas notassem minha presença. Simplesmente me sentei e comecei a rabiscar formas em meu caderno. Depois de um tempo ouvi a cadeira ao meu lado ser arrastada. Sabia que era o Cullen, e, como achei que ele fosse me ignorar novamente, não desviei os olhos ou a atenção de meu caderno. Mas pouco depois ele pigarreou. Isso atraiu minha atenção, e eu olhei para ele. Parecia hesitante sobre o que dizer. Finalmente falou:

– Oi. Sou Edward Cullen, me desculpe por não ter me apresentado na semana passada. Você é... Bella Swan certo?

Ele falou tudo tão... como eu esperava, como eu sabia, que senti uma pontada de dor.

– Sim, sou eu, Bella. E eu sei muito bem quem você é.

Talvez ele tivesse respondido a minha grosseria se o professor não tivesse começado a explicar o que faríamos hoje. Identificar as fases da mitose. Eu já sabia fazer isso, e era uma terrível coincidência que, justo hoje, justo com ele, fossemos fazer isso.

Me virei de má vontade para ele, para que fizéssemos o trabalho juntos.

– Você quer olhar primeiro? - ele perguntou.

– Pode ser.

Coloquei a primeira lâmina e ajustei as oculares em 40X. Após uma curta análise, eu disse:

– Prófase. Quer checar?

– Quero.

Ele olhou durante um tempo ainda mais curto que o meu.

– Tem razão, é prófase.

Ele, então, anotou "prófase" na folha de respostas, e colocou a segunda lâmina.

– Anáfase - ele ia anotando depois de ter olhado.

– Posso? - estendi a mão em direção ao microscópio, tomando o cuidado de não tocar na mão dele.

Ele deu um sorriso torto - eu odeio esse sorriso torto estúpido que, quando eu era menor, teria feito meu coração acelerar. Hoje, por esse sorriso, me coração só aceleraria por causa de minha raiva - e empurrou levemente o microscópio na minha direção.

Nem precisei olhar para saber que ele estava certo - mas olhei mesmo assim.

– Pode me passar a outra lâmina, - trinquei os dentes. - por favor?

Com cuidado, coloquei a nova lâmina.

Quando terminamos, eu voltei a rabiscar em meu caderno, tentando identificar formas nos rabiscos sem sentido.

Desisti, porque podia sentir os olhos do Cullen em cima de mim.

Olhei para ele, tentada a perguntar o que ele tanto olhava, mas eu já estava sendo ríspida o suficiente com alguém inocente como ele.

– Então... - eu ia chamá-lo pelo nome, mas desisti. Detestava o nome dele. - De onde sua família vem, exatamente? Sei que é do Alasca, mas que cidade?

– Denali - ele pressionou os lábios por um momento, reação que eu não entendi.

– Ah, sei.

"Oh se sei", pensei.

– E... Por que se mudaram justo para cá?

Ele pareceu em dúvida por um segundo.

– Minha mãe, Esme, gosta de cidades pequenas.

Ao ouvir seu nome, Esme, senti como se ele tivesse enfiado uma agulha em minha garganta, mas não demonstrei.

Eu cometi o erro de olhar em seus olhos. Dourados, no mesmo tom que um topázio. Tive que desviar o olhar mais uma vez.

Pensei em algo mais para perguntar.

– Você e seus irmãos... são muito diferentes uns dos outros - afirmei, esperando dar a entender que não me incomodaria se ele explicasse.

– É, eu sei. É porque todos somos adotados.

Ergui levemente as sobrancelhas.

– Ah... - esperava não tê-lo ofendido, ou tocado em alguma ferida.

– Rosalie e Jasper, os loiros, talvez você já os tenha visto, são realmente irmãos. São sobrinhos de Esme, e quando seus pais morreram ela passou a cuidar deles. Então os Hale, eles dois, vivem conosco.

Rosalie e Jasper Hale. A história dele coincidia tão exatamente, combinada de forma perfeita para me causar dor.

– Ah, entendi.

Então tinha um Edward, uma Esme, uma Rosalie e um Jasper. O que faltava para definitivamente acabar comigo? Pouca coisa. E eu sentia que não ia demorar para aparecer essa tal "pouca coisa".

– Seu pai é médico, não? - arrisquei ainda mais dor.

– Sim, Carlisle é médico.

Eu comecei a arfar, tamanha era a dor que me causava ouvi-lo, minhas lembranças lutando para emergir. Fechei os olhos com força, como se minha luta fosse física ao invés de simplesmente interna e mental. Sentia minhas fronteiras de proteção, construídas durante anos, desmoronando, me levando junto.

– Bella, você está bem?

O fato de ele dizer meu nome fez um arrepio percorrer minha coluna, e foi isso o que me trouxe de volta à realidade.

– Claro - menti. Acho que ele reparou, pois franziu levemente a testa, mas não disse nada.

O resto da aula passou como um borrão por mim. Edward Cullen não falou mais comigo, e quando o sinal tocou saiu com a mesma velocidade impossível com que saíra na segunda-feira passada.


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Notas finais do capítulo

E então? Quanto vocês entenderam? Nada ou merda nenhuma? Ou tudo? *risos*
Enfim, gostaram? Devo continuar?
— Mary.