Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 27
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Olá! Prontos para mais um capítulo de Leah e Bella? Claro que, antes de começarmos, gostaria de agradecer (um grande e profundo obrigada) aos comentários tão doces! Vocês são incríveis! Muito obrigada pelo apoio! Obrigada também a cada leitor de Leah e Bella, que acompanha, comenta ou favorita. Obrigada.
Ótima leitura!



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CAPÍTULO XXVI

― Vou repetir pela ultima vez, crianças. ― ladrou a velha bibliotecária para meia dúzia de alunos de doze anos. ― Vocês não tem permissão de ficarem com os livros por mais de uma semana. Ordem do diretor e eu sigo ordens da direção.

Soltando uma risadinha baixa, Isabella Swan devolveu seu livro para a prateleira. Era comum que a bibliotecária estivesse xingando os outros alunos. Toda semana era a mesma coisa. O mesmo discurso e o mesmo bufar. Bella já estava tão acostumada para a velha professora Ashford que não dava mais importância para os fiascos que a mulher fazia dentro da biblioteca. Onde se encontrava nesse momento aquela plaquinha que exigia silencio na biblioteca?

― Pelo que eu sei você deve estar retirando pela milésima vez O Morro dos Ventos Uivantes. ― declarou uma vozinha melodiosa. Sentindo o coração quase subir pela garganta, Bella se virou, encarando a garota a sua frente. Dificilmente, conseguira alcançar um metro e meio. Tinha cabelos curtos e espetados e um belo par de olhos dourados. Alice Cullen sorriu convidativamente. ― Oi, Bella. ― e no final, Bella estivera certa. Não comentara nada com ninguém, mas tinha quase certeza de que os Cullen voltariam ao convívio social e por crer nisso, estranhou que não encontrara em nenhuma aula algum Cullen. Nada. Nada. Nada. Não havia, nem ao menos, um sussurro no corredor que confirmassem as suspeitas de Isabella. Haviam sussurros no corredor, mas não eram sobre os Cullen. Os sussurros ― todos eles, sem exceção ― eram sobre uma bela morena que havia beijado uma garota cujo sobrenome era Swan.

Não foi muito surpreendente para Bella que Mike tivesse espalhado a história em questão de segundos. Não podia o culpar muito. Nada de novo e interessante acontecia naquela escola ― a ultima novidade surpreendente fora Edward terminar com Bella ― e todos estavam sedentos por uma fofoca nova. Duas garotas se beijando no estacionamento parecia o assunto perfeito.

― Então, é verdade? ― Jessica Stanley havia aparecido assustadoramente rápida na frente de Bella. Carregava nos braços um fichário cor de rosa e pulsava de tanta animação. Bella, que terminava de guardar um livro no seu armário, semicerrou os olhos.

― O que é verdade? ― perguntou ela, sem entender onde Jessica desejava chegar. Jessica sorriu, dando de ombros.

― Que você está namorando uma garota. ― falou ela, sem rodeios ou constrangimento. Para Jessica, fazer esse tipo de pergunta extremamente intima era o mesmo que perguntar “como você está hoje?”. Depois de Jessica vieram outros e outros. Um bando de pessoas com olhinhos curiosos, examinando Bella com animação.

Bella, em parte, esperava uma explosão preconceituosa, mas não. Foram apenas muitos adolescentes querendo levar Bella ao topo da popularidade porque ela havia feito algo que ninguém fizera na cidade nos últimos cinquenta anos. E naquela manhã, fora tanta testosterona e progesterona no ar que Bella sentiu que precisava de uma cânula de oxigênio. Ah, e além do mais, para eles era tão animante ter uma nova história para contar em casa! Era tão animante ter alguém se destacando no meio daquela falta de graça do colégio. Surpreendente mesmo fora a reação de todos.

― Alice? ― Bella ainda estava chocada demais para falar qualquer outra coisa mais coerente. Era difícil se pronunciar naquele momento. Alice Cullen havia deixado uma marca tão dolorida quanto Edward Cullen. Ambos haviam marcado profundamente o coração de Bella.

