Always With Me escrita por Menta


Capítulo 22
Honey, I Want You - Parte Final.


Notas iniciais do capítulo

Oba! A segunda parte aí.
Como eu disse antes... Aguardo comentários nas duas partes! Sejam fofas comigo como eu sou com vocês! :)
Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/487289/chapter/22

A brisa fresca de uma noite de primavera dançava pelas folhagens dos jardins dos castelos de Hogwarts. A lua minguante brilhava branca e plácida no céu estrelado daquela noite, e era realmente uma pena que a maioria dos alunos da escola de bruxos não pudesse sair para o ar livre e apreciar toda aquela cena bucólica.

Naquela noite, Sirius se atrasou um pouco, propositalmente. Sentiu-se irritado ao ser obrigado a lembrar do que sentira no domingo, talvez influenciado pela poção que MacLearie lhe dera.

Quando enfim descera aos jardins do castelo, encontrou Cordelia MacLearie, quieta, encarando o lago, no ponto de costume. Como estava ligeiramente irritado, Sirius não tinha nem vontade de seduzi-la até deixá-la a vontade. Pelo contrário, preferia constrangê-la.

– Boa noite, Cora! Sabe, antes de vir para cá eu disse: “accio gostosa”. Mas não imaginei que fosse realmente funcionar. – Ele passou a péssima cantada que James uma vez inventara, sabendo que aquilo desagradaria à garota.

Cordelia moveu os olhos para seu rosto, franzindo as sobrancelhas em uma expressão de desgosto. Nem se deu ao trabalho de responder, e tentava manter aquele olhar frio falso que por vezes desempenhava tão bem, mas, à luz vaga de sua própria varinha, ele viu que o rosto dela enrubescera. Achava a pureza da garota loira da sonserina algo extremamente bonitinho, além de inesperado, mas não admitiria.

– ...Black, você realmente me surpreende sempre. – MacLearie falou, sua voz tentando soar desdenhosa. - Não imaginava que você conseguisse ser mais idiota do que já era. – Ela falou, mas Sirius via que ela controlava um sorriso. Talvez até mesmo de nervoso.

– Você também é cheia de surpresas, Cora. – Sirius concordou, falando com a voz repleta de malícia, se aproximando devagar. – Tipo com essa sua poçãozinha... – Ele sugeriu, e Cordelia o encarou, seus olhos arregalando-se brevemente. Percebeu que ela ficara nervosa. Ah, Cora. Você me deu as armas para brincar com você, agora.

– A poção do vigor. – Cordelia MacLearie disse, enquanto ele caminhava para perto dela, e a garota loira cruzou os braços. – Não é uma “poçãozinha”. – Ela falou, séria. – É a poção de Ostara, de propriedades relevantes e efeitos incapazes de serem... Ignorados. – A garota falou, olhando Sirius de cima a baixo, como se estivesse tentando adivinhar se ele a bebera antes de vir à detenção ou não.

– Fiz com que Frank e Pete tomassem. Parabéns, ela realmente funciona, ao que parece. – Sirius lhe aplaudiu ironicamente, sorrindo-lhe abertamente. – Mas tenho a impressão de que você me escondeu alguns detalhes sobre ela. – Sirius insistiu.

– Podemos falar sobre a poção depois da tarefa de hoje. – Cordelia falou, tentando não demonstrar que se sentira mexida com a postura maliciosa dele. – Vamos colher um componente muito raro no lago hoje. – MacLearie falou, enquanto agachou-se rapidamente e pegou um pote enorme, colocando entre si mesma e Sirius, que já avançava para ela.

Black olhou comicamente para o pote colocado bem em frente aos seus olhos e nariz, envesgando os olhos, e viu o que havia lá dentro.

– Mas isso são... Pepinos?! – Sirius falou, exasperado. – Pirou de vez, Cora? – Black debochou.

– Sua ignorância, porém, nunca deixa de me surpreender. É notável e reincidente. – Cordelia debochou de volta, parecendo cheia de si. – Que criatura mágica adora comer pepinos, ao ponto de comer meia tonelada deles de uma bocada só? – A aluna loira da sonserina perguntou, convencida.

– Peter Pettigrew. – Sirius respondeu, como se realmente falasse sério, debochando do amigo gorducho.

