Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é dedicado a você, Ana. Obrigada por tudo.



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Eu sonhei mais uma vez com Edward.

Reflexos de seu rosto passavam por meus olhos. Em um momento, seus olhos estavam negros, no outro, dourados. Em um momento, ele sorria, no outro, tinha um ódio assassino no olhar. E ele ia mudando, e mudando... Eu consegui distinguir apenas um único som, uma única palavra que ele pronunciava: meu nome. "Bella", era tudo o que eu podia ouvir, vindo de sua voz. E, então, o sonho mudou.

Eu estava de volta a meu último sonho com Edward, aquele em que ele me deixava queimar na floresta. Eu continuava a queimar, e não conseguia mas ve-lo, pois minha visão estava turva. E então, de repente, as chamas se apagaram, e as queimaduras em meu corpo sumiram. Aos poucos, fui voltando ao meu normal - visão, audição, olfato. Eu me levantei com cuidado, por minhas pernas ainda estarem fracas e frágeis. Eu olhei ao meu redor, para as árvores. Me sentia totalmente confusa, e não fazia ideia de onde estava, mesmo que eu soubesse que, perto de minha casa, havia uma parte como essa da floresta.

E, então, Edward apareceu.

Seus olhos não eram pretos, nem vermelhos ou dourados. Eram verdes. Ele estava muito menos pálido, e parecia humano de maneira geral. Mas continua perfeito.

Eu me movi em sua direção, e ele fez o mesmo. Nossos movimentos eram exatamente iguais, como se fossemos reflexos um do outro. Nos movíamos na mesma direção, ao mesmo tempo.

Não sei o que nos motivou a isso, mas, num determinado momento, olhamos para a minha direita, esquerda dele - nossos movimentos, obviamente, sincronizados.

À nossa frente, havia um espelho sem borda, sem fim. Ele se estendia por toda a floresta, ou, talvez, suas bordas estivessem escondidas - eu não sabia dizer. Depois de observar um pouco o estranho "objeto" - o espelho parecia um tanto incorpóreo para mim, como se o reflexo não viesse de algo sólido; simplesmente estivesse ali -, olhei para meu reflexo. Ou o que deveria ser meu reflexo.

Onde deveria haver o meu reflexo e o de Edward, só havia uma forma. A metade direita do reflexo era parte de mim: meu cabelo, um de meus olhos, metade de meus lábios, uma de minhas sobrancelhas, metade de meu nariz, e metade de minhas roupas. Mas, o que deveria ser o lado esquerdo, era a forma de outra pessoa - outros cabelos, roupas e feições.

A outra metade era de Edward.

Percebi, pelo canto do olho, que ele me encarava, mas desviei o olhar do reflexo, que continuou a me encarar.

Senti algo frio em minha mão esquerda e, ao olhar para ela, vi que a sensação vinha da mão de Edward.

Sem saber porque, segurei a mão dele. Nos olhamos, por tempo indeterminado, até que o sonho mudou.

Olhei para minha mão direita, de onde vinha uma estranha sensação, um formigamento, e eu sentia o corpo mais leve daquele lado.

Das pontas de meus dedos, saía um pouco de areia. Um pouco de pó, na verdade. Quanto mais pó caía, mais meus dedos diminuíam, como se eu fosse... feita de pó, e agora estivesse esfarelando.

Me afastei de Edward, e depois olhei-o, novamente suplicando que fizesse algo, como na primeira vez que sonhei com este lugar. Mas ele só me olhava, aterrorizado, e não indiferente como estava quando eu queimara.

O pó não tocava o chão. O vento o carregava para longe, levando com ele mais de mim. Eu fui me desfazendo pouco a pouco, e, então, não estava mais lá.

Mas ainda podia ver Edward, como se fosse outra pessoa, que estivesse escondida - mas não havia ninguém, eu apenas observava por outro ângulo, agora que meu corpo se fora.

Edward arfava.

– Bella? - ele chamou por mim. - Bella?

Seu olhar adquiria dor e desespero, assim como seu tom de voz.