― Fiquei sabendo que você saiu daquela maldita depressão. ― comentou Alice. Bella arqueou as sobrancelhas, surpresa com as palavras de Alice. Não podia negar que esperava todo aquele drama cinematográfico e que sentiu falta da clichê frase precisamos conversar. ― E que você está com outra pessoa… ― Alice diminuiu o sorriso, e olhou Bella com certa expectativa. ― Mais detalhadamente, uma Quileute.

― Isso tudo veio de Edward ou da escola? ― Bella ficou mais surpresa ainda com suas palavras. O que estava falando? Por que simplesmente não estufava o peito e respondia: sim e daí? Alice voltou a sorrir longamente.

― Um pouco dos dois. ― ela deu de ombros levemente.

***

― Por que estamos na floresta?

Bufando baixo, Victoria conteve o impulso de dar um tapa na criancinha ao seu lado. Não atingia um metro e meio e tinha os cabelos mais loiros que Victoria já havia enxergado em sua longa existência. Havia sido literalmente, improvisação trazer a garota junto. Queria ver como os lobos agiam com o inimigo ― apesar dos relatórios de Riley, desejava ver com os próprios olhos a precisão dos golpes.

― Por que estamos na floresta? ― repetiu a loirinha. Victoria olhou-a enraivada.

― Por que você não fica quieta, Rosaline? ― perguntou Victoria, grosseiramente. A garotinha revirou os olhos vermelhos e Victoria se escondeu atrás de uma árvore, inclinando a cabeça para o lado e espiando a cena. A loirinha repetiu com perfeição o movimento de Victoria.

― Meu nome é Roza. ― finalmente, contestou a garotinha.

― Então, trate de ficar quieta Roza. ― xingou Victoria.

Cerca de um quilometro deles, estavam três lobos que, aparentemente, estavam focados em uma conversa silenciosa.

“Daí eu terminei com ele.” ― concluiu Sianoah, mexendo a cabeça em uma concordância. Quil, ainda divertido e intrigado com o histórico amoroso de Sia, assentiu.

“Ainda não entendi muito bem.” ― falou ele. “Você terminou com esse tal de Will por que ele transou com a sua amiga?”

“Não. Camille era uma vadia e nunca foi minha amiga; apenas fazíamos francês no mesmo horário.” ― Quil assentiu outra vez. “Então, eu terminei com o Will porque ele me traiu.”

“E ela era mais bonita que você?” ― perguntou Quil. Leah gargalhou e ele a olhou.

“É meio obvio que, mesmo que essa tal de Camille seja um milhão de vezes mais bonita, Sia vai dizer que não.” ― Leah concluiu a observação e coçou levemente atrás da orelha esquerda. Ultimamente, aquelas malditas pulgas que apareciam na forma lupina estavam incomodando mais do que o necessário.

“Leah tem razão.” ― falou Sia. “Mas Camille nunca vai ter os meus seios, o que a deixa numa grande desvantagem.”

“É mesmo?” ― indagou Quil em um tom malicioso.

“Não ouse me imaginar nua!” ― Sia empurrou Quil com brutalidade, fazendo o lobo rir histericamente e rolar pela grama.

“Ah, qual é?” ― Quil gargalhou outra vez. “Somos primos!”

“De segundo grau!” ― exclamou a loba branca.

“E o fato de vocês serem primos não significa que você pode imaginar ela pelada.” ― interferiu Leah, a favor de Sia.

“Só estava tentando dizer que é puramente fraternal.” ― Quil riu outra vez. Sia bufou e empurrou-o outra vez. “Além do mais, somos todos uma grande família! Esse tipinho de coisa não altera nosso amor de irmão!” ― Leah fitou Quil com seriedade. Quil deu de ombros, como se não tivesse problema nenhum.

“Você não me imaginou…” ― Leah negou, sem conseguir concluir a frase.

“Ainda não.” ― disse Quil, num tom filosófico. “Obrigado pela dica.”

“Seu nojento.” ― falou Leah, rosnando levemente. Quil riu outra vez.

― Ah, nossa! Meu Deus! ― Roza soltou um gritinho agudo e animado. Victoria fulminou a garota com o olhar, segurando o impulso (outra vez) de estapear a criança. ― Olha que linda a cinzenta! ― o dedo dela apontava para uma loba cinzenta cujos olhos eram azulados. Victoria franziu o cenho: nunca parara para distinguir o sexo dos lobos. ― Meu Deus, é tão linda! Eu tinha um desses quando era menor, mas depois mamãe teve que mandar ele para a casa da vovó, pois era muito bagunceiro para um apartamento. ― Victoria sentiu certo pesar na voz da loirinha tagarela. ― Mas… Nossa! Eu nunca vi um husky siberiano tão grande!

