O resgate de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 15
Divide et Impera




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488212/chapter/15

Krum observou os homens de Valashei em movimento, mas não levantou um só dedo do sofá onde jazia deitado há horas. Eles se preparavam para um ataque, não havia dúvida, mas Valashei o havia deixado de fora de propósito. Tanto melhor, pensou Krum, rindo internamente.

Aquela guerra entre Malfoy e Valashei pouco lhe importava, seu interesse era outro. Seu interesse era Hermione Granger, que estava há alguns metros de distância dele, guardada numa cela e escoltada por dois capangas de Valashei. Mas Valashei estava prestes a desaparecer por alguns minutos, talvez horas. Krum conhecia Malfoy e Potter e sabia que os dois não jogariam a toalha tão facilmente quanto Valashei esperava. Com certeza, aquela rufa não seria resolvida em pouco tempo. E isso lhe dava mais espaço para sumir dali com Hermione para nunca mais voltar.

Hermione precisava ser dele. Só então ela entenderia que ele era quem a amava, quem a adorava. Se ela resistisse, ele teria que machuca-la. Ele tinha tudo preparado em sua casa no interior do Japão, onde poderiam ficar sossegados sem serem perturbados, afinal, ninguém poderia sequer suspeitar onde havia ‘montado’ a casa que sonhara em compartilhar com Hermione.

No porão da casa, havia uma cela especial para sua amada. Uma cela cheia de “brinquedinhos” que ele vinha planejando há muito tempo até chegar o momento em que finalmente a teria em seus braços. Ela sofreria. Sofreria muito, mas logo entenderia que seu mundo agora seria o dele. E quando ele finalmente a dobrasse, tudo ficaria bem. Seriam um do outro por toda a eternidade.

– Precisarei sair por alguns minutos! – falou Valashei, diante de Krum, sem que este se movesse. – Espero que esteja ciente de que Hermione permanecerá onde está até que eu tenha resolvido meus assuntos com Krum.

– Eu sei, Valashei... seus homens me lembraram muito bem disso com a surra que eu ganhei. – respondeu Krum, apenas para disfarçar, ele mal conseguia antecipar o momento em que ficaria à sós com Hermione, mas precisava manter aquela cara de mal humorado.

– Ótimo, Krum! Pense pelo lado positivo. Se tudo der certo, quando eu voltar, Hermione será sua. Se eu não retornar, meus homens estão instruídos para dar a você e ela o mesmo destino!

Krum arregalou os olhos com aquilo. Era mesmo de se esperar. Se Valashei morresse, Hermione e ele também morreriam. Mas Krum tinha outros planos... planos mais interessantes, pensou ele, sem mexer um só músculo de seu rosto.

Então Valashei partiu.

Depois de muitos minutos, Krum deu um pequeno tour na casa em que estavam. Era praticamente um galpão rústico, mas era bem reforçado. A única entrada e saída era uma porta dupla por onde Valashei e seus homens saíram, mas o maldito poçólogo havia deixado três homens guardando seu caminho. Havia um outro aposento, uma espécie de cozinha, onde mais três capangas comiam e conversavam despreocupados e, diante da cela de Hermione, mais dois capangas guardavam o corredor. Oito homens entre ele e sua amada.

Mas Krum tinha seus recursos. Valashei lhe havia tirado a varinha, mas não havia revistado seu manto, onde ele sempre mantinha escondido um frasco de cruzarium, ele mesmo.

Vagarosamente, sorrindo e deleitando-se com o plano que havia formado, Krum aproximou-se da cozinha.

–----------------------

Hermione sabia que alguma coisa estava acontecendo.

Já era muito tarde. Mas um dia havia se passado sem que ela pudesse sair de sua cela, ou mesmo conversar com alguém. Só o que ela podia fazer era encostar-se no chão e observar os passos que cruzavam o corredor onde ficava sua cela pela fresta da porta.

O dia foi intenso naquele lugar. Valashei havia cruzado o corredor algumas vezes, berrando alucinado para que seus homens se apressassem. Depois berrou algo sobre ir para o Ministério, o que parecia loucura.

Então, as coisas se acalmaram. Mais nenhum passo em seu corredor, a não ser pelos dois capangas que sempre estavam ali para vigiá-la.

Hermione supôs que Valashei havia saído. Seria uma ótima oportunidade para tentar fugir, se houvesse alguma forma, mas o que ela poderia fazer além de aguardar que seu rato de companhia surgisse?

Com a movimentação intensa, Valashei havia esquecido de lhe dar de comer. Só o que restava em sua cela eram alguns grãos de arroz perto dos cacos de vidro do prato que Hermione havia quebrado na noite anterior.

Agora, ela se arrependia. Claro que não era saudável comer dos restos que já haviam sido contaminados por um rato, mas entre morrer de fome ou morrer de leptospirose, a segunda opção lhe parecia mais rápida.

