Always With Me escrita por Menta


Capítulo 21
Honey, I Want You - Parte Um.


Notas iniciais do capítulo

Má oêêêê meninadaaa!
Hoje a inspiração me atacou como um bólido desenfreado, então tive de escrever em torno de... 8.700 palavras! POIS É, NÉ! Tá foda o negócio. Quando resolvo que vou escrever capítulos menores, nããão, desista, Menta, você é incapaz disso AUHAUHUHSUHE! XD Pois é! Mais uma vez teremos Sirius em seus capítulos duplos! Parte um e parte dois.
Peço que, sério mesmo galera, comentem nas duas partes. Poxa, essa semana eu estou postando TRÊS capítulos de uma vez! Três!!! Não é pouca coisa hahahahah! Então, qualquer comentário que for, não precisa ser grande, nem bonito, nem bem escrito, é bem-vindo! Estamos com cinquenta leitoras na fanfic, e eu só vi quinze desse montante comentarem! No geral ando recebendo só cinco ou seis comentários por capítulo! :/ Por isso dedico este capítulo para LaurenPS (outra vez, sua fofa), duda fap (que comentou rapidinho no último capítulo), Lena18 e Lune Noire, leitoras que sempre comentam!
Nesta parte, teremos um Sirius bastante confuso e momentos classic Marauders, bem como algo tenso no começo... E um final bem engraçado, eu espero! Lá embaixo tem uma fanart maravilhosa da Laurenlinda que muito combina com esse capítulo!
No próximo, teremos.... Sirilia! AÊÊÊÊ todas comemora HAHAHAHA! E uma fanart feita pela tia voldy, uma montagem linda demaaaais, que eu amei muito! Muito obrigada a vocês duas e a Lune Noire, outra leitora que me presenteia com fanarts de vez em quando! Vocês são o máximo!
Assim, que a magia flua em todas vocês!
Beijos e boa leitura!



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A semana após os dias de visitas à Hogsmeade se passara de forma muito mais animada do que Sirius poderia esperar.

Remus se recuperara bem da última transformação em lobisomem, e inclusive conseguiram convencê-lo de tomar parte na pequena comemoração do aniversário de Sirius Black, uma pequena prévia do que se daria efetivamente junto ao de Prongs, naquele final de semana que viria.

No último domingo, os quatro amigos se juntaram a Emmeline Vance, Mary MacDonald e Maji Chang, a monitora da Corvinal que era amiga de Lily Evans, para tomar alguns whiskeys de fogo contrabandeados e enfim beber a parte da garrafa de Fada Verde que Sirius conseguira surrupiar do estoque do Três Vassouras em um dia em que “distraíra” Madame Rosmerta. O plano teria sido consumir a bebida na festa de Remus que se dera no início daquele mês, mas, por conta da súbita mudança de planos – vulgo ter-se visto na posição de salvar uma ingrata Cordelia de seu ex-namorado cuzão que a atormentava em um corredor vazio do sétimo andar – tiveram de guardá-la para uma outra oportunidade.

A oportunidade chegara, junto a uma boa quantidade de ervas finas para o consumo “recreativo”, especialmente um bom montante de guelricho. Assim, nos fundos de um quintal abandonado atrás do Três Vassouras, o grupo aproveitou um belo final de tarde de um domingo de primavera.

Após algumas horas, o inevitável aconteceu, e todos menos Wormtail tiveram alguns momentos de diversão com suas companhias femininas. Sirius, mais uma vez, com Emmeline, provavelmente a única amiga e colega da Grifinória com quem já trocara alguns beijos – e algumas coisas mais – que nunca se magoara com a personalidade completamente displicente do rapaz a respeito do tema “possíveis relacionamentos amorosos”. Sabia que aquilo seria só uma coisa de momento, e realmente agia e falava de forma como se não se importasse. Até mesmo James, chapado de guelricho o suficiente, fora idiota a ponto de flertar com Mary MacDonald, uma das amigas de Lily, de forma tão incisiva que logo a garota cedeu.

Aquilo provavelmente seria mais um balde de água fria em cima das suas já falhas tentativas de conquistar seu tão desejado “troféu ruivo”, mas Sirius estava muito ocupado naquela hora, distante dos amigos, atrás de um muro de uma das casas do povoado escocês bruxo vizinho à escola, acompanhado de Vance. Quando estava próximo da hora de retornaram ao castelo, todos já atrasados, enfim conseguiram levantar o astral de Remus Lupin o suficiente para convencê-lo a dar em cima da monitora da corvinal, plano que foi mais do que bem sucedido.

