Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpem! Fiquei muito tempo sem postar, eu sei. Tive problemas no Nyah!.

Aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488757/chapter/15

Fomos em silêncio até a minha casa, mas, apesar disso, não estávamos constrangidos ou desconfortáveis. Ambos sorriamos, e Edward segurava minha mão timidamente, mantendo somente a outra mão no volante. Ele dirigia rápido, mas eu não tinha medo de que ele batesse; sabia que era impossível.

Chegamos em pouquíssimo tempo, por causa da velocidade com que Edward dirigia.

– Quer entrar? - perguntei, incomodada com a possibilidade de ter de me separar dele agora.

Ele sorriu, e eu me esforcei para não suspirar.

– Acho que seu cachorro não gosta de mim - disse, e seu sorriso foi se tornando mais travesso.

Confusa, franzi o cenho. Mas então, entendi, e minha expressão ficou ainda pior, vermelha de raiva e vergonha. Aquilo fazia total sentindo. Animais não gostavam de... pessoas como ele. Era por isso que Jacey cheirava meu quarto quando eu acordava, desde o dia em que Edward disse que era melhor não sermos amigos.

"Idiota", pensei. Como não me lembrei daquela parte da história?

– Você veio me ver enquanto eu dormia?! - perguntei, brava.

Seu sorriso vacilou, e ele apenas assentiu.

– Está brava? - perguntou, a voz falsamente calma. A mim ele não enganava.

Fechei os olhos com força.

– Jacey não está em casa. Pode entrar.

Saí do carro, e percebi que Edward me acompanhou. Abri a porta da casa, ainda sem olhá-lo. Quando ele passou, fechei-a. Meu estômago roncou, e percebi que estava morta de fome. Me dirigi à cozinha, abri a geladeira, peguei o resto de lasanha que tinha lá e coloquei no microondas. Me virei para Edward.

– Eu falo dormindo, não falo? - perguntei, temendo a resposta. Ele assentiu, e eu gemi de desgosto e vergonha. - Quanto você ouviu, Edward? - também tinha medo dessa resposta.

Ele sorriu e veio para perto de mim.

– Não muito. É sempre mais ou menos a mesma coisa.

"Oh Deus", pensei. Enterrei o rosto nas mãos.

– E então? - disse.

– Você diz que sente falta da sua família - murmurou - logo que comecei a vir, você sempre parecia com raiva enquanto dormia. Seu cachorro realmente não gosta de mim. Saía da sua cama e ia para a porta, esperando que eu a abrisse. Quando eu ia embora, ela voltava, se deitava exatamente no mesmo lugar, eu fechava a porta, e parecia que ninguém tinha passado por lá. Era como se ela entendesse que você não deveria saber que eu estava lá, mas quisesse nos dar privacidade - ele riu.

– Não duvido muito que ela faça isso. Jacey é mais inteligente do que parece. Agora, porque ela queria dar privacidade para uma pessoa que observa outra que está dormindo, sendo que não vão fazer nada, não faço idéia.

Edward riu novamente.

– Concordo. Mas você parecia inquieta nas vezes em que ela dormia com você. E tentava abraça-la quando ela saia, mas não adiantava muito.

Ele não estava contando a história toda.

– Mais alguma coisa que eu tenha dito? - como se eu não soubesse a resposta.

Ele pareceu pensar um pouco mais seriamente sobre o assunto antes de responder.

– Você... Uma noite, Bella, você disse meu nome.

Não esbocei reação, pois seu tom deixava claro que ele ainda não havia terminado.

– Na noite em que... em que a salvei em Port Angeles - ele respirou fundo antes de continuar, a raiva provavelmente irrompendo dele ao se lembrar da ocasião. Um arrepio percorreu minha espinha. - você disse várias coisas.

Ergui as sobrancelhas sugestivamente.

– Você disse "É um espelho". Depois, disse "Metade". E então, disse meu nome novamente. Foi só.

