Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 35
Capítulo XXXIV


Notas iniciais do capítulo

Allo! Como estão hoje, meus queridos?
Antes de irmos à reta final do confronto Leah x Riley, tenho algumas palavrinhas:
Obrigada Maria Clara Alkalinne pela capa que abrilhantou a fanfic; arrasamos com essa!
Leitoras, e leitores, agradeço imensamente pela paciência (perdão pelo atraso para postar) e pelas boas energias!
Indo ao capítulo... Está violento! Mesmo assim, uma boa leitura!



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CAPÍTULO XXXIV

― Mãe!

O grito de Leah Clearwater ecoara por toda a casa, apesar de esganiçado. Não, não… Não pudera e não desejara crer. Com o lábio inferior tremendo, Leah juntara os últimos pedaços que lhe restara e tentara secar as lágrimas. Nunca, jamais, tinha chorado tanto em sua vida. Pudera parecer uma causa boba, mas para Leah fora algo muito sério. Surpreendentemente sério. Ela respirara fundo e deixara o soluço escapar pela boca. Sue, que naquele momento tentara tomar o almejado banho longo, saíra correndo do banheiro e embrulhada numa toalha branca. Quando chegara à sala, pousara uma mão no coração e fechara os olhos: um alívio gigantesco correra por seu corpo ao ver que não fora algo grave.

― Ah! Meu amor… ― Sue apertara a toalha contra o corpo e desengonçadamente se ajoelhara na frente de Leah. Sue prendera, muito talentosamente, a toalha abaixo dos braços e juntara com delicadeza uma perninha de plástico. ― Eu sinto muito. ― falara após constatar todas as evidências da cena do crime: Seth Clearwater, em seus dois aninhos e meio, tentara morder a cabeça da boneca. Só tentara, pois o máximo que conseguira fora uma dor no dentinho e deixar a cabeça da bebê-boneca ensopada de baba. Além de decapitar a pobre bonequinha, havia esquartejado a coitadinha pela sala e destruído o coraçãozinho de Leah (que tinha rondado por um mês inteiro a boneca na vitrine da loja). Na verdade, Seth continuara em sua jornada maldosa: estava bem sentadinho ao lado de Leah e ainda tinha dentro da boca a cabeça da boneca. Ao seu lado, sua irmã mais velha se desmanchara em lágrimas. ― Talvez… Nós possamos consertá-la.

― Mas… Set… ― Leah, com seus grandes olhos escuros, encarara Sue: o rosto manchado de lágrimas e a boquinha tremendo sem parar. A cena fizera Sue tremer também. Leah ainda era seu bebê. Sua menininha de cabelos negros e macios. Naquela tarde, o cabelo de Leah estivera trançado. Feito em duas tranças e presas com elásticos coloridos que Sue adorava comprar (milhares e milhares e de todas as cores: amarelo, verde, rosa, lilás…). O sentimental de Sue ficara destruído com aqueles olhos tristonhos. Precisara, urgentemente, afagar a pequena Clearwater. No desespero, respondera, apesar de ser impossível:

― Vamos dar um jeito nela, Lee. ― e se inclinara, depositando um beijo na testa da garotinha.

Essa seria a forma que Leah mataria Riley: arrancaria a cabeça dele da mesma forma que Seth fizera com a sua bonequinha. Sem dó ou piedade, palavras que Riley e Victoria pareciam não conhecer. Apressada, e sedenta para acabar com aquele infame, a boca de Leah alcançou a cabeça de Riley. Da mesma forma que a cabeça da bonequinha tinha se encaixado na boca de Seth, a cabeça de Riley fez o mesmo na boca de Leah: foi abocanhada por inteira. E Leah começou a fechar a boca.

O som de vidro sendo esmagado era asqueroso, mas extremamente necessário. A raiva e rancor de Leah apenas guiaram-na até a certo ponto masoquista: fez questão se capturar cada segundo da morte de Riley. Cada som e cada movimento. Seus dentes rasgando as bochechas dele, atravessando dos dois lados ao mesmo tempo. Leah, meio enjoada e quase regurgitando com o gosto de sanguessuga, cuspiu a cabeça de Riley e teve visão da cena mais assustadora em toda a sua existência: um corpo em pé, mas só com um quarto da cabeça. Para Riley, restava-lhe apenas o queixo e o pescoço. Não duraram muito porque Leah saltou sobre ele novamente, despedaçando as últimas partes. Fúria. Muita e dominava-a por completo.

