Always With Me escrita por Menta


Capítulo 15
Spring is Here


Notas iniciais do capítulo

Boa noite queridas leitoras!
Venho com mais um capítulo da Cora, já que o Sirius ganhou dois capítulos duplos. Neste, teremos uma curiosa surpresa durante a aula de adivinhação, o resultado do círculo de proteção celta e... A celebração de Ostara, no dia 21 de março, o dia que também é curiosamente o aniversário do Sirius! Teremos um presente que nosso cachorrão certamente gostará HEHEHEHE e Cordelia cada vez mais envolvida com seu charme canino. Próximo capítulo será de... Regulus Black! E depois do Sirius de novo. =)
Quero dedicar este capítulo especialmente às leitoras Lune Noire e LarissaZG, as duas que me presentearam com meu favorito presente: recomendações! Ao final do capítulo, vocês também ganharam presente! Níver do Sirius é festa para todo mundo, êêê!
Também quero agradecer por todo o carinho das leitoras LaurenPS, tia voldy, Babi Prongs, duda fap que sempre comentam em meus humildes escritos! Agradeço também à nova leitora a se pronunciar, Lena18, que comentou no capítulo passado pela primeira vez. Espero vê-la sempre aqui!
Ademais, espero que isso anime aos leitores fantasmas a se manifestaram. Podem crer que eu não vou deixar nenhum leitor no vácuo, e todos serão respondidos com o carinho devido! =D Por isso, tenham consideração pelo meu esforço e comentem, também.
E quem mais quiser recomendar a história... Hehehehehe! É mais do que bem-vindo!
Assim, beijos e boa leitura!
Que a magia flua em todas vocês!



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– Senhorita MacLearie, poderia dizer para a classe o notável motivo que a impede de prestar atenção na minha aula? – Patience Fancolurt ralhou. A professora de adivinhação era uma das mais jovens profissionais a integrar o corpo docente da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, por razões desconhecidas pelos alunos, que no mínimo duvidavam de seu potencial clarividente. Tinha em torno de 23 anos, e julgava-se tão inteligente quanto sua avó, Perpetua Fancolurt, a inventora do lunoscópio, uma das bruxas das figurinhas dos sapos de chocolate. A professora ajeitou seus cabelos morenos cortados em estilo chanel, parecendo uma bruxa parisiense saída da Belle Époque, e aproximou-se levantando o queixo longo de maneira esnobe para Cordelia.

Sentadas ao seu lado, na mesma mesa redonda com espaço para um máximo de quatro ocupantes, Phyllis e Grace se entreolharam, a segunda franzindo os lábios para a professora, em tom desafiador, e a primeira dando a Lia um curto e incisivo olhar. Ela sabe que tem algo acontecendo comigo. Cordelia pensou, respirando fundo, fingindo que sua irritação era somente pela bronca de Fancolurt, e não pela “marcação cerrada” que uma de suas melhores amigas agora lhe dispunha.

– Sinto muito, professora. Dormi pouco esta noite, não estava me sentindo bem. – Cordelia respondeu humildemente, sua voz monocórdia e desinteressada não combinando com o tom polido de suas palavras. Enquanto respondia Patience, foi deslocando seus olhos para reparar nas cortinas de veludo de presilhas douradas, deixando a sala mais escura e claustrofóbica do que Lia gostaria. Nunca gostara de espaços muito fechados, preferindo, sempre que possível, estar ao ar livre, ou em espaços mais harmoniosos com a natureza.

– Se estava se sentindo indisposta, já conhece há cinco anos o caminho para a ala hospitalar. – Fancolurt respondeu, ríspida. – Deixe-me ver seu mapa astral. – A professora abaixou-se para conferir o trabalho da garota loira. Patience passou a mão em seus cabelos negros e lisos, fazendo pequenos sons com a garganta enquanto lia as projeções da aluna.

– Seu signo é escorpião, eu presumo? – A professora perguntou, tentando exibir autoridade. Cordelia MacLearie segurou a vontade de rir; o símbolo do signo estava claramente desenhado no pergaminho, visível com facilidade mesmo à distância que Fancolurt se encontrava.

– Sim, professora. – Ela respondeu tentando soar educada.

