Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Então, chegou a hora de saber os segredos da Bella. Eu sei que tem gente que espera por isso a muito tempo, e eu espero ter correspondido às suas expectativas. Me digam se ficou bom ou não.


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– É melhor se sentar. A história é longa - disse-lhe.

Ele hesitou, mas sentou-se, e eu fiz o mesmo, tentando manter certa distância.

Não sabia por onde começar.

"Comece do começo", pensei.

Respirei fundo.

– Quando eu tinha dez anos, sonhei com este lugar. Com este momento, este agora.

Observei-o por um tempo, e então continuei:

– Havia uma garota, que era exatamente igual a mim, como sou agora. E... um rapaz igual a você. Ele também... bom, reagia ao sol do mesmo jeito que você. E os dois conversavam sobre ele querer matá-la e... não poder, ao mesmo tempo, porque ele... - não completei a frase, só engoli em seco e tentei continuar.

"Quando eu acordei, queria saber como aquilo continuava. Então, sem que ninguém soubesse, eu comecei a escrever sobre isso. É por isso que sei tanto sobre você, porque criei alguém exatamente assim. Posso dizer praticamente tudo sobre seu passado. Quem sabe coisas que você mesmo não se lembra. E o mesmo se aplica à sua família."

"Dois anos depois, eu tinha acabado de escrever o quarto livro da história." Ri um pouquinho, sem humor nenhum. "Nunca publiquei, é lógico, e ninguém, nem mesmo minha família, nunca soube. Eu mantive os livros escondidos. Talvez ainda estejam em minha casa, em algum lugar."

"Eu terminei o quarto livro no dia 12 de setembro de 2000, na véspera de meu aniversário de 12 anos. Terminei de noite, escondi os livros e fui dormir. Eu era tão... estúpida... que acreditei realmente que você existia, e que, um dia, eu ia te achar. E olhe para mim agora, sentada na origem de todos os meus problemas, justo com você."

A pior parte da história estava chegando agora. Fechei os olhos por um momento e lutei contra as lágrimas que insistiam em me assaltar antes de prosseguir:

"Na manhã seguinte, fui acordada por minha mãe, meu pai, minhas irmãs mais novas, Cloe, Megan e Grace, e por Jacey, que era só um filhote. Eles me desejaram feliz aniversário. Estávamos todos tão felizes..."

Eu mal podia segurar as malditas lágrimas agora.

"Depois, enquanto minha mãe fazia uma sopa, que estava esquentando no fogão, e um bolo no forno, eu secava a louça. Ela não estava na cozinha, estava para dentro de casa, porque não precisava fazer nada naquele exato momento. Então eles me chamaram. E eu fui."

Comecei a chorar de verdade.

"Eu não prestei atenção em onde soltei o pano de prato. Simplesmente coloquei em qualquer lugar. O problema foi que esse lugar era em cima do fogão."

Estava ficando difícil de falar, pois o ar me faltava. Apoiei a cabeça entre os joelhos e usei os dois braços para esconder meu rosto.

"Quando eu voltei para a cozinha, era tarde demais."

Respirei fundo e tentei falar tudo de uma vez:

"A minha família toda morreu, e a culpa é minha. Eu acabei com tudo. Meu pai tinha um bom emprego, assim como minha mãe. E ela estava grávida. Ainda nem sabíamos se era menino ou menina. Chloe tinha 8 anos, Megan tinha 5 e Grace tinha 3. Jacey tinha só seis meses."

"Eu e Jacey quase morremos também. Eu consegui ficar viva, eu, a única que realmente merecia ter morrido! Eles não podiam... a culpa foi toda minha, e eles que pagaram! Pelo meu erro!"

– Bella, a culpa não foi...

– É claro que foi minha culpa! Não tente me convencer do contrário! E eu ainda não acabei - esperei não ter soado rude, mas não me importei muito com isso.