Agora, na manhã de quinta-feira, depois de três dias repletos de procrastinação e uso indiscriminado de guelricho nas horas vagas – afinal de contas, era a semana de aniversário de Sirius e James – Lupin ainda sustentava sua própria paranoia de que Dorcas pudesse ter descoberto algo a respeito, remoendo que quando voltasse a frequentar o grupo de estudos de terça-feira após o jantar, teria de lidar com as duas, pois Meadowes e Chang eram parte dele. Enquanto isso, praticamente a escola inteira dera parabéns a James Potter por seus 17 anos, que agora tinha uma pilha de presentes ao lado do banco da mesa da grifinória.

– Não quero tratar nenhuma das duas como... – Remus olhou para James e Sirius, devagar, e levantou uma sobrancelha. Sirius entendeu a indireta que aquele gesto significou - ...Como um babaca. – O amigo falou, preocupado.

– Ou seja, como um de nós dois. – Sirius respondeu, indiferente, dando de ombros. – Toque um foda-se para isso, Moony. Deveria estar feliz porque aquela sua promessa de celibato foi pros ares no mesmo dia que a fez. – Ele sorriu, irônico.

– Está aprendendo conosco! Como essas crianças crescem rápido! Nosso lobinho outro dia era virgem, e agora já está partindo corações. – James falou, fingindo uma expressão de orgulho como se Remus fosse um garoto de seis anos que aprendeu a ler.

– Cale a boca. – Moony sussurrou baixo, mudando a página do Profeta Diário daquela manhã. Olhou para os lados, preocupado que alguém pudesse ter escutado a referência a sua licantropia.

– Queria eu poder estar tratando alguém como um babaca. Belos amigos vocês são. – Wormtail reclamou, mastigando de boca aberta grandes porções de ovos mexidos. – Fiquei nos fundos do Três Vassouras, sozinho, como um idiota, esperando. – Ele engoliu grandes bocadas da comida.

– Não é nossa culpa a sua falta de talento, meu amigo guinchador. – Prongs brincou, ajeitando os óculos redondos em seu rosto.

– Não se preocupe, Pete. No sábado vou levá-los a um lugar onde não vai faltar mulher. – Sirius Black deu um sorriso malicioso para os amigos, e podia prever o olhar de desaprovação de Remus, assim que ele terminasse de ler o jornal bruxo.

– E por falar em talento... – Prongs cutucou Sirius e apontou um grupo de garotas que chegavam para o café da manhã, de costas para os quatro amigos. Podia ver e reconhecer os cabelos e silhuetas de Vance e Mckinnon, mesmo àquela distância.

– Sirius, seu tremendo filho da puta, eu sou seu fã. – James assobiou baixinho, reparando nas minissaias que as duas garotas usavam, uma vez que o tempo primaveril permitia roupas mais curtas. Mckinnon era um tanto mais alta do que Vance, mas eram igualmente lindas, especialmente suas formas reconhecidamente “amadurecidas”.

– Não acha que seria melhor se afastar de Vance? – Remus sugeriu, ele mesmo olhando de esguelha a bela visão matutina, embora não fosse admitir, caso os amigos o provocassem a respeito. – Não acho que Mckinnon tenha lidado bem com... – Lupin continuou, falando em um tom calmo, mas Sirius logo o cortou:

– Ela já é bem crescidinha, Moony. As duas são. – Sirius falou maliciosamente, sua voz ao mesmo tempo debochada pelo duplo sentido da frase, mas decidida, mostrando que não queria sequer discutir o mérito da questão apontada pelo amigo.

– Ô se são. – Wormtail disse ao lado de Remus, sua voz ansiosamente concordando.

Sirius soltou um muxoxo de desdém ao ver James agora, em seu estado de paralisia letárgica ao admirar uma Lily Evans sonolenta descer para o café da manhã. O resto do mundo parecia não existir, enquanto ele a encarava com seus olhos castanhos vidrados como se tivesse cheirado uma carreira de Pó de Flu.

– Só estou sugerindo que tenha mais cuidado com suas decisões. – Lupin sugeriu, sensato porém hipócrita.

– Nunca tive problemas desse tipo com a Emmeline. Ela é tranquila. – Sirius deu de ombros, bebendo o resto de suco de abóbora de seu copo.

