O resgate de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 13
Frio...




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Deitada com as costas no chão duro e frio de sua cela, Hermione observava a luz do luar invadir o pequeno ambiente. Era a única fonte de luz da qual dispunha. E de qualquer maneira, ela só poderia imaginar como a lua deveria estar imensa no céu, pois a janela sem vidros ficava a quase três metros do chão.

Escutou um barulhinho. No primeiro dia quase morreu de susto, de coração, de nojo... Agora, dez dias desde que fugira da mansão de Malfoy, já havia se acostumado a companhia do pequeno rato que costumava visitar lhe à noite.

O ratinho não incomodava. Pelo contrário, ela lembrava de que havia vida naquele lugar, onde passava todas as horas sem poder se mover muito bem. O animal dava pequenas voltas ao redor dela, parava no prato para comer migalhas e depois se enfiava novamente num buraco da parede.

Ela suspirou tentando entender onde havia errado de verdade.

Foi idiota em ter vindo para a Bulgária em primeiro lugar. Ela viera para atender a um chamado de um grande amigo, pois era assim que considerava Victor Krum e no fim, parecia que ele a traíra desde o início, atraindo-a para uma armadilha, usando-a como isca para Draco Malfoy, tentando tirar dela sua paz de espírito e sua dignidade.

Krum já a havia atacado duas vezes. Nas duas vezes, fora salva pelo gongo por Valashei que não queria entregar a galinha dos ovos de ouro antes de ter os ovos de ouro. Valashei falou a Krum que ele não poderia tocar em Hermione até que Malfoy estivesse enfim morto. Se ela estava ali naquela cela, sexualmente intocada, isso significava que Draco ainda estava vivo e talvez estivesse procurando por ela, o que lhe dava uma entreluz de esperança na escuridão em que se encontrava.

E isso talvez fosse a coisa mais estranha de todas. Esperava, desejava, ansiava ardentemente pelo momento em que Malfoy a encontrasse. Os mimos de Malfoy em seu castelo pareciam agora o paraíso perdido perto da condição miserável em que se encontrava. E temia, no fundo de sua alma, que Malfoy não se importasse com ela para sair por aí procurando-a. Se isso fosse verdade, seu destino realmente lhe seria cruel. Em breve Valshei cansaria desse joguinho de ficar aguardando a arara cair na arapuca. Entretanto, havia a esperança de que a própria demora de Malfoy em responder a uma aberta provocação de VAlashei fosse um plano estratégico de Draco. Ela sabia agora que ele era estrategista ao extremo e avaliava todas as suas relações como se fossem pequenas batalhas.

O problema é que cada minuto de espera era um minuto de angústia. Talvez não , afinal, Valashei impediu Krum de usar Crucious nela e também não lhe dera mais a poção Cruzarium, mas Hermione temia cada vez que escutava passos se aproximando de sua cela, indicando que as coisas pudessem mudar para pior.

Krum parecia ainda mais insano do que Valashei. Em sua casa, antes de virem para o lugar em que estava agora, Victor tentara estupra-la. Ele a amarrou em sua cama, tirou a própria roupa e passou a beijar Hermione. Como ela recusou suas carícias, virando o rosto de lado, tentando mordê-lo, fazendo cara de asco, Victor simplesmente enlouqueceu. Ele começou a bater em Hermione até que ela sentiu quando duas de suas costelas se partiram. A dor foi horrível. Por isso, Hermione berrara como um animal num abate, o que chamou a atenção de Valashei que impediu Krum de prosseguir no seu assédio sexual.

O problema é que a benfeitoria de Valashei terminara ali. Sem ser tratada, Valashei tirou Hermione da casa de Krum, aparatou com ela e seus capangas em uma floresta congelada, no meio do nada, e jogou-a naquela cela, de onde Hermione só saía uma vez por dia, para lavar-se rapidamente e trocar de manto.

A dor das costelas partidas doíam como o inferno nas primeiras noites, mas agora, Hermione se acostumara à dor.

Era o frio que a incomodava mais agora. O frio emanava do chão e penetrava sua pele até quase chegar aos ossos. Isso a ajudou nos primeiro dias, pois foi o que resolveu sua alta temperatura. Quando a febre começou a dar trégua, o frio passou a ser seu principal inimigo.

