Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 34
Capítulo XXXIII


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Como estão hoje? Espero que bem!
Antes de começarmos a leitura do capítulo de hoje gostaria de salientar um pontinho em especial. Como todos vocês devem saber eu, infelizmente, não tenho a oportunidade de conhecê-los pessoalmente e enchê-los de beijos e mimos por todo esse carinho, mas tenho a chance de escrever, então: muito obrigada! São os melhores leitores que eu poderia ter e são muito melhores do que eu mereço; obrigada! Agradeço, muito, aos comentários e mensagens. Bem… Não irei me prolongar muito hoje, pois temos um confronto na floresta. Boa sorte para nós do #TeamLeah.
Boa leitura!



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CAPÍTULO XXXIII

Toda a calmaria tinha ido embora e não sobrara uma mínima partícula dela. Nada na floresta manteve-se em paz e as crianças-vampiras, ferozes e vingativas, avançaram sem dó nem piedade na direção dos lobos. Jacob, ágil e utilizando-se de seu intelecto, olhou para as crianças e contabilizou-as de forma rápida.

“São mais de vinte! Não vamos dar conta.” ― Leah, que estivera paralisada com o choque de ver tantas numa única vez, voltou a realidade e mexeu as patas, estalando-as e despertando seu corpo juntamente da fúria. “Chame os outros!” ― no mesmo instante, a loba Clearwater saltou sobre uma rocha, esticou o pescoço e uivou. Uivou o mais forte que sua garganta suportaria e clamou pelos companheiros de matilha. Seu chamado ecoou por toda a floresta, atingindo níveis desejados e indesejados. Esme Cullen, que ajeitava os últimos detalhes da decoração da casa, soltou-se de seus afazeres e espiou pela janela.

― O que está acontecendo? ― sussurrou para si mesma, pensando em mil possibilidades e conflitos. Será que os lobos estariam bem? Mas, do outro lado do território, o uivado parecia chegar mais tarde do que o esperado.

Sianoah, que se encontrava aconchegada em uma coberta de lã e ressonando, deu um pulo da cama quando escutou o uivado da alfa. Apressada e confusa, Sia equilibrou-se e correu do quarto para a sala. Ellen, avó de Sianoah, largou a revistinha de palavras cruzadas e o lápis nº 2.

― Sianoah Regina Noël ― disse. Sia estremeceu quando a mulher pronunciou seu nome completo; detestava todo o nome e nem tinha comentado com Seth o segundo nome. ― Aonde você vai? ― Sia virou-se para ver a vovó: em seus sessenta anos, Ellen era uma mulher juvenil e bela. Pintava os cabelos num belo tom de ruivo e sempre os mantinham bem cortados num Chanel. Era raro ver ela com uma expressão severa.

― Leah precisa de mim. ― vovó abaixou os óculos e suspirou: tinha aceitado bem o fato de a neta ser uma loba, mas tinha medo da menina se machucar. Para Ellen não foi nada muito assustador ficar sabendo do acontecimento. Na verdade, ela sempre foi uma pessoa muito mística: se benzia e tomava banho com sal grosso quando via uma macumba. Vivia comprando incensos que atraíssem sorte ou dinheiro e tinha um punhado de pedras de quartzo para meditação e proteção. Vovó era, sem dúvidas, uma boa entendedora.

― Tome cuidado, querida. ― pediu e andou até Sia, depositando um beijo afetuoso na testa da garota. Sianoah, apressada e sorrindo, concordou e correu até a rua: seria uma longa corrida até encontrar Leah.

“Cuidado, Black!” ― alertou Leah, tomando fôlego e arrancando numa dentada só o braço e a perna de uma loirinha. Jacob, que era atacado por cinco crianças ao mesmo tempo, sacudiu-se por inteiro, tentando atirar longe uma das pequenas sanguessugas que lhe puxava a orelha.

“Mas que porra é essa?” ― Quil, que acabara de chegar, tentou estabilizar a respiração e correu na direção de Jacob, mordendo e mastigando partes das crianças. Num golpe só conseguiu livrar-se de duas crianças e cuspiu uma mão quando uma criança lhe apertou o pescoço.