"Eu só não morri também porque os bombeiros chegaram. Barty e Nora Anderson, meus vizinhos, passaram a cuidar de mim. Eu também não merecia isso. Eles deviam ter me deixado morrer de fome, na rua ou em qualquer lugar em que me colocassem. O que eu fiz para eles foi absurdamente imperdoável."

Edward abriu a boca para falar, mas eu completei antes que ele perguntasse:

– Quando aconteceu, Alicia, a neta deles, era recém-nascida. A mãe dela morreu no parto. Ela era tão pequena, tão frágil... A mãe e o pai dela eram amigos dos meus pais. Todos estávamos tristes com a morte dela.

"Ela era corajosa. Tanto ela quanto o marido eram bombeiros. No dia do incêndio, ele foi lá ajudar. Ele morreu tentando salvar meu pai e duas de minhas irmãs, Megan e Grace. Eu vi. Ele não aguentou. Logo que ele caiu no chão, eu desmaiei, com Jacey nos meus braços. Por minha causa, ele perderam o único filho, e Alicia perdeu o pai."

Eu parei, porque não havia mais nada para dizer, e mesmo que houvesse, eu não aguentaria falar. Então só continuei a chorar.

Só percebi que Edward tinha chegado mais perto quando seus braços me envolveram. Não relutei, só me aninhei contra ele, e continuei a chorar, fechando os olhos com força.

Quando os abri novamente, ainda estava nos braços de Edward, mas estávamos deitados na grama, e minhas lágrimas haviam secado em meu rosto. Já era o fim da tarde, e o sol se punha.

– Dormi por tanto tempo assim? - perguntei, levemente confusa.

Edward apenas sorriu - um sorriso fraco, como se não estivesse exatamente feliz, apenas... vazio.

– Me desculpe, Edward - disse. - Não sei o que aconteceu comigo. Me desculpe.

Ele continuava a me abraçar, e eu não podia negar que estava confortável, apesar de tudo.

Para minha surpresa, ele beijou o topo de minha cabeça. Arregalei os olhos para ele, mas ele agiu como se não tivesse feito nada de errado.

– Não precisa se desculpar - murmurou.

Engoli em seco. Eu discordava, mas não disse nada.

– Bella? - seu tom de voz era hesitante.

– Hum?

Ele franziu a testa, pensativo.

– Quando nos conhecemos... você obviamente não gostou de mim - afirmou. Ele tentava conter um sorriso, como se estivesse lembrando de uma piada interna.

– Olha quem fala, você também não me achou lá a melhor das pessoas! Eu sei bem que durante aquela hora eu te infernizei tanto quanto você me infernizou! - disse, me tom um pouco mais leve e brincalhão.

Edward já não conseguia conter seu sorriso.

– É verdade. Presumo que você saiba porquê não falei com você no primeiro dia.

Ele ergueu uma sobrancelha.

– Meu cheiro - disse. - É tão forte assim?

Ele deu um sorriso duro.

– É.

Percebi por seu tom de voz que o assunto morrera ali. Não que eu quisesse continuá-lo.

Mas me lembrei de algo que eu queria saber.

– Edward?

– Hum? - eu parecia tê-lo tirado de uma curta linha de pensamento.

– Você... por acaso não...

"Fale de uma vez!", pensei.

– Você lê mentes? - ele ia achar que eu era louca de um jeito ou de outro.

Ele ficou em silêncio, a expressão séria - porém, eu sabia que estava certa. Ele não precisava responder.

Achei melhor responder a "pergunta" que ele fizera.

– Eu não gostei de você - disse - porque mais nada me fazia lembrar do meu passado, e você e sua família podiam, porque não estava acostumada com vocês ainda. Me causava dor.

Ele franziu a testa.

– Desculpe por isso.

Eu percebi que tínhamos nos sentado, sem que eu houvesse reparado nisso.

Abracei-o um pouco mais forte - não que isso fosse machucá-lo.

– Se eu não posso me desculpar por ter surtado você também não pode.