Cordelia tentou manter o rosto livre de emoções, mas ele viu uma faísca de diversão nos olhos verde-claros da garota. Ela segurou seus lábios em uma linha franzida, mas o canto deles logo pôs-se a se movimentar. Em segundos soltou um riso surdo. Sirius Black sorriu de volta, sentindo-se exageradamente feliz consigo mesmo por fazê-la rir. Pare de agir como Prongs. Parece um mongolóide. Sirius censurou a si mesmo.

– Kappas. – Cordelia respondeu, como se não tivesse ouvido a piada, mais recomposta. – Uma criatura mágica que vive em lagos e rios profundos, que se assemelha a um símio. Muito silencioso, furtivo, só costuma sair de seu habitát à noite, quando procura comida na superfície. Não são agressivos, tem o grau de periculosidade definido como zero, mas são um dos animais fantásticos mais ariscos da Grã-Bretanha. – Ela terminou o resumo oral que fizera.

– Como assim, não tem periculosidade alguma? – Sirius respondeu, atônito. Cordelia levantou uma sobrancelha, como se não entendesse a pergunta.

– Sim. Não atacam, são silenciosos e furtivos, apenas. – Ela explicou de novo, desconfiada.

– Cora, eles são perigosíssimos! Aterrorizantes! – Sirius insistiu, a segurando pelos ombros. – Eles se alimentam de pepinos e vivem em lagos! Você fala isso só porque é mulher! – Ele se preparava para soltar uma piada tola e bastante infame.

– O quê? – MacLearie insistiu, sem entender, olhando para as mãos de Sirius que ainda seguravam seus ombros com firmeza, como se quisesse que ela compreendesse algo importante.

– Você é mulher! Não imagina o quão perigoso deve ser para um homem encontrar com um kappa. Você, um rapazola, forte, saudável, em uma viagem ao campo, resolve nadar, de noite, e a natureza “chama” dentro do lago. Sabe como é, tanta água em volta, acontece, é instintivo... E se o kappa confunde certa... Parte... Do seu corpo, com um pepino? Perigosíssimo! – Sirius insistiu, fingindo seriedade com tanta destreza que Prongs teria inveja de seu desempenho.

Cordelia arregalou os olhos por um momento, e depois franziu as sobrancelhas. Virou o rosto para os lados, seus cabelos loiros fazendo um belo movimento dançarino com o movimento brusco. Sirius ainda a segurava pelos ombros, e ela, o pote de pepinos, que mantinha abaixado, permitindo alguma distância entre eles.

– Você é muito... Muito... MUITO idiota. – Cordelia respondeu, e logo começou a gargalhar. Não pôde se segurar. Sirius se sentia sorrir como um imbecil.

– Você gosta. – Sirius falou, mudando completamente a postura, e movendo suas mãos para o rosto dela. De bobo alegre passou imediatamente para a postura sedutora que ele sabia que mexia com a garota, e reparou em como Cordelia imediatamente levantou o pote e o colocou entre seus rostos. O gesto brusco e bobo da menina teria sido bonitinho demais, se não muito frustrante.

– Ok. – Sirius revirou os olhos. – Já entendi. – Ele levantou as mãos em um gesto de rendição. Só por enquanto. – Vamos alimentar esses filhos da mãe.

– Temos de ficar em silêncio. E longe um do outro. Ao avistar um kappa, lembre-se: parecem macacos, porém sem pelo, com uma cobertura de pele reptiliana de tom azul. Ofereça-o um pepino e faça-lhe uma reverência. Eles entendem a linguagem humana. Diga que quer raiz de elódea. – Cordelia falou displicente. – Eles mergulharão e colherão para nós. – Ela manteve a mesma voz monocórdia.

De imediato, Sirius entendeu porque ela planejara aquela tarefa para a detenção. Os kappas, sendo animais ariscos, que evitam se aproximar dos bruxos, não apareceriam enquanto não estivessem isolados, em silêncio... Afastados.

É um desafio, Cora? Sirius pensou, se divertindo.

– Srta. MacLearie. – Sirius Black debochou, como se lhe desse um sermão. – Um homem não oferece um pepino a outro homem. – Ele brincou, enquanto pegava alguns pepinos de dentro do pote, e Cordelia revirou os olhos, claramente não querendo rir. – Mas se você quiser o meu... – Sirius insistiu, mas Cordelia imediatamente girou nos calcanhares enquanto ele se aproximava.

– Vou ficar desse lado do lago! – Ela avisou, afastando-se a passos largos, indo para bem longe do rapaz.

Ah, Cora, fazer doce só vai fazer que eu queira mais e mais roer esse osso.

