O resgate de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 16
Distância




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Se o que acontecera no quarto fora vergonhoso para Hermione, o que acontecia agora no banheiro, deixava-a ainda mais embaraçada, pois ali estava ela, imersa nua na banheira, tapando os seios com os braços, enquanto Malfoy aplicava um estranho unguento em suas costelas, tocando levemente nos seus dedos

– Tem certeza que é preciso fazer isso agora? – perguntou ela, pela décima vez.

– Esse unguento precisa ser passado antes de lavar. Eu avisei. – disse ele, num tom sério, concentrado no seu trabalho como se fosse um verdadeiro medi-bruxo. – E eu já vi o seu corpo nu antes, amor.

Hermione suspirou com aquilo. Ele tinha um dom para deixa-la sem graça.

– Pronto! – disse ele, levantando-se da beirada na banheira. – Espere agir por alguns minutos, depois lave bem essa área. Assim que terminar o banho, faremos as bandagens no seu pé e em sua mão.

Depois daquilo, Draco a deixou sozinha no banheiro. Hermione lavou-se rapidamente, embora desejasse ficar ali naquela agua quentinha por toda a eternidade, até que os horrores que passara com Krum e Valashei se dissipassem.

Vestiu um bonito manto que Draco havia escolhido para ela, deixando-o sobre o belo balcão do espaçoso banheiro.

Escovou os esparsos cabelos até secá-los bem e depois fez uma trança. Já havia terminado quando Draco entrou no banheiro novamente. Ele parou um segundo e os dois trocaram olhares pelo espelho. Ele parecia apreciar Hermione, vestida daquela forma, mas aquele estranho contato durou apenas alguns segundos.

– Sente-se e deixe-me ver os seus pés. – disse ele, aproximando-se colocando sobre o balcão um pote de outro unguento.

Meio aborrecida, Hermione sentou sobre o banquinho diante do espelho e deixou que Malfoy cuidasse de seu pé, aplicando unguento e depois enfaixando. Depois ele fez o mesmo com a mão.

Quando terminou, Malfoy ergueu o queixo de Hermione e passou um pouco da pomada em seu rosto que estava levemente arroxeado. Enquanto ele estava concentrado no machucado dela, Hermione contemplava seus olhos azuis. Draco parecia tão sério, tão diferente. O que havia acontecido para que ele a tratasse daquela forma tão impessoal? Ela não deveria ter cobrado uma confissão de sentimentos por parte dele, até porque talvez não existisse nenhum sentimento em relação a ela. Por que havia pensado isso, mesmo? Talvez pelo fato dele ter um jardim encantado, um biblioteca gigantesca e um quadro dela em seu próprio quarto. Se isso não lhe dizia nada, o que poderia então dizer?

Mas, se ele realmente sentisse algo por ela, porque não dizia nada. Porque não aproveitava o momento agora que a tinha novamente. Hermione estava nos braços dele, fragilizada. Era o momento de agir. E se ele tivesse feito algo, ela não tinha tanta certeza se poderia resistir. Sabia que ele tinha um certo encanto sobre ela. E enquanto ela estava no domínio de Krum, ela desejou como nunca estar nos braços de Malfoy, sendo protegida por ela, cuidada como agora.

Era um paraíso, perto do que sofrera. Draco era tão generoso em comparação com Krum. Tão gentil e bondoso. Mesmo sendo o criminoso que era. Mesmo tratando-a impessoalmente, criando uma certa distancia entre eles, ali estava ele, preocupado com ela, cuidando de seus ferimentos como se Hermione fosse a coisa mais importante em sua vida.

Tomada por aquele sentimento de gratidão que sentia por Malfoy, Hermione não conseguiu se conter e aproximou seu rosto do dele, depositando um beijo em sua bochecha.

Malfoy levou um susto com aquilo e se afastou no mesmo instante.

– Eu só queria agradecer pelo que você fez... – disse ela, ofendida com o ato de Malfoy. Porque ele se afastava assim dela? Ele não fez questão de mantê-la em seu castelo como sua prisioneira? Não a beijara antes em seus lábios? Por que agora um simples beijo em sua bochecha o fazia se afastar como se ela fosse uma leprosa?

– Não é necessário! – disse ele, parecendo um pouco confuso. – Acho... acho que já está bom! Eu... eu vou descer. Vou buscar algo para você comer, você deve estar faminta!

De fato, Hermione estava morta de fome, mas aquilo não a incomodava agora, como a incomodou no esconderijo de Valashei. No momento, o que mais a incomodava era a confusão de sentimentos que Draco Malfoy era.

