Ficou decidido que assim que houvesse uma missão eu contaria aos nossos amigos de equipe e que me afastaria dos combates até nosso filho estar com um ano, ou seja, eu estaria fora da ativa por mais de 21 meses porque eu não quis dar meu braço a torcer. Steve insistia na ideia de que deveríamos reunir todos e fazer um almoço para contar a novidade, mas eu ainda não estava preparado para tudo isso, e ele como o bom moço que é, resolveu aceitar.

Steve estava me tratando como se eu fosse feito de porcelana. Não me deixava em canto nenhum sozinho, e até mesmo na oficina ele me acompanhava, me dando peças que eu não precisava, me ajudando com processos em que Jarvis poderia muito bem me auxiliar sem problemas, mas eu não reclamava. Quando ele ia treinar, me pedia para ir com ele, e vez ou outra isso acabava em sexo no chão daquela academia que foi ampliada por causa dele.

Aquelas duas semanas foram ótimas, apesar de eu estar me segurando por ele para não demonstrar o quão mexido eu havia ficado com tudo que ele havia me dito sobre meu pai e esse tal de Bucky. Talvez meu pai tivesse me amado mais se esse cara não tivesse desistido dele, se tivesse sobrevivido e Steve tivesse caído em seu lugar, eu tivesse tido amor na minha vida e tivesse ficado com uma mulher e com isso não estaria grávido, mas ao contrário de meu pai, eu estava amando estar grávido. E se foi preciso passar por tudo aquilo para ficar com Steve, eu passaria de novo.

Steve alisava minha barriga sempre que podia. Insistia em tomarmos banho juntos, o que resultava em sexo, mas antes ele fazia tanto carinho em minha barriga, beijava e conversava com o bebê que eu chegava a sentir ciúmes. Conosco ia ser diferente.

Faziam muitos anos que eu não sonhava com meu pai e tudo o que Steve havia me dito resolveu aparecer para mim em sonho, já que eu evitava até pensar no assunto durante o dia e Steve não havia dito mais nada. Sonhei com meu pai se encontrando com um soldado, eu não conseguia ver o rosto, apenas meu pai e ele se beijando, uma farda marrom clara, depois os dois brigando, meu pai com uma barriga enorme e sentindo dor, sozinho em um lugar escuro e eu pequeno a seu lado. Eu deveria ter uns seis anos pela aparência, e eu tentava ajudar, fazer meu pai parar de sentir dor, mas ele me mandava não encostar nele.

— Eu te odeio, Tony ! - pude ouvi-lo gritar repetidas vezes, enquanto apertava a barriga para baixo como se quisesse forçar o filho, no caso eu, a sair de dentro dele.

— Tony ! Acorda, Tony ! - Acordei com Steve me sacudindo diversas vezes.

Eu estava completamente suado e trêmulo. Parecia ter corrido toda uma maratona, porque meu peito queimava e eu mal conseguia respirar.

— Amor, você tá bem ? - Questionou Steve tocando meu rosto me fazendo encará-lo - Hey, Tony !

— Tô sim ! - Respondi por não querer preocupá-lo.

— Pesadelos ? - Questionou ele afagando minha testa e secando o suor do meu rosto.

— Uhum ! - Respondi seco.

— Seu pai ?

— Como você sabe ? 

— Você estava gritando o nome dele e dizendo que queria ajudar ele a parar de sentir dor ! - Disse Steve passando seus braços por meus ombros e assim me trazendo para seu peito - Quer falar sobre ele ou sonho ?

— Não. Meu pai já era parte do meu passado, agora ainda mais ! - Respondi respirando fundo, estava enjoado.

— Tudo bem ! - Disse ele beijando minha cabeça - Mas eu posso te mimar um pouquinho já que você me assustou ?

— Me solta, Steve ! - Falei forçando pra sair da cama.

— Mas ...

— Me solta ! - Gritei saindo dos seus braços e correndo para o banheiro do quarto onde eu me desfiz num vômito violento em que deve ter saído até o que eu havia comido uma semana antes.

Ainda estava vomitando quando senti as mãos de Steve em minhas costas, deslizando de cima para baixo e ele dizendo que ia ficar tudo bem. Tentei xingar e mandar ele para mais longe dali, mas precisei vomitar ainda mais.