Agora, nem o ratinho parecia querer retornar em sua cela. Enquanto seu estomago roncava em pequenos espasmos, Hermione imaginou que a ideia de ter um pequeno roedor para comer não parecia assim tão absurda.

O que um ser humano pode ser capaz de fazer para manter a própria existência? Havia um limite, certamente. Hermione poderia comer um rato, sim. Ela o faria se fosse absolutamente necessário, pois era uma sobrevivente. Mas certamente haviam limites. Ela jamais mataria outro ser humano para sobreviver. Não seria capaz...seria?

Hermione escutou gritos e ficou alarmada. Em seguida, os dois capangas que vigiavam sua cela saíram correndo e não retornaram mais.

Seu coração pulsava velozmente tentando imaginar o que estava acontecendo ali fora.

Escutou passos. Passos vagarosos vindo em sua direção. E depois escutou aquele assovio. Era Krum, sem dúvida. Ele assoviava como se tudo aquilo fosse uma brincadeira.

“Oh, Deus”, pensou Hermione, sentando-se na cela, tentando pensar rápido. O que poderia fazer? Era uma presa fácil. Uma presa sem nenhuma arma. Levantou-se, encostando na parede, tentando colocar maior distância entre ela e a porta. Então seus pés descalços pisaram em um dos cacos de vidro do prato que ela mesma espatifara.

Com impaciência, Hermione se livrou do caco que abrira um corte no pé, mas aquilo lhe deu uma ideia. Abaixou-se rapidamente, pegou um caco de vidro que lhe machucou a palma da mão, e escondeu a mão nas costas, segundos antes da porta se abrir.

– Olá, minha querida Hermio-ni-ne. – disse Krum, alucinado - Finalmente ficarrrremos juntos... para todo o sempre.

Krum sorria para ela, segurando duas varinhas na mão em riste. Se ela não fosse rápida o suficiente, ela não tinha dúvidas de que ele a azararia. Sem pensar muito nas consequências do que seu ato poderia fazer, Hermione movimentou-se, colocou todas as forças que ainda haviam em seu ser no braço que possuía o caco de vidro e atingiu Krum no rosto.

O sangue verteu imediatamente, fazendo Krum cambalear, deixando as varinhas caírem. Ela se ajoelhou, tentando alcançar uma das varinhas, mas Krum a chutou no rosto com o joelho, fazendo-a cair. Ele agarrou seus cabelos e a puxou com força na sua direção.

– Você vai se arrepender por isso... – disse ele, com dificuldade.

Hermione olhou para ele, o corte no rosto de Krum havia retalhado seu lábio até quase a orelha. Sem pensar muito, ela fechou as mãos em punho e o atingiu na ferida. Ele berrou de dor, mas depois a largou por poucos segundos, o suficiente para faze-la se levantar. Ela correu pelo corredor para longe, tentando pensar no que fazer. Parou quando viu uma porta aberta.

No que parecia ser uma cozinha, três capangas estavam mortos no chão.

– Maldita!!! Vou pegar você, Mionini... – gritou Krum, de algum ponto atrás de si. Apavorada, Hermione continuou seu caminho. Entrou no que parecia ser um saguão de entrada, onde mais três homens jaziam mortos. Passando por cima de seus corpos, Hermione correu até uma porta dupla e forçou-a. Ela parecia estar selada por magia. Desesperada, percebendo a aproximação do búlgaro, Hermione esmurrou a porta com todas as forças, abrindo ainda mais o corte em sua palma, sentindo as lágrimas vertendo em seus olhos.

– Aqui está você! – disse Krum, aparecendo no saguão, sorrindo. – Você sabe o quanto isso irá lhe custar não é? – disse ele, apontando para a própria bochecha cortada. – Eu não queria machucar você, minha amada, mas você não me deixa opção. Você me obriga a machucar você. Mas você vai aprender a me amar e a me adorar, Hermione. Só assim eu poderei ser gentil com você...

– ACHO QUE NÃO!!!

Hermione sentiu um vento frio nas costas. A porta se abriu por magia e Draco Malfoy surgiu no saguão, segurando Hermione pela cintura, empurrando-a para trás de si.

O duelo entre Krum e Malfoy durou poucos segundos.

Hermione não conseguiu ver muita coisa pois foi coberta pelo amplo corpo de Malfoy que ficara entre ela e Krum. Segundos depois, Hermione viu o corpo inerte e sem vida de Krum tombando ao chão.

– Você está bem? – Draco perguntou, virando-se para ela, tocando de leve em seu rosto levemente inchado onde Krum a atingira com o joelho. Transtornada, ela olhou para os olhos azuis de Malfoy como se os visse pela primeira vez. Ele parecia preocupado, pálido, abatido.

– Oh, Deus, Draco... – disse ela. Sem conseguir se conter, ela se entregou em seus braços, afundando-se no peito de Malfoy, enquanto deixava as lágrimas banharem seu rosto. Enquanto ela soluçava, Draco a cobriu com o próprio manto, tentando protege-la do frio antártico que invadia a sala. – Eu achei que você não viria... que não me resgataria...