Passaram-se longos minutos entediantes, talvez até mesmo uma hora, e Sirius viu um sinal surgir do outro lado do lago. Algo borbulhou na superfície calma e parada da água, e ele viu Cordelia andar calmamente para o lado.

Era sempre fascinante ver a garota em contato com as energias da natureza. Tanto dançando como uma fada na festividade de Ostara, como em contato com os animais e plantas. Cordelia movia-se sinuosa, em movimentos que o lembravam de um grande felino. Parecia ela mesma um tanto “animalesca”, porém de uma forma bela, não agressiva.

Essa garota deveria tornar-se animaga um dia. Sirius pensou, admirado.

Mantendo-se muito quieto, o rapaz viu um animal em formato simiesco, careca e sem pelos, caminhar com passos precisos para fora do lago. Cordelia se aproximava, também silenciosa, e logo fez uma longa curvatura para o animal, seus cabelos loiros tocando na superfície do lago. A lua iluminava aquela bela paisagem, lago, montanhas e terrenos verdes de Hogwarts à luz noturna, e os cabelos loiros de Cordelia espalhando suas pontas pela água.

Era realmente algo muito bonito de se contemplar.

Com as próprias mãos, Cordelia buscou um pepino ao seu lado, na grama, e ofereceu para o kappa. O animal encarou-a, e, logo, deu-lhe uma pequena reverência. Cora estendeu as mãos para a criatura mágica, que delicadamente pegou o pepino e passou a mordiscá-lo. Sirius viu seus lábios se movimentarem à distância, mas não conseguiu ouvir o que ela dizia. Imaginou que se tratava da tal raiz de elódea.

O kappa comeu mais alguns pepinos oferecidos, e, finalmente, mergulhou no lago. Cordelia MacLearie encaminhou-se para uma árvore à beira do lago e se sentou, olhando para a água escura, aguardando o retorno do kappa. Sirius foi em direção dela.

– Missão completa, comandante. – Ele falou, debochado, e Cordelia se permitiu um sorrisinho.

– Cumpriu muito bem sua função de ficar de boca fechada, Black. Não teríamos conseguido sem isso. – Ela retrucou.

– Curioso... – Sirius fingiu lembrar-se de algo. – Eu tenho algumas sugestões do que se fazer que também não incluem a necessidade de falar nada. – Ele falou, com malícia, sentando-se ao lado dela.

– Não venha com ideias mirabolantes, Black. Estamos no meio da tarefa. – Ela respondeu, séria, tentando se afastar, arrastando-se mais para a frente do lago.

– Ah, Cora... Ele ainda vai demorar. – Sirius perseverou, aproximando-se mais dela, também se arrastando pela grama. Com uma das mãos, puxou uma mecha dos cabelos loiros dela para trás de sua orelha esquerda, vendo, triunfante, que o lóbulo dela estava enrubescido. Cordelia estava querendo.

– E além do mais... – Ele continuou, falando arrastado. – Cordelia voltou-se para ele, a boca entreabrindo-se como se fosse retrucar algo, mas ele foi mais rápido. Com um movimento bem sucedido e rápido, Sirius segurou seus punhos e a empurrou para trás. Surpresa, Cordelia arregalou os olhos, suas costas caindo delicadamente na grama atrás de si. Sirius a prendeu pelos punhos contra a grama confortável e levemente molhada pelo ar úmido do lago. Em seguida, ajeitou-se próximo dela, prendendo sua cintura com os joelhos, evitando que ela pudesse se movimentar.

Não sabia se era pela poção do vigor que tomara naquela tarde ou apenas pela compleição da cena em si... Mas Sirius estava ficando muito, muito excitado.

– ...Eu tomei aquela sua poçãozinha antes de vir para cá. – Sirius mentiu, apenas para ver a reação da garota. Como as bochechas de Cordelia ficaram imediatamente rubras, visíveis mesmo à meia-luz do luar, aquilo foi o suficiente para convencê-lo.

O rapaz deu-lhe um sorriso de canto de lábios, e abaixou-se. Seus braços puxaram os pulsos e braços de Cordelia para cima, arrastando-os com delicadeza pela grama, para depois prendê-los com uma mão só, de forma suave, porém firme.

– O kappa... – Cordelia tentou.

– Foda-se o kappa. – Sirius retrucou, e a beijou. Mentira sobre a poção, mas estava tão empolgado que podia realmente ter acabado de tomar a mistura celta do vigor que ela lhe presenteara na última sexta-feira.

