Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiieeeeee!
E aí, como foi o dia das crianças?
Perceberam que eu vim mais cedo, hein, hein, hein? Desculpem, era para eu ter vindo ontem, mas eu fui para uma convenção de sagas



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A casa estava atrás de mim; Edward, a minha frente; e o restante de sua família formava uma meia lua a nosso redor, como uma barreira. Tínhamos vindo para os fundos, para o caso de alguém vir pela pequena estrada de terra — o que era bem improvável.

A floresta estava tão silenciosa e imóvel, que só percebi os três vultos quando eles já estavam a parados a alguns metros de nós, já fora da proteção das árvores.

Apesar de nunca tê-los visto, sabia quem eram eles. A minha esquerda, a garota ruiva de traços delicados tinha um olhar selvagem. No meio, um homem alto, de cabelos pretos curtos e cacheados mantinha a expressão calma, ligeiramente amigável. E, a seu lado, estava outro rapaz, este de cabelos castanho-claros e traços muito mais humanos do vampirescos. Eu sabia que aquele era uma anomalia — havia sido... Como posso dizer? Não muito atraente na vida humana. Não que o fato importasse algo no momento. Estremeci.

Todos permaneciam calados, talvez percebendo a tensão no ar. Quem desfez-a foi o homem posicionado no meio — Laurent, reconheci. Ele deu um passo a frente e sorriu.

— Saudações — a palavra, pronunciada com leve sotaque francês, me pareceu estranha — Meu nome é Laurent. Estes são Victoria e James.

Ele apontou para cada um. Estremeci novamente ao sentir o olhar avaliador dos três nômades recém-chegados em nossa formação não muito discreta.

Carlisle, imitando as ações do outro, avançou algumas dezenas de centímetros, a expressão calma, como era seu normal.

— Olá, — disse — eu sou Carlisle. Esta é minha família. Esme, Rosalie, Emmett, Jasper, Alice, Edward e Bella.

Não expressei reação ao som do meu nome — eu sabia que ele tentaria agir como se eu fosse uma vampira também, como se não estivessem todos em posição de defesa, e o único interesse ali fosse ser amigável.

— Esta é minha casa — continuou o líder do clã Cullen, o braço se dirigindo a construção atrás de nós — Mantemos residência fixa aqui.

Laurent parecia cordialmente curioso, as sobrancelhas arqueadas.

— Residência fixa? Definitivamente, um clã interessante.

Edward ficou rijo ao meu lado.

Este pequeno movimento atraiu o olhar de James.

Eu ofegava, enquanto todos ao meu redor pareciam prender a respiração. Queria parar e ficar o mais quieta possível, mas não conseguia. O caçador não parava de me observar, e meus olhos estavam se arregalando cada vez mais. Edward estava começando a se curvar levemente, a posição ficando ainda mais defensiva. Suas costas já tinham se afastado do meu rosto, deixando meus olhos esbugalhados à mostra.

Foi aí que tudo aconteceu ao mesmo tempo, como uma explosão.

Eu tinha certeza absoluta de que não tinha piscado os olhos. Juro! Mas, mesmo assim, nem ao menos vi borrões das pessoas a minha volta antes que estivessem em novas posições.

James mantinha uma postura de ataque — se era dirigida a mim ou a meu namorado enfurecido, não tinha certeza. A família Cullen fechara ainda mais a barreira que me envolvia, formando quase um círculo, enquanto Edward avançara alguns metros a frente, os dentes brancos expostos sob o lábio retorcido numa careta de raiva, um rugido grave vindo de seu peito.

Meus olhos estavam ardendo por eu não piscá-los, mas não conseguia faze-los fechar-se. Foi então que percebi — James vira minhas íris, marrom-chocolate e perfeitamente humanas. Só agora a leve brisa que deveria te-lo alertado se chocava contra mim, lançando meu cheiro na direção inimiga.

A parceira dele, Victoria, permanecia a seu lado, a posição também de ataque, e um pouco defensiva com relação ao caçador.

Laurent, por sua vez, havia afastado-se vários metros do conflito. Este fora seu único movimento.

— Uma humana? — sua voz soou engasgada. Edward produziu outro som gutural lá na frente, apesar de não haver ameaça na voz do homem.

Uma quietude tensa se seguiu.

— Ela está conosco. Como eu disse, é da nossa família — Carlisle quebrou o silêncio.

Apesar de saber que isso era parte de sua personalidade, fiquei emocionada com as palavras dele. Não demonstrei isso — não era o momento certo para tal.

O caçador e o garoto de cabelos cor de bronze continuavam a se encarar, provavelmente procurando maneiras de matar um ao outro.

Por um segundo, no entanto, James pousou os olhos em mim — eu, ainda em meu completo pavor, o desespero correndo em minhas veias no lugar de sangue. Que, por acaso era o que ele queria. Observei suas íris rubras, imaginando se, em breve, estariam assim por minha vida ter sido tirada por ele.

O rosnado de Edward me tirou do transe, e o vampiro a minha frente e eu quebramos enfim o contato visual.