– Pelo que posso ver – Patience arregalou os olhos, seus dedos acariciando um colar de pérolas em volta de seu pescoço – nasceu no dia 31 de outubro. “All Hallows Eve”, que deu origem ao Halloween. – A professora acertou, curiosamente. Bem, fica mais fácil de adivinhar quando já se sabe o signo. Mas ainda assim...

– Sim. – Cordelia confirmou, sem jeito. Seus colegas da Sonserina passaram a prestar mais atenção em sua conversa com a professora, que já acertara duas vezes seguidas, um feito raríssimo.

– Escorpião. E nascida no Samhain. Precisa cuidar da concentração mágica que existe dentro de você. – A professora de adivinhação respirou fundo, de forma dramática. – Uma bruxa nascida em um dos dias de maior fluxo mágico no ano terá uma intensidade transbordante de magia. Caso não tenha atenção... – A professora passou a mão pelo rosto, voltando-se de costas para Lia, teatralmente. – Não terá controle sobre si mesma. – Patience passou a olhar os trabalhos das amigas de Cordelia, sentadas próximas. Pegara o pergaminho de Grace Macbeth para encará-lo mais de perto, mais uma vez ajeitando o penteado.

– Leonina. Previsível. – A professora disse, com um sorriso, e Grace lhe franziu as sobrancelhas sem saber se o comentário tinha um cunho sarcástico.

Cordelia baixou os olhos para o próprio mapa astral, distraindo-se da conversa entre Patience e Grace, e o trabalho já feito pela amiga. Ao olhar para o pergaminho no qual desenhara seu mapa astral, com ajuda dos livros de adivinhação, o tocou com a varinha, encarando as linhas entre os planetas do sistema solar e as constelações astrológicas. Não acreditava em astrologia, achava um ramo da adivinhação mágica falso, besteiras para enganar trouxas, que liam horóscopos até mesmo em seus jornais. Mas a professora não estava de todo errada.

Não a respeito da intensidade da magia que fluía em seu sangue.

Cordelia MacLearie engoliu em seco. A lembrança fora inevitável.

Lembrou-se de uma porta pesada, medieval, na sala de estudos e experiências mágicas do castelo do Clã MacLearie, balançando fortemente ao uivo do vento daquela noite de temporal. Cordelia, de olhos arregalados no mais paralisante pavor, não podia deixar de encarar aquela imagem, sabendo o que havia dentro daquela sala. Sua mãe lhe abraçava, chorando, balbuciando frases desconexas, apertando a garota para si, embalando seu corpo para frente e para trás, para frente e para trás...

– Virgem. – Patience Fancolurt falou agudo, olhando desta vez o mapa astral de Phillys.

– Só no signo. – A garota sussurrou baixo para Cordelia e Grace, a última comprimindo uma risadinha curta. Lia fingiu sorrir, tentando esquecer que se recordara mais uma vez de uma das piores memórias que guardava consigo.

– São um grupo interessante, vocês três. – A professora continuou. – Bastante complementar. Terra, água e fogo. – Patience voltou-se para a classe, abrindo os braços em uma pose coquete.

– Queridos alunos, vamos à parte final do trabalho. – Ela tentou demonstrar alguma importância ao que faziam. – Encostem suas varinhas em seus pergaminhos, onde desenharam seus signos solares, e digam com firmeza: “Stella revelio”. Após o comando, deverão olhar em seus livros de adivinhação astróloga, para interpretar o que significa a constelação em que seu signo se encontra e no que isso se refletirá em seu destino. – A professora piscou seus olhos estreitos lentamente, andando com forçada autoridade até sua escrivaninha.

Controlando o impulso de revirar os olhos, Cordelia apontou a varinha em cima do símbolo de escorpião desenhado em seu pergaminho, e seguiu as instruções da professora.

Stella revelio*. – A garota sussurrou, quase entediada. Surpreendentemente, os símbolos, pontilhados e linhas desenhados no papel passaram a se mover, formando o desenho de uma constelação.

Abriu o livro de astrologia sem interesse, tentando distrair-se do pensamento desagradável que tivera anteriormente, mas, ao finalmente achar a constelação formada, Cordelia quase deixou o grosso tomo cair no chão ao lado da mesa em que sentava.