“Ouviu alguma coisa?” ― Leah olhou para os lados. Tinha quase certeza de que estava sendo vigiada por alguém. Quil e Sia se entreolharam e negaram conjuntamente.

“Acho que você está ficando obcecada com isso tudo, Lee.” ― falou Quil, num tom que bordava gentileza. Depois de um minuto olhando para os lados, Leah Clearwater suspirou e abaixou o rosto.

― Husky siberiano? ― refletiu Victoria com as palavras de Roza. Naquele momento, a garota deixava de ser chatinha e se tornava inocente. Inocente o suficiente para ser o alvo perfeito. ― Por que você não brinca um pouco com eles, Roza?

― Sério? ― Roza deu um pulinho no chão, animada. ― Eu posso ir lá?

― Claro que sim, querida. ― um sorriso perverso bailou pelos lábios de Victoria.

***

― Eu não esperava por nada disso. ― declarou Alice Cullen, após o resumo de Bella de tudo que acontecera desde a partida de Edward. Bella, que estava sentada num banco estofado próximo a janela da biblioteca, suspirou.

― Eu tenho que ir agora. ― disse ela, guardando o livro na mochila. ― Tenho Biologia agora. ― com delicadeza, Alice puxou o pulso de Bella, impedindo que a garota saísse. Alice sorriu gentilmente.

― Eu sei que você já está aprovada em Biologia com a média mais alta da turma. ― Bella sentou-se novamente. ― Não fará falta alguma perder essa aula.

― Você recém voltou e já invadiu a secretaria, Alice? ― Alice soltou uma risadinha.

― Tenho meus contatos especiais. ― ela mexeu os ombros. ― De qualquer forma, ainda estou surpresa com toda essa reviravolta alucinante. ― Alice negou com a cabeça. ― Edward não esperava nem um terço disso tudo.

― Talvez Edward tenha me subestimado. ― Bella atirou a mochila aos seus pés. ― Costumeiramente.

― Ele ama você Bella. ― Bella estalou a língua contra os dentes, duvidosa.

― O amor era tanto que ele me largou? É isso mesmo que eu estou ouvindo, Alice? ― Alice suspirou.

― Ele queria proteger você, Bella. Nunca teve intenção de ferir você. ― Alice puxou as mãos de Bella, apertando-a com suavidade. Bella puxou as mãos de volta. Por mais que, uma parte de si estivesse feliz com a volta de Alice, era muito cedo para adquirir tanto contato. Alice a havia magoado; muito. ― Nem eu.

― Doeu, Alice. ― Bella assentiu com as próprias palavras. ― Muito.

― Doeu em mim também. Porém, agora, podemos aliviar essa dor agora. ― propôs Alice, soltando um sorriso repleto de esperança. ― Eu voltei.

― E isso nos leva aonde, Alice?

― A sermos amigas novamente.

― E Edward?

― Pelo jeito que você falou de Leah, ele não tem chances. ― afirmou Alice.

― Nenhuma.

― Eu sei. ― Alice passou os dedos pelos cabelos. ― Mas isso não impede que sejamos amigas. E eu não vou tentar qualquer empreitada amorosa entre vocês dois. ― prometeu Alice. ― Nunca fui muito intrometida na vida amorosa de Edward. ― Bella rendeu-se numa risada.

***

“Eu disse que tinha alguém!” ― berrou Leah Clearwater, ficando em pé num pulo. Quil ficou na posição de ataque, olhando em todas as direções. Sianoah tencionou o corpo, pronta para qualquer ataque surpresa.

Juntamente da brisa veio o forte cheiro de vampiro. Estava próximo e vinha lentamente. Leah deu um passo para trás, soltando um rosnado ameaçador e selvagem ― uma espécie de aviso prévio para o vampiro. Leah respirou profundamente, quase espirrando com o forte cheiro ― não estava mais próximo. Estava entre eles, escondido sorrateiramente atrás de uma árvore.

― Oi. ― Leah deu outro passo para trás, descrente. Uma garotinha baixinha e loirinha saiu de trás da arvore. Tinha olhos vermelhos reluzentes e um sorriso inocente estampado no rosto. ― Cachorrinho? ― Leah deu outro passo para trás quando a garotinha veio na sua direção com a mão estendida, querendo acariciar o topo da cabeça de Leah.

“Mas que porra é essa?” ― ladrou Quil. Leah deu outro passo para trás. Não estava com medo. Estava pasma de tão grande a descrença. Certamente, aquilo era uma armadilha. Talvez fosse a desculpa perfeita para tentar quebrar o pescoço da garota Clearwater.

― Eu não vou te machucar. ― prometeu a loirinha, tentando acariciar a cabeça de Leah.

“Nós não podemos matá-la.” ― Sianoah olhou desesperada para Leah.

“Por que não?” ― rugiu Quil, tornando-se raivoso. “Ela nos mataria se fosse ao contrario!”

“Ela é inocente!” ― replicou Sia.

“E daí? Os outros também eram!”

“Leah!” ― gritou Sia, olhando a alfa. “O que faremos?”

Leah, que estava paralisada olhando a loirinha que tentava tocar nela, mexeu a cabeça negativamente.

“Eu não sei.” ― admitiu a garota Clearwater. Parecia tão injusto matar aquela criancinha. Era um verdadeiro pecado fazer aquilo. “Ela, ela… Ela não parece ser má como os outros.”

“Olhe para ela, Leah.” ― instruiu Quil. “Pode ser inocente, mas não tem outro futuro. Certamente ela vai continuar tendo oito anos pela eternidade. Isso é horrível!” ― Quil parou por um segundo, pondo em ordem todos os milhares de pensamentos que rodopiavam em sua mente.

“Podemos ajudá-la!” ― contestou Sianoah Noël, dando um passo ameaçador na direção de Quil.

“Está me ameaçando para proteger ela?” ― Quil mostrou os dentes para ela. “Você sabe muito bem que ela não tem futuro e sabe que é o correto! Estamos fazendo um favor a ela!” ― Quil olhou Leah, que continuava debatendo sozinha sobre sua escolha. Sabia que se poupasse a garotinha ela poderia perder o controle ou ser uma espécie de informante para a ruiva vadia e também… Ah, era meio difícil crer naquilo quando a garotinha queria apenas acariciar lhe a cabeça! Quil também estava certo. Um futuro horrível seria ser imortalizado em seus oito anos de idade. Sem possibilidade de crescer como uma criança normal. Um dia, a garotinha se revoltaria contra sua própria situação e tudo daria errado. Todas as possibilidades apontavam para uma morte rápida, mas olhando para a pequena Roza doía em Leah ― que tanto desejara ter filhos ― matá-la. “Se fosse com você, Leah” ― insistiu Quil. “O que você desejaria?”

Morrer; sem duvidas. Ser um vampiro já era um pesadelo e ser um vampiro-criança parecia ser mais horripilante ainda. Quil tinha razão. Leah estaria aliviando a situação para criança ao matá-la.

“Não acredito que você vai fazer isso!” ― Sianoah soltou um ganido. “Leah, nós não…”.

“Seja rápido Quil.” ― pediu Leah, dando dois passos na direção da loirinha. Leah inclinou a cabeça para baixo e ela riu, deslizando os dedos nos pelos de Leah. Ela era quentinha e passava uma sensação de conforto. “Ela não merece sofrer”. ― concluiu Leah, mexendo a cabeça conforme as caricias de loirinha.

Sianoah ficou ao lado de Leah, abaixando a cabeça para receber uma dose de carinho. A garotinha riu em dobro e ocupou as duas mãos: com a esquerda acariciava a cabeça de Leah e com a direta o pescoço de Sianoah. Com uma sequência de passos silenciosos, Quil ficou atrás da garota. Um salto para alcançá-la e uma mordida para arrancar-lhe o pescoço seria rápido e o mais indolor possível.

Roza não merecia sofrer.

Jamais mereceria.


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Notas finais do capítulo

Obrigada Susa, amiga, pela imagem e pela divertida conversa no Twitter! Obrigada!
Então, o que acharam do capítulo hoje? Roza... Deu um dó dela.
Bom? Ruim? Comentem hein?
Obrigada.
Beijinhos da Cássia.