Segurava seus punhos com a mão esquerda, enquanto a direita descia pelos cabelos dela, agora espalhados na grama, sentindo seus fios lisos e sedosos com as pontas dos dedos. Depois, percorreu partes de seu rosto, beliscando com leveza uma de suas orelhas, fazendo a garota gemer baixinho. Intensificou o beijo ao ouvir aquele som tão convidativo, sendo acompanhado de prontidão por ela.

Seus dedos da mão direita desceram pelo pescoço de Cordelia, puxando sem dificuldades sua gravata da sonserina, desfazendo habilmente o nó. Sem sequer vê-la, Sirius deu uma risadinha muda, soltando um pouco de ar e interrompendo o beijo, e Cordelia riu também. Rira porque lembrara da gravata dela que já “roubara”, e talvez essa fosse ser a segunda para sua coleção. Mas não esperava que ela fosse rir junto dele, talvez compreendendo o que pensara. Aquilo trouxe uma sensação quente ao seu peito, que ele infelizmente sabia não poder relacionar com tesão, apenas.

Tirou a gravata dela com um pouco mais de agressividade, depois disso, e a jogou para longe, distante da árvore, levantando um pouco o rosto ao fazê-lo.

Ao voltar para a garota, sentiu a sensação quente apenas aumentar, ao ver que o rosto que agora beijava e tinha em seus braços, enlaçado em seu corpo contra a grama, não era de uma menina morena e sardenta, de franja no rosto.

Mas de uma garota loira, arfando tamanha a intensidade de seu desejo, seus olhos verdes-claros brilhando ansiosos para que aquilo continuasse.

Doces olhos sonserinos.

Sirius a beijou outra vez, com um pouco mais de selvageria. Os dedos dela tentavam tocar na mão que prendia seus punhos, enquanto ela retribuía o beijo mordendo de leve o lábio inferior do rapaz. Sirius grunhiu, abaixando o rosto para beijar seu pescoço, enquanto Cordelia tentava gemer silenciosa, mas falhava claramente.

Sua mão direita agora se encaminhava mais para baixo, passando pelos seios dela, por baixo da blusa, sentindo o tecido de renda do sutiã, apertando-os com virilidade. Ela gemeu alto, e dessa vez Sirius levantou o rosto para ver se realmente não havia ninguém por perto.

Cordelia se descontrolara. Passara ela mesma a mordiscar seu queixo, seu pescoço, sugando-o como se sua vida dependesse disso. Ele deixava sua mão livre passear por dentro da blusa dela, explorando sua barriga, cintura, sentindo sua pele fervendo em ânsia pelo seu toque. O rapaz sentia-se triunfante ao ver o quanto seu desejo por ela era retribuído.

Seus dedos enfim se aproximaram das saias dela, entrando por baixo do tecido escuro, enquanto ele mais uma vez beijava seus lábios, sedento pelo gosto dela. Faminto por ela. As pontas de seus dedos subiram pelo desenho sinuoso da lateral de sua coxa esquerda, e logo o rapaz roçou em um tecido de renda. Abriu os olhos, sem acreditar.

– Cora... Você só pode estar de sacanagem. – Sirius falou, descrente, surpreso, porém muitíssimo agradado. Permitiu que seus dedos levantassem levemente a saia dela, enquanto Cordelia arfava, seus olhos verdes agora semicerrados, desafiadores, como se estivesse jogando algum tipo de jogo sedutor ao provocá-lo.

Ele levantou o rosto o suficiente para poder ter uma bela visão do que se encontrava por baixo daquele tecido escuro.

Cordelia usava uma deliciosa calcinha de renda, verde, vibrante da cor da sonserina, verde como era a cor que a resumia e a representava, verde como a grama ao seu redor e as folhas das árvores da Floresta Proibida tão perto, testemunhando aquela cena lasciva e secreta em meio às folhagens.

A distração permitiu que ela soltasse suas mãos das mão esquerda dele, e o puxasse e empurrasse para o lado. Agora, com seus próprios joelhos ao redor da cintura dele, seu corpo ajeitando-se deliciosamente em cima dele. Sirius levantou as sobrancelhas enquanto compreendia que ela o jogara para o lado enquanto se distraía com a visão de sua peça de roupa íntima.