Sentiu seu coração quase parar, ao constatar que, em seu pergaminho, delineado com clareza inconfundível, por seus traços que agora brilhavam negros no papel... Em razão do feitiço proferido, tinha formado o desenho da constelação Canis Maior.

O símbolo de escorpião estava especificamente se dirigindo muito próximo a uma estrela em especial da constelação, cujo nome escrito em latim, no livro, restava também incontroverso, na altura do “torso” da constelação que parecia a forma de um... Cão.

Pouco a pouco, o símbolo astrológico dançava pelo papel, devagar, aproximando-se desta mesma estrela. Sem acreditar, Cordelia conferiu mais uma vez o nome no livro, e ficou com vontade de rasgar a folha que lia.

Seu signo enfim descansara ao lado da estrela “Sirius”.

Fechando o livro quase agressivamente, Cordelia MacLearie olhou o mais discretamente que podia para Phyllis, próxima de si, que revirava as muitas folhas de seu “Adivinhação Astróloga – Volume 3”, sua testa franzida em visível desagrado pela tarefa, e depois seguiu para Grace, um tanto mais perto, sorrindo distraída com o símbolo de leão que ainda dançava pelo papel, esperando a constelação em que repousaria se desenhar, após ter realizado o feitiço.

Nenhuma delas vira sua reação, para seu profundo alívio.

Cordelia, voltando os olhos para seu pergaminho preenchido, e para o signo de escorpião cujo símbolo brilhava no papel, mordeu o próprio maxilar discretamente, irritada. Buscou outra folha de pergaminho e a depositou em cima de seu trabalho, para continuar para a parte final da tarefa. Inconformada com o resultado do feitiço, inventou uma previsão que sabia que agradaria a professora, dizendo que deveria fazer algum tipo de limpeza espiritual para recuperar sua fonte interna de magia, equilibrando suas forças que restavam instáveis naquele momento. Isso não é nenhuma mentira, infelizmente. Cordelia pensou consigo mesma.

Ao terminar de escrever mil e uma baboseiras que nem sequer pesquisara, a garota passou as mãos em seus fios loiros, enrolando alguns deles em seu indicador, olhando distraída para o gesto que realizava, e para o esmalte verde claro em suas unhas. Não podia deixar de lembrar-se do último domingo, e de como Black praticamente a deixara encurralada, em vários sentidos diferentes. Da sensação de beijá-lo, abraçá-lo contra si, e sentir seus dedos passando por sua pele, por baixo de seu suéter de torcedora da Sonserina... Cordelia endureceu os músculos das pernas, sentindo uma sensação de formigamento em uma região abaixo de seu ventre.

Não queria admitir, mas já sabia sentir uma atração quase irresistível pelo rapaz. Pensando nisso, sentiu como se algo dentro de seu ventre se enrolasse devagar, trazendo as mesmas ondas de calor que já a envolviam há algum tempo.

Gostava de imaginar que estava apenas carente e movida pelo término com Latrell Graeme, e que divertir-se dessa forma com o belo rapaz da Grifinória seria uma forma de se vingar internamente, mas nem mesmo as vãs tentativas de provocá-la em público do ex-namorado não a ofendiam mais. Cordelia, ao encontrar com Latrell, já não sentia nada além de alguma amargura por uma vez ter se iludido com o monitor-chefe de Hogwarts, em razão de seu orgulho ferido. Mas não seu coração.

– Acorda, Little Lia. – Phyllis estalou os dedos de uma das mãos na frente dos olhos verdes de Cordelia. A garota loira estava encarando o quadro negro vazio há minutos, e não percebera, perdida em seus pensamentos. A professora já havia mandado entregarem os trabalhos, mas Cordelia nem sequer a escutara.

– Vamos ter uma conversinha depois dessa sua reuniãozinha com Dumbledore. – Phyllis reclamou, fazendo uma clara menção ao comportamento aéreo e estranho da amiga.

Cordelia apenas levantou as sobrancelhas, suspirando, levando junto com as duas amigas a tarefa feita naquela aula de adivinhação para a mesa da professora. Despediram-se de Fancolurt educadamente, enquanto Cordelia MacLearie se dirigia ao gabinete do diretor, acompanhada pelas amigas, já que a sala de adivinhação encontrava-se no mesmo andar que os aposentos de trabalho do diretor, o sétimo.

