O resgate de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 18
Something's Wrong




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Something’s wrong

– Hermione! – Harry abriu um grande sorriso ao ver Hermione no alto da escada.

Hermione também sorriu ao ver o amigo. Junto com ele, haviam outros aurores que ela conhecia. Sem sinal de Valashei ou Henriette.

Draco, entretanto, estava sentado numa das poltronas da sala e não tirava os olhos dela. Parecia mais pálido do que o normal. Jamanta estava em pé ao seu lado.

Hermione imaginou que ela mesma deveria estar pálida, mas disfarçou como pode, desceu as escadas rapidamente e se jogou nos braços de Harry.

– Ah, Harry! – disse ela. Não queria ficar melancólica para Harry, não queria chorar, mas não conseguia evitar e Harry percebeu.

– Tudo bem? – perguntou Harry, afastando-se um pouco dela. – Malfoy não contou direito o que aconteceu enquanto você estava com Krum e Valashei...

– Foi horrível... – falou Hermione, agradecendo por Harry ter imaginado que a tristeza de Hermione se referia ao que acontecera com ela nas mãos de Krum. – Mas agora estou bem! – disse Hermione.

– Vamos pra casa, Hermione! Finalmente nós vamos pra casa. Molly está preparando uma grande festa pra você na Toca. Era pra ser surpresa, mas eu prefiro contar agora, antes que você seja pega despreparada.

– Não estou no humor para festas! – disse Hermione, olhando de soslaio para Malfoy que ainda estava sentado no sofá, observando os dois.

– Eu sei, mas acho que você precisa, pelo menos, dar as caras, ou Molly não vai te deixar em paz. Você sabe que ela ainda espera que você seja nora dela.

– Eu sei... – disse Hermione, dando-se por vencida. Tudo o que menos queria era sair do castelo de Malfoy para uma festa na Toca. Não por não amar Molly, os Weasleys e suas festas maravilhosas, mas por que queria ficar a sós para entender tudo o que acontecia com ela.

– Vamos, então? – perguntou Harry e como Hermione assentiu, ele se virou para Malfoy que se levantou. – Malfoy. Apesar dos nossos desencontros, acho que preciso agradecer por você ter mantido Hermione a salvo. – disse Harry, apertando a mão de Draco. Eram inimigos fazendo um trégua temporária. Mas por quanto tempo essa trégua duraria, era um mistério para Hermione.

Então Malfoy olhou para ela e estendeu lhe estendeu a mão.

– Hermione... – disse Malfoy, esperando que ela lhe desse a mão e que os dois se despedissem daquela maneira formal e insípida, enquanto Hermione preferia abraça-lo e beijá-lo. – Espero que tenha um bom retorno para casa. Sinto muito por tudo o que você viveu aqui na Bulgária e sinto ainda mais por tê-la mantido como minha prisioneira.

Como Hermione hesitou, Harry olhou para Hermione e depois para Malfoy, tentando entender o que acontecia ali. Para evitar qualquer desencontro, Hermione segurou a mão de Malfoy. Ao invés de sacodir a mão informalmente, ele trouxe sua mão para a boca e beijou-lhe as costas da mão.

Hermione estremeceu quando sentiu os lábios dele contra sua pele e ela sabia que ele havia sentido sua emoção.

Os dois se encararam e havia um milhão de coisas entre seus olhares. Hermione não conseguia piscar, não conseguia afastar a mão, não conseguia fazer nada a não ser olhar no fundo dos olhos de Malfoy, tentando absorver a cor azul em sua própria alma.

– Adeus, Hermione! – disse Malfoy, por fim, piscando, virando o rosto para cortar o contato visual que os dois haviam estabelecido há um segundo atrás. Ele soltou sua mão e se afastou, sumindo num dos corredores abaixo da escadaria. Talvez em direção ao jardim encantado, talvez para a Biblioteca. Não importava. Cada passo dado, levava Draco para mais longe dela e ela não conseguia suportar a dor que a afligia. “Eu o amo!”, pensou Hermione... assustada com o próprio sentimento, com a clareza que subitamente fez parte de seu ser. “Deus, eu o amo... Draco é o amor de minha vida”, pensou ela, vendo-o se afastar dela.