Jared, que ajudava Leah a lidar com dez criancinhas, livrou-se de três com muita eficiência: se não estivesse tão motivado pelo instinto protetor, Jared se comoveria com a morte dos pequenos de seis e cinco anos.

Em poucos minutos de gritos agonizantes e rosnados de crianças, os lobos já tinham eliminado metade do grupo. Era uma cabeça daqui e um braço arrancado de lá. Um pequeno se arrastando no chão, desmembrado e desesperado. Aterrorizante. E no banho de sangue permaneciam apenas as maiores e mais resistentes. E enquanto as matava, Leah tentava manter-se longe da tristeza. Esqueceu-se de que eles tinham pais que ficariam inconsoláveis com o sumiço eterno dos filhos e repetiu a si mesma que era o melhor que podia fazer: protegeria o seu povo, sua amada e libertaria as pobres crianças de uma maldita eternidade infantil.

― Jamie! Ajude-me! ― berrou uma criança ruiva ao saltar sobre Sia, que chegara a menos de um minuto. Sia, que estava com os pelos brancos totalmente marrons ― pois no meio do caminho resvalara numa poça de lama e rolara moro abaixo ― rosnou e sem titubear abocanhou a cabeça inteira do tal Jamie.

“À sua esquerda, Quil!” ― berrou Jared. Quil voltou-se para a esquerda e pulou sobre um menino cujo braço já fora arrancado. No outro lado, Sia despedaçava um garoto de quinze anos. Jacob, tristonho, eliminava uma criança em seus plenos sete anos. Jared saltava, gritava, rugia e chutava qualquer pirralho que se aproximasse. Leah, que estivera paralisada por alguns segundos e observando a matança, virou-se de costas e correu na direção de Victoria.

Jacob e os outros conseguiriam manter o controle da situação, afinal, só faltavam poucas crianças. Guiada pela raiva e força, Leah percorreu pela floresta: atenciosa e a tudo e todos, procurava uma cabeleira ruiva.

Com toda aquela ferocidade e raiva que estavam os lobos, eles não precisariam da ajuda de Leah. Quil, Jared, Sianoah e Jacob ― que apesar da intromissão fora de muitíssima utilidade ― dariam conta do recado. De esguelha, Leah pôde enxergar Sianoah e Quil, os primos, aproveitando-se de uma irmandade sobrenatural e lutando lado a lado; protegendo um ao outro. Jared lutava ao lado de Jacob e pareciam ter recuperado a amizade. Num murmuro mental, Leah agradeceu por ter uma matilha tão eficiente e forte. Infelizmente, teve que esquecer-se do orgulho por eles e preencher-se da aversão por Victoria. Estava disposta a acabar com tudo naquele momento. Tinha necessidade daquilo. Então, era isso: Leah iria matar Victoria. Ou pelo menos, tentar.

― Isso está sendo mais rápido do que eu esperava. ― Victoria, que se encontrava escondida atrás de uma árvore, suspirou pensativamente. Esperava, minimamente, que um dos cachorros saísse com uma pata quebrada. Mas não; não havia nada além de muitos membros curtos e infantis espalhados pelo chão. Tudo que vira fora ruína. ― E… Posso sentir o cheiro de um deles. ― o cenho de Victoria enrugou-se. ― Está vindo atrás de nós.

― Posso matá-lo por você, Victoria. ― Riley, que estava sorrateiramente pendurado no galho, desceu da árvore e afagou o ombro da amante. ― Colocar um pouco mais de medo neles antes de transformarmos outros.

Victoria segurou-se no tronco e esticou o pescoço, espiando a situação e o lobo cinza que, ainda distante, vinha em sua direção. Anuiu com a cabeça e parou de espiar. Levantou-se e lançou um último para olhar Riley, antes de desaparecer pela floresta:

― Acabe com ele. ― ordenou.

***

Isabella Swan sempre gostara da aula de Biologia e sempre tivera um talento especial para a matéria. Entendia com facilidade e não se esquecia do conteúdo; tirava notas exemplares e sempre estava um passo a frente da matéria do semestre. Mas, naquela manhã, o período de Biologia fora tenebroso. Seu antigo parceiro de classe tinha voltado. E antes da aula, ela já estivera receosa.