– Sabe que não estou falando dela. – Remus insistiu, e Sirius percebeu que ele estava sugerindo Marlene. Mas, estranhamente, Sirius imediatamente pensou em Cordelia. Irritado, pegou seu garfo e roubou alguns pedaços de ovos mexidos do prato de Wormtail, mastigando com vontade. Peter o xingou em retribuição, mas permitiu o abuso.

– Moony, já deu. Não desconte suas frustrações em mim. Sabe que estou pouco me fodendo para ela. – Sirius respondeu, grosseiro, tentando evitar a imagem da garota da sonserina em sua mente. Por algum motivo idiota, se sentia um tanto culpado.

– Por falar em pouco foder! – James insistiu outra vez, dessa vez virando-se para Sirius, um sorriso malicioso e largo estampado em seu rosto. Já sabia o que Prongs iria dizer, e revirou os olhos antes que ele terminasse.

– Como vai nossa amiguinha celta? E a nossa outra amiguinha, a aposta? – Prongs disse baixo, zombeteiro. Sirius podia sentir o olhar reprovador de Moony ainda mais incisivo agora.

– Não faço a menor ideia. Não sei dela desde a última detenção. – Black mentiu descaradamente.

– Isso não pode ficar assim. Não sabe o que ouvi Filch falando para o professor Slughorn, ontem à noite, um pouco antes de quando me flagrou tentando dar uma passada na Sala Precisa antes do jantar! – James disse, animado.

– Que ele tem um gigantesco tesão reprimido por você e não vai aguentar de saudades depois do fim das suas detenções em abril? – Sirius debochou, e Remus e Wormtail riram. A obsessão do zelador por James permitia que aquela fala esdrúxula realmente não soasse tão sem sentido assim.

– Também. – James respondeu, como se o que o melhor amigo dissesse tivesse sido completamente normal. Moony balançou a cabeça, rindo e ainda lendo o jornal. – Mas depois disso ele comentou com o gordo bonachão que precisava alertá-lo sobre duas meninas da sonserina que ganharam detenção por ter agredido outro colega da Casa. – Os olhos de James faiscaram por trás dos óculos redondos, divertidos. – A MacLearie e a McNair! Só não sei quem foi que elas atacaram. – James Potter comentou, pensativo.

– Tomara que tenha sido o Regulus. – Sirius falou imediatamente, e com tamanha agressividade e honestidade que até James ficou calado por alguns instantes. Depois de um silêncio de alguns segundos, percebendo que o feitiço virara contra o feiticeiro, Prongs tentou continuar o assunto.

– Sabe quem foi, Moony? – James perguntou, tentando parecer descontraído, mas Sirius percebeu que ele ficava sem jeito quando falava daquela forma de sua própria família. Todos os três, na verdade.

– Eu ouvi falar que tinha sido o Rabastan. – Wormtail respondeu, para a surpresa de todos, geralmente sempre o mais excluído dos mais recentes acontecimentos. - Frank falou, ontem, na sala comunal, feliz pra burro. Quando eu estava terminando o dever de história da magia para hoje. – Peter falou, parecendo ressentido. Naquela tarde, nenhum dos outros três estava com suficiente paciência para ajudá-lo em sua lerdeza acadêmica de sempre.

– Puta que pariu, sensacional! – Sirius xingou, rindo. – Estava com vontade de quebrar a cara dele desde quando me acertou aquele balaço! – Ele falou, também animado.

– É sempre bom saber de sonserinos se fodendo. – James concordou, sorrindo. – Deve estar felicíssimo de ser defendido pela sua fada celta, Padfoot. Como você ia ficar se seu lindo narizinho tivesse sido deformado para sempre? – Prongs debochou do amigo, troçando Sirius por julgar o amigo muito cheio de si, especialmente a respeito de sua aparência. O que era no mínimo irônico, afinal de contas, James era uma das pessoas mais convencidas que Sirius Black já conhecera.

– Ainda assim ficaria menos feio do que você. – Sirius respondeu de prontidão, e Wormtail deu uma risadinha. Lupin agora parecia muito sério, e parecia ler a mesma página do Profeta Diário há muito tempo. Subitamente, os três pararam de agir como idiotas e perceberam que havia algo errado.

– Moony, qual é a bomba de bosta, dessa vez? – James comentou, brincando, tentando manter o clima menos pesado.