– Não tenha tanta pressa. “Quanto mais luz o mar, mais os cães hão de ladrar.” – Cordelia falou um ditado que Sirius jamais tinha ouvido antes, curiosamente bem apropriado, não apenas à sua condição de animago, como pelo significado. Enquanto o provocasse e mantivesse alguma distância, ela já percebera, Sirius continuaria insistindo.

Queria se irritar com a presunção dela, mas como poderia rejeitar aquela deusa celta loira insinuando-se em cima dele? Cordelia abaixou-se sobre ele, que deixou seus braços a enlaçarem pela cintura, abaixando-se até suas coxas, apertando-as por baixo das saias.

Enquanto mais uma vez se envolviam em mais um amasso, Cordelia voltou o rosto para o lado, de súbito, e quase não comprimiu um grito de susto.

Sirius moveu o rosto também, de imediato, enquanto ela pulava para o lado e se afastava dele.

Canino, um cão filhote do guarda-caças da escola, latiu alto, abanando seu rabo com força e velocidade surpreendentes para seu tamanho diminuto.

– Canino! Sua peste em forma de cachorro! – O rapaz da grifinória reconheceu a voz de Hagrid, em berros, à distância. O pequeno cachorro abaixou as orelhas e foi se esconder perto de Cordelia, o rabo entre as pernas. Ela riu, enquanto olhava Sirius, surpresa, e fazia um rápido carinho na cabeça do cachorrinho acuado.

Ah não, amigo. Esse território já tem dono. Sirius pensou, puxando a garota loira pela mão e a levantando rapidamente junto consigo. Sentiu uma estranha vontade de rosnar para o filhote inoportuno.

O cachorro tentou seguir Cordelia, que tirou a própria varinha do bolso e levitou um graveto, molhado, e o jogou para bem longe com a força de seu feitiço.

– Vá pegar! – Ela sussurrou, e o cachorro latiu e correu como um louco em direção do graveto jogado.

Sirius a enlaçou pela cintura, a guiando para perto da árvore que os dera cobertura enquanto se agarravam, e ficaram silenciosos, um tanto prensados um contra o outro em seu esconderijo, esperando que Hagrid achasse o cão.

– Seu inútil! – Hagrid falou, ao longe, e ouviram um pequeno ganido. Sirius arriscou uma olhadela para fora do tronco, e viu que o guarda-caças levantara o cachorro do chão, a alguns metros longe deles. – O que é isso na sua boca? – Sirius esperou Hagrid tirar o graveto de entre os dentes de Canino, mas soltou um pequeno e silencioso assobio ao ver que não fora isso que o cachorro buscara.

– Uma gravata da sonserina? – Hagrid falou, surpreso, e Cordelia encarou Sirius, seus rostos a centímetros de distância, seus olhos verdes arregalados em choque. Não podiam ser encontrados ali, ele sabia. Seria no mínimo muito suspeito, e nem Slughorn os livraria dessa.

O rapaz viu, em seguida, o guarda-caças jogar a gravata de volta para a grama.

– Hoje o dia fez muito calor. Devem ter esquecido por aí. É melhor deixar no lugar onde perderam. – Hagrid ralhou com Canino. – É feio roubar as coisas dos outros! – Apontou um de seus dedos grandes para o focinho do cachorro, que baixou ainda mais as orelhas.

Enquanto os dois se afastavam, Sirius aguardou até que o guarda-caças sumisse, à distância, e alguns minutos se passassem. Ao enfim comprovarem que Hagrid não voltaria mais aquela parte dos jardins de Hogwarts, ao menos não enquanto ainda estivessem lá, Sirius suspirou, aliviado, e voltou os olhos para a garota loira que escondia contra o tronco da árvore.

Sirius e Cordelia se entreolharam, e sorriram ao mesmo tempo. Em um segundo, estavam rindo.

– Mas que merda foi essa?! – Cordelia MacLearie falou, rindo, obviamente se referindo à súbita aparição de Hagrid, e seu cômico achado. Por pouco não teria achado algo muito maior escondido entre as árvores, e poderia supor porque uma gravata estava caída pela grama.

– Não faço a menor ideia. – Sirius a encarou, sorrindo, inclusive por vê-la usando um linguajar assim, que não era de seu feitio de lady bruxa metida. Percebeu que sua frase não se referia apenas ao surgimento do guarda-caças, mas ao que acabara de acontecer ali, a poucos centímetros da árvore, em cima da grama.

Accio. – Sirius apontou a varinha para a grama, e a gravata de Cordelia voou direto para sua mão. Ele sorriu para ela, petulante, enquanto a garota franzia as sobrancelhas e abria a boca, indignada.