O estômago de Isabella Swan embrulhou só ao imaginar Edward Cullen sentado ao seu lado, sorrindo e soltando comentários peçonhentos. Dito e feito: Edward a esperava sentado em seu lugar. A postura perfeita e o sorriso torto. Bella, muito enrubescida, quase se dirigiu ao professor para pedir que trocasse a dupla, porém, olhou para o quadro-negro e deparou-se com orientações para um trabalho valendo nota. Sabia muito bem que o velho professor não aceitava trocas nos dias de trabalhos. Respirando profundamente, Bella foi para o seu lugar e sentou-se. Fez todo o seu trabalho em silêncio, dirigindo-se a Edward só quando necessário e ignorando os comentários complementares que ele cochichava. Quando o sinal tocou, Isabella quase que saíra correndo da sala de aula. Coincidentemente, o segundo período era com outro Cullen.

Quando a professora substituta mandou os alunos formarem duplas, Isabella pulou assustada quando Alice bateu com a classe ao lado da dela. Riu baixinho, abriu o caderno e perguntou:

― Podemos fazer juntas?

Bella respirou profundamente, recuperando-se do sobressalto. Sorriu constrangida e respondeu:

― Tenho opção?

― Não. ― Alice riu outra vez. ― Ela veio de Londres. ― Alice cruzou as pernas e indicou com a cabeça para a professorinha substituta. Era loira, alta e gorda. O tipo de professora que tinha o rosto num formato fofo e inocente. ― Por que diabo sairia de lá e viria para Forks? ― suspirou.

― Oportunidade de emprego?

― Acho que não. ― Alice negou com a cabeça. ― Se tivesse, estaria trabalhando fixamente numa escola e não cobrindo buracos para professores doentes.

― Você parece mais ou menos revoltada.

Alice deu de ombros.

― Ultimamente, Edward está um porre. ― resmungou.

― É. Eu notei. ― comentou Bella, abrindo o caderno e pegando uma caneta azul na mochila.

― Eu, sinceramente, não queria que tudo isso acontecesse. ― Bella, que começara a copiar do quadro as coordenadas, largou a caneta e observou Alice. Estava desaprovando seu relacionamento com Leah Clearwater? Era isso? ― Não, não estou falando de você e Leah. ― murmurou ao notar e interpretar a expressão da amiga. ― Eu entendo perfeitamente essa conexão de vocês duas e o quão forte é esse amor. Você é o imprinting dela; o amor e a existência dela. Ponto final. Totalmente compreendido. Só que… Estou me referindo a esse comportamento estúpido do Edward ― Alice afagou a mão de Bella. ― Ele parece uma criança mimada e não admite para si que você está feliz e segura.

― Você pensa diferente.

― Eu vi a forma que ela reagiu quando te acertou no estacionamento. ― Alice sorriu pequeninho. ― O mundo dela desabou Bella. Por mal, ela nunca te arrancaria um fio de cabelo.

― É bom saber que compreende a situação.

― Claro que eu compreendo. Já lhe disse isso uma vez. Eu só desejo que o Eddie pare com isso e… ― de repente, os olhos âmbar de Alice perderam o foco e ela apertou a mão de Bella com força de mais, tomada pelo choque do que via. Bella, por uma segunda vez no dia, gemeu em dor. Puxou a mão da de Alice e viu a amiga vampira estremecendo levemente.

A mente de Alice estava uma verdadeira confusão e mesclada de imagens desconexas. Via uma floresta esverdeada e um vulto avermelhado. Sua mente rodopiou e mudou a direção das visões, vendo agora um jovem de olhos vermelhos estalando os dedos, preparando-se para um possível confronto. A imagem transformou-se por uma terceira vez e Alice viu Victoria correndo na floresta, pulando o riacho e soltando uma risadinha maldosa.

― Droga… ― Bella olhou para a mão: estava quentíssima e vermelha. Maravilha; outro hematoma roxo! Desconcentrou-se da dor e cor, e olhou Alice outra vez, que ainda tinha suaves tremores. ― Alice… O que houve?

― Na-a-nada. ― respondeu gaguejando.

― Eu sei que você teve uma visão. ― afirmou. ― Conte-me, Alice. Por favor.

