For love: Segunda Chance. escrita por Cachos de Anjo


Capítulo 14
Amargo desejo


Notas iniciais do capítulo

E depois de tanto tempo, aqui estou novamente.

Lumos



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Draco Malfoy aparatou no povoado de Hogsmeade pouco depois de o sol nascer. Ele não podia esperar para que o verão terminasse logo. Não gostava muito de dias quentes.

O pequeno povoado quase não mudara desde seus tempos em Hogwarts. Claro, algumas casas e estabelecimentos tiveram de ser reconstruídos após aquela terrível batalha, mas seus proprietários optaram por conservar o aspecto antigo. Pareciam querer mostrar que conseguiram seguir em frente sem grandes obstáculos após aquele trágico conflito.

Sacudindo a cabeça, ele procurou afastar as lembranças daquela época. Não fora feliz em Hogwarts. Todos os seus desejos e planos eram arrancados dele antes que pudesse protestar. Mas em breve ele iria reverter isso.

Sentia-se cansado. Estava trabalhando cada vez mais intensamente naquela poção, que exigia mais cautela e atenção a cada dia que passava. Não teria deixado o trabalho em hipótese alguma, mas Scorpius precisava dele. Seu filho era a coisa mais preciosa em sua vida.

Ele tinha uma vaga ideia do que, ou melhor dizendo, quem fizera Scorpius se envolver com a maldição de Abraxas Malfoy. Draco não gostava de pensar que seu filho teria de enfrentar o que ele mesmo enfrentou tantos anos atrás. Tinha escolhido o caminho mais fácil. Naquela época pensara que era o certo a se fazer. Se arrependimento matasse...

Mas ele conhecia o filho. Sabia que Scorpius iria lutar. O garoto era corajoso e forte, muito diferente de Draco quando tinha a mesma idade.

Faria o que fosse necessário para ajudar o garoto. Nunca mais Abraxas Malfoy conseguiria estragar a vida de nenhum dos seus descendentes. Eles iriam por um fim na maldição daquele velho caduco.

Sem olhar para trás, Draco seguiu em direção ao castelo que tanto o fizera sofrer.

(...)

Rose caminhava pelos corredores com pressa e determinação. Precisava chegar na biblioteca antes de ir para o Salão Principal tomar seu café da manhã. Se tudo corresse como ela planejara, encontraria o que precisava para entender mais sobre a maldição. Ela tinha algumas teorias, mas precisava comprová-las com pesquisas.

Distraída pela pressa, ela acabou por esbarrar em alguém num dos corredores. Ergueu os olhos apressadamente para pedir desculpas, mas não encontrou sua voz. Ali, parado em sua frente com os olhos brilhando de malícia estava o pai de Scorpius, Draco Malfoy.

Rose sentiu-se insuportavelmente desconsertada. Não sabia como agir ou se dirigir ao seu... Sogro? Não tinha como Draco saber sobre a relação dos dois, que além de recente não era nem mesmo oficial ainda. Resolveu que iria apenas agir de maneira educada e formal.

—Mil perdões, senhor Malfoy. Eu estava distraída e acabei não vendo o senhor.—Ela se pronunciou, enquanto esfregava as mãos junto a seu colo. Estava nervosa.

Draco sorriu para ela. Não o sorriso frio e debochado que a garota estava esperando, mas uma expressão que demonstrava cumplicidade. Rose se surpreendeu reparando quanto Scorpius se parecia com o pai. O mesmo rosto fino e anguloso, os mesmo olhos prateados carregados de malícia e inteligência e os mesmos cabelos platinados. Porém, ao contrário do filho, o senhor Malfoy parecia minado de todas as suas forças, com grandes círculos escuros embaixo dos olhos.

—Não se preocupe, senhorita Weasley. Não precisamos de tanta formalidade. Até onde sei, a senhorita já é quase parte de minha família. Ah, sim, Scorpius sempre teve bom gosto.—A garota sentiu suas orelhas queimarem com o embaraço e a surpresa. Como o senhor Malfoy sabia sobre ela e Scorpius? –Tenha um bom dia, Rose. E mande meus cumprimentos à sua mãe, por gentileza.