Mas Krum não estava preparado para lhe deixar em paz, então. Cinco dias depois de estar ali, quando suas costelas começavam a aliviar, Victor invadiu a cela e tentou beijá-la. Dessa vez, Hermione pensou em dar o troco e mordeu o lábio de Krum, sentindo o sangue verter na boca de seu inimigo que parou de tentar o que estava querendo. Depois daquilo, Victor não apareceu mais. Talvez Valashei tenha lhe dado ordens para ficar longe. Talvez Valashei o tenha matado. Hermione estava desejando que fosse a segunda opção, mas sabia que sua sorte não estava mais lhe sorrindo. A sua sorte havia ficado no castelo de Malfoy, onde Draco havia permanecido, onde aquele quadro estúpido agora ria da sua cara dizendo que era mais inteligente do que ela.

Deveria ela ter escutado sua própria imagem pintada? Parecia uma loucura agora... uma maldita loucura!!! Pensou ela, com raiva, jogando o prato de comida, já raspado pelo ratinho, na parede da cela. Segundos depois, se arrependeu. Quando eles viessem buscar o prato, talvez ficassem irritados com o que ela fizera.

– Que se dane... isso precisa acabar!!! – gritou Hermione para a escuridão, como desafiando-a a toma-la por completo. Ela se desesperava. Era o desespero chegando, tomando conta dela, subjugando-a, submergindo, fazendo-a sucumbir. Quando isso acontecia, pensava em Draco e sentia sua alma um pouquinho mais saciada de paz. Era estranho, era muito estranho pensar nele. Querer sua presença, querer ser guiada novamente por sua mão protetora, sentir o calor dos lábios dele nos seus. Quem era mesmo o inimigo?

Estava tão frio que ela não conseguia pensar direito.

– Ok... então... o que estou fazendo aqui, de novo? – perguntou Harry, ao adentrar o saguão de entrada do castelo de Malfoy na Bulgária. Dessa vez, ele estava acompanhado por 10 dos seus melhores agentes, como Draco havia solicitado na coruja, horas antes de Jamanta os ter buscado com o jatinho mágico de Malfoy.

Malfoy estava branco e pálido e parecia agitado.

– Uma coisa aconteceu! – disse Draco, andando de um lado para outro, mas os guiou até a sala de jantar, oferecendo-lhe assento ao redor da mesa. – Preciso da sua ajuda.

– Você precisa da minha ajuda? Seu filho da...

– Eu perdi a Hermione! – declarou Malfoy, antes que Harry continuasse. – Perdi a Hermione... – repetiu ele, nervoso. Harry nunca viu Malfoy fora de si como estava naquele instante. – Faz dez dias desde que ela fugiu para o Ministério da Magia. Tenho estado como um desvairado a procurar por ela, em todos os lugares.

– Então ela está salva! Victor Krum jamais machucaria Hermione...

– Há... você e Granger são bem parecidos nisso. Não sabem julgar pessoas. – falou Malfoy passando os dedos por entre os cabelos loiros, parecia amargurado. Havia uma marca de olheira em seu rosto como se ele não dormisse a dias. – Eu invadi a casa de Krum, mas ela já havia sido removida. Encontrei vestígios de sangue. Só Deus sabe o que pode estar acontecendo com ela agora.

– Do que está falando Malfoy... porque você precisa da minha ajuda, se Hermione está a salvo no Ministério? Victor e ela são amigos há anos...

– Claro... – falou Malfoy descrente, com um tom de voz sombrio - Eu tenho espiões no Ministério da Bulgária. Eles disseram que Hermione entrou no Gabinete de Krum e não saiu mais de lá. Não saiu mais de lá há dez dias! E ninguém mais soube do Ministro também!

– Não estou entendo!

– Eles a pegaram, Harry. Valashei e Krum. Não é de hoje a minha desconfiança de de Victor Krum.

– Isso não parece certo. – perguntou Harry, tentando entender o que Malfoy dizia. – Victor e Valashei são inimigos. Valashei quer o Ministério destruído. E porque Krum pegaria Hermione?

– Olha... você se lembra do dia em que o pai de Hermione faleceu? – perguntou Malfoy.

– O pai da Mione? Claro, como poderíamos esquecer? Ela recebeu a notícia por uma coruja no meio do casamento. Hermione ficou devastada. O acidente foi horrível.

– Pois é... eu estava no casamento. Estava disfarçado com a poção polissuco. Mas na hora, eu achei muito estranha toda a situação. Por isso, eu conduzi uma investigação particular e descobri que o carro de Granger foi sabotado magicamente. Eu queria mandar os indícios que achei para Hermione, mas tive medo de que ela pensasse que fui eu quem sabotou o carro e eu não tinha outras provas. Só que eu descobri que, além de mim, Victor Krum não havia sido convidado para o casamento.

– Só por causa disso, você acha que ele matou o pai da Mione? – perguntou Harry, incrédulo. – Que eu saiba, você é o criminoso aqui, não o Krum.