– Acharam o corpo do avô do Macmillan. – Sirius, James e Peter olharam para a mesa da Lufa-Lufa, ao lado, buscando um determinado aluno. – Não estão colocando muitas dessas notícias, nem nas manchetes principais. Imagino que para abafar uma possível reação de pânico.

Bem afastado, na ponta da mesa próxima a saída do salão principal, viram o rapaz chamado Henry Macmillan, um aluno do sétimo ano, muito quieto, e um grande grupo de amigos em volta dele falando com vozes suaves e reconfortantes. A lufa-lufa costumava ser a mesa mais barulhenta, mesmo àquela hora da manhã, superando a grifinória naquele quesito. Porém, neste dia, Sirius enfim reparara que pareciam estranhamente solenes... De luto.

– O que mais diz? – Prongs insistiu, agora sem sombra de humor em sua voz.

– O corpo estava sem cabeça. – Remus disse, sorumbático. – E sem traço nenhum de sangue no corpo. Seco e áspero como areia. – O amigo falou, franzindo as sobrancelhas. Sirius sentiu uma forte sensação de repúdio dentro de si, e imediatamente lembrou do irmão envolvido com Comensais da Morte. A sensação de repulsa apenas aumentou.

– Bem, ao menos o devolveram para a família, finalmente... – James comentou, sério e melancólico. Pete parecia nervoso, roendo as unhas. Parara de comer.

– Não puderam fazê-lo. – Remus retrucou, e Wormtail fincou seu nariz no jornal que Moony segurava, agora ainda mais apreensivo.

– Por quê? – Sirius perguntou, a voz fria, mas já imaginava os motivos. Conseguia imaginar. Afinal, crescera na família Black.

– Magia das trevas. – Moony respondeu o que Padfoot imaginava. – O repórter legista que tentou tocar o corpo morreu imediatamente, gritando de dor. – Remus adicionou. – Imaginam que foi colocada alguma maldição que impede que alguém se aproxime muito do cadáver.

– Para humilhar ainda mais a família do morto. – Sirius complementou. Os outros três amigos o encararam e se entreolharam.

– Possivelmente. – Remus concordou. – Sumiram com o cadáver com um feitiço evanescente, para evitar maiores fatalidades. Haverá um enterro simbólico hoje. – Ele terminou de falar, e os amigos observaram Henry ser acompanhado por alguns colegas da Casa até a saída do salão principal. Sirius reparou que ele já tinha consigo uma pequena mala. Será que sairia da escola? Ou apenas se ausentaria para ir ao funeral do avô?

Provavelmente Dumbledore lhe dera licença para o rapaz se retirar antes do café da manhã, mas ele preferiu encarar os colegas e sair depois. Sirius sentiu uma pontada de admiração pelo rapaz, por sua coragem. Talvez, quem sabe, quisesse se despedir de alguém. Sirius encarou os alunos da lufa-lufa que conhecia. Até mesmo Lauren O’Lerine parecia séria, a garota do quinto ano que era sempre tão sorridente e repleta de alegria esfuziante.

Se imaginou no lugar do rapaz. Provavelmente ele tinha uma família amorosa, dada a expressão de dor em seu rosto. Um avô que amava e de quem nunca pôde se despedir. Alguém por quem agora sentia um profundo pesar pela forma cruel de sua morte.

Era tão diferente de sua realidade. De sua família.

Se Regulus Black, porventura, acabasse por se envolver no assassinato de algum familiar seu, que não fosse Andie ou seu tio Alphard, Sirius talvez até mesmo risse do acontecimento. Da desgraça de Regulus e da própria família que o abandonara.

O café da manhã já ia terminar quando James tentou mais uma vez desanuviar o clima pesado.

– E a tal poção do vigor? – James comentou, forçando um sorrisinho malicioso. – Quando vamos testar essa parada? – O amigo sugeriu, tentando incutir alguma animação ao grupo.

– Você acabou de me dar uma grande ideia. – Sirius respondeu, de uma forma levemente feroz, o que deixou James surpreso. O garoto de óculos levantou uma sobrancelha, e Moony, que finalmente terminara a leitura do jornal, encarava Padfoot com as mãos cruzadas por sobre a mesa. Parecia perceber que Sirius queria se desviar de algo. Porém, mantinha-se em silêncio, o que o rapaz muito agradecia por dentro.

