Scorpius abriu os olhos lentamente, e sua visão estava embaçada. Piscou algumas vezes, até o teto da ala hospitalar entrar em foco. Sentia algo latejando em seu peito, e então se lembrou do que acontecera. Abriu a boca para chamar alguém, qualquer um, para poder responder sus perguntas, mas antes que pudesse emitir qualquer som, ouviu um grito feminino, muito familiar e irritante.


–MEU SCORPIUSINHO! VOCÊ ACORDOU!-----Alexis realmente ficara insuportável depois de ele ter ficado com ela.

–Estupefaça!

Depois do grito, o som de algo sendo violentamente atirado na parede foi muito alto. Logo em seguida, uma Rose Weasley com as orelhas vermelhas postou-se em frente a sua maca, a varinha em punho, ameaçando estuporar qualquer um que se aproximasse.


–Ah não, sua mandrágora falsa e irritante, você NÃO vai falar com ele primeiro. Dos quatro dias que ele ficou aqui, você só veio visita-lo HOJE, a menos de uma hora. SOU EU quem vai falar com ele, e vocês, cobras, vão voltar para o seu ninho e esperar suas vezes.


Scorpius fez uma nota mental, para nunca deixar Rose irritada. Ele não tinha ideia de como a madame Pomfrey ainda não aparecera ali, mandando todos embora.

Depois que a porta se fechou com um estrondo, a garota foi até ele, sorrindo ao ver eu ele havia acordado. Ela tinha profundas olheiras embaixo dos olhos, e estava com as vestes da escola. Não parecia estar se alimentando direito.


–Rose, pelo amor de Merlin, me diga que está se alimentando e dormindo direito.

–Não se preocupe comigo, eu estou bem. Se preocupe em ficar melhor.


Mas o garoto não deu ouvidos a ela. Virou a cabeça para o lado, e viu uma maçã na mesinha ao lado de sua cama. Pegou-a e entregou a ruiva a sua frente.

–Coma.

–Scorpius...

–Por favor.


Vencida pela persistência do loiro, Rose comeu a maçã, e precisou de toda a sua força de vontade para não vomita-la. Desde que Scorpius levara a facada, nada parava em seu estômago, e ela já desmaiara várias vezes por conta disso. Não saíra da enfermaria uma única vez, e isso já estava preocupando seus primos. Mas ela não ligava. Queria estar lá quando o loiro acordasse.

Se inclinou para frente e beijou Scorpius. Ah, como ficara preocupada com ele! Não entendera o que havia acontecido, mas o importante é que ele estava a salvo.

Estava tão entretida com o beijo, que só se separou do loiro quando ouviu a porta ser fechada com força. Se virou a tempo de ver uma cabeleira negra passar correndo por uma das janelas da ala hospitalar. Pedro. Ele devia estar procurando por ela, e quando entrou na ala hospitalar viu os dois se beijando.

A ruiva se sentiu mal no mesmo instante. Não podia fazer isso com Pedro, não era justo. Fora ele quem pegara Scorpius e o levara para a ala hospitalar, e depois ajudara a garota a se acalmar. Ela se levantou para ir atrás dele, mas sentiu o loiro segurando firme seu pulso.

–Fique.

–Eu tenho que falar com ele.

–Por favor...

–Não Scorpius, eu não tenho o direito de fazer isso com ele. Se não fosse por Pedro, você estaria morto agora. E, você gostando ou não, eu também amo ele, e não suporto brincar com os sentimentos dele assim.



Dizendo isto, a garota saiu da ala hospitalar a passos largos, deixando um emburrado Scorpius Malfoy para traz.

Ela corria pelos corredores, a procura do moreno que a fez balançar desde o primeiro momento que olhou nos olhos dela. Agora ela tinha certeza, estava perdidamente apaixonada por Scorpius, mas amava Pedro.

Encontrou o garoto em um corredor vazio, olhando pela janela. A garota se aproximou e parou ao lado dele. Finalmente, o moreno se virou, de modo a ficar de frente para ela, a ruiva notou que ele estava com os olhos vermelhos, e seu coração afundou ainda mais.



–Me perdoe.-----Ela sussurrou, com lágrimas nos olhos. O garoto deu um sorriso fraco.

–Não tem de se desculpar por nada, minha rosa. Você o ama, e eu não posso fazer nada quanto a isso.

–Eu também te amo, Pedro. Te amo muito.

–Pode até amar, rosinha, mas eu me recuso a tentar roubar você de Malfoy, agora que ele está ferido, precisa mais de você do que eu.

–Você está desistindo de mim?

–Desistir de você? Nem se eu estivesse insano, minha querida. Quando passar essa história de maldição, e se você ainda me amar, eu vou lutar por você. Mas não agora. Eu seria um covarde se tentasse te tirar de Malfoy agora.

–Pedro...

–Vai dar uma volta, Rose. Você precisa de um tempo longe daquela ala hospitalar.



A ruiva assentiu, e foi cambaleante pelo corredor, enquanto Pedro se esforçava para não chorar. Ele a amava demais, e entrega-la nas mãos de outro cara fora a coisa mais difícil que já fizera na vida. Mas Rose precisava mais de Malfoy do que dele, e, se fosse para salva-la, ele daria a própria vida sem hesitar.

***

Vanessa e Dhiren estavam parados de um lado da maca de Scorpius, e Alvo, do outro. O loiro olhava de um para outro, como se esperasse que eles começassem a brigar a qualquer instante. Vanessa e Alvo se encaravam, ignorando completamente a presença de Dhiren e Scorpius ali. Os dois pareciam travar alguma batalha silenciosa.

–E então, vocês poderiam fazer o favor de me contar o que aconteceu?-----A voz de Scorpius forçou-os a olha-lo.

–Depois de você ser esfaqueado, a faca de prata desapareceu, Pedro Lancaster trouxe você correndo para a enfermaria, o que te salvou. O corpo do garoto que foi empurrado da torre de astronomia também sumiu, mas descobrimos que ele era um Sonserino muito parecido com você, e que, pelo uniforme que usava, estudou aqui bem antes da era Lord Voldemort. E parece que alguma maldição paira sobre a família Malfoy.-----Vanessa disse com a maior naturalidade do mundo, e voltou a encarar Alvo.

–Sua naturalidade me impressiona, maninha.

–E pra que eu vou me apavorar, se o pior ainda está por vir?

–Otimismo e positividade a gente vê por aqui.

–Ah, pelo amor de Merlin, nem tudo é um mar de rosas, garotos idiotas!



Então ela saiu da ala hospitalar, irritada, deixando os garotos se perguntando o que disseram de errado.