– Sei o que isso parece. Mas eu descobri que Victor Krum ficou hospedado por uma semana em um hotel que ficava diante do consultório do pai da Hermione em Londres um pouco antes do casamento. Porque Krum faria isso, Harry?

Harry arqueou as sobrancelhas. A teoria de Malfoy parecia improvável. Malfoy provavelmente estava tentando convencer Harry para colocar as mãos em Hermione novamente. Muito provavelmente, Hermione estava viva e bem, escondida em algum lugar para que Malfoy não a sequestrasse novamente. Mas, se ela estivesse bem, não teria ela lhe mandado uma coruja? E se Malfoy estivesse com a razão?

– E antes do casamento de Hermione, Krum estava num estaleiro perto da toca, muito perto de onde ocorreu o acidente. – continuou Malfoy, percebendo que Harry resistia em acreditar nele. - Além disso, eu acho que para sabotar o carro de Granger, Krum pediu a ajuda de Valashei. Encontrei no carro de Granger os indícios de uma poção, mas não consegui saber que tipo de poção é. Só pode ser Valashei, Harry. Krum e Valashei estão juntos nisso tudo há muito tempo.

– Porque Krum faria uma coisa dessas? – perguntou Harry, começando a acreditar. No mínimo, aquela história pedia uma investigação.

– Krum é apaixonado por Hermione desde Hogwarts. Eu tenho medo de que ele tenha feito um acordo com Valashei para ficar com Hermione em troca da ajuda dele para me atrair para uma armadilha. Valashei sabe que eu tenho muito poder na Bulgária e poderia atrapalhar os planos dele.

– Que planos?

Malfoy suspirou impaciente. Harry era tão teimoso quanto Hermione em aceitar a verdade.

– Olha, desde que Hermione e Krum sumiram, a Bulgária entrou em colapso. Um grande reservatório de água foi contaminado com a poção Cruzarium e as pessoas estão tendo ataques de dores constantes por todo o lugar. Na minha opinião, o plano dele é submeter todos a poção cruzarium... é por isso que precisamos impedí-lo.

– Soubemos disso na Inglaterra. Parece que não só o reservatório de agua, mas todo o lençol freático foi contaminado. Isso é muito grave. Foi por causa dessa notícia que Snape deu autorização para trazer a minha equipe, como você havia pedido.

– Pois é... com o Krum sumido, o ministério daqui não conseguiu mais atuar e a comunidade bruxa e trouxa está apavorada. Estou tendo que resolver uma porção de problemas que estão me desviando da minha missão de achar Hermione.

– Sinto muito em dizer isso, Malfoy, mas Hermione é uma auror treinada. Você precisa dar prioridade ao povo da Bulgária para conter essa situação antes que saia do controle.

– Imaginei que você diria isso, Harry, mas eu não sou o herói aqui, nem estou interessado no cargo. Minha preocupação é achar Hermione. É por isso que te chamei.

– Como assim?

– O conselho deliberativo do Ministério me elegeu como Ministro Interino.

– O que? Com a sua ficha criminal? Você é um criminoso procurado! – disse Harry, arqueando as sobrancelhas.

– O desespero cria certas situações... – explicou Malfoy. – Quando os primeiros surtos da poção começaram a pulular por toda a Bulgária, eu dei um carregamento de poção-antídoto. Isso fez com que a população pressionasse o conselho deliberativo para me eleger como Ministro. Eu não estou nem um pouco interessado em ser o Ministro, Harry, mas acho que isso pode funcionar ao meu favor para criar uma distração. Tenho uma pista que pode me levar até um dos antigos esconderijos de Valashei, mas ele deve estar me esperando com uma centena capangas.

– Eu posso ir com você... se unirmos nossas forças eu tenho certeza que...

– Não... Tenho outros planos... É que a minha posse será coberta pelo Diário de Bulgárin. O Diário de Bulgárin é ... é como um... como eu posso explicar... é tipo um negócio de trouxa... que passa numa... caixa?

– TV?

– Isso!!! É como esse negócio aí. Os bruxos de toda Bulgária possuem uma caixa mágica dessa. O Diário de Bulgárin possui uma câmera mágica especial que transfere a imagem gravada ao mesmo tempo para as caixas...

– Isso, os trouxas já fazem há anos...

– Bem... não fique se gabando, Potter. O importante é que eu não vou estar na posse. Você vai no meu lugar, usando a poção polissuco. Todo mundo vai pensar que sou eu naquele palanque, mas será você!

– E porque eu faria isso? – perguntou Harry, sem conseguir entender o que Malfoy estava planejando.

Malfoy suspirou novamente. O que há com essa gente?, pensou ele.

– Como você consegue ser um auror, sem ter lido a “Arte da Guerra”?


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