Uma perna. Um braço. A última parte do rosto. Leah foi mais selvagem do que o esperado. Tinha voltado ao modo primitivo da espécie. E despedaçou Riley o máximo que pode. E sobre a carga sentimental de Leah, caiu da morte de todas aquelas crianças. Tudo por culpa de Riley… E Victoria. E Leah gritou porque não era fácil. Não. Matar crianças não era fácil. Ter medo de uma vampira matar a sua namorada não era fácil. Cuidar das pessoas não era fácil. Era justo depositar num dos culpados todo aquele ódio. Quando não houve mais pedaços para rasgar, Leah respirou o máximo que conseguiria. Recuperou o fôlego. Saiu de cima do ex-corpo desmembrado e sem vida do vampiro. Sentindo-se cansada e com as patas doendo, Leah escorou-se numa árvore e fechou os olhos por alguns segundos. Um de seus ouvidos voltara a doer e qualquer ruído na floresta parecia uma bomba explodindo bem ao seu lado. Sua barriga ardeu novamente e ela temeu que algo tivesse se rompido lá dentro. Leah estivera tão concentrada em sua dor que não teve a mínima noção de quando apagou por completo.

***

― Bella? Bella? ― a visão foi voltando aos poucos para Isabella Swan. Enxergou a luz e uma ardência tomou conta de seus olhos, obrigando-a a fechá-los. Abriu-os novamente e viu através dos dedinhos de Alice (que ficavam de estalando na esperança de chamar a atenção da garota) a luz fluorescente da enfermaria. ― Ah! Graças a Deus! Você está bem? ― a preocupação na voz de Alice era evidente.

― Eu… ― os lábios de Bella se fecharam. Ela estava bem, sim… Mas e Leah? Sua amada na floresta… Estaria bem também? Ou teria sido vítima de um ataque da ruiva sorrateira? ― Leah. ― anunciou, cortando a resposta. Alice suspirou e tentou segurar Bella quando ela se sentou bruscamente. Não foi de muito sucesso a tentativa, afinal, Bella empurrou os braços de Alice. Ignorou a tontura e levantou-se com os joelhos frouxos. Andou até a porta e foi impedida por Alice, que ― não tendo nenhuma enfermeira no local ― aproveitara-se de sua agilidade inumana.

― Você não pode sair agora, Bella! ― exclamou. ― Estava desmaiada há alguns segundos atrás. Não tem condição de pegar um carro e sair por aí!

― Tenho sim. ― afirmou e semicerrou os olhos, fazendo a visão se focar e melhorar. ― Deixe-me passar, Alice. Eu preciso saber se Leah está bem.

― Não, Bella!

― Alice! ― Bella bufou irritada. ― Você viu alguma coisa relacionada a Leah?

― Eu não consigo ver através dos lobos, Bella. ― negou. ― Não vi a Leah, mas…

― Eu… ― a irrepreensível preocupação continuava tomando conta de Isabella. Precisava ver Leah e ter a certeza que ela estava bem. Sua alma gritava por aquilo. ― Eu preciso encontrar ela.

― Como você pode ter certeza que ela está na ronda? ― a postura de Alice tornou-se mais relaxada. ― Talvez ela esteja em casa, descansando.

― Talvez. ― Bella passou por Alice, mantendo-se equilibrada e o menos escandalosa que podia parecer. ― Não posso ficar aqui parada, Alice. ― Bella apalpou o bolso da calça e encontrou a chave do carro. Ótimo; uma preocupação a menos. Infelizmente, a saída cinematográfica esperada por Bella demoraria mais do que ela esperava. Alice a barrou outra vez.

― Você não vai sair daqui.

― Deixe-me passar.

― Bella, por favor…

― Eu farei um escândalo se não me deixar passar. ― ameaçou Bella. ― Posso gritar e fingir agressão, qualquer outra coisa. Apenas… Deixe-me passar.

Alice franziu o cenho e um vínculo formou-se entre as sobrancelhas dela.

― Então, levarei você. ― Alice estendeu a mão.

― Não. ― discordou Bella. ― Vocês não tem um acordo? Limites?

― Eles podem abrir uma exceção…

― Não, não podem. ― Bella, finalmente, conseguiu passar. ― E não me atrapalhe. ― fez um último pedido antes de sair.

Fez-se de surda e ignorou as outras intervenções de Alice Cullen. Saiu de despercebida e passou de fininho pela enfermeira, que se encontrava escorada na parede e fumando o segundo cigarro. Pôs velocidade máxima em seu carro velho e entrou na estrada. Sabia para onde estava indo? Não. Mas se precisasse entrar mata adentro a procura de Leah, ela entraria. E em toda a sua vida Isabella jamais sentira tamanho desespero. O desespero de perder Edward não podia nem se comparar àquela situação e sensação. Assim como seu amor por Leah era maior do que o amor que tivera por Edward, a preocupação era maior ainda.