Draco seguiu seu caminho até o fim do corredor, parando em frente à gárgula que guardava da sala do diretor e dizendo a senha. Mesmo após ele ter desaparecido de sua vista, Rose continuava estática no corredor. Encontrar o suposto sogro fora um grande choque para ela. Maior ainda o fato de ele saber sobre a relação dos dois e não parecer fazer nenhuma objeção.

Percebendo que já havia perdido tempo demais, resolveu ir tomar café com seus primos e deixar a biblioteca para mais tarde. Precisava de um café bem forte para encarar as surpresas daquele dia.

(...)

Alvo estava mal-humorado. Sentado à mesa da Grifinória, ele olhava pensativo para uma rosquinha sem nem ao menos tocá-la. Não estava com fome.

Fazia dois dias desde que dormira com Vanessa na Sala Precisa, e mesmo assim não conseguia tirar a garota da cabeça. Isso o deixava frustrado. Nenhuma garota causara esse efeito nele antes.

Além de filho de Harry Potter e parente de metade dos heróis da guerra bruxa, Alvo também era o batedor do time da Grfinória. Isso aliado aos cabelos negros e olhos verdes herdados do pai e o charme herdado da mãe fizeram dele o maior conquistador que Hogwarts já vira. O garoto já dormira com metade das garotas do quarto ano em diante. A outra metade eram suas primas.

Mas, com o passar dos anos, ele foi se amargurando. Nenhuma das garotas com que ele dormira se importavam com ele de verdade. Elas queriam apenas algo casual, para comprovarem a fama de pegador ou contarem para as amigas que dormiram com o filho de Harry Potter. Todo esse descaso e superficialidade fizeram com que o garoto desistisse do amor verdadeiro. Ele apenas usava as garotas para seu próprio prazer sem se preocupar com sentimentos e mágoas.

Porém, Vanessa era diferente. Desde que pusera os olhos nela, sentira algo despertar dentro de si. Nunca na vida pensou que uma garota poderia lhe dar tanto prazer como na noite em que passaram juntos. E mesmo assim ela havia ido embora como  se nada tivesse acontecido. Alvo sentia que ela o estava usando do mesmo modo que ele usava todas as outras garotas, e não gostava de se sentir em desvantagem. Decidiu que iria empatar esse jogo.

—Alvo? Você ainda está conosco?—Roxanne estalava os dedos à sua frente.

Sem dizer nada, o garoto pegou sua mochila e deixou a mesa, indo para a primeira aula do dia. Mal podia esperar para que a noite chegasse.

(...)

Roxanne desconfiava do primo. Alvo passara os últimos dias muito quieto e rabugento, o que não era de seu feitio. Ele costumava contar tudo a ela, mas dessa vez estava fechado. Roxanne temeu que estivesse chateado com ela.

Rose não parava de falar sobre Scorpius e o pai, mas ela não prestava atenção. Passara os últimos seis anos ouvindo os dramas de Rose sobre Malfoy. Estava um pouco farta disso tudo. Além do mais, sua relação com a prima sempre fora muito unilateral. Enquanto ela dedicava seu tempo para consolar Rose, a garota não dava a mínima para os sentimentos de Roxanne.

Perdida em pensamentos e mágoas, ela nem reparou quando uma figura alta e esguia ocupou o lugar que Alvo deixara vago. Quando ela enfim ergueu os olhos, deparou-se com outros que a fitavam. Mas esses eram dourados. Roxanne engasgou e se mexeu na cadeira, sem jeito. Dhiren Zabini estava sentado bem a sua frente, com todos os outros grifinos o olhando torto.

—Por que não foi me encontrar noite passada?—O garoto perguntou, sem rodeios. Roxanne precisou de um minuto para se recompor antes de responder.