Ela fez menção em segui-lo. Em correr ao seu encontro, dizer-lhe em seu ouvido que o amava, que ele era o amor de sua vida. Queria gritar aos quatro cantos que agora sabia o que era o amor, pois o amava, como nunca amara a ninguém mais. Ela pertencia a ele e era um engano ficar longe dele, mas antes que pudesse segui-lo, sentiu a mão de Harry fechando-se em seu braço.

– O que pensa que está fazendo, Hermione? – perguntou Harry, com o cenho franzido. – Você está louca?

– Eu preciso ficar com Draco, Harry... – confessou ela, tentando desvencilhar-se dele, mas ele a agarrou com mais firmeza.

– Você está confusa, não está pensando claramente! – disse Harry.

– Eu nunca pensei tão claramente quanto agora: Eu amo Draco! – disse ela, surpresa com a própria voz, mas assim que terminou de falar, sentiu-se livre, leve, certa e segura dos próprios sentimentos: - eu amo Draco, eu amo Draco... eu o amo de verdade, como nunca amei ninguém, Harry e se você é meu amigo, você sabe que eu preciso ficar...

– Escute aqui, Mione! – disse Harry, com uma voz firme e séria – É porque eu sou seu amigo que vou te levar daqui para a nossa casa.

– Harry... eu...

– VOCÊ ESTÁ DOENTE, HERMIONE! – gritou Harry, puxando Hermione, enquanto ela lutava para se livrar dele. –Você está com a Síndrome do Estocolmo. Você sabe o que é isso, não é, Hermione?

– É quando uma vítima de sequestro se identifica com o raptor, mas isso não está acontecendo, aqui, Harry, eu amo Draco de verdade.

– De verdade? – disse Harry, virando-se para Hermione, segurando o rosto dela, entre suas mãos – Você é uma pessoa instruída, Mione. Você consegue dizer com a mais absoluta certeza de que isso não é fruto de um stress emocional depois de tudo o que você sofreu? Hein, Hermione... Se não fosse por Valashei, Krum teria te violentado, sem dúvidas. Você deve estar abalada com isso. Vamos para casa e tudo se esclarecerá!

Hermione piscou, tentando pensar naquelas palavras. Foi o que Malfoy lhe disse. Que ela estava daquela forma por ter passado pelo que ela passara. Mas parecia tão real aquilo que sentia por Malfoy. Parecia ser a coisa mais certa de sua vida. Estar ao lado dele, senti-lo em seu corpo, como quando ele tocou sua mão com seus lábios. Seria tudo uma peça de sua própria mente, tentando sobreviver a um impacto psicológico?

– Por favor, Mione, apenas me escute: vamos embora daqui. Vamos para Londres, vamos retornar para as nossas vidas. Quando estivermos em casa, eu prometo para você que você pensará diferente. Você terá clareza e saberá que foi tudo impressão de sua mente.

– Mas Harry... – disse Hermione, sentindo os olhos lacrimejando.

– Eu vou te ajudar, Hermione... você vai ficar bem. – disse Harry, enxugando as lágrimas de Hermione.

Hermione deixou-se arrastar por Harry até o jato de Malfoy preparado nos fundos do castelo de Malfoy, onde havia uma pequena pista de aviação. Ao entrar no luxuoso jato, Hermione percebeu que havia mais aurores no avião, guardando Valashei que estava todo coberto de correntes, com um novo corte no rosto e cara de poucos amigos.

Harry colocou Hermione na janela e sentou-se defronte a ela.

Hermione não conseguia encarar Harry, não podia. Sentia vergonha por pensar que talvez Harry tivesse razão. Ao mesmo tempo, tinha raiva por ele afastá-la de Draco.

Ela olhou para o castelo. Imaginava que a qualquer minuto, Malfoy sairia dali correndo, chamando por ela, mas sabia que ele jamais faria isso. Draco havia sentenciado o fim de algo que jamais iniciara.

“Maldito, Malfoy!”, pensou ela, sem se preocupar em segurar as lágrimas.

O jato decolou para desespero de Hermione que viu o castelo de Malfoy diminuir em sua janela até finalmente sumir. E se jamais visse Draco novamente? E se não conseguisse mais encontra-lo? Hermione passou cinco anos de sua vida buscando encontra-lo, sem sucesso.

– Oh, Deus... Oh, Deus!!! – disse Hermione, enterrando o rosto nas próprias mãos.

– Você está descontrolada, Hermione. É normal depois de ter sofrido o que sofreu. Vai melhorar assim que estivermos em casa. Você vai ver. Você vai ver, Hermione...

– Você disse que Malfoy mal lhe contou o que havia acontecido comigo enquanto eu estava nas mãos de Krum, como sabe então o que aconteceu? – perguntou Hermione com raiva de Harry por ele estar afastando-a de Malfoy.

– Er... ahn... bem... eu deduzi, só isso... logo estaremos em casa, Hermione e tudo isso irá passar... tudo isso irá passar...

15 dias depois...

Hermione olhou para o relógio. Estava atrasada. Normalmente, já estaria surtando, mas não tinha vontade de apressar o passo, pelo contrário, adoraria poder apreciar a cidade ao invés de ir trabalhar. Depois de ter voltado a Londres, Hermione não foi a festa dos Weasleys, nem apareceu no Ministério por muitos dias. Depois de uma semana, Snape mandou Harry lhe dizer que se não aparecesse hoje, não precisaria mais aparecer para trabalhar. Cinco anos de trabalho impecável e agora parecia que tudo estava indo por agua abaixo. Parecia que tudo o que já lhe despertou interesse havia simplesmente desaparecido.

Entrou no Ministério por uma nova entrada, um parede invisível no Banco Gringotes do Beco Diagonal. Aquilo era bom, pois seu apartamento ficava a apenas uma quadra de distância dali. Surgiu numa das lareiras, como se tivesse vindo de pó-de-flu.

O Ministério da Magia da Inglaterra era o mesmo desde que partira há quase um mês para a Bulgária. Entretanto, naquele dia, as pessoas pareciam mais agitadas, andando de um lado para o outro, como se estivessem com muita pressa ou como se algo importante estivesse para acontecer.

Entrou num dos elevadores, e parou no andar do Departamento de Aurores, sem prestar muita atenção ao redor, mas assim que pisou no corredor de sua antiga sala, escutou alguém chama-la.

– Mione... meu Deus, Mione!!! – era Rony que correu até ela e lhe depositou um beijo na bochecha. – Finalmente você apareceu! E justo hoje! Achei que não sairia mais daquele lugar que chama de apartamento.

– Justo hoje? Por que hoje? O que está acontecendo?

– Então não sabe?

– Não sabe o que?

– Não tem lido o Profeta Diário?

Hermione não tinha feito nada nos últimos dias a não ser enterrar-se em seus travesseiros chorando até adormecer.

– Malfoy foi condenado, acabou de ser despachado para Azkaban nesse momento!

– O QUE???? – perguntou Hermione, sem entender nada.

– Quando Harry foi para a Bulgária, ele implantou no Castelo de Malfoy um localizador mágico. Assim que o jato de Malfoy pisou na Inglaterra com vocês, Snape deu a ordem para que nós invadíssemos o castelo. Os capangas de Malfoy foram mortos, com exceção do Jamanta, e aquele fuinha loiro foi finalmente capturado.

Hermione ficou trêmula. Por isso, Harry insistiu tanto para que ela saísse do castelo. Mas porque ele não lhe disse que Malfoy havia sido capturado quando fora ao seu apartamento pela manhã?

– Ele foi condenado a Azkaban, você disse?

– Sim... Ele já tinha sido condenado a Azkaban, é claro, mas Snape mandou montarmos um novo caso, adicionando os últimos crimes, inclusive a morte do seu pai, Mione. Aquele canalha.

– Meu pai?

– Sim, Hermione. Seu pai! Parece que Malfoy manipulou o carro do seu pai para causar o acidnete. Assim você não iria se casar comigo. Aquele desgraçado!

– Não pode ser! – disse Hermione, sentindo seu estomago embrulhar. – Malfoy jamais faria isso.

– Não faria? – disse Rony, com uma cara de deboche. – Nós achamos um quadro de você no quarto dele, Hermione. O cara é obcecado por você. Ele não fez nada além de tentar te manipular. Mas agora finalmente, ele terá o castigo que sempre mereceu. Em Azkaban, ele ficará em Tartan...

– Tartan...?

Hermione estremeceu. Tartan era para os piores bandidos, a maioria eram comensais da época de Voldemort. Tartan era um pequeno comodo em Azkaban, onde os criminosos ficavam suspensos por uma corrente, assim como Hermione ficou na Masmorra do Ministério da Magia na Bulgária. Entretanto, em Tartan, os Dementadores tinham permissão para dar pequenos beijos da morte, o suficiente para roubar toda a vontade de viver. Não era permanente, mas isso acontecia a cada 12 horas. Era uma semivida. O pior castigo que alguém poderia ter e Malfoy iria ter tal punição.

– Não pode ser.. não pode ser!!!

Hermione largou Rony ali no corredor e correu em direção a sala de Harry. Para sua surpresa, Snape também estava ali.

– Até que enfim, você resolveu retornar ao trabalho – disse Snape, com aquela cara de poucos amigos que ele tinha.

– Malditos os dois! – disse Hermione, apontando para ambos. – Como puderam fazer isso? Vocês prometeram a Malfoy uma carta branca para ajudar a libertar o Ministério da Bulgária e é assim que vocês pagam?

– Malfoy é um criminoso, Hermione – disse Harry, pálido, tentando se defender.

– Eu sei que é! Sei disso. Eu o persegui por anos. Eu sei que ele cometeu crimes puníveis com Azkaban, mas condená-lo a Tartan? Como pode, Harry? Ele te ajudou na Bulgária. Ele me salvou, me protegeu, como pode fazer isso, Harry?

– Eu estou fazendo isso por você e por seu pai!

– Por mim? Por causa do que aconteceu com meu pai? Você sabe que isso é mentira. Malfoy não faria isso. Eu não sei quem lhe disse isso, mas não é verdade.

– Ele me disse isso, Hermione. Malfoy me confessou isso, pessoalmente. Ele se gabou de ter matado seu pai, impedido seu casamento. Ele me disse que queria você só para ele.

– Ele não faria isso! Malfoy jamais machucaria meu pai, ele sabia o quanto meu pai significava para mim.

– Você está dizendo que eu estou mentindo, Hermione? Você acha que eu estou mentindo? – perguntou Harry, sério, olhando para ela, exigindo uma resposta.

– Meu amigo Harry jamais mentiria dessa forma! – disse Hermione, sentindo estilhaços impregnando-se por sua alma. – Mas eu não posso acreditar nisso, Harry. Draco não faria isso... Draco não me machucaria dessa forma.

– Mas fez, Mione! – disse Harry, com um tom de voz sério. – E nós o punimos pelo que ele fez.

– Eu quero vê-lo, eu preciso vê-lo.

– Eu não vou permitir isso, Hermione – disse Snape, até então calado, observando enquanto Harry e Hermione discutiam.

Escute – disse Harry, colocando uma mão sobre o ombro dela. – Está na hora de você virar essa página e esquecer Draco Malfoy de uma vez por todas...


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