― Droga… ― resmungou Bella, desviando apenas um pouco a atenção da estrada e esticando o braço para pegar o celular que tinha caído no chão do carro. A pouca desatenção tornara-se grande. Desviou mais um pouco da atenção e esticou mais o braço. Foi tamanha a desatenção que parou o carro com uma freada brusca, após um tropicão com o carro. O coração subiu pela garganta e Bella escutou o som do ganido de um animal. Um ganido semelhante ao de um lobo ferido. Não, não, não… Tinha, realmente, atropelado um lobo?

***

O sonho de Leah foi o pior dos pesadelos.

Suas recentes memórias se mesclaram com seus momentos felizes ao lado de Bella e de sua família: sua paz do repouso havia sido interrompida por medos e fracassos. Depois do confronto, tudo o que Leah menos desejava era ver sua amada sendo ferida por Victoria e Sue vítima de uma pequena assassina. Tanto desespero e angústia que Leah despertou da forma mais brusca que podia ter no momento: com o coração acelerado e a respiração errática. Memorando-se da ardência, Leah tocou no local machucado: tudo parecia bem e nada tinha se rompido.

― Hey, Leah! ― sossegando-se, Jared sorriu mais que seu rosto podia suportar. Riu emocionado. Deu uns três tapinhas no ombro de Leah Clearwater. ― Que bom que acordou! ― Leah semicerrou os olhos e correu os olhos pelo local, completamente diferente da floresta. O ressinto que estava não era úmido e pouco acolhedor, mas sim ao contrário: quente e com um delicioso cheiro de jasmins. Rapidamente, Leah notou que se encontrava na sala da casa. O tipo de sala que existia em filmes de Natal: bem decorada e com uma lareira cuja chama nunca estava apagada. Acima da lareira, numa prateleira de madeira cara, tinha-se uma estátua de Buda e outra de Maria, mostrando condescendência com seus filhos. A mistura religiosa fez Leah arquear uma sobrancelha. Porém, ignorou aquilo. Concentrou-se em Bella e suspirou calma ao lembrar que ela estava na escola, em segurança. Voltou-se para Jared.

― Estamos na casa da Sianoah ― respondeu Quil, entrando na sala e não dando a mínima chance de Leah se pronunciar. Exibiu um sorrisinho de canto de boca e alcançou para Leah uma xícara azul, de onde saía uma finíssima camada de fumaça esbranquiçada. ― E, antes que pergunte, foi Sia quem te vestiu. ― e deu uma das suas típicas piscadelas maldosas. Leah aceitou a xícara. Puxou com cuidado o tecido da roupa e grunhiu em desprazer: a camisola ― branca e com alças de renda ― mal lhe cobria dois quartos das coxas! Que constrangedor!

― Por quanto tempo… Eu fiquei desacordada? ― indagou após Quil se calar.

― Cinquenta anos. ― respondeu Quil, tão espirituoso como sempre esteve! ― Então, automaticamente, você está no futuro. Saiba que as Mulheres-Robôs são uma ótima pedida. Vai até desistir de Bella… ― tagarelou o garoto. O rosto de Leah fechou-se com a piadinha de Quil. Jared interrompeu o amigo antes que desse continuidade a loucura:

― Cala essa boca, Quil. ― reclamou Jared. ― Quase meia hora, Lea…

― Matamos todos! ― anunciou Quil, animadíssimo e atropelando as palavras de Jared. ― Sia e eu fizemos um ótimo trabalho!

― Por que esse “Sia e eu”? ― sibilou Jared. ― Até parece que só vocês lutaram! Eu e Jake fizemos um ótimo trabalho também!

― Pode até ser. ― Quil deu de ombros. ― Não me importa, de qualquer maneira. O que importa é que estamos bem e que exterminamos todas as pragas! Caminho livre e o ar está limpo. ― Quil sentou-se numa poltrona e escorou as costas. ― E Lee, parabéns por ter acabado com aquele sanguessuga.

― O parceiro de Victoria. ― murmurou Leah.

― E, certamente, amante. ― concluiu Jacob Black, que acabara de se encostar-se à porta entre a sala e a cozinha. Leah virou-se um pouco e teve visão de Jacob. ― Foi uma boa performance, Leah.

― Concordo com o marombeiro. ― Sia passou por baixo do braço de Jake. Riu e mostrou o pratinho com pudim de passas. ― Esse confronto me deixou faminta! ― Sia apalpou a barriga. ― Quer um pedaço, Leah?

― Não. ― Leah mexeu a cabeça ao dispensar a oferenda.

― Tem certeza? ― insistiu Sia. ― Vovó fez uma quantia obscena.