Depois que Malfoy saiu, Hermione voltou ao seu quarto, no cômodo ao lado e deitou-se na cama. Não sentia sono, mas estava um pouco cansada, tremula. Tanta coisa havia acontecido desde que deixara aquele castelo. Hermione imaginou que se quisesse fugir novamente, aquele era um bom momento. Não havia capangas no castelo, uma vez que os homens de Malfoy deveriam estar junto com Harry na emboscada contra Valashei. Se Hermione fosse até o quarto de Malfoy, poderia tentar fugir novamente pela lareira. Hermione sentia que talvez fosse isso o que Draco queria ao deixa-la sozinha daquele jeito.

Entretanto, Hermione não queria fugir, temia sair daquele castelo e da proteção de Malfoy novamente. Talvez quando recuperasse todas as suas forças, pensasse diferente. Naquele momento, tudo o que queria era permanecer naquela cama, sabendo que Malfoy estava em alguma parte daquele castelo, pronto para defende-la se precisasse, apesar de querer se manter longe.

Ele retornou depois de muitos minutos, com uma bandeja na mão. O cheiro de uma deliciosa sopa penetrou suas narinas, reativando sua fome colossal. Ele depositou a bandeja sobre a cama e Hermione passou a comer em silencio, enquanto ele se sentou na beirada da cama, muito distante dela, apenas observando-a.

Quando terminou de comer, Malfoy se aproximou para retirar a bandeja, mas Hermione segurou sua mão com ambas as mãos, desejando que ele olhasse em seus olhos.

– Por que você está me evitando, Draco? O que está acontecendo entre nós, agora? – perguntou ela, mas os olhos de Draco permaneceram impassíveis.

Depois de alguns segundos, Draco retirou com a outra mão, uma varinha de dentro do bolso e entregou-a para Hermione. Hermione soltou a mão dele para segurar a varinha, reconhecendo-a imediatamente. Era sua própria varinha, a que Valashei havia recolhido no Ministério.

– Estou com sua varinha há muitos dias. Acho que já está na hora de você reavê-la. Recebi uma coruja de Harry enquanto estava na cozinha. Valashei foi preso. Ele está vindo para cá. Você poderá ir com ele. É isso o que você queria quando fugiu de mim, não é? Voltar para casa? Você poderá fazer isso agora!

Hermione sentiu como se um balde de agua fria fosse jogado sobre ela. Ir para a casa era tudo o que queria de fato, então porque aquela notícia parecia tão absurdamente estarrecedora? Ele lhe dera sua varinha e oferecia a ela a sua liberdade. Então porque ela se sentia tão triste? Hermione colocou a varinha debaixo do travesseiro, sentindo que em poucas horas, talvez estivesse em outra cama, sua própria cama. Sua cama de solteira, no seu apartamento solitário.

Malfoy pegou a bandeja e estava quase saindo do quarto, quando Hermione o chamou mais um vez.

– Draco...

– Quer mais alguma coisa? – perguntou ele, virando-se para ela.

– Você quer que eu vá embora? – perguntou ela, temendo pela resposta.

– Você está confusa, Hermione. Passou por um grande trauma. Você se sentirá melhor quando estiver em sua casa. Tenho certeza que logo que chegar em Londres, você deve montar um outra equipe para me perseguir, não é? – disse ele, sorrindo.

– Draco... eu pensei... – disse ela, sentindo seus olhos marejarem. – Eu não quero ir pra casa. Eu estou com medo e não quero ir para casa ficar sozinha em meu apartamento. Eu preciso... eu preciso de você... será que não entende isso?

– Ah, Hermione... – disse Draco, suspirando profundamente, colocando a bandeja sobre a cômoda.

Depois ele aproximou-se da cama, afastou Hermione um pouco e entrou nos cobertores ao lado dela. Hermione se aninhou no peito de Malfoy chorando baixinho, enquanto ele ergueu a coberta cobrindo-a até os ombros.

– Desculpe-me, querida. Eu deveria ter imaginado o quão fragilizada você está. Descanse um pouco. Não sairei do seu lado, eu prometo.

Hermione tentou segurar o choro, mas de fato, tudo o que sofrera nas mãos de Krum e Valashei e até Malfoy com sua impessoalidade, haviam abalado todas as estruturas que ela possuía. Enquanto chorava, Draco secava suas lágrimas com o polegar. Ele a puxou para si, abraçando-a, envolvendo-a completamente em seus braços, e fazia pequenas carícias. Ora nos cabelos, dissolvendo sua trança, ora no rosto molhado pelas lágrimas. Hermione sentia-se ternamente protegida. O frio da sua alma havia finalmente derretido. Parecia que flores cresciam em seu corpo como no jardim encantado. Ela ergueu seu rosto para ele e os dois se encararam. Tudo o que ela desejava era que ele a beijasse, mas seu olhar lhe dizia outra coisa.

– Eu seria um canalha se fizesse isso, Hermione...

Sentindo o calor do corpo dele envolver sua alma, Hermione deixou que o cansaço vencesse suas resistências e adormeceu.


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