Aos olhares curiosos dos outros três marotos, Sirius buscou uma embalagem de sapo de chocolate dentro de um bolso de sua camisa do uniforme, abrindo-o. Esperou o sapo dar sinal de vida, se remexendo entre seus dedos, e o forçou a abrir sua boca, derramando uma boa quantidade da poção que Cordelia lhe dera de aniversário goela abaixo do sapo.

– Você não vai... – James falou, subitamente compreendendo, mas era tarde.

– Oy, Frank! Pega! – Sirius gritou para um rapaz sentado a alguns metros de distância, abraçado com Alice. O rapaz o encarou, e Sirius já tinha jogado o sapo de chocolate em sua direção. Com reflexos de batedor dignos de admiração, Longbottom se levantou e engoliu o sapo de uma tacada só, enquanto alguns alunos riram e aplaudiram.

– Bem, isso vai responder algumas questões. – James falou, rindo e passando as mãos por seus cabelos rebeldes.

Pelo visto, a poção não tinha gosto – o que a tornava ainda mais perigosa –, pois Frank não demonstrara nenhuma estranheza quanto ao gosto do chocolate recheado de “poção do vigor”.

O efeito foi quase instantâneo. Em um minuto, Frank Longbottom estava calmo, conversando com Aurelia e Tim Wood, seus colegas de Casa e do time de quadribol, enquanto Alice comentava sobre o último jogo das Hárpias de Holyhead, quando subitamente Sirius, James, Peter e Remus viram o rapaz tremer subitamente, dos pés a cabeça. Frank, sacudiu a cabeça e se despediu dos amigos e da namorada. Falou que precisava fazer uma corrida de aquecimento ao longo dos jardins antes das aulas.

– Mas Frank, faltam dez minutos para... – Alice ia começar, mas Frank a puxou para um beijo tão animado que pareceu quase pornográfico, derrubando a garota por cima da mesa e sujando o rosto de Tim com a gordura do bacon do prato que comia. A expressão completamente surpresa de Aurelia e Tim foi tão engraçada que boa parte da mesa começou a gargalhar, tanto pelo gesto exagerado quanto pela reação.

– Arranjem um quarto, porra! – Wood xingou audivelmente, se levantando e limpando o rosto.

Sirius e os três amigos quase rolaram no chão de tanto rir, o que foi apenas incentivado ao verem Frank sair, correndo em trote animado pelo salão principal, indo em direção aos jardins.

Enquanto sentia lágrimas subirem aos olhos de tanto rir, Sirius derrubou um pouco da poção na boca escancarada de Wormtail, que ainda gargalhava. Pete engasgou e quase vomitou, mas engoliu a poção. James parecia ensandecido, rindo ainda mais depois do gesto babaca de Sirius. Moony balançou a cabeça, em reprovação, mas evidentemente se divertia.

Pouco tempo depois, os amigos se recuperavam de seus risos anteriores, enquanto o efeito se deu em Peter. Sua barriga roncou de maneira tão ridícula e tão audivelmente que Mary MacDonald, sentada alguns metros próxima dos rapazes, o encarou com reprovação. Os três amigos gargalharam, enquanto Peter comia com velocidade e voracidade impressionante todos os pratos que podia encontrar.

– Moony, tire sua mão de perto dele senão ele vai roê-la também! – James Potter debochou, colocando a mão na barriga que doía de tanto rir.

– Vamos lá, Moony, sua vez agora. – Sirius insistiu, aproximando a poção do rapaz.

– Nem tente. – Remus desviou-se com agilidade, assustado com a possibilidade de tomar a poção.

– Espere um pouco. – James falou, com uma ideia súbita. – Hoje temos aula de que mesmo? – Perguntou, retoricamente, mas Peter, sendo meio lerdo, já respondeu:

– Herbologia, história da magia e dois tempos seguidos de poções.

– Exatamente. Herbologia. Com a sonserina. – Os olhos de James faiscaram com a ideia. – É agora que vamos ver do que essa poção do vigor é capaz. – Prongs falou.

– Meu caro Prongs... – Sirius falou, concordando de imediato. - ...Nós não seríamos nós mesmos se não emendássemos uma detenção na outra. – Os dois sorriram igualmente um para o outro, enquanto Remus meneava a cabeça, porém sabendo que não os convenceria do contrário.