– Bella! - ele passou a gritar, e olhar ao redor, como se eu pudesse estar atrás dele, ou mesmo me escondendo perto de uma árvore.

Ele caiu de joelhos no chão, olhando para baixo.

– Bella... Bella. - ele chamava, a voz tão baixa que nem o vento poderia ouvir.

Ele olhava para o chão, e se apoiava nas mãos, como se não tivesse forças para olhar para cima. Seu cabelo caía sobre sou rosto, escondendo seus olhos, que eu sabia estarem fechados com força.

– Vou te achar, Bella - disse, mais para si mesmo do que para... qualquer coisa que eu tivesse me tornado. - Eu prometo, Bell's. Eu prometo. Nem que seja a última coisa que eu faça, ou que isso custe minha vida.

Era como se, daquele pó que saíra de mim, eu pudesse ter formado um corpo invisível, um espírito talvez, atrás de Edward. Aliás, era exatamente isso - eu era um reflexo claro, quase transparente, algo entre o sólido e o incorpóreo. Ele não me via, por estar de costas para mim, e eu não chamei sua atenção. Só olhei para ele, que estava vestido com uma camiseta verde-oliva, e uma calça... seria aquilo uma calça de moletom? Pouco importava. Eu não olhei-o muito tempo. Me dirigi até uma árvore, e nela me apoiei, as mãos juntadas, apertando o nada, o vazio, contra meu peito.

Algumas coisas percebi com esse sonho.

Edward era um reflexo de mim, e eu um dele. Edward era a minha metade, e eu a dele. Ele se importava comigo. Aquele desespero era porque ele pensava ter me perdido, mas não aceitava que isso acontecesse. Era como se... me amasse. E aquilo dava a entender que era recíproco. Mas eu não sabia se era. Tinha certeza de que não poderia ficar longe dele, mas amá-lo? Isso era demais para mim. Mas então o quê? Olhei novamente para ele, mas estava escuro, e ele parecia uma miragem, como provavelmente eu seria para ele se me visse.

Mas eu não era uma miragem. Era real, e ele também. E, no momento, pelo menos aqui, ele precisava de mim; precisava me achar, e ele daria sua vida por isso.

Se dissesse que não daria minha vida também para poder fazer algo que o ajudasse, para estar com ele - não para ajudá-lo, mas porque eu precisava dele, do mesmo modo que parecia precisar de mim -, estaria mentindo.

Eu precisava de Edward.

Então, talvez, definitivamente, eu o amasse.

Me odiei por pensar nisso, sabendo, mesmo em sonho, que isso me custaria novas cicatrizes onde já haviam algumas, não cicatrizadas ainda, ou mesmo abertas recentemente, inclusive por causa dele. Mas não importava. Precisava dele de todo jeito, mesmo que não fosse o que eu pensava.

Mas, ultimamente, quando algo não era o que eu pensava que fosse?


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Notas finais do capítulo

1º: sim, a Bella fumou um pouquinho de maconha antes de dormir. E tomou coca-cola quente e sem gás. E comeu uma farofa chocha e velha. E engoliu um metro daqueles chicletes... de metro {ava}.
2º: hoje estou feliz, porque: estou de férias; minha outra fanfic atingiu mais de 100 reviews e ganhou uma recomendação : ); o Brasil ganhou da Colômbia; e, mais não menos importante, essa fanfic recebeu sua primeira recomendação!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muito obrigada, Ana {Anna C}, uma das minhas melhores amigas, uma pessoa que está sempre comigo, que me dá apoio quando tenho crises de medo com relação a meu {nosso} futuro {#partiu States}, e que me deixa ajudar quando precisa, também. Sabe que, não importa o quão irritante você seja, e quão irritada, chata, brava, estressada, ridícula, estúpida, filha de merda eu possa ser, eu ainda te amo.
3º: genteeeeeee, sabia que o Brasil ia ganhar de 2X1! Queridos, eu estudei Adivinhação em Hogwarts, tá?! Cara, sou muito vidente.