Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 30
Capítulo XXIX


Notas iniciais do capítulo

Olá! Queria agradecer (do fundinho do meu coração) pelo apoio de vocês; os comentários foram animantes e amáveis! Merci! Um agradecimento especial para a Susa, pelas conversinhas no Twitter.
Espero que gostem desse capítulo e que estejam tão animados quanto Quil está hoje! Boa leitura!



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CAPÍTULO XXIX

― Bem… ― após um pigarrear rouco e uma dose de caretas desconfortáveis, Charlie decidiu se pronunciar. ― Onde você e Leah estavam? ― Bella, que terminava de tomar um copo d’água, riu e se afogou levemente.

― Na casa dela. ― respondeu largando o copo dentro da pia. Charlie, que parecia meio desconfiado, semicerrou os olhos. ― Ajudando Seth e a namorada dele a arrumarem algumas coisas. ― o que não deixava de ser verdade, pois entre risadas, passos de dança e beijinhos no rosto Seth e Sia fizeram o favor a Leah de tropeçarem numa caixa que levou a queda de mais cinco caixas, além de uma bela mancha de tinta no carro de Sue. Bella nunca ponderou que passaria os últimos minutos na casa de Leah juntando porta-retratos velhos, brinquedos velhos e uma coleção infindável de vinis.

― Esses são vocês dois? ― rindo levemente, Bella ergueu o álbum de fotografias que havia encontrado aberto no chão da garagem. Sia, que tentava colocar na ordem alfabética todos os vinis, largou-os numa mesinha e deslizou até Bella, ficando na ponta dos pés e apoiando as mãos nos ombros da garota. A fotografia, que devia ter uns dez anos, mostrava uma garotinha de descendência indígena que tinha cabelos compridos e feitos em duas tranças que pairavam encima dos ombros. A mesma garotinha vestia uma roupa xadrez lilás e sorria belamente. Ao lado dela, um garotinho baixinho e de cabelos meio espetados estava com a boca aberta num grande sorriso e apontava feliz para o espaço entre os dentes, mostrando-se orgulhoso de ter perdido o primeiro dentinho.

― Ah, não! ― Leah, que estivera tentando tirar a mancha de tinta do carro de Sue, tentou tirar o álbum de Bella. Bella puxou o álbum de perto de Leah e riu. ― Por favor, Bella. Isso é muito constrangedor. ― resmungou a garota Clearwater.

― Você era tão fofinho, Seth! ― com um sorriso de dentes meio tortinhos, Sia riu e se manteve equilibrada na ponta dos pés. ― Quer dizer, ainda é.

― Claro que sou. ― Seth caminhou até Sia, ficando atrás da garota e puxando-a pela cintura. Bella cambaleou junto de Sia, mas se mantiveram firme. Na verdade, Seth puxou Sia para seu colo e Sia, sendo pequeninha e magrinha, deslizou por Seth e acabou por fixar-se nas costas do garoto, empoleirada como costumava fazer. Seth passou as mãos por debaixo dos joelhos de Sia, dando-lhe mais segurança.

― Quantos anos vocês tinham? ― Bella olhou para Leah e depois para Seth.

― Acho que nove e sete… ― falou Leah pensativamente.

― Sete e cinco. ― corrigiu Seth. ― Perdi meu dente com cinco anos e isso daí foi no dia em que estávamos naquela pracinha de Seattle. ― Bella fitou Seth, esperançosa por uma continuação. Saber um pouco da infância de Leah chegava a ser fascinante. ― Mamãe e papai estavam animados com a nova câmera fotográfica. ― ele deu de ombros.

― Mas… ― Bella voltou a atenção a fotografia. ― E o dente?

― Certo alguém caiu de boca no chão. ― Leah beliscou Seth, como se o repreendesse. Seth acabou rindo, orgulhoso novamente do dentinho. ― E tinha a coincidência de estar com o dente frouxo.

― Você chorou? ― Sianoah passou os braços na volta do pescoço de Seth.

― Não. ― Seth estufou o peito, fazendo as três rirem juntas.

Pigarreando alto, Charlie trouxe Bella do devaneio recente.

― Seth tem namorada?