***

Depois de quase destruírem a estufa da professora Sprout testando a poção celta no vaso de planta carnívora que Severus Snape estava responsável por cuidar, fazendo o vegetal aumentar de tamanho a proporções monstruosas, ficando do tamanho do próprio aluno, Sirius e James mal puderam controlar as próprias gargalhadas. Apesar de muitíssimo estranha e bizarramente dentada, a planta apenas se alimentava de cabelos humanos, tanto que os alunos participaram da aula munidos de perucas para alimentá-los.

Boa parte dos alunos da grifinória riram da desventura de Severus Snape. Provavelmente atribuíram o crescimento súbito do vegetal a algum feitiço do rapaz de cabelos oleosos que saíra errado. Em segundos a planta vistosa já estava agarrando o aluno incauto e completamente atordoado e tentando devorar seus cabelos sebosos. Alguns amigos de Snape tentavam lançar feitiços contra a planta, que apenas se irritava e agarrava mais alguns com suas folhas.

James e Sirius sabiam que a professora não conseguiria provar que fizeram nada, e no máximo seriam castigados por sua postura inconsequente.

– Snivelly, ouvi falar que extrato de babosa faz bem para os fios capilares! Não se incomode! – James gritou e muitos alunos grifinórios riram. A professora Sprout tentava desesperadamente diminuir o tamanho do vegetal, que finalmente foi reduzido graças aos efeitos de um “reducto” bem conjurado.

Ao final da aula, saíram com os ouvidos doendo graças a um sermão de uns bons cinco minutos da professora por sua falta de espírito de camaradagem com um aluno em sofrimento, e a promessa de mais detenções para aprenderem a se portar de forma decente. Sirius já podia imaginar Filch tendo orgasmos ao saber que teria mais detenções para aplicar nos dois.

– Pense pelo lado bom, Sirius. – James sorriu para ele, quando já estavam na última aula do dia, junto ao professor Slughorn e novamente à turma da sonserina, na aula de poções. Snape não se machucara, mas Black podia sentir seu olhar assassino cruzando as carteiras em direção aos dois. – Agora terá mais detenções com a MacLearie, quem sabe. – Ele brincou.

– Hoje talvez seja a última. – Sirius respondeu, fingindo indiferença, acrescentando raiz de asfódelo em pó na mistura que preparavam. Era uma complicada poção para curar os efeitos de uma doença chamada melancolia bruxa, enfermidade mental que, se não tratada, poderia levar o doente a morrer de inanição, sem forças sequer para se alimentar.

– Então faça valer a pena. – James incentivou, levantando uma sobrancelha. Parecia bem mais animado mesmo depois da notícia terrível daquela manhã. Talvez não apenas pela diversão às custas de Snivellus, mas por ver que, mesmo naquela situação de risco, Lily Evans não voltara a conversar com Severus Snape, nem fora consolá-lo após o ataque que sofrera.

Passadas mais algumas horas, a aula acabou, e Slughorn cobriu os dois alunos de elogios, assim como Remus e Wormtail, que, incrivelmente, talvez sob efeito da poção do vigor, não fora um completo fardo para Lupin carregar nos ombros durante a aula, e o ajudara a produzir uma poção curativa exemplar. O garoto gorducho estava tão eufórico e produtivo que parecia estar ligado por energia elétrica, a forma que os trouxas usavam para energizar seus equipamentos eletrônicos. James tinha os olhos perdidos em Lily, que conversava animadamente com Slughorn após a aula, e Sirius o chamou para fora.

– Acho que a MacLearie quis tirar um barato da minha cara com essa poção. – Sirius respondeu, tendo uma outra ideia.

– Pode descontar isso mais tarde, Paddy. – James disse despojadamente. Remus e Wormtail conversavam entre si, o último se auto-vangloriando por seu bom desempenho inesperado, sendo incentivado gentilmente por Moony.

– Vou descontar agora. – Sirius Black respondeu, vendo o tempo bom que fazia fora do castelo, ao subir as escadarias das masmorras junto com os três amigos.

– Vamos ficar um pouco nos jardins. – Sirius sugeriu, sorrindo malicioso, e bebendo enormes goles da poção de vigor que recebera de Cordelia. James, Remus e Peter arregalaram seus olhos, enquanto Sirius entrou no banheiro masculino mais próximo, agora vazio, e saiu em forma de cão, correndo pelos corredores do castelo afora.