– Depois nos conte o que apareceu no escudo de proteção. – Grace pediu, curiosa, caminhando rápido ao lado da amiga loira. Diferente de Phyllis, vinda de uma família um pouco menos preconceituosa – e bem mais oportunista – a belíssima amiga de Cordelia não escondia o interesse que tinha pela magia celta, desconhecida para ela, e também impraticável pela garota, que não herdara as capacidades mágicas para tal.

Já McNair, por mais que jamais escondesse a afeição que sentia por Lia, não se interessava pelo ramo de magia de sua família. Provavelmente o menosprezava, em segredo, mas sempre respeitara as tradições herdadas por Cordelia, sendo uma amiga leal até mesmo neste quesito.

– E se prepare que amanhã vamos para Hogsmeade, e não quero ouvir um ai de “tenho que estudar” de você! Sinto como se não me divertisse há séculos! – Phyllis falou, um tanto irritadiça, mencionando o final de semana de visita liberada ao povoado bruxo vizinho à Escola. Cordelia sabia que seu mau humor tinha relação direta com o envolvimento de Reg e Grace, que pareciam cada vez mais próximos, e também pelo profundo arrependimento que sentira, ao ter tomado a péssima decisão de se ver aos beijos com Rabastan. Lis sempre o desprezara, e não escondia das melhores amigas – e até mesmo dele – que o considerava um arrogante cheio de si, que se dizia muito mais capaz do que realmente era.

Lia sabia que a amiga se vira naquela situação por uma inegável dor de cotovelo, mas guardava aquilo somente para si, sabendo que Phyllis aproveitaria a brecha para questioná-la mais incisivamente. Apenas ouviu as lamentações e comentários autocríticos de Phyllis com paciência, durante essa semana que se seguiu ao domingo de comemoração da recente vitória de quadribol da Sonserina.

Assim, ao alcançarem o gabinete do professor Dumbledore, as amigas se despediram de MacLearie, deixando-a a sós para descobrir o resultado de sua tarefa junto ao diretor. Satisfeita por ter mais uma distração, Cordelia disse a senha recebida em uma carta no café da manhã daquela sexta-feira, e subiu rapidamente os degraus da escada, batendo polidamente na porta de entrada, afinal.

– Entre, senhorita MacLearie. Boa tarde. – Cordelia MacLearie ouviu por trás da porta, a abrindo discretamente em seguida.

– Boa tarde, professor Dumbledore. – A garota loira disse, e o idoso professor a indicou com gentileza uma cadeira para sentar-se junto a si. Andou prontamente, pondo-se a sentar-se na cadeira a frente da escrivaninha com os diversos instrumentos de prata do diretor de Hogwarts.

Sentado à sua frente, Dumbledore uniu seus compridos e finos dedos, cruzando-os acima da mesa, seus olhos azuis cerúleo faiscando por trás dos óculos de meia-lua. O olhar do diretor, sempre educado e afável, escondia por trás de sua expressão gentil um brilho esperto de quem dificilmente seria enganado. Cordelia engoliu em seco, sentindo como se o diretor tentasse ler seus pensamentos, e instantaneamente lembrou-se de Regulus e do sangue de unicórnio que colhera, daquela forma no mínimo reprovável.

– Creio que saiba a próxima etapa do encantamento que temos de realizar. – O diretor foi direto ao assunto, talvez percebendo a inquietação da garota da Sonserina.

– Certo. Sim, sei. – Cordelia respondeu, um tanto desajeitada, o que não era de seu feitio. A presença de Dumbledore era impressionante. Parecia impossível mentir para o diretor, e aquilo a perturbava cada vez mais.

– Buscarei a bacia de prata na qual iniciamos nossa tarefa, então. – O professor se levantou com agilidade invejável para sua idade avançada, ajeitando a longa barba prateada que descia por seu peito. Dumbledore caminhou até um armário estreito, tirando de lá a bacia, com o sal grosso dentro de si derretido, a colocando em cima da escrivaninha próxima de Cordelia MacLearie.