― Ah, sim. ― Bella colocou uma mexa do cabelo para trás da orelha e assentiu. Charlie, visivelmente mais aliviado, concordou e abriu a geladeira, enfiando a cabeça dentro e procurando algo para comer.

― Apenas… Avise-me da próxima vez. ― falou ele. ― Fiquei preocupado.

― Claro. ― Bella assentiu outra vez e Charlie emergiu da geladeira, tendo em mãos um pacote de lasanha congelada. Bella franziu o nariz ao ver aquilo. ― Deixe que eu faça a janta, pai.

― Mas Bella… ― Charlie negou, parecendo envergonhado.

― Eu faço. ― afirmou Bella. ― Vou tomar um banho e volto para fazer. ― disse ela quando já estava nas escadas. ― É melhor que comida congelada! ― prometeu ao subir as escadas.

Meio cuidadosa para não tropeçar ou cair, Bella foi o mais rápido que pôde. Achou uma roupa (que era uma blusa azul e uma velha calça de moletom mais confortável), e até teria descido para fazer a janta se não tivesse esquecido a escova encima da cama. Ela tinha noção de que, se não escovasse os cabelos após lavá-los os transformaria num ninho impressionantemente forte, então, dirigiu-se até o seu quarto com os cabelos pingando um pouco de água. Mas… Onde estava a escova? Bella tinha certeza de tê-la deixado encima da cama.

― Azul continua sendo a sua cor. ― de um canto escuro do quarto, uma voz masculina e bonita ecoou. Bella, que estava inclinada sobre a cama e puxava o cobertor (tentando achar a escova), ergueu-se e encarou Edward, que tinha uma escova estendida na direção dela.

***

― O que aconteceu aqui? ― humano e vestido, Sam Uley conseguia parecer mais ameaçador ainda. Ao seu lado encontrava-se Embry em sua forma lupina e Jacob e Paul humanos. Jacob parecia meio constrangido e olhava piedosamente para Tanya, como se a qualquer segundo fosse se ajoelhar aos pés dela e pedir perdão por todos os pecados do mundo.

― Esses seus cachorros indisciplinados! ― acusou Rosalie Hale em fúria. ― Uma coleira seria muito útil para eles.

― Você não foi a atacada. ― disse Sam, num tom tão sutil que soou debochado. Rosalie cruzou os braços e manteve preso entre os dentes um rosnado ameaçador.

― Sam está certo, Rose. ― Alice sorriu para a irmã. ― Então, cale a boca e me deixe resolver tudo. ― e após dar três tapinhas no ombro de Rosalie, Alice Cullen andou três passos para frente. ― Jacob Black atacou nossa prima, Tanya Denali ― e indicou com o dedo a loira de cabelos encaracolados ao seu lado. Os olhos de Jacob se iluminaram ao descobrir o nome dela; Tanya.

― Ela invadiu o território. ― disse Sam duramente.

― Ela é nova aqui. ― retrucou Emmett. ― Como iria saber os limites do tratado?

― Estão insinuando que uma sanguessuga que possivelmente tem quatro mil anos ― Tanya Denali engoliu o veneno ao ouvir aquilo. Não era tão velha assim e não era nenhuma sanguessuga. ― Não soube distinguir metros de terra?

― Eles não estão insinuando. ― disse ela. ― Estão falando a verdade. Eu não conhecia isso daqui… ― ela apontou para a terra aos seus pés. ― Se bem que não é grande coisa… ― Sam rosnou e Jacob fulminou com o olhar o alfa. ― Eu não conhecia o tratado e que interesse eu teria aqui?

― Caçar?

― Tem animais do outro lado. ― sibilou Rosalie. ― Muito melhores, aliás.

― Foi tudo uma grande confusão ― interferiu Alice. ― Tanya não foi avisada e Jacob estava fazendo o trabalho dele. ― Alice assentiu com suas próprias palavras. ― Podemos resolver assim. Ninguém saiu ferido e o tratado continua impecável.

― Impecável? ― Paul explodiu numa risada. Querer um tratado impecável depois de Jacob ter um imprinting por uma dos Cullen não parecia o melhor dos pedidos. Alice semicerrou os olhos, visivelmente ofendida.

― Qual a graça? ― exigiu saber.