— Bom, é uma pena ter de ser rude desse modo, — o líder do clã Cullen continuou — mas acho que deveriam ir embora.

Laurent engoliu em seco e assentiu. Eu não me lembrava de que ele era tão covarde. Fora pacífico aqui, mas esse não era seu normal. Agora, fugir de outros de sua espécie que tinham de preocupar-se com a segurança de uma frágil humana? Mesmo que fosse um grupo grande? Estas novas circunstâncias eram estranhas.

— Vamos — ele chamou os dois nômades ainda em postura de ataque.

O olhar de Victoria faiscou para mim, e então deteu-se no caçador concentrado que estava em seu flanco. Este saiu bruscamente de sua posição e endireitou-se. Os dois se viraram e imediatamente correram para a floresta, um par de borrões, mal dando tempo a Laurent de segui-los.

Quando não havia mais vestígios dos três nômades, Edward virou-se e caminhou — sua família dando-lhe passagem — para mim, o rosto desfigurado pela raiva.

— Venha — disse entre dentes, pegando-me pelo braço esquerdo de maneira não muito delicada, diferente de seu comum.

Eu andei ao seu lado normalmente, como se sua reação não me surpreendesse, assim como a força que usava em mim. Contudo, que droga, não pude conter um gemido de dor enquanto ele socava bruscamente a porta dos fundos para abri-la e nós adentrávamos a sala. Edward parou subitamente e afrouxou os dedos, olhando para minha pele, que agora tinha marcas com os contornos de sua mão. Seus olhos davam a impressão de que, se ele pudesse, choraria ao ver o que havia feito.

— Me desculpe, Bella. Eu a machuquei. Sinto muito.

Sacudi a cabeça.

— Não se preocupe, isso não foi nada. Estou bem, juro.

Isso não pareceu consolá-lo.

Observou-me com intensidade, e beijou minha testa por alguns segundos, e depois se afastou vários centímetros, olhando algo atrás de mim.

— Então... — ouvi a voz de Emmett — E agora?

Olhei por cima do ombro, constatando que todos os outros haviam entrado, também.

— Nós temos de tirar Bella daqui — Edward disse, a voz firme — Alice?

Todos os olhos fixaram-se na baixinha, que estava concentrada, o cenho franzido de esforço.

— Por enquanto, não tem muita coisa que eu possa ver, Edward. Só que James está procurando formas de atingir Bella e afastá-la de nós.

Ele ficou rijo.

— Não tem chance de isso acontecer — falou, os dentes cerrados.

Na verdade, eu sabia que as chances eram grandes, mas não falei nada.

O fato de terem me levado a sério, mesmo sabendo ser uma grande suposição o fato de que os nômades realmente me prejudicariam, foi impressionante, constatei. Ninguém nem ao menos me questionou ou contestou sobre o assunto — exceto Rosalie. Enquanto Edward mantinha um debate com sua família acerca de minha segurança — conversa a qual eu, por estar distraída, não escutei —, eu busquei-a com o olhar. Achei a loira em pé no canto da sala, longe da discussão. Seus braços estavam cruzados, e seu semblante contrariado. Ela era contra minha presença ali, isso era fato.

Antes que eu pudesse olhar para o outro lado, Rosalie percebeu que eu a observava. Encarou-me com raiva que me deixou constrangida por um momento, no qual baixei a cabeça. Então, pensei que conhecia o motivo de aborrecimento da garota — irritada por eu "gastar" minha vida humana ficando perto de vampiros, monstros que tiram vidas, quando tudo o que ela queria era ser de minha espécie novamente. Mas aquela era minha vida, e minha escolha.

Encarei-a. Rosalie que lidasse com aquilo — eu não estava fazendo nada de errado, mesmo.

Ela pareceu ainda mais aborrecida — se é que isso é possível — com meu "atrevimento".

— Bella? Bella!

A voz de Edward me fez voltar para a discussão.

— Desculpe — murmurei — Pode repetir, por favor?

— O que você acha que ele vai fazer? — perguntou-me.

Após uma curta pausa em que pensei nas possibilidades de James, eu disse:

— Como minha mãe está morta, assim como meu pai e minhas irmãs, não acho que minha casa seja um problema. E estive lá só hoje de manhã. Meu rastro mais recente, sem ser aqui, é...

Interrompi a frase, percebendo todo o horror implícito em cada palavra, apavorada com minha conclusão.

Meu rastro levava aos Anderson.


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Notas finais do capítulo

Ta-daaaaaaah! Morram com esse final.
Um pedido de desculpas especial para minha linda amiguinha, Ana. Parabéns, recebeu meu primeiro troll de escritora!
Para vocês se situarem, eu disse para minha amiga, Ana, que nesse capítulo aconteceria uma briga entre os Cullen e os nômades. Em resumo, Laurent ia fugir; James, morrer; Emmett ia segurar a Victoria quando tocassem fogo nela, e ambos morreriam; Carlisle, Rosalie e Jasper também estavam ferrados.
Ana, aprenda: duvide de spoilers sobre o que eu escrevo que são dados tão de bandeija. Mas eu ainda te amo