***

Enquanto James se divertia com suas manjadas tentativas de soltar um pomo de ouro e capturá-lo sem maiores dificuldades, e Peter lhe dava olhares ainda mais manjados de admiração, Remus, o único com algo na cabeça dentro daquele grupo, estudava para as provas de final de semestre. Sirius, por si só, caminhava pelos jardins do castelo, em forma de cachorro.

Já estava acostumado a ser admirado por onde passava, mas, quando ficava em forma de cão, era tudo muito mais... Engraçado. As garotas que lhe diziam “awnnn” enquanto fingia ser um cachorro serelepe e podia lamber-lhes e fuçar em “locais” não muito apropriados se estivesse na forma humana, os sonserinos covardes que corriam se rosnasse forte para eles, tudo aquilo sempre lhe fizera latir animado, e o divertia estupidamente. Os efeitos da poção do vigor pareciam se intensificar agora em forma animal, deixando-os mais intensos... Sirius Black sentia uma profunda necessidade de correr, ocupar seu corpo e sua mente, com uma energia enorme a ser gasta. E, mesmo que não fosse contar esse detalhe para os amigos depois, sentia uma enorme falta do cheiro de Cordelia.

Depois de provocar duplamente James e Remus ao pedir carinho para Lily Evans, que sentava-se na beira do lago ao lado de Dorcas Meadowes, Sirius aprumou-se ao ver o reflexo dourado de cabelos loiros resplandecentes, muito dourados à luz do sol vespertino de primavera.

Sentiu um cheiro divino, o cheiro mais agradável que já sentira em sua forma canina, muito intenso, forte, chamativo, que o fazia querer respirar múltiplas vezes para senti-lo repetidamente. Algo floral, e sabia a quem pertencia. Sentiu seu sangue ser bombeado cada vez mais rápido pelo seu corpo, e todos os seus sentidos o incentivavam a ir correndo em direção à dona daquele aroma delicioso.

O cão negro latiu e saiu trotando em direção da garota que reconhecera, seus olhos verde-claros expressando reconhecimento imediatamente. Depois, viu o rosto de McNair lhe fazer uma expressão de desprezo, afastando-se, e a reação de agradável surpresa de Cordelia. Percebeu que ela provavelmente lembrara-se da noite em que evitara que encontrasse com Remus sob a forma de lobisomem.

– Senhor Sinistro...? – Cordelia MacLearie falou baixo, descrente no que via, mas com um belo sorriso discreto desenhando-se em seu rosto.

Sirius latiu, como se em resposta afirmativa e pulou em sua barriga, a derrubando um pouco para trás. Se sentia idiota fazendo aquilo, mas, por alguma razão, se sentia mais atraído para perto de Cordelia do que nunca.

– Lia, por favor! – McNair reclamou, parecendo enojada. – Esse cachorro deve ser sujo!

– Não estou fazendo nada! – MacLearie falou, levantando as sobrancelhas, um tanto desarmada. Sirius circulou em volta dela e pulou em suas costas, mordendo para baixo suas saias, depois. Viu que deixara várias marcas de almofadinhas em sua blusa branca, antes muito limpa.

– Lia! Pare com isso, sua louca! – McNair censurou, mais agudo, mas agora ria do cachorro que, rosnando como se o tecido fosse seu pior inimigo, puxava as saias de Cordelia para baixo. Sirius, com seu ouvido aguçado, podia ouvir James, Remus e Peter gargalhando, mesmo longe da cena.

– Solta! – Cordelia falou, decidida, achando que Sirius a obedeceria. Ele não queria obedecê-la, de qualquer forma, mas, pelo efeito forte da poção que tomara, se sentia encantado para não se afastar dela. – Solta agora! – Ela insistiu, sem sucesso.

Já vira como a garota tinha o respeito de todos os animais, que pareciam compreender suas vontades e gestos, provavelmente pelo seu sangue celta. Mas, é claro, não imaginava que o cachorro negro que via era na verdade ele mesmo. Sirius continuou mordendo suas saias, enquanto vários alunos ao redor passavam a rir da situação, alguns assoviando. Sirius Black virou o rosto para um rapaz da lufa-lufa que assoviava, o incentivando a puxar as saias de MacLearie, e rosnou em sua direção, suas orelhas para trás em uma postura tão desafiadora que o garoto parou e encarou o animal, aparentando estar surpreso e ameaçado.

Quando se voltou em direção a Cordelia, via que a garota já voltava para o castelo, andando muito rápido e olhando para trás inconformada, como se não acreditasse que o cachorro a desobedecera. McNair ainda ria, andando rápido ao seu lado, parecendo dizer-lhe algo em provocação.