― Não, mas valeu Sia. ― Leah passou o dedo entre os cabelos negros e emaranhados. Bufou e tentou desenredar com as pontas dos dedos: existia coisas muitíssimo mais preocupantes do que o cabelo em mal estado. Sia, tão risonha quanto Quil, espremeu-se contra Jared no outro sofá e começou a se deliciar com o pudim. Estava na terceira garfada quando a campainha tocou.

― Vai lá, Sia. ― aconselhou Quil, soltando um falso bocejo. Sia revirou os olhos e entregou o pratinho à Jared. Andou até a porta e soltou um gritinho assustado (e feliz) quando Seth saltou para dentro da casa.

Seth segurou o rostinho de Sia entre as mãos e, com um gigantesco desespero, juntou os lábios nos dela. Sia fechou os olhos e gemeu em prazer, discretíssima. Passou os braços por Seth e parou as mãos nas costas dele. Os estalinhos apaixonados vindo do beijo deles fez Jared desviar o olhar e fazer careta.

― Você. Devia. Estar. Na… Escola. ― sussurrou Sia, com uma falsa preocupação, pois, afinal, falava entre beijos. Seth respirou profundamente. Beijou Sia por uma última vez no minuto.

― Senti cada golpe… ― a mão de Seth deslizou para a coluna de Sia, que se arrepiou. ― Cada pontada de medo. ― a mão dele correu até a barriga, onde Sia fora acertada (da mesma forma que Riley fizera com Leah). ― Devia ter me chamado.

― Seth… ― as forças de Sia esvaíram-se ao ver vislumbrar da seriedade no rosto perfeito de Seth. Como discordaria dele? ― Você… ― Sia ficou na ponta dos pés e aconchegou a cabeça na curva do pescoço de Seth. ― Sinto muito, S. ― e fez um sorriso brotar em Seth, que abraçou Sia, erguendo-a do chão.

Além do amor de Sia e Seth, o som do chocalhar de chaves fez Leah se levantar e depositar a xícara azul encima de uma mesinha. A cena de amor fora inspiradora e tudo que desejava era que Bella surgisse ali e agora. Que a segurasse pelos quadris e a beijasse apaixonadamente. E quando Isabella esticou o pescoço para ver o que acontecia dentro da casa, Leah deixou que os lábios se abrissem numa surpresa: Bella estava ali. A sua Bella e seu exclusivo amor: a garota pela qual havia lutado na floresta e o motivo mais importante pelo qual tinha sobrevivido.

― Leah? ― a aflição no tom de voz de Isabella fez o peito de Leah doer. O que havia acontecido para Bella estar assim? Seth, que continuava junto de Sia, deu um passo para trás e assim, liberou o caminho para Bella. Sem delongas, Bella entrou na casa e paralisou diante de Leah. Ponderou que fosse receber um beijo ou um abraço. Tudo o que Isabella fez, em tal segundo, foi acariciar o rosto de Leah com demasiado zelo. ― Eu sabia… ― afirmou Bella, falando tão baixo que ninguém além de Leah escutou. ― O que aconteceu com o seu rosto, meu amor? ― refletido nos olhos de Bella, encontrava-se uma imensurável dor. Uma dor que nunca esperou sentir por amor e que nunca sentira por Edward.

― Com o meu rosto? ― a mão de Leah tocou onde Bella tocava. Apertou. Doeu um pouco. ― Bella…

― Alice viu Victoria na floresta. ― atrás de Bella, Sianoah franziu o nariz. ― Eu vim o mais rápido que pude…

― Depois de desmaiar. ― completou Seth. De repente, todo o corpo de Leah ficou rijo.

― Desmaiar? Bella, você está bem? ― Leah olhou para Bella: desde os pés até o topo dos cabelos. Começou a circundá-la e a procurar ferimentos, mas foi impedida pela mesma.

― Eu é quem devo perguntar isso. ― Bella segurou Leah pelos cantos dos braços. ― Victoria estava na floresta e você está com um roxo gigantesco no rosto.

― Mas eu estou bem! ― disse a garota Clearwater, disposta a acabar com a preocupação de Bella e ver o essencial: se Bella estava bem. Por que diabos tinha desmaiado? ― Eu quero saber é se você está bem! Não é normal ficar desmaiando…

― Eu desmaiei por você. ― respondeu Bella.

― Mesmo assim. ― Leah parecia fechada para qualquer alternativa. ― Não é normal…

― Ah! Cale a boca, Leah. ― mandou Bella e pressionou os lábios nos de Leah, juntando-as num saboroso beijo.

Ouvir todas aquelas perguntas (a preocupação sem limites) fez Bella ter a certeza de que Leah estava bem; pelo menos fisicamente.


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Notas finais do capítulo

Só faltou a Victoria para complementar tudo isso!
E o que acharam do capítulo? Gostaram?
Obrigada!
Beijos e até o próximo!