"Só". Ele ainda chamava isso tudo de "só". Queria ficar com raiva, mas, ao me lembrar da resolução que tive naquele sonho - que eu, talvez, e só talvez, pudesse amá-lo. Agora, via que aquilo era bem mais que um simples "talvez". Era uma certeza, apesar de eu não ter manifestado isso ainda. Respirei fundo e tremi um pouco, fechando os olhos com força.

– Bella? - chamou-me. - Está brava comigo? - ele perguntou, novamente.

– Não... - disse, relutante. - Só estou brava comigo mesma. Queria não ser tão igual a... mim.

Ele riu baixinho, e, hesitante e delicadamente, passou os braços ao meu redor, me puxando para si.

– Por quê? - perguntou-me. - Você é perfeita do jeito que é.

Aquilo só me fez ficar com mais vergonha ainda, se é que era possível.

– Na verdade, analisando por determinado ângulo, você tem sorte, Bella — disse, a voz baixa e calma.

Olhei-o, não acreditando no que ele dizia, e ele explicou

— Eu gostaria de sonhar com você, mas acho que sabe que eu não posso.

Suspirei, e descansei a cabeça em seu peito.

– Até pode ser. Mas por que você iria querer sonhar comigo? Alias, por que considera que um humano pode ter alguma sorte? E, definitivamente, senhor Cullen, a boa sorte me evita. Adicione isso na sua lista mental de coisas sobre mim - disse. - Não adianta negar, sei que você tem uma lista.

Ele riu mais uma vez, e eu o acompanhei.

Nem tinha percebido que a lasanha havia terminado de esquentar, e quando finalmente notei, soltei-me, a contra gosto, dos braços de Edward e me dirigi ao microondas.

Tirei-a de lá, peguei os talheres, e sentei-me à mesa que havia na cozinha. Ele sentou-se em uma cadeira ao meu lado, e passou a me observar. Comi sem pressa, tentando ignorar o olhar penetrante de Edward, analisando cada pequeno gesto meu. Quando acabei, me recostei na cadeira, como uma criança satisfeita, e olhei-o, com um sorriso no rosto.

– Posso lhe oferecer algo para comer, senhor Cullen?

Nós dois rimos, pois ambos sabíamos que ele não comia nem bebia nada, a não ser sangue.

Suspirei.

– Você provavelmente tem que ir agora, não tem? - perguntei, a voz um tanto... sofrida.

De onde vinha toda essa dependência?, me perguntei. Até pouco tempo atrás, eu o teria enxotado daqui, e, há menos tempo ainda, não teria me incomodado tanto por ele precisar ir. Mas, aparentemente, tudo havia mudado agora.

Edward franziu o cenho.

– Acho que sim - estava claro que essa não era sua vontade.

– Não pode ficar? - disse antes que pudesse me conter.

O rosto dele se iluminou um pouco com isso.

– Talvez. Você quer que eu fique? - perguntou, parecendo levemente esperançoso. Dei um pequeno sorrisinho e balancei a cabeça afirmativamente. Ele pareceu feliz com isso. - Então eu fico. Suspirei, aliviada por ter mais tempo com Edward. - O que vai fazer agora? - perguntou-me.

– Bom, acho que preciso de um banho, certo?

Ele assentiu.

– Pode... eu não sei, sentar no sofá, na cadeira, ir para meu quarto... pode ficar em qualquer lugar que você queira.

Edward fez que sim com a cabeça, e nem ao menos se moveu enquanto eu subia até meu quarto e pegava meu pijama para me trocar no banheiro, caso ele decidisse ir para lá.

Peguei um pijama que raramente usava - um de shorts preto e blusinha cinza de alças finas. Eu deveria por algo um pouco mais "coberto", mas aquele era um dos poucos dias em que era provável que eu não morresse de frio com tal roupa, então decidi não me preocupar. Por enquanto.