― Eu… ― Alice fechou os olhos e tentou melhorar. O que Victoria estava fazendo no território e quem seria aquele jovem garoto de olhos rubis? ― Eu tive uma visão. Eu vi… ― ela abriu os olhos dourados. ― Eu vi Victoria no território.

― Victoria? ― Bella pode sentir o oxigênio no meio da garganta, engasgando-a. ― Ela…

― Ela estava rindo, mas antes… ― Alice negou a si mesma a informação. ― Vi um garoto recém-criado…

― Leah. ― sussurrou Bella por uma última vez, antes de sentir o mundo escurecendo a sua volta.

***

Riley esperava por Leah Clearwater no meio da floresta, na posição de ataque e rosnando lentamente. Leah afundou as garras na terra algumas vezes, tentando descontrair os nervos e tornar-se mais ágil: mataria o garoto de olhos vermelhos e depois iria atrás de Victoria. Seria isso e estava decidido.

Leah, não esperando mais nenhum segundo, foi a primeira a atacar. Tomou impulso e saltou sobre Riley, caindo sobre ele e lançando-os à quatro metros de distância. Riley, que continuava por baixo de Leah, fechou os punhos e lhe socou a barriga. Leah ganiu alto e o som ecoou toda a floresta. Voou para trás e bateu contra uma árvore. Ganiu outra vez e sentiu uma ardência fortíssima por toda a barriga, e seguidamente pôde sentir o ar lhe faltando. Jamais, em todos os seus dezessete anos de vida, tinha recebido um soco tão forte e doloroso!

Antes que Leah pudesse se recuperar do golpe, Riley andou em sua direção e começou a chutá-la brutalmente. O pé dele comparado ao tamanho colossal de Leah era pequeno, mas lhe causava um estrago danado. Chutou-lhe, inicialmente, a barriga. Depois lhe acertou a cabeça e o ouvido. Leah gritou de dor, ouvindo um zumbido desesperador em sua orelha direita e sentindo algo quente escorrer de sua orelha. Tonta, Leah tentou firmar os pés no chão.

Riley, que tinha se distanciado para se deleitar com a visão de Leah agonizando e andando na sua direção com os joelhos bambos, riu indiferentemente e mexeu os ombros, preparando para o próximo golpe. O que deveria fazer agora? Dar um soco no focinho de Leah ou quebrar-lhe a perna? Aquele osso da pata esquerda e da frente parecia exigir um chute e no estado em que Leah se encontrava, estava propensa a sair toda quebrada da luta. Entre risadas, Riley esticou a mão e mexeu o dedo, chamando Leah na sua direção. Assoviou e continuou chamando-a: não teria a mínima graça acabar com Leah.

Leah não sentiu, mas estava com a visão turva graças aos olhos lacrimejados. Respirou profundamente e deixou a força correr para seus membros; teria que acabar com o garoto-vampiro. Não podia fracassar. Não iria fracassar. Pensou em Sue e Seth; não poderia se entregar. Lembrou-se de seus amigos e companheiros de matilha (Sianoah e suas vaidades; Jared e seu deboche; Quil e seu poder Ninja). E pensou, muito, em Bella: seu verdadeiro amor e a razão dela acordar todo dia. O motivo de o oxigênio ser suficiente. O motivo pelo qual Leah existia. Isabella Swan; este era o principal motivo.

Pensar nela fez as pernas de Leah firmarem-se e o zumbido em seu ouvido calar-se. A ardência na barriga passou e ela mexeu o pescoço, estalando-o e aprontando-se para golpear Riley uma única vez: uma mordida e desejava ver sua cabeça rolando pelo chão. Riley, que continuava cheio de si e rindo com a fraqueza de Leah, não notou que ela avançava em sua direção. O rugido voraz de Leah despertou Riley de seu contentamento. Novamente Leah saltou sobre Riley.

Só que desta vez, apenas um sairia vivo.


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Notas finais do capítulo

Todo esse capítulo… Uau; acho que foi um grande confronto! Mas o que você achou sobre tudo isso? Quil arrasou no seu poder “ninja”? Bella foi fraca?
Mas… E agora? Leah ou Riley?
Comentem, hein?
Obrigada, novamente. Beijinhos da Cássia.