Rose correu. Não queria ficar perto dele, aquele não era o Scorpius que ela conhecera. O que acontecera? Por que ele tinha ficado daquele jeito? O que fizeram com ele? Pela primeira vez desde que se conheceram, ele finalmente se parecia um Malfoy.

A garota finalmente encontrou a cabine dos primos, na qual entrou com tudo. Roxanne, que estava lendo um livro, deu um pulo no banco com o susto, e deixou o livro cair no chão. Em outras circunstâncias, Rose gritaria com a prima, dizendo que era extremamente inaceitável deixar isso acontecer, mas a garota estava agitada demais para isso.



–Scorpius voltou!-----Ela disse sem rodeios.



Roxanne a olhou chocada, mas Alvo apenas abaixou a cabeça, envergonhado.



–VOCÊ SABIA!------Ela gritou, apontando acusadoramente para o primo.

–Rose, eu...

–A quanto tempo?

–Um ano

–UM ANO?-----Ela tornou a gritar, furiosa com o primo.-----DROGA ALVO!



Ela saiu da cabine com passos duros, batendo a porta com força. Já sentia as lágrimas rolando por seu rosto, mas não estava nem aí. Como Alvo pode esconder isso dela? Logo ele, seu melhor amigo.

Ela entrou em uma cabine que julgava estar vazia, se jogou no banco e começou a soluçar alto. Sentiu braços fortes e magros a abraçando, e então a voz que ela ouvira na cabine dos monitores sussurrou em seu ouvido:

–Por que está chorando, linda rosa?

E então, sem saber como e nem porque, ela lhe contou tudo, desde seu primeiro ano até o que acabara de acontecer. Não tinha explicações para o que acabara de fazer, ela só sentia que podia confiar em Pedro.

Quando terminou de falar, ele não disse nada, apenas ficou encarando-a. Ela se perdeu em seus olhos negros, como se estivesse hipnotizada, e quando percebeu, já estavam se beijando. Para sua surpresa, todos os problemas que estavam em sua cabeça se perderam, e ela só queria que aquele momento durasse para sempre.


***


Alvo andava pelos corredores do trem, sem saber ao certo aonde ia. Ele tinha saído atrás de Rose para tentar se explicar, mas, depois de ver a prima aos beijos com um garoto que ele não conhecia, achou melhor não interromper os dois. O garoto estava perdido em pensamentos, quando viu uma garota de tirar o fôlego saindo de uma das cabines. Ela tinha cabelos loiros, longos e ondulados, e olhos dourados tão profundos e perigosos que fariam o Basilisco chorar e pedir pela mamãe. Alvo não se lembrava dela em Hogwarts, e tinha quase certeza de que era aluna nova (por que, se ele tivesse visto aquela garota andando pelos corredores da escola, com certeza se lembraria).

Ele só percebeu que a estava encarando quando a garota também o encarou e levantou uma sobrancelha, questionadora. Ele sacudiu a cabeça, como se tivesse saído de um transe, e ela deu um sorrisinho satisfeito, que fez um arrepio percorrer o corpo do garoto.

Alvo se sentiu desarmado. Normalmente, era ele quem causava esse efeito nas garotas, não o contrário. Ele não gostara nem um pouco da repentina inversão de papéis.

Naquele momento, ele prometeu a si mesmo que aquela garota seria sua.


***


Alvo não foi o único que viu o beijo entre Rose e Pedro. Scorpius, depois de sair do estado de choque, começou a correr pelo trem, procurando Rose. Então ele passou por uma cabine e viu: a garota estava beijando outro.

Scorpius finalmente entendera porque ela havia corrido dele. Rose estava namorando. Ele só não entendia porque Alvo não o falara sobre isso.

Mas ele não ia desistir, não mesmo. Ele passara seis anos em Durmstrange, e mais nada o assustava. Rose ia ficar com ele, ou ele não se chamava Scorpius Malfoy.