Edward estacionou seu carro em frente à casa de três andares branca. Era exatamente onde e como eu havia imaginado, notei.

Eu estava abrindo a porta quando ele parou a minha frente para fazer isso por mim. Ergui as sobrancelhas, querendo que ele notasse que não fazia questão de cavalheirismo. Mas sabia que não faria diferença - independentemente de minha vontade, Edward não deixaria de faze-lo.

Demos as mãos e caminhamos até a porta da imensa casa. Ele abriu-a e segurou-a, dando-me passagem. Entrei o mais silenciosamente que pude, repentinamente ereta como estive antes. Meus olhos pousaram em um casal sentado ao piano de cauda. Carlisle e Esme.

Meu peito se encheu de ar quando percebi o quanto se pareciam com... O quanto eram o que deveriam ser. Antes, isso teria me causado dor, mas agora eu tinha Edward. Agora, eu apenas exibia um pequeno sorriso, com uma minúscula pontada de orgulho.

Eles levantaram-se, e pude ver que sorriam também. Edward postou-se calmamente ao meu lado.

– Carlisle, Esme, - disse - esta é Bella.

O sorriso de sua "mãe" era tão radiante que me encheu ainda mais de uma estranha paz e felicidade.

– Olá, Bella - disse Esme. Sua voz era delicada e suave.

Seus olhos brilharam quando disse meu nome, e tinha a sensação de que o mesmo acontecia comigo naquele instante.

Ela estendeu os braços cautelosamente na minha direção. Abri os meus devagar, sabendo que seria melhor ter um pouco mais de cuidado do que eu tinha com Edward, para não deixá-la desconfortável - e também porque sabia que Edward os orientara a não chegar tão perto de mim.

Depois de um curto abraço trocado com Esme, eu e Carlisle apertamos as mãos.

– É um prazer conhece-los. - disse, sinceramente.

Isso fez com que a mulher de cabelos cor de caramelo sorrisse de modo maternal, que eu sabia ser típico dela.

Neste momento, um casal desceu as escadas que levavam ao segundo andar.

– Oi, Edward - disse a garota.

Eu reconheci-a imediatamente.

– E você - ela continuou - deve ser a Bella.

– Você é Alice - afirmei, com uma ponta de carinho que não consegui conter na voz.

– Sou - respondeu, apesar de que talvez soubesse que não era bem uma pergunta.

Então, olhei para o rapaz que descera as escadas com ela - Jasper. Mantinha-se distante de nós - Edward certamente o orientara para tal, sabendo que o irmão teria dificuldade em lidar com meu cheiro. Tentei evitar a sensação de culpa que passava por um canto da minha mente pelo simples fato de não poder ter um cheiro menos apelativo.

– Oi, Jasper - murmurei, não tendo certeza se realmente deveria dizer algo. Desviei os olhos em seguida.

Meu olhar caiu sobre o piano em que Esme e Carlisle estavam sentados antes de chegarmos.

Ela, quando percebeu onde estava minha atenção naquele breve instante, sorriu.

– Gostou do piano, querida? - seu tom era maternal.

– É lindo, Esme.

– Você deveria ver Edward tocando. É o melhor músico da família.

Pousei meu olhar sobre o rapaz de cabelos cor de bronze ao meu lado, que segurava minha mão na sua.

– Tenho certeza que sim.

– Por que você não toca para que Bella ouça? - perguntou ela, olhando na direção de meu... namorado - a palavra ai da me era estranha.

– Tudo bem - ele murmurou, e foi me puxando pela mão em direção ao instrumento.

Sentou-se no banquinho, fitou-me sorrindo e, então, começou a tocar. Ao ouvir a música, esta me envolveu, e tudo o que existia naquele momento era Edward e eu, sentados lado a lado em frente a um belo piano. Fechei os olhos. Enquanto eu escutava, todos os acontecimentos das últimas semanas - tanto a "versão original" deles, quanto os que realmente aconteceram - passaram por minha mente. Não consegui conter a lágrima emocionada que escorreu por minha face.

Cedo demais, ele parou de tocar e voltou a observar-me. Ele secou meu rosto com o polegar e em seguida passou o braço direito ao redor de mim. Apoiei a cabeça em seu ombro.

– Ela tinha razão - disse - Você é muito bom nisso.

Edward deu um riso baixo e rouco.

– Obrigada - sussurrou.

Ficamos assim por um tempo, em silêncio. Em algum momento, notei que sua família deixara a sala sem que percebêssemos.

Antes que eu quisesse me separar dele, Edward afastou-se levemente, sorrindo.

– Quer conhecer o resto da casa?

Assenti, e nós nos levantamos. Subimos até o segundo andar, e até o terceiro depois dele.

Conforme íamos passando por cômodos, ele me dizia o que eram e parava de andar brevemente para que eu observasse com um pouco mais de calma. Como se eu não conhecesse cada centímetro daquele lugar.

Por fim, chegamos a seu quarto. Fui logo observar os CD's dele - Edward, como eu imaginara, era bem eclético.

Ele me observava em silêncio e com leve curiosidade, um sorriso torto crescendo em seu rosto.

– Bella? Edward? - ouvimos uma voz vinda do corredor nos chamar. Olhando naquela direção, vimos ser Alice, seguida por Jasper.

Ela sorriu para nós e disse:

– Vai ter uma tempestade hoje. Emmett quer jogar baseball. Topa?

O sorriso de Edward foi reluzente ao ouvir tal proposta.

– Mas é claro!

Alice dirigiu seu olhar a mim.

– Gostaria de ir também, Bella? Será divertido!

– Ahn... Tudo bem. Por que não, certo? Acho que não vai ter problema porque eu não sei jogar, nem que soubesse eu poderia. - ri, bem humorada.

Eles me acompanharam.

– É, definitivamente você não vai poder jogar - Edward disse, passando uma mão por minha cintura.

– Ótimo! Vou ligar para Carlisle e ver se quer jogar. Ele saiu faz um tempo, porque foi chamado no hospital. Mas talvez deseje vir. Vamos, Jazz. - disse Alice, pegando na mão do rapaz que ficara quieto o tempo todo.

– Como se você não soubesse - Edward murmurou, o tom de voz divertido.

Jasper fechou a porta ao sair.

– Vai gostar de ver o jogo, Bella, com certeza. Se Alice está nos chamando para ir jogar, é porque sabe que não vai chover onde estaremos, mas haverá barulho de trovões para se misturar com os sons do jogo. Acho que você já sabe...

Ele continuou a falar, mas eu não ouvi o restante. Minha mente estava muito ocupada com o que aconteceria naquele jogo. Nômades. Uma caçada. Deixar Forks. Um de meus familiares falsamente sequestrados. Separar-me de Edward por alguns dias. James.

Eu não podia ir ao jogo. Se o caçador me achasse, algo ruim aconteceria - algo que eu não poderia prever, porque o vampiro deveria me enganar, dizendo que estava com minha mãe, e que eu precisava salvá-la. Mas ela já estava morta. Se James me achasse, tudo o que eu poderia fazer seria morrer antes que ele encontrasse alguém que eu amasse.

Edward pareceu perceber, finalmente, que eu não prestava mais atenção ao que ele dizia.

– Você está bem, Bella? - seu tom de voz era preocupado.

Olhei-o, uma chama de pânico crescendo em meus olhos.

– Não.