– Eu não iria descansar enquanto não a visse em segurança, Hermione! – disse Draco, erguendo Hermione em seus braços. Ela não resistiu. Apenas aninhou-se contra o calor de seu corpo, enquanto ele a guiava para fora. – Essa área é protegida por um encanto. Precisamos nos afastar do galpão de Valashei para podermos aparatar. – explicou Malfoy, enquanto caminhava para fora, na direção de uma floresta gelada. O vento os acoitava, mas Hermione já não sentia tanto frio, estando protegida nos braços de Malfoy.

– Obrigada, Draco... obrigada... – sussurrou ele, em seus ouvidos.

Ele olhou para ela com um brilho estranho no olhar. Ela gostaria de poder desvendar os pensamento dele, assim como ele desvendava os seus.

– Acho que aqui já está bom! – disse ele, sorrindo. – Segure-se bem firme, Hermione

Hermione fechou os olhos, sentindo aquela estranha sensação de estar flutuando. Em seguida, sentiu o aroma de flores e abriu os olhos: estavam novamente no jardim encantado do castelo de Malfoy.

– Divide et impera! – falou Malfoy, caminhando em direção ao castelo que Hermione aprendeu a amar enquanto estava em sua cela. – Dividir para conquistar! Era a estratégia de guerra favorita de Cesar!

– Você atraiu Valashei para longe, enquanto atacava o esconderijo dele. – falou Hermione, entendendo o plano de Malfoy. Um plano. Malfoy havia executado um plano para resgata-la. Claro... como poderia ter pensado algo diferente. Valashei ter saído do esconderijo não fora coincidência.

– Exatamente! – disse Draco, depositando Hermione na cama, após ter subido os degraus até o quarto que ela ocupava no primeiro andar. Depois disso, ele ergueu o manto de Hermione o suficiente para observar o seus pés. – Você se machucou, Hermione!

– Foi só um corte. – explicou ela.

– Foi só um corte? – perguntou ele, olhando para ela profundamente, tentando ver o que havia em seu interior. Ela sabia o que ele estava tentando ver e mesmo que nada tivesse acontecido, ela detestava aquela situação, porque se sentia frágil.

– Não aconteceu nada! – disse ela, enxugando as lágrimas com as costas das mãos.

– Mas...? – insistiu ele, sentando-se na beirada na cama, muito próximo a ela.

– Eu fiquei assustada... – explicou ela. – Ele me machucou aqui. – disse ela, colocando a mão sobre as costelas. - E eu senti muito frio. E você demorou...

Não queria ter dito aquela última frase, mas ela simplesmente saiu.

– Eu sei... e peço perdão por isso, mas se eu não tivesse agido estrategicamente, Valashei teria...

– E onde está Valashei agora? – perguntou Hermione, interrompendo Malfoy. Não sabia direito porque estava tão aborrecida com ele, depois que ele a salvara, agido tão gentilmente para com ela.

– Harry, Jamanta e Henriette armaram uma emboscada no Ministério da Magia para ele. Tenho certeza de que ele deve estar morto a essa hora... Eu preciso ver seu machucado, Hermione.

Malfoy fez menção em tocar em seu corpo, mas Hermione se afastou.

– Não...!

– Eu não vou te machucar... eu só preciso cuidar de você.

– Eu não quero! – gritou ela, fazendo-o se afastar, mas ele não se levantou.

– Eu entendo que esteja transtornada, Hermione. Eu me culpo por isso. – respondeu Malfoy, parecendo sinceramente preocupado. – Mas não entendo porque você está tão irritada comigo.

– Divide et impera! Você disse! Você pensou estrategicamente o tempo todo enquanto Krum estava me machucando. Como você pode se manter tão focado nos seus planos? Como? Eu achei... eu achei...

– O que, Hermione? O que você achou? – perguntou Draco, com um tom de voz suave.

– Eu achei que você me amava...

Hermione tapou a própria boca depois do que disse e abaixou os olhos porque não suportaria encarar aqueles olhos azuis inquisitivos.

– Eu vi o quadro. O meu quadro. Eu imaginei... eu pensei que você sentisse algo por mim.

Hermione ficou ali, contemplando o próprio manto velho e sujo que usava, sem ter a coragem de olhar na direção de Malfoy, ver o que se passava em seu rosto ou em seus olhos.

Os segundos passaram como se fossem minutos sem que ninguém dissesse nada. Ela olhou para o lado, pois percebeu os dedos de Malfoy tamborilarem sobre o colchão da cama. Ela levou a mão na direção de sua mão, mas no mesmo instante Draco se levantou.

– Eu vou preparar um banho quente para você... – disse ele, num tom de voz impessoal que agrediu Hermione de uma forma estranha e inexplicável. – Então cuidaremos de seus machucados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O resgate de Hermione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.