—Era muito tarde. Não podemos sair do salão comunal tão tarde.

Ele a encarou por mais um momento antes de explodir em uma gargalhada. Roxanne se irritou. O que era tão engraçado?

—O que foi?

—Merlin, você é tão inocente.

—O que é tem de errado em seguir as regras?

—Regras foram feitas para serem quebradas.

—Oh, é mesmo, senhor rebelde?—Ela agora estava verdadeiramente irritada.—Pois muito bem. Me encontre hoje, no mesmo local, antes do toque de recolher. Se faz tanta questão de se encontrar comigo, terá que seguir as regras.

—E o que acontece se eu me atrasar?

—Então nunca mais terá o privilégio da minha companhia novamente.

Dhiren deu um sorriso torto para ela antes de deixar a mesa. Rose, que assistira tudo como se fosse uma partida de pingue-pongue, agora olhava para a prima de olhos arregalados, como se exigisse uma explicação. Roxanne apenas se levantou e saiu, exatamente como Alvo fizera.

Tinha um encontro com o garoto mais sexy daquele castelo.

(...)

Logo que Scorpius acordou, foi conduzido por um elfo doméstico até a sala do diretor Longbottom . Sentiu-se nervoso, pensando se fizera algo de errado. Tinha quase certeza que não. Será que o diretor queria discutir os boatos sobre a maldição?

Sua ansiedade logo se transformou em confusão quando adentrou a sala do diretor e viu seu pai lá. A última vez que falara com ele, seu pai ainda estava viajando. Por que voltar agora?

—Hey, Scorp.—Draco se aproximou do filho e deu-lhe um abraço apertado. Morria de saudades do garoto.

—Pai.—Scorpius se ressentia de Draco não lhe dar tanta atenção, mas mesmo assim era muito próximo dele.—O que está fazendo aqui?

—O Prof. Longbottom me escreveu para contar dos recentes acontecimentos.—Naquele momento, Draco parecia mais abatido do que nunca.—Acho que chegou a hora de nós conversarmos.

—Scorpius, aqui tem uma nota de dispensa das aulas de hoje.—Ele pegou um papel que o diretor o estendia.—Levem o tempo que precisar.

Um pouco nervoso e entorpecido, Scorpius deixou a sala do diretor e guiou seu pai até a torre da Corvinal. Quando chegaram à aldrava em forma de águia, o garoto se preparou para responder à charada.

—Três irmãos compartilham um esporte familiar: A maratona "Non Stop". 
        O mais velho é gordo, baixinho e corre lentamente. 
        O irmão do meio é alto, magro e mantém um ritmo constante.
         O mais jovem corre como o vento, com muita velocidade. 
        Os irmãos mais velhos dizem: "Ele é muito jovem....então o deixamos correr. Com certeza ele é o número um, mas de certa forma ele é o segundo". 
        Quem são os três irmãos?

 -São os ponteiros de um relógio. Hora, minuto e segundo.—O garoto respondeu prontamente.

Draco olhou orgulhoso para o filho. Sem dúvidas, criara um garoto muito inteligente e especial, que tinha um bom coração. Scorpius era o único acerto em sua vida.

O garoto conduziu o pai até seu dormitório e se sentou, esperando que o mais velho fizesse o mesmo, mas Draco continuou de pé, encarando o filho.

—Então. Rose Weasley. Ela é uma garota muito bonita. Você tem bom gosto, meu filho. Ainda assim, acho uma pena—E nesse momento ele fez uma pausa para um suspiro—que ela se pareça mais com o pai do que com a mãe.

Scorpius olhou para outra direção, sem querer falar sobre Rose com o pai. Assim que fizera 17 anos, o garoto escrevera uma carta emocionada ao pai dizendo que não importava qual fosse sua vontade, ele voltaria para terminar os estudos em Hogwarts, pois não aguentava mais ficar longe da garota que amava. Nessa mesma carta, Scorpius confessou que ela era uma Weasley e que não ligava a mínima para a antiga rixa entre as famílias. Passaria por cima de qualquer barreira pra ser feliz com Rose.