– Isso é meu! – Ela reclamou.

– Não mais. – Sirius debochou, guardando a gravata no bolso esquerdo de sua camisa.

Cordelia fechou os olhos, e, quando os abriu, respirando fundo, parecia já ter abandonado a postura desejosa de momentos atrás, para a insatisfação do rapaz da grifinória.

– A detenção acabou, Black. – Ela falou em tom de ordem, e, séria, seguiu na direção dos terrenos que a levaria para dentro do castelo.

– Sim senhora. – Ele concordou, rindo debochado. – Mas vai deixar todo esse monte de raiz de elódea largado aí pela grama mesmo?

Cordelia girou nos tornozelos, olhando para baixo. O kappa provavelmente voltara enquanto se agarravam e nem sequer fez menção de interrompê-los. Deixara, ao lado do lugar onde trocaram bons amassos, uma bela quantidade de raízes. Cordelia, sentindo-se claramente envergonhada, os colheu rapidamente com a varinha, direcionando-os para o pote no qual trouxera os pepinos. Sirius olhou para a outra margem onde ficara parado esperando o animal em questão, e vira que os pepinos que ficaram ao seu encargo já haviam sido comidos.

Enquanto ela pegava o pote após um feitiço convocatório, virou novamente as costas, suas bochechas vermelhas por provavelmente se auto-condenar por ter cedido tanto ao desejo naquele momento.

Sirius a acompanhou, silencioso, dando-lhe alguns momentos de paz enquanto a escoltava de volta ao castelo. Após alguns bons minutos, disse-lhe, fazendo uma voz de quem tenta ser razoável.

– Vou te devolver sua gravata antes de você entrar na sua sala comunal. – Sirius falou, e Cordelia voltou os olhos para ele, desconfiada. – É sério. – Ele reiterou.

Cordelia MacLearie virou o rosto para frente, empinando levemente seu queixo, parecendo uma menininha emburrada. Sirius quis rir, vendo-a apertar o enorme pote de picles que agora estava carregado de raízes de elódea, planta completamente desconhecida para ele.

– Não quer que eu leve isso aí? - Sirius ofereceu, para provocá-la, sabendo que ela ia negar.

– Não. - Cordelia respondeu friamente, apertando mais o pote contra si. De vez em quando ela parece uma criança. Sirius Black pensou, se divertindo com a birra dela. Realmente a imagem de Cordelia MacLearie na intimidade era algo muito diferente do que tentava passar para os que mal conhecia.

Ao finalmente chegarem na frente da entrada da sala comunal da sonserina, Cordelia deixou o pote de raízes no chão ao seu lado, e estendeu a mão, silenciosa, aguardando o que ele garantira.

Sirius a puxou, virou-a delicadamente, e deu-lhe um beijo nas costas de sua mão. Fixou seus olhos nos dela, enquanto sorvia mais uma vez a sensação gostosa que sentia ao vê-la enrubescer.

– Devolva minha gravata. – Cordelia falou, séria, fechando os olhos e respirando fundo.

Sirius, em resposta, se aproximou e puxou-a um pouco abaixo das coxas para cima, levantando-a do chão. Cordelia soltou uma exclamação de surpresa, segurando-se nos ombros dele para se equilibrar. Ele a beijou uma última vez, seus braços deixando-a deslizar um pouco para baixo, sentindo o antebraço roçar na sua peça de roupa íntima de renda. Teve de soltá-la para se controlar outra vez.

– Jamais. – Sirius respondeu. – Boa noite, Cora. Sonhe comigo. – Ele falou, em tom de exigência, e a deixou ali, na frente da entrada para sua sala comunal, um pote de picles recheado de raízes de elódea ao seu lado, sua respiração entrecortada, suas bochechas vermelhas... Seus olhos verdes-claros fixos nos olhos dele.

Não era Emmeline quem quisera beijar naquele domingo.

Era a menina que beijara na feira cigana, e beijara de novo naquela quinta-feira de detenções, a melhor das detenções que já tivera.

Mas Cordelia não precisava saber disso.

Levaria sua gravata, mais uma vez, como castigo por fazê-lo sentir-se assim.

Fanart maravilhosa feita pela tia voldy! *_* Linda demais a montagem!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Heheheheh, as coisas estão esquentando! Tanto as tensas quanto as de... Outro gênero!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Always With Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.