– Mas eu não surtei - ele disse, um leve tom de confusão na voz.

Eu ri baixinho, meu rosto enterrado em seu peito.

– Mas eu sim.

Edward pareceu entender que era melhor não discutir.

Ele passou os braços ao redor de mim, e assim ficamos, em silêncio. Em minha mente, passavam-se músicas cujas letras eu nos identificava:

The Only Exception - Paramore

When I was younger I saw my daddy cry and curse at the wind

He broke his own heart and I watched as he tried to reassemble it

And my momma swore that she would never let herself forget

And that was the day that I promised I'd never sing of love if it does not exist

But darling you are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

Maybe I know, somewhere, deep in my soul, that love never lasts

And we've got to find other ways to make it alone or keep a straight face

And I've always lived like this, keeping a comfortable distance

And up until now I had sworn to myself that I'm content with loneliness

Because none of it was ever worth the risk

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

I've got a tight grip on reality

But I can't let go of what's in front of me here

I know you're leaving in the morning, when you wake up

Leave me with some kind of proof it`s not a dream

Ohh

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

You are the only exception

And I'm on my way to believing

Oh, and I'm on my way to believing

Leave Out All The Rest - Linkin Park

I dreamed I was missing

You were so scared

But no one would listen

'Cause no one else care

After my dreaming

I woke with this fear

What am I leaving

When I'm done here?

So if you're asking me

I want you to know

When my time comes

Forget the wrong that I've done

Help me leave behind some

Reasons to be missed

And don't resent me

When you're feeling empty

Keep me in your memory

Leave out all the rest

Leave out all the rest

Don't be afraid

Of taking my beating

I've shared what I'd made

I'm strong on the surface

Not all the way through

I've never been perfect

But neither have you

So if you're asking me

I want you to know

When my time come

Forget the wrong that I've done

Help me leave behind some

Reasons to be missed.

And don't resent me

When you're feeling empty

Keep me in your memory

Leave out all the rest

Leave out all the rest

Forgetting

All the hurt inside

You've learned to hide so well

Pretending

Someone else can come

And save me from myself

I can't be who you are

When my time comes

Forget the wrong that I've done

Help me leave behind some

Reasons to be missed

And don't resent me

When you're feeling empty

Keep me in your memory

Leave out all the rest

Leave out all the rest

Forgetting

All the hurt inside

You've learned to hide so well

Pretending

Someone else can come and save me from myself

I can't be who you are

I can't be who you are

O que eu estava fazendo?! Era como se fossemos um casal. Eu não podia pensar assim, porque... por que eu não podia pensar nele daquele jeito, mesmo? Ah, sim, ia doer, e eu ia me machucar. O amor nunca dura. Espera, por que eu estava pensando nisso?!

Edward passou os braços em volta de mim mais uma vez e passou a nos embalar.

– E os meus pensamentos? - sussurrei. - Pode lê-los?

Ele levou um minuto para responder.

– Não.

Tentei, sem sucesso, evitar um sorriso.

– Eu imaginei que não.

Não precisava olhá-lo para saber que Edward também sorria agora.

– Está escurecendo - eu disse.

Ele suspirou.

– Temos que ir - sua voz demonstrava como aquilo não lhe agradava. Para ser sincera, também não me agradava.

Ele me soltou, e levantou-se rapidamente, logo em seguida estendendo a mão esquerda para que eu me erguesse também. Quando fiquei em pé, estava bem próxima dele - podia sentir sua respiração sobre mim -, e ele ainda não tinha soltado minha mão. Eu pisquei, tentando manter os pensamentos alinhados enquanto o olhava. Retirei a minha delicadamente, e depois olhei-o nos olhos, dando um passo para trás.

Após um segundo, Edward sorriu.

– Acho que você não vai querer passar tanto tempo andando de novo, não é? - seu sorriso torto era travesso. Franzi o cenho e cruzei os braços.

– Tem um jeito mais rápido de ir, não tem? - perguntei.

Edward balançou positivamente a cabeça. Franzi ainda mais o cenho.

– E nós gastamos toda uma manhã andando quando poderíamos ter corrido?!
Edward pareceu entender que eu sabia como ele planejava que nós viajássemos agora.

– Venha - ele disse - suba em minhas costas.

Ele parecia totalmente sério ao dizer isso, então não contestei e fiz o que Edward dizia. Além do quê, sabia exatamente o que ele faria. Escondi o rosto e fechei os olhos, sabendo que, se não fizesse isso, ficaria enjoada.

Eu senti quando Edward começou a correr por causa do vento. Não me atrevi a olhar para cima, apesar de ficar tentada a fazê-lo, para ter certeza de que era como eu imaginava.

Quando a sensação do vento parou, eu abri os olhos, confirmando que havíamos parado. Edward ia me ajudar a descer de suas costas, mas, antes que ele pudesse fazer isso, eu mesma saí de lá, um pouco rápido demais, motivo pelo qual tropecei, quase caí - Edward me segurou - e fiquei um pouco tonta.

– Está bem? - ele me perguntou.

Olhei-o. Sua expressão facial exprimia preocupação - que, por sinal, era desnecessária.

– Claro - disse, soltando delicadamente meu braço.

Eu quase caí de novo, mas ele evitou isso mais uma vez. Ok, talvez a preocupação dele fosse um pouquinho necessária. Só um pouquinho. Ou talvez muito. Ele riu baixinho, enquanto andávamos em direção a seu carro.

Ao invés de ir para o lado do motorista, Edward parou na porta do carona, por onde eu deveria entrar, e se encostou lá, impedindo que eu abrisse a porta. Mas ele parecia distraído, como se não tivesse notado que bloqueava a passagem, ou como se fosse proposital. Ele olhava para baixo, a testa levemente franzida e a expressão pensativa.

– E então? - eu disse. - Vamos?

Ele continuou lá, absolutamente parado.

– Edward? - chamei, a voz baixa e hesitante.

Deu um passo em minha direção, ainda fitando — eu supunha — nossos pés. Finalmente, ele ergueu os olhos para mim. Estavam turvos, como se milhões de coisas passassem por eles ao mesmo tempo.

– Bella... - disse, sua voz ainda mais hesitante que a minha.

Franzi a testa, mas esperei que ele dissesse algo.

Percebi que ele estava se aproximando ainda mais de mim, centímetro por centímetro. Eu queria me afastar dele, mas sabia o quanto estava se esforçando para se controlar, então eu não queria dificultar tudo ainda mais para ele, fazendo movimentos bruscos.

E então, não havia mais distancia entre nós, e Edward me beijou.

Tentei me mexer o mínimo possível - o que não foi difícil, já que eu congelei no lugar. Depois de alguns segundos daquilo, suspirei, e relaxei um pouco o corpo. Edward se afastou de mim, e me olhou com atenção, me observando e, certamente, esperando por minha reação.

Minha mente estava a mil, e eu pensava desesperadamente em algo para dizer.

Mas, então, olhei-o, e toda a minha tensão se dissolveu. Já não haviam mais dificuldades em falar, não haviam barreiras.

Sorri, de forma que poderia ser considerada... doce, ou meiga.

– Vem - eu disse, pegando sua mão por um momento. - Preciso voltar para casa. Pode me deixar lá?

Ele também deu um sorriso torto - aquilo não me atormentava tanto agora.

– Achei que nunca fosse pedir.


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Notas finais do capítulo

Ok, o que acharam?
Obrigada pelos reviews do outro capítulo! Mereço mais? Uma recomendação, talvez?
Então, até o próximoooooooooooo!!!!!!!!!!!


Ahhh!, visitem o Tumblr das minhas fics! Tem coisas legais lá... O nome é marycjos.

Ok, adeus!