Sirius sentiu uma pontada aguda em seu coração. Tinha vontade de ganir alto e correr na direção dela, porque ela saíra de perto dele e o rejeitara. Percebia que aquilo era provavelmente um dos efeitos da poção do vigor, que, como ele percebera pelas ações de Frank, potencializava seu desejo sexual. Só poderia ser isso, e nada mais além.

Ao menos, era do que queria se convencer.

Ao afastar-se para dentro da Floresta Proibida e transformar-se em sua forma humana novamente, Sirius passou as mãos pelos seus cabelos, voltando pela ponte suspensa para depois descer aos jardins e encontrar os amigos sem que levantasse suspeitas. Enquanto andava, lembrou-se de uma sensação estranha que sentiu quando estava com Emmeline no domingo passado. Fora divertido, sem dúvidas, mas ele percebeu porque fizera questão de mais uma vez aproveitar algum tempo com ela. Emmeline era morena, jogava quadribol, era da grifinória e uma das garotas mais simpáticas, bem resolvidas e extrovertidas que conhecera.

Era o extremo oposto de Cordelia.

E, dentre vários momentos em que estivera aos beijos com a garota naquele dia, teve uma irritante sensação de surpresa ao abrir os olhos, uma sensação instintiva, inevitável... E ver que a menina que beijava não era uma garota de cabelos loiros, dourados, e cintilantes como seus olhos verdes-claros.

Ao ver os olhos claros de Emmeline lhe sorrindo travessa, sentiu falta do olhar encabulado de Cordelia, a parte mais gentil de seu rosto, e de seu sorriso discreto, que mostrava a menina que realmente era, e não a máscara de nojentinha puro-sangue da sonserina. Da forma como o encarava depois que a puxava para si, sempre intensa e tímida ao mesmo tempo.

Seu sorriso de menina, e seus doces olhos sonserinos.

Sirius, irritado com seus pensamentos tolos, chutou com força um balde cheio de abacaxis que encontrara em um dos corredores do terceiro andar, que foi atingir a cartola de Pirraça, carregando diversas correntes, flutuando à distância. Enquanto o fantasma o xingava e tentou atingi-lo com os abacaxis em retribuição ao chute, o rapaz azarou-o com um feitiço congelante certeiro, e, depois de descer as escadarias principais, saiu em direção aos jardins da escola.

Jamais contaria certos detalhes do que a poção do vigor de Cordelia fizera consigo a ninguém. Ele tentou dar o troco na garota por tentar tirar uma com a sua cara, mas o feitiço acabou saindo pela culatra. Sirius estava se sentindo um completo idiota, dada à intensidade das sensações que fez questão de atribuir, todas, aos efeitos da poção.

Ainda que, no domingo passado, não tenha tomado uma gota sequer dela.

Caminhou até encontrar seus amigos, e James lhe gritou um “FINALMENTE!” à distância.

– E então, Padfoot? – James perguntou, troçando. – Como foi sua tarde nos jardins? – Ele provocou.

– Marcante. – Sirius fez a piada infame e todos os amigos riram. Sem dúvidas, muito marcante. A camisa e a saia dela que o digam. Sirius Black pensou, sorrindo consigo mesmo, lembrando-se das marcas de almofadinhas que deixara no branco do tecido do uniforme de MacLearie.

– Não acham que já foi o suficiente por hoje? Que tal tentarem fazer algum dever, ou estudar um pouco para variar? – Remus ralhou, mas sua tentativa de bronca falhou miseravelmente, pois estava rindo um pouco também.

– Nem começou ainda. – Sirius respondeu, resoluto.

– Ah, Remus... Tem mais “puppy love” à noite. – James debochou, e os amigos gargalharam. Até mesmo Sirius riu, sentindo-se mais leve, mesmo que ainda um pouco confuso com as lembranças irritantes de domingo.

Cora... Me aguarde. Sirius pensou, e mal podia esperar para que sua última detenção de quinta-feira à noite, a última até o prazo de abril, começasse.

Fanart feita por LaurenPS! Ela é uma diva dos desenhos, gente!


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! DEIXEM REVIEWS NAS DUAS PARTES, POR MERLIN! Curiosidade: a música do título é uma música maravilhosa do Bob Dylan. Caso tenham curiosidade, escutem!



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