Entrei no banheiro e tranquei a porta. Depois, me virei, apoiando as costas nela. Eu arfava, mesmo que a reação não tivesse um motivo, aparentemente.

"Sem motivo", pensei, ironicamente. Isso é o efeito Edward, e eu ainda por cima chamo de "sem motivo". Tonta, xinguei-me.

Endireitei-me, pus as mãos sobre os olhos e respirei fundo, sem, contudo, expirar. Eu precisava de calma, se não enlouqueceria. Quando finalmente soltei o ar, tirei as mãos do rosto em um movimento brusco, e me virei para o espelho do banheiro. Vamos lá, Bella, pensei. Se você enlouquecer agora, ele vai achar que você é... louca. Ha ha, hilário! Ou talvez não...

Tomei meu banho com o máximo de calma que pude - o que não foi muito. Terminei rapidamente e me vesti, saindo do quarto. Espiei em meu quarto, cuja porta estava aberta, e percebi que Edward não estava lá. Quando desci e fui para a cozinha, para procurá-lo, ele continuava lá, sentado na cadeira, na mesma posição em que estava quando eu fui tomar banho. Andei até ele, hesitante.

– Edward? - chamei.

Finalmente, ele se mexeu, e olhou para mim, sorrindo. Analisou meu pijama com atenção, e depois sorriu, como se aprovasse. Corei e tentei puxar o short um pouco mais para baixo em minha coxa, na tentativa - inútil, por sinal - de cobri-la. Desisti quando o vi segurando o riso.

– E agora? - perguntei. Ele pensou por um momento. - Você deve estar cansada, devia dormir. Acho que...

– Edward Anthony Masen Cullen, não OUSE ir embora! - gritei, em pânico. Só depois percebi que havia falado seu nome completo. Ele riu.

– Bella, é sério, o dia não foi dos mais fáceis. Precisa descansar.

– Posso muito bem descansar com você aqui - disse. Edward ergueu uma sobrancelha.

– E então? - perguntou - Como ficamos?

– Simples. Você fica comigo esta noite. Podemos conversar mais um pouco até eu dormir.

Ele ponderou por um curto momento, e depois concordou. Sentei-me ao seu lado no sofá, me encolhendo por causa do frio que fazia - ainda que o dia estivesse mais quente, não era o suficiente para que eu ficasse com pijamas tão curtos perto de uma pedra de gelo em forma de adolescente, coisa que eu só percebi naquele momento. Me arrependi de ter escolhido algo tão... exposto.

Resisti ao impulso de aconchegar-me a ele - até porque isso só me faria sentir mais frio ainda. Tremi levemente. Esse movimento que eu espera que tivesse sido discreto chamou a atenção dele, que me dirigiu um olhar preocupado.

Edward levantou-se repentinamente, e em um segundo já não estava mais na sala. Porém, quando pisquei os olhos, ainda confusa, ele apareceu novamente, com um cobertor em mãos. Ajeitou-o sobre mim e voltou a se sentar ao meu lado no sofá. Suspirei e apoiei minha cabeça em seu ombro, o frio já não me incomodando mais. Após um segundo de hesitação, ele passou o braço esquerdo ao meu redor. Ficamos quietos por um momento, até que Edward quebrou o silêncio:

– Eu entendi porque você não tinha nenhuma curiosidade, nada para me perguntar hoje. Mas houveram algumas coisas cujas explicações ainda não estão claras para mim - disse.

Normalmente eu teria me afastado para evitar esse assunto a todo custo, mas não dessa vez. Apenas me aninhei ainda mais a ele, esperando que entendesse que poderia prosseguir.

– Como... Como conseguiu se sustentar com 12 anos, sendo órfã? - perguntou, hesitante.