Passados os espasmos do enjoo, Steve me colocou sentado no vazo, deu a descarga e molhou uma toalha de rosto que havia ali e passou por meu rosto e peito, me livrando do suor de antes que havia se misturado com o causado pelo vômito, esperando assim que eu me sentisse melhor e só então me ajudou a me levantar para que eu pudesse escovar meus dentes.

— Que sexy, ficar vomitando na sua frente ! - Falei de mal-humor.

— Qual o problema se isso vai acontecer ainda muitas vezes nos próximos meses ? - Questionou ele arrumando a cama para que eu pudesse me deitar - Você tem que se acostumar, amor !

— Moleque, acho bom você me amar muito quando sair daí de dentro ! - Falei acariciando a minha barriga.

— Não liga, o seu pai é idiota ! - Disse ele dando um beijo na minha barriga. Ainda não estava crescendo, mas já me dava uma sensação estranha dormir ou ficar sem camisa. Talvez por Steve ficar mexendo nela o tempo todo.

— Vou pegar um plazil (remédio para enjoo), que eu comprei na semana passada pra enjoo porque sabia que uma hora dessas você ia começar a ter e engraçado que eu sabia que você ia odiar ficar enjoado ! - Disse ele com sarcasmo beijando minha boca, parecendo pouco se importar com o fato de eu ter acabado de vomitar.

— Não me beija, eu vomitei ! - Falei

— E acabou de escovar os dentes ! - Disse ele sorrindo bobo antes de me roubar um selinho - Vou apanhar o remédio e volto logo !

Eu não podia ter alguém melhor ao meu lado. Steve era assim, todo carinhoso e amoroso, e o melhor, não apenas comigo. Eu já podia imaginar ele brigando comigo e com nosso filho que eu sentia no âmago que seria um menino, por estarmos mexendo em máquinas na hora do almoço, por não termos lavado as nossas mãos, por estarmos acordados até tarde.

Eu realmente não entendia como é que meu pai poderia me odiar tanto se eu só conseguia sentir amor dentro de mim desde o momento em que soube que estava grávido. Claro que senti medo de Steve não querer ficar comigo, mas eu não teria coragem de tirar o bebê.

Ao encarar a minha mão que estava por sobre a barriga, não pude deixar de achar graça ao notar a aliança dourada ali. Steve e eu ainda não havíamos nos casado na igreja, e nem mesmo no civil, mas na semana anterior, Steve como sempre havia cozinhado para nós e resolvido me deixar tomar banho sozinho enquanto ele arrumava a cozinha, quando voltei estava tudo repleto de rosas que eu descobri depois que o traidor chamado Jarvis e Steve haviam encomendado horas antes e enquanto eu me vestia. Steve havia esperado os entregadores na porta para que não fizessem barulho ao chegarem.

Na sala de estar havia uma trilha que passava por toda a cozinha e só parava na sala de jantar, onde esta estava toda repleta de rosas vermelhas. Eu odiava flores, mas achei aquilo lindo e dentro de um coração enorme formado pelas tais rosas vermelhas e brancas, estava Steve de joelhos me pedindo para me casar com ele. Não sou idiota de deixar um lourão daqueles dando sopa e por isso, eu disse sim. Mentira, eu diria sim para ele mesmo que fosse para saltar de um prédio sem para-quedas ou propulsores de vôo.

— Posso saber o porque de o meu milionário, playboy, gênio e filantropo estar sorrindo ? - Questionou Steve me despertando de minhas lembranças.

— Lembrando do pedido ! - Falei erguendo a mão esquerda fazendo com que ele ficasse vermelho de vergonha.

— Vamos nos casar antes da barriga aparecer, tá ? - Questionou me dando um beijo rápido - Não sei se você vai querer aparecer com a barriga enorme ! - Disse ele imitando meu tom de voz,.

— Minha armadura é vermelha e dourada, eu criei a torre Stark autossuficiente e você está me perguntando se eu quero aparecer grávido ? - Questionei com ironia.

— Por favor, só não vá andar de top na rua para todos quererem tocar na sua barriga ! - Disse ele sorrindo e me fazendo rir.

Steve me deu o remédio que demorou um pouco para fazer efeito, mas logo estava surtindo efeito e o enjoo passou. Ambos resolvemos assistir um filme qualquer até o sono vir. 

— Steve, chama o pessoal e faz um almoço amanhã ! - Falei depois de certo tempo - Quero que saibam logo que vamos ter um filho !

— Tony ! - Disse ele sorrindo - Amo vocês dois !