Logo depois, ambos retiraram as varinhas de seus bolsos, e Cordelia apontou a sua para o centro da bacia. O diretor, à sua frente, já havia feito o mesmo antes.

Com ambas as varinhas direcionadas ao conteúdo da bacia de prata, os dois disseram, em uníssono:

Cunnart Foillsich**. – Cordelia usou mais um feitiço de revelação, no mesmo dia. Em silêncio, de imediato, sabia que tinha de agir rápido. Nos poucos segundos que ainda podia manter apontada a varinha para a bacia sem que parecesse suspeito, Lia disse em pensamento o contrafeitiço para que o escudo não revelasse o perigo:

Falaich***. Sentindo seu sangue correr rápido pelo seu corpo, seus braços formigando intensamente pelo uso de dois feitiços poderosos da magia celta, um contrapondo o outro, ela baixou a varinha, esperando que Dumbledore não tivesse percebido o que fez.

O sal derretido, formando água, subitamente modificou suas cores. Seu líquido transparente dividiu-se entre a cor cinza misturada a tons de preto e branco, como uma quantidade de tintas misturadas dentro da bacia. Em pouco tempo, a imagem de um castelo medieval foi desenhada, e, por volta dele, manchas negras pareciam sondá-lo de forma agourenta.

Cordelia MacLearie levantou as mãos para o rosto, cobrindo a própria boca. Sentia seu coração retumbando dentro de seu peito, e uma sensação de tontura apoderar-se de seu corpo, como se o chão tivesse tremido abaixo de si. Consegui. Por pouco, mas consegui.

– Senhorita MacLearie, está se sentindo bem? – Dumbledore perguntou gentilmente, sua voz calma como se não tivesse visto a mesma imagem que a garota loira.

– ...Estou. – Cordelia demorou a responder, baixando lentamente os braços, tentando se controlar melhor. Se o feitiço tivesse revelado o real perigo, a Marca Negra que vira no antebraço de Regulus Black teria provavelmente se desenhado dentro da imagem do castelo de Hogwarts.

– Pelo visto, a senhorita está bem mais surpresa do que eu. – Dumbledore sorriu, como se o assunto que tratassem fosse tão leve quanto falar do que comeram no café da manhã.

– Sim, senhor. – Ela respondeu imediatamente, nervosa.

– Espero que saiba que a chamei aqui para me auxiliar prevendo que os resultados seriam esses, ou semelhantes a esses. – O diretor disse, como que para deixá-la mais calma. – Tem minha palavra de que tudo o que fizemos será mantido em imprescindível sigilo, e espero o mesmo de você. – Ele disse prontamente. – Não é por não acreditar em sua palavra, mas terei de, para sua própria segurança, pedir que assine um pergaminho pessoalmente encantado por mim que a impedirá de ter essa informação extraída. – O professor disse de forma tranquila, mas Cordelia percebeu o significado incrivelmente pesado daquilo.

– Não contarei a ninguém, diretor. – Se possível, ela gostaria de esquecer do que testemunhara. O diretor sabia, ela percebera, que poderiam haver Comensais da Morte em Hogwarts. A magia celta provavelmente não fora sua única tentativa de descobrir a respeito, e nem seria a última.

– A respeito disso. - O professor pontuou, convidando-a a sentar outra vez na mesma cadeira, ao que ela aceitou polidamente. Sentados defronte um ao outro, Cordelia manteve os braços em cima das saias do uniforme da Sonserina, tentando manter uma postura calma como a do diretor. Em seguida, Dumbledore lhe entregou o mencionado pergaminho, e, enquanto a garota o assinava, continou a falar.

– A senhorita está certa de que não tem nada a me contar? - O professor perguntou mais uma vez, e Cordelia fez o melhor que pôde para não engolir em seco. Sabia que ele imaginava o que a garota, aluna da Sonserina, poderia saber a respeito.

Mas jamais entregaria Regulus. Nem mesmo Latrell. Temia o que o monitor-chefe poderia reservar para ela, se descobrisse.