– Meus pais tinham uma grande quantia guardada em um banco, para emergências. Os Anderson também ajudaram a me sustentar ao longo de todos esses anos, e foram eles que cuidaram de mim. Morei em sua casa enquanto restauravam a minha. Eu não deveria morar aqui, por ser menor de idade e não haver ninguém para morar comigo. Porém, eles compraram a casa ano passado, quando minha idade era 16. Me deixaram ficar aqui porque sabiam que era o que eu preferiria. Não me deixaram pagar nem um centavo por isso. Acolheram a mim e a Jacey como se fossemos de sua família, e sou eternamente grata a eles por isso. O único modo que encontrei de agradecer foi ajudar a cuidar de Alicia e da casa, mas não era mais do que minha obrigação, nem posso considerar como forma de retribuir tudo o que fizeram por mim. Desde o ano passado, quando voltei a morar aqui, estou procurando um emprego para me tornar mais independente deles e parar de abusar de seu dinheiro e bondade que não mereço.

Parei de falar e franzi o cenho. Essa última parte me pareceu um tanto dramática, como se eu precisasse e quisesse que Edward tivesse pena de mim.

– Como os livros continuaram intactos? - sussurrou ao meu ouvido.

– Não sei. O andar de cima não foi tão prejudicado quanto o de baixo, mas mesmo assim algumas coisas foram queimadas. Mas a caixa de papelão dentro do armário permaneceu intocada pelo fogo. - dei de ombros - É estranho, eu sei.

Ele ficou em silêncio por um momento, e depois disse:

– Posso fazer uma última pergunta hoje?

Balancei a cabeça positivamente.

– Você me deixaria... ler esses livros?

Meus olhos se arregalaram, e me afastei dele de súbito. Infelizmente, minhas pernas ficaram enroladas no cobertor, me desequilibrando. Eu teria caído do sofá se Edward não tivesse me segurado. Chutei o objeto sobre mim e finalmente me libertei. Soltei-me do rapaz e me levantei.

– Óbvio que não! - disse, ofegante - De jeito nenhum! Nunca! Não mesmo! E não ouse procurar os livros quando eu dormir, porque se não eu vou... Eu vou trancar todas as portas e janelas! Daí eu quero ver você entrar sem fazer estragos e procurar as porcarias dos livros!

Eu sabia que essa era uma "ameaça" ridícula, mas era tudo em que eu podia pensar em meio a meu momentâneo desespero. Edward parecia segurar o riso. Ele ergueu as mãos em sinal de rendição e disse:

– Tudo bem, tudo bem! Não vou ler!

Apontei o dedo indicador para ele e disse:

– Prometa.

De repente sua expressão ficou séria. Ele se levantou do sofá, ficando de frente para mim, e ergueu-me, aninhando-me em seus braços como uma criança pequena. Sentou-se novamente, com o queixo apoiado no topo da minha cabeça e disse:

– Eu prometo... juro, que não vou ler o que quer que esteja escrito lá até que você permita. Juro pela chance que você me deu de fazer acreditar em mim.

Ficamos em silêncio depois disso, até que ele começou a cantarolar uma música conhecida por mim - a canção de ninar que eu imaginara-o tocando no piano durante o primeiro livro que eu escrevera. A música foi me embalando em direção ao sono, e eu quase já não podia ouvi-la.

– Bella? - Edward chamou pouco antes de eu perder a consciência completamente.

– Hum...?

– Eu fiz você acreditar em mim? - perguntou, uma pequena nota de hesitação em sua voz.

Dei o sorriso diminuto que o sono me permitia e murmurei: -

Sim, Edward. Você fez. Eu acredito em você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo longo, né?

Obrigada pelos reviews! Curtiram o segredo da Bella?

Gente, favorzinho: postei uma One original. Se alguém puder dar uma olhadinha, ficaria grata. O nome é "Isso É 'Odiável'".

Valeu, falou.

Visitem meu Tumblrrrrrr! marycjos. Please please.

Ah, e eu já enviei o capítulo 15 para a beta, mas já estou escrevendo o 20. A partir de agora, os finais dos capítulos, pelo menos até o 19, serão, tipo: " O.O"




Byeeeee!