― Cale-se, Paul. ― ordenou Sam. Sendo o alfa, Sam sabia muito bem do que Paul estava rindo: quando chegara ao perímetro, vira que Jacob tivera o imprinting só pelo jeito que ele estava em pé. Parecia meio abatido e ao mesmo tempo apaixonado, totalmente rendido ao encanto da loira. Paul soltou uma ultima risadinha antes de recompor-se por inteiro. ― Acho que podemos resolver assim.

Alice concordou.

― É o que queremos.

― Mas não daremos terceiras chances. ― disse ele. ― Nenhum de vocês deve entrar no nosso território. ― relembrou Sam antes de virar as costas e se transformar, saindo correndo pela floresta. Paul secou as lágrimas em seus olhos causadas pelas recentes risadas e virou as costas para os vampiros, se transformando e saindo juntamente de Embry.

― Vamos Tanya. ― Alice afagou o ombro da prima.

Concordando em silêncio, Tanya virou-se e começou a caminhar com os primos, se não fosse uma voz a pará-la.

Tanya? ― era o Quileute que tinha a atacado. Tanya voltou-se para o garoto e franziu o cenho, meio descrente e surpresa.

“Vocês tinham que ter visto!” ― enquanto contava detalhadamente a história, Quil soltava risadinhas latidas e pulinhos eufóricos. Jared, que estava mastigando a perna de um cervo, cuspiu o animal fora, totalmente insatisfeito com o gosto. “Quando Alice perguntou qual era a graça eu tive a impressão de que ela viraria uma Tartaruga Ninja” ― com todo seu equilíbrio, Quil ficou em pé por alguns segundos e imitou movimentos ninja, muito atrapalhado. “E acabaria com a raça do Paul!”

“Tartaruga Ninja?” ― refletiu Leah, rindo levemente. Com Quil ficando de em pé (um lobo gigantesco imitando um ninja) e falando tão empolgadamente era impossível não rir.

“E o que aconteceu?” ― questionou Sia, que estava com a cabeça aconchegada em Seth. “Tanya falou com ele?”

“Ele pediu desculpas e…” ― Quil balançou o rabo, animado. “Ela olhou para pro Jake como se ele fosse um baita zero a esquerda!”

“Como você sabe disso tudo?” ― indagou Seth.

“Espiei tudo a cem metros.” ― Quil, por fim, sentou-se e empinou o focinho. “Incrível, não?”

“Você pode trabalhar para aquelas revistas de fofoca.” ― comentou Sianoah. “Mas estou falando daqueles caras que se escondem dentro dos roupeiros dos famosos e ficam escutando os assuntos.”

“Concordo com Sia.” ― Leah se levantou, sacudindo-se levemente para tirar a sujeita do corpo. “Vou passar em casa e voltar para ficar na vigia.” ― Leah suspirou. “Quil, já que está tão animado, fique cuidando a casa de Bella enquanto eu não voltar.”

Quil, que ainda estava 100 % animado com a história, apenas soltou um claro, chefinha e saiu correndo.

“Vai fazer o quê em casa?” ― Jared esticou o pescoço, querendo ter uma visão melhor de Leah.

“Por quê?”

“Porque eu estou o dia todo aqui.” ― Jared bufou. “Aguentei um ataque de um filhote de vampiro e um ataque nervoso seu.” ― Jared bufou outra vez. “Estou louco de fome e ninguém me dá uma folga!”

Leah revirou os olhos, mexendo a cabeça depois.

“Vá para casa logo, Jared.” ― ordenou a alfa.

***

― Edward? ― Bella tentou esquecer a sensação ruim que era estar literalmente com o coração subindo pela garganta. Era mais do que nervoso ser surpreendida por um ex-namorado no próprio quarto. ― O que… ― Bella franziu o cenho. ― O que você está fazendo aqui?

― Uma oportunidade para conversarmos. ― Edward, que num segundo estava no canto do quarto e no outro na frente de Bella, sorriu gentilmente e abriu a mão de Bella, que a principio recuou com o contato. Não deixava de ser a estranha a sensação de ser tocada pelo Cullen; Bella tinha se familiarizado demais com a sensação quente de Leah para gostar do toque gelado e marmóreo de Edward. O Cullen, porém, não pareceu se abalar com o ato de Bella. ― Tudo bem. ― Com delicadeza, Edward puxou a mão de Bella e depositou lá a escova de cabelos. ― Quero conversar. Só isso. ― Edward piscou. ― Confie um pouquinho em mim.