—O senhor não veio até aqui para falar sobre Rose, pai.

—Tem razão. Em partes.

Draco procurava uma maneira de abordar o assunto de uma forma gentil, mas percebeu que o melhor a fazer era ir direto ao ponto. Sentou-se ao lado do filho na cama e encarou os olhos prateados iguais aos seus.

—Sei que não fui um pai presente nos últimos anos, mas você é meu filho e eu te amo mais que tudo no mundo. Por isso, deixei todo o meu trabalho pra trás e vim aqui te ajudar, porque não quero que cometa os mesmos erros que eu.

E, sem mais enrolações, ele começou a falar.

(...)

Quando o sinal anunciando o término das últimas aulas do dia tocou, Alvo quase não pode conter sua euforia. Saiu correndo da sala de aula e adentrou um salão comunal que começava a encher. Ocupou uma das poltronas, pegou o Mapa do Maroto e ficou observando um pontinho específico. Quando finalmente encontrou o momento perfeito, ele saiu correndo novamente.

Vanessa caminhava por um corredor quase vazio, em direção ao Salão Principal. Já era quase hora do jantar, e aquele havia sido um dia particularmente entediante. Dhiren estava especialmente irritante, todo alegre. A causa era provavelmente uma de suas novas conquistas.

Sem perceber os passos atrás de si, a garota sentiu um arrepio atravessar todo o seu corpo quando uma voz rouca sussurrou em seu ouvido:

—Até quando vai me ignorar, princesa?

Alvo Potter a encurralara em na parede, próximo a uma sala de aula vazia. Vanessa olhou dos dois lados do corredor. Vazio.

Contendo o impulso de gritar e xingar Potter, a garota simplesmente sorriu fria e sedutoramente. Gostava de jogar o jogo dele. Dizendo a si mesma que tudo que sentia era um desejo carnal, ela encarou fundo aqueles olhos verdes cheios de malícia.

—O irresistível Alvo Potter não é tão irresistível, afinal de contas.

Ela viu os olhos dele escurecerem com o desafio e no segundo seguinte eles estavam se beijando. Alvo a pressionava contra a parede como se pudesse atravessá-la. Preocupada de que alguém passasse e os visse, Vanessa tateou a parede procurando a porta da sala de aula vazia. Quando conseguiu abrir, entrou puxando Alvo pelo colarinho.

Ele a prensou contra o quadro negro e ela envolveu a cintura dele com as pernas. O modo como se beijavam era quase violento, tamanho o desejo que sentiam. Vanessa ergueu as mãos acima da cabeça e Alvo prendeu os pulsos da garota com uma de suas mãos, enquanto descia os beijos para seu pescoço.

—Vamos perder o jantar.—Vanessa disse entre um suspiro e um gemido.

Ela sentiu o sorriso dele em seu pescoço, mesmo sem poder vê-lo. A luz que entrava na sala era apenas suficiente para distinguir o contorno dos dois. Ele mordiscou o lóbulo de sua orelha e levou os lábios até seu ouvido.

—Eu já estou jantando.

(...)

Rose estava preocupada. Não vira Scorpius o dia todo, nem nas aulas e nem no almoço. Ele também não estava na mesa da Corvinal durante o jantar.

Alvo e Roxanne tampouco apareceram. Rose jantara com Hugo e Lily, sem conseguir deixar de lado suas preocupações. Alvo deveria estar com a garota da vez, e Roxanne tinha aquele encontro com o garoto Zabini. Mas e Scorpius? Será que Draco o levara embora novamente?

Não era possível.

Voltando para o salão comunal dos monitores, Rose percebeu uma figura esguia esperando na entrada. Era Scorpius.

—Precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

Dessa vez, não vou ficar colocando datas específicas para os capítulos. Mas eu pretendo terminar a história até o fim do ano.
Espero que me perdoem por abandonar vocês por tanto tempo

Nox



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