Sentindo suas orelhas ficarem vermelhas de ansiedade, Lia mentiu prontamente:

– Não, professor. – Ela respondeu educadamente, tentando não dizer tais palavras rapidamente de forma a escancarar seu nervosismo. Lembrou-se, de imediato, do medo que sentiu ao ver o frasco com sangue de unicórnio dentro das vestes esportivas de seu melhor amigo, da sensação apreensiva que sentia toda vez que Rabastan falava sobre a “Revolução”, e do nó no estômago gerado pelos dizeres que alguns alunos sonserinos escreveram com suas varinhas nas paredes da Sala Comunal, em vermelho-sangue, apoiando a guerra que estava por vir.

– Está bem. Acho que, por agora, não lhe importunarei mais. – Dumbledore disse, brincando com delicadeza. Logo em seguida, baixou imperceptivelmente o rosto, seus olhos azuis fixos nos olhos verdes claros de Cordelia. Ela manteve o olhar do diretor até que ele enfim se levantou e desistiu.

– Se precisar de sua ajuda novamente, senhorita MacLearie – o professor disse, a levando com gentileza até a porta de seu gabinete – posso contar com sua disponibilidade? Sei que entende que passamos todos por um momento delicado. – O diretor Dumbledore foi direto.

– Certamente, diretor. – Cordelia MacLearie respondeu com gentileza, encaminhando-se para a porta.

– Por último, senhorita MacLearie. – O professor Dumbledore disse, abrindo a porta gentilmente. – Devo lhe dar os devidos cumprimentos. Sua magia celta é de fato impressionante. – O professor disse, enquanto Cordelia saía pela porta, voltando uma última vez para encará-lo.

– Tenha uma boa tarde e um agradável fim de semana. Acredito que a Dedos de Mel renovou seu estoque de sapos de creme de menta. – O diretor lhe deu um aceno educado, e fechou a porta. Mais uma vez, Cordelia MacLearie não teve tempo de responder-lhe em despedida.

Descendo as escadas, pensando nas últimas palavras do diretor, Cordelia aferiu logo que o professor poderia não apenas estar lhe agradecendo pela ajuda...

...Mas talvez ter percebido que ela realizara o contrafeitiço.

Olhando para o piso de mármore daquele corredor do sétimo andar, Lia sentia-se verdadeiramente dividida a respeito da interpretação do que o diretor lhe dissera em despedida. Dumbledore é realmente um enigma. A garota pensou, levantando uma sobrancelha, procurando as escadarias principais para descer para a última tarefa que realizaria naquela tarde.

Desta vez, no lugar do colégio que mais gostava.

Após algum bom tempo caminhando a esmo pelo castelo, a garota enfim encontrou uma sala vazia, no segundo andar, para realizar o feitiço da desilusão e poder se dirigir para o local nos terrenos de Hogwarts que agora desejava ir.

Devidamente camuflada, a garota subiu os lances de escada para o terceiro andar, encaminhando-se para a sala, agora vazia, na qual lhe permitiria sair pela ponte suspensa, próxima dos limites da Floresta Proibida.

Satisfeita por não ver sinal de alunos, fantasmas ou outros habitantes do castelo por perto, a garota quase correu pela ponte suspensa, lembrando-se contra sua própria vontade do que ali ocorrera na semana passada, e se repetira no domingo próximo a ala hospitalar do colégio.

Ignorando os pensamentos e sensações controversas, Lia agradeceu mentalmente por enfim se ver livre das paredes de pedra do castelo. Não que não lhe agradassem, mas não havia comparação com estar, enfim, na paisagem natural dos campos da Escola, junto à fauna e a flora típica escocesa. Seu verdadeiro lar. Por quem seu coração e sangue pulsavam mais forte.

Cordelia, caminhando rapidamente, olhou para o sol que se punha por trás das montanhas que circundavam o Lago Negro, admirando a familiar e querida paisagem escocesa, da qual jamais iria se cansar. Para sua sorte, naquele abençoado dia, a chuva havia enfim parado.

É um ótimo sinal. Finalmente algo bom.

Sorrindo consigo mesma, ela rumou para dentro da Floresta Proibida, satisfeita por perceber que os efeitos do feitiço da desilusão estavam cada vez mais duradouros, à medida que ela o utilizava com frequência.