Bella evoluiu de assustada para incrédula; levemente ofendida.

― Você pede confiança quando invade o meu quarto? ― retrucou de imediato. Edward sentou-se na cama de Bella e correu o olhar por todo o quarto.

― Eu não tinha alternativa. ― deu de ombros. ― Vi pelos pensamentos de Alice que a garota está de olho em você. Vinte e quatro horas por dia. ― Edward arqueou uma sobrancelha para Isabella. ― Não acha meio exagerado?

Bella ignorou a pergunta e falou:

― Por que voltou Edward? ― Edward, que ficou surpreso com a questão, levantou-se e deu um passo na direção de Bella, que recuou outro passo.

― Por você. ― falou sutilmente. ― Para ficarmos juntos novamente.

Naquele instante, enquanto seu cérebro lidava com a recente declaração de Edward, Isabella quase engasgou com o próprio oxigênio. Realmente, após tanta dor, Edward chegava com aquela conversinha? Como ele tinha capacidade de falar aquilo?

― Ficarmos juntos novamente. ― ecoou Bella, mexendo a cabeça. ― Ainda tem esperanças disso?

― Claro. ― o sorriso dele deu uma leve entortada, tornando-se o sorriso que tanto fez Bella delirar um dia.

― Bem… ― Bella puxou o ar. ― Não tem chances, Edward.

― Não desisto tão fácil. ― ele passou os dedos pelos cabelos. ― Já tenho mais de um século de vida. Não é qualquer coisa que me faz desistir. ― mentalmente, Bella tentou entender se “qualquer coisa” fazia referência ao que ela dissera ou a Leah.

Bella negou.

― Isso chega a ser ofensor. ― falou ela, dando mais um passo para trás. ― Você me largou e fez mil promessas sobre o quão bom seria a nossa separação. Que seria melhor para nós e que eu deveria seguir minha vida. ― memorou. ― E agora, você volta e tem a coragem de me falar isso?

― Não foi minha intenção ofender, mas foi exatamente o que eu quis dizer. ― assegurou Edward. ― Eu finalmente vi que foi um grande erro ter lhe largado. ― Edward, tão esperançoso como uma criança no Natal, segurou os pulsos de Bella.

Bruscamente, Bella se desfez das mãos de Edward.

― Quer saber Edward? ― Bella recuou pela terceira vez. ― Você fez o certo ao me largar. ― o rosto de Edward moldou-se na duvida. ― Sem isso, eu nunca estaria com Leah, a pessoa que eu realmente amo. ― Quil Ateara travou entre os arbustos ao escutar a voz de Bella e ao sentir o odor desagradável de vampiro. Quem estaria lá? E… Que droga! Atrasava dois minutos e já tinha um vampiro no quarto de Bella! Quil não hesitou um segundo e pulou para trás de outra árvore, virando humano e vestindo as roupas apressadamente. ― Então, obrigada. ― concluiu Isabella. Dessa vez, quem recuou foi Edward, que se sentia abalado com as palavras de Bella. Em todo o tempo em que eles estiveram juntos, Edward nunca viu Bella ter uma opinião tão concretizada.

Ágil e confuso, Quil correu até a janela de Bella e lançou-se ― num impulso desesperado ― para dentro do quarto da garota. Isabella estava parada e tinha em mãos uma escova de cabelos. Na frente dela, encontrava-se um vampiro que olhava desconexamente para o chão.

― Olha só ― disse Quil, ao identificar o vampiro como Edward Cullen. Sabia que não poderia matá-lo por causa do acordo entre os vampiros e os Quileutes, mas sabia que poderia colocar um pouco de moral em Edward. ― Eu não sei que porra está havendo aqui ― Edward virou-se para ver Quil. ― Mas acabou agora. ― e então, partiu para cima de Edward Cullen.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
No que resultará isso? No total… Como foi o capítulo?
Espero que tenham gostado.
Beijinhos da Cássia.