Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 25
Capítulo XXIV


Notas iniciais do capítulo

Então... Vocês realmente sabem surpreender a Cássia, hein? Queridos leitores muito obrigada pelos carinhosos comentários! E muito obrigada Juliana Gomes pela recomendação calorosa! Obrigada pelos elogios! Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura!



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CAPÍTULO XXIV

― O que está acontecendo aqui? ― repetiu Charlie: aparentemente, estava usufruindo de toda sua paciência. Mantinha as mãos na cintura e as sobrancelhas negras franzidas. Leah Clearwater crispou os lábios e continuou encarando Edward raivosamente: sua mão coçava em desejo de socar o rosto do Cullen. ― Edward? Cullen? O que você está fazendo aqui? ― rosnou Charlie: não bastava toda dor que o garoto pálido havia causado em Bella e agora isso? Justamente no momento em que ela estava fazendo amizades e voltando a ser a antiga Bella, ele voltara. Justamente agora. Justamente na parte errada. Leah passou a língua pelos dentes e deu vazão a certos pensamentos: Leah precisava arrumar briga com Edward. Queria atiça-lo ao máximo, até ter uma desculpa razoável para poder arrancar um braço dele.

― Perdeu a língua agora? ― Leah arqueou uma sobrancelha para Edward. Edward tencionou o maxilar, tentando controlar sua raiva. Charlie semicerrou os olhos e Edward fechou os punhos.

― Vocês ainda não me responderam. ― disse Charlie em um tom amargo. ― O que está acontecendo aqui e por que diabos você está aqui garoto?

― Eu vim apenas conversar com a sua filha, chefe Swan. ― esclareceu Edward sem desviar os olhos de Leah nem por um segundo. ― Apenas isso.

― Não parece. ― retrucou Charlie. ― E Leah… O que você está fazendo aqui?

― Eu estava com Bella quando ele ― Leah falou ele com tanto nojo que Bella teve a impressão de que Edward passava alguma doença perigosamente prejudicial a saúde. ― Surgiu de algum canto dos infernos.

Edward deu um passo a frente, ameaçador.

― Fique longe do assunto, cadela. ― sussurrou tão baixo que apenas Leah escutou. Bella jamais imaginou que fosse ser possível tamanha agilidade ou tamanha ferocidade, mas aconteceu e foi belamente inevitável. Leah parecia uma tigresa quando pulou sobre Edward. Sabia que não faria muito diferença, mas almejava aquilo há tanto tempo… Seu punho acertou a boca de Edward Cullen com tamanha força que se fosse humano teria deslocado o maxilar. O pulso da loba Clearwater ardeu e o vampiro perdeu o equilíbrio. Leah avançou; disposta a terminar o que havia começado. O coração de Bella acelerou-se quando Edward ergueu o rosto, fulminando Leah com o olhar.

Charlie ― literalmente ― pulou entre os dois, interferindo. Leah estava tão perdida no próprio ódio que nem ao menos notou Charlie entre eles: via tudo em tons de vermelho e sentia que algo o impedia de dar o segundo soco no Cullen.

― Se você colocar os seus pés aqui novamente seu babaca, na casa da minha namorada ― Charlie voltou a franzir o cenho quando ouviu o termo “minha namorada.” Seria isso mesmo? Leah e Bella estavam… Namorando? Seria por isso que Bella estava tão feliz? Seria por isso que Bella passava tão pouco tempo dentro de casa? Era por isso que sempre estava saindo com Leah? Leah era mais do que uma amiga? Mil questionamentos passaram pela cabeça do pobre Charlie que não podia ao menos raciocinar direito: antes disso, tinha que controlar dois adolescentes enfurecidos na sala de sua casa. ― Eu juro por Deus que vou arrancar sua maldita cabeça.

― Hey! ― gritou Charlie. Leah deu um passo para trás, resmungando alguns palavrões. Tinha muito mais ameaças a fazer. ― Edward, saia da minha casa, agora! ― ordenou Charlie Swan, que estava com o rosto avermelhado. Edward Cullen limpou o canto da boca, com nojo do toque de Leah e então assentiu, virando as costas e saindo rapidamente da casa dos Swan. Charlie respirou profundamente e virou-se para Leah e Bella, que se entreolhavam.

― Precisamos conversar meninas.

***

― Trocado por dedos? ― Rosalie Hale olhou para as próprias mãos: dedos magrelos e pálidos. Em seguida, gargalhou alto. ― Eu disse que… ― ela ainda ria enquanto falava. ― Que ela já teria seguido em frente. ― Rosalie deu uma risadinha e olhou Edward. ― Só não imaginei que seria com uma mulher.

― Era por isso que eu a via tão… Confusamente. ― Alice abaixou o olhar. ― Era a Quileute que impedia as visões completas.

― Eu não sabia que mulheres se transformavam. ― comentou Carlisle, curiosamente. ― Nunca vi algo do tipo.

― Por isso mesmo que Isabella Swan está com ela. ― Rosalie mexeu as mãos, como se falasse o obvio. ― Eu sempre achei ela estranha.

― Cale a boca, Rosalie. ― rosnou Edward.

― Qual o problema de ser uma mulher? ― questionou Esme. Edward a olhou descrente. ― Sinto muito, filho. Eu realmente desejo apenas a sua felicidade e eu compreendo que você queira Bella de volta, mas ela tinha o direito de seguir em frente. ― Esme sorriu afetuosamente para o filho. ― Essa foi a razão de você deixa-la.

― Sim, Esme! ― afirmou Edward. ― Mas ela ter uma vida normal! Casar e ter filhos! Não ficar com uma… ― Edward evitou soltar um palavrão. ― Quileute. É perigoso.

― Eu também compreendo isso, Edward. ― concordou Esme. ― Mas eu também compreendo que, certamente, elas se amam. ― Edward negou. Esme sentou-se mais reta, assumindo uma postura mais séria e menos carinhosa. ― Você não tem mais direitos sobre a vida dela, filho.

― Então por que me apoiaram quando decidi voltar? ― questionou ele.

― Porque não sabíamos disso, Edward! ― falou Esme. ― Ela era tão apegada a você que era difícil acreditar que ela conseguiria seguir em frente tão rapidamente.

― Esme tem razão, Edward. ― Tanya levantou-se do sofá. ― Eu aconselhei você a voltar, mas não esperava por isso.

― Pouco você sabe sobre isso, Tanya. ― retrucou Edward. Tanya revirou os olhos e voltou a sentar-se no sofá. ― E você, Alice? Concorda com isso? ― Alice ergueu o olhar. Jasper, que estava silencioso ao seu lado, estremeceu levemente com as emoções diversas naquela sala.

― Eu realmente não sei o que pensar sobre isso Edward… ―, mas ela sabia, sim, o que pensar. Estava curiosa; muito curiosa e queria ver de perto toda a história. Entender os sentimentos de Bella e conhecer a selvagem Leah Clearwater: literalmente, conhecer o território no qual pisaria.

― Ela teve o imprinting por Bella. ― esclareceu Edward.

― A impressão de lobo? ― já ouvira falar nisso, muito antigamente. ― Mas, sempre achei que a impressão fosse para…

― Sim. ― Edward mexeu os ombros, sentando-se ao lado de Tanya. ― Ter um primogênito mais forte, ou uma coisa do tipo. ― Alice negou e olhou para Jasper; parecia implorar por um aconselhamento. ― Ainda acha que eu estou errado?

***

― Eu juro pai. Eu ia contar a você.

Bella mexeu nervosamente as mãos, olhando de soslaio para Leah. As duas estavam sentadas lado a lado no sofá maior e Charlie sentado na poltrona, indeciso e carrancudo. Bella enrubesceu fortemente e Leah pigarreou desconfortável.

― Então… ― Leah gesticulou com a cabeça para Charlie. ― Espero que aprove Sr. Swan. ― ele as encarou e então, finalmente, disse:

― Não tenho muito a dizer. ― ele deu de ombros. ― Se Bella está feliz, é o que importa. ― Charlie suspirou longamente e olhou as duas. ― Apenas espero que não faça igual ao Cullen, Leah.

― Eu jamais faria algo do tipo, Sr. Swan. ― Charlie anuiu com a cabeça.

― E Sue? E Renée? ― indagou ele, sorrindo levemente. ― Elas já sabem ou realmente fui o último a descobrir isso tudo?

― Ainda vamos contar para Renée.

― Sim. ― disse Leah, sorrindo. ― Porém, Sue já sabe. Na verdade, ela…

Leah travou quando escutou o som de passos perto da casa. Podia sentir Jared de longe. Mesmo sem a conexão mental, compreendeu o chamado. Leah mexeu a cabeça.

― Ah, nossa! ― fingiu surpresa quando olhou para o relógio encima de uma prateleira na sala. ― Eu realmente preciso ir agora. ― Leah se levantou e Bella franziu o cenho, mas em seguida, assentiu ao compreender a mensagem. ― Podemos terminar nossa conversa outro dia, Sr. Swan?

― Claro… ― e antes que ele pudesse completar sua frase, Leah Clearwater já havia saído porta a fora. Jared, que estava escondido entre árvores e arbustos, bufou entediado e sinalizou para que Leah o acompanhasse. Segundos depois, ela já estava transformada e correndo ao lado de Jared.

“O que aconteceu?” ― perguntou Leah, sentindo seus olhos arderem com o vento gélido e forte. Jared soltou um latido e se esquivou de um grande pinheiro.

“Ela continua enviando aqueles filhotinhos de vampiros…” ― Jared afundou os pés na terra e rugiu de raiva. “Jacob e Paul nos ajudaram a controlar a situação.”

“Vocês estavam com eles?” ― gritou Leah, ofendida e irritada.

“Também não gostei muito da ideia de ficar ao lado deles”. ― Jared fungou. “Paul tinha ido lá fofocar e Jacob choramingar da sua vida amorosa. E quando menos esperávamos, apareceram!”

“Quantos eram?” ― exigiu Leah.

“Inicialmente... Três. Depois vieram mais umas... Quatro.”

“Três crianças?” ― berrou Leah, descrente. A loba Clearwater travou e olhou raivosamente para Jared, que mostrou os dentes, voltando a correr. “Vocês eram três e não conseguiram controlar três crianças?” ― explodiu ela, correndo até o lobo. Jared revirou os olhos.

“Seth fala muito e faz pouco. Sianoah só sabe reclamar e transar com Seth. Sem mim, os dois teriam as pernas arrancadas.” ― exibiu-se Jared. Leah o empurrou com o ombro e Jared tropeçou nos próprios pés. Leah passou na frente dele e chegou primeiro perto da colina. Jacob estava, aparentemente, entediado e tirava com a boca pedaços dos recém-criados. A boca dele estava cheia de pedaços de braços e pernas. Paul estava esticado sobre a grama e bocejava longamente. Seth rodava na volta de Sianoah, examinando o corpo dela a procura de qualquer machucado.

“Sia!” ― disse Leah, em um tom sério e repreensivo. A loba branca, que estava deitada de barriga para cima gargalhando, se ergueu num pulo e olhou constrangida para a alfa. “Achei que estivessem cuidando do nosso território!”

“Dá um tempo Leah.” ― retrucou Seth, esfregando a cabeça no dorso de Sia.

“Ela não é de vidro.” ― resmungou Paul, bocejando outra vez.

“E você” ― Leah se virou para ele. “Já devia ter ido embora.”

“Boa noite para você também.” ― Paul mexeu a cabeça. “Já ficou sabendo que fui eu quem colocou ordem aqui? Que controlou os pestinhas?”

“Obrigada por ter ajudado no momento.” ― Jacob cuspiu num canto mais distante a pilha de braços e pernas. “Mas, agora, dê o fora.”

“Qual o mau humor, Leah?” ― se estivesse em sua forma humana, Paul estaria sorrindo venenosamente. “Problemas no paraíso?”

“Sia!” ― gritou Leah, repreensiva. Sia deixou de se aconchegar em Seth e olhou a alfa com incredulidade. “Vamos! Você fica comigo hoje na ronda.” ― Sia suspirou e pulou em Seth, em um abraço meio impossível e desengonçado. Seth riu. Leah direcionou seu olhar Paul. “Suma daqui, agora!”

“Mal agradecida.” ― Paul se levantou. Jacob encarou Leah: o olhar tão frio que dava medo. “Vamos lá, Jake.”

“Não sou seu serviçal, Paul.” ― respondeu Jacob Black antes de virar as costas, correndo pela floresta.

“Achei que tivesse entendido a mensagem, Paul!” ― pressionou Leah.

Paul empinou o focinho e virou-se, correndo na mesma direção que Jacob Black correra. Leah cravou as unhas na terra, tentando descontar um pouco da raiva e estresse.

“Vou pedir pela última vez: cuidem do território.” ― Leah respirou profundamente, como se implorasse e rezasse por mais paciência. “Vocês estão dormindo na ronda. Deveriam estar atentos, captando qualquer sinal dos vampiros. Protegendo. E sabe no que isso resulta?” ― Leah sentiu-se uma mãe falando com os filhos mal comportados. “Nisso! Paul e o Black saindo daqui como se fossem os heróis do século! Como se vocês…” ― Leah negou. “Como se nós não fossemos capaz de cuidar de nada!”

Jared bufou.

“Você é outro, Jared!” ― Leah jamais imaginou passar por um momento daqueles: nunca se imaginou sendo tão dura. “Fala do Seth, mas só olha para os próprio nariz e não percebe nada a sua volta!” ― Jared bufou novamente, mas desta vez, abaixou o rosto, sentindo-se levemente envergonhado. Leah puxou o ar, mais calma.

“Vamos, Sia.”

***

“Você tem que aprender a separar as coisas, Sia.” ― falou Leah, sentada na grama. Sia, que estava deitada, sentou-se ao lado de Leah e cutucou a alfa com a ponta da unha. Leah continuou olhando para quarto de Bella, atenta a todos os movimentos.

“Hey, já entendi tudo.” ― Sia esticou as patas. “Eu apenas não consigo ficar… Como vou descrever isso? Bem… Quando estou com Seth, é simplesmente impossível não tocar nele.”

“Entendo.” ― disse ela, memorando-se da forma mais inocente de todos os seus momentos com Bella. Tudo que menos precisava era que Sia tivesse uma visão de camarote da primeira vez de Bella. Talvez tivesse sido inocente a memória, mas não foi mascarada o suficiente para Sia não entender.

Ah!, tudo bem.” ― Sia deu um empurrão de leve em Leah, que virou o rosto, fitando a loba branca. “Primeira vez sempre é algo marcante.”

“Você fala como se já…” ― Leah parou de falar.

“Se eu perdi minha virgindade com Seth?” ― Sia mexeu a cabeça, negando. “Acho que vou esperar ele fazer dezoito.”

“Por quê?” ― gargalhou Leah.

“Eu tenho dezessete, quase dezoito. Pelo que eu saiba, não faz muito tempo que Seth fez quinze anos. Tecnicamente, é assédio sexual.” ― Leah riu outra vez. “Você deveria avisar Sue sobre isso. Ela deve estar preocupada com a inocência de Seth.” ― comentou Sia, entre risadas.

“Acho que Sue está grata de você ter aparecido.” ― ela deu de ombros. “Seth nunca teve nenhuma namoradinha quando mais novo. Nenhuma paixonite. Parecia que estava esperando por você o tempo todo.”

“Você também esperou esse tempo todo por Bella?” ― questionou Sia, entusiasmada.

“Com nós foi diferente.” ― falou a loba. “Bella ainda estava com o coração partido quando a conheci. O purpurina tinha largado ela e ela estava se consolando no Black.” ― Leah coçou a orelha direita.

“Tipo… Namorando?”

“Não!” ― quase gritou Leah. “Mas...” ― a garota Clearwater suspirou. “Se eu não tivesse entrado na jogada, ela estaria com o Black. Com certeza.”

“Por que você tem tanta certeza disso?”

“Porque eles passavam o tempo todo sozinhos numa maldita garagem!” ― Sia notou um tom enciumado nos pensamentos de Leah Clearwater. “Ia acontecer um dia e Jacob vivia se oferecendo para Bella.”

“Relaxe Leah; só estamos conversando.” ― Sia deu outro empurrão em Leah, só que desta vez, forte demais. Leah perdeu o equilíbrio e caiu com a cara na lama, se levantando aos tropeços e tentando limpar o rosto. Sia soltou uma gargalhada latida alta demais e Leah a fulminou com o olhar. Bella abriu a janela do quarto, espiando o que estava acontecendo. Quando enxergou Leah rendeu-se numa risada baixa: estava com o corpo tenso, o olhar bravo e o rosto todo sujo, sendo que só se viam os olhos acinzentados naquele monte de lama.

― Você está linda. ― sussurrou Bella, ainda rindo baixinho. Leah olhou para os lados e então, andou até a janela do quarto de Bella, se inclinando o máximo. Como desejava que o quarto de Bella fosse mais próximo dela, no andar de baixo. Leah soltou um resmungar que saiu em forma de latido, e então, enroscou-se no chão, próxima a janela de Bella. ― Quer entrar?

Leah levantou o rosto: Bella sorria amorosamente para ela.

“Aceita logo.” ― incentivou Sia. Leah fulminou Sianoah outra vez com o olhar. “Sabe que vou cuidar de tudo. Seth não está aqui para desviar minha atenção.” ― a loba branca piscou.

Talvez fosse uma boa ideia.


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Notas finais do capítulo

Eu achei são fofinho esse momento singular delas...
O que acharam? Bom? Ruim?
Comentem, hein?
Beijinhos da Cássia.