Guiando-se por seus aflorados instintos celtas com o profundo contato com a natureza, a garota atravessou as cordilheiras de árvores mais antigas que a própria Hogwarts, sentindo seu sangue vibrar em reverência por aqueles seres com os quais se sentia intimamente ligada. Ouvia o som dos animais e criaturas mágicas, desde suas respirações até seus ruídos típicos. Sentindo-se em união com o ambiente natural, a garota enfim encontrou a clareira que buscara.

Com um pequeno córrego correndo próximo de si, Cordelia deu um último sorriso para as fileiras de árvores que a protegiam dentro daquele espaço de paz dentro da Floresta Proibida, e buscou dentro do tronco de uma das árvores um pequeno caldeirão que escondera, o posicionando em cima de uma pedra grossa. Dentro do mesmo tronco, recolheu as flores que colhera, e as montou, junto com alguns galhos, em uma coroa que imediatamente vestiu, estando finalmente pronta para o ritual que realizaria.

Era dia 21 de março, o dia do sabbat conhecido como Ostara, dentro da roda do ano celta.

Na festa da fertilidade, realizada no equinócio da primavera, pela primeira vez no ano o dia e a noite se fazem iguais. É, assim, uma data de equilíbrio e reflexão. Os dias escuros se vão, e a terra está pronta para ser plantada. Segundo a mitologia celta, é quando o Deus e Deusa se apaixonam, e a semente da vida é semeada no ventre da Deusa, a Donzela revigorada e cheia de vida e alegria.

Assim, cabem aos bruxos celtas agradecerem pelos dias férteis que se seguirão, com rituais interligados com a natureza e os elementos da terra.

Cordelia, feliz por, mesmo sozinha, poder celebrar as tradições de seu povo, esperou o caldeirão esquentar devidamente, jogando dentro dele inúmeras sementes colhidas, essências de lírio, bétula, jasmim e hortênsia, e raízes e folhas colhidas junto aos últimos raios de sol da tarde.

Fazendo a mistura com a varinha, Cordelia sentiu agradecida o cheiro floral saindo de dentro do caldeirão, satisfeita pela tarefa que fazia, e passou a entoar os cânticos celtas em homenagem a Deusa Oster, agradecendo pelos dias de renovação e vitalidade que viriam a partir desta data abençoada.

Em uma última parte do ritual, Cordelia passou a dançar discretamente em volta do caldeirão, continuando a cantar em gaélico antigo, aguardando a poção ficar enfim pronta. Assim, pelo entorpecimento que sentia dentro de si, sentindo seu fluxo sanguíneo correr cada vez mais rápido, ela reparou que enfim havia terminado a poção.

Conjurando inúmeros frascos, Cordelia foi pouco a pouco guardando os elixires preparados, ainda sorrindo consigo mesma. Agora, sentindo uma pontada aguda de saudades da família, que provavelmente celebraria a Ostara com os bruxos celtas amigos, no castelo do Clã MacLearie e seus bosques e florestas ao redor dele.

Ao terminar de guardar todo o conteúdo da poção nos frascos, vendo seu caldeirão estar limpo, Cordelia regou as plantas e árvores ao redor da clareira com a grande maioria deles, sobrando para si muito poucos. Nem sequer reparou que o feitiço da desilusão parara de funcionar há tempos.

Assim, distraída com a celebração, ela foi surpreendida com uma voz familiar e arrastada, fazendo seu coração saltar aos pulos.

Mas, dessa vez, de maneira controversamente agradável.

– Eu queria ter uma câmera nas mãos agora! – Sirius Black se aproximou, saindo das árvores ao redor da clareira na qual MacLearie celebrava as tradições da Ostara.

Cordelia o ignorou, sabendo que seria inútil discutir, e fez o que pôde para continuar concentrada. Foi para perto de algumas flores silvestres, e as regou delicadamente com a poção preparada durante aquela tarde.

– Flores no cabelo. – Sirius Black falou em tom de aprovação, passando uma das mãos em seus cabelos longos e sedosos. Seu uniforme da Grifinória estava desalinhado como sempre, sua gravata vermelha e dourada frouxa em seu pescoço, a camisa social sem o suéter por cima, dado aquele dia de fim de inverno e início de primavera ter tido uma temperatura mais branda. – Parecem aquelas trouxas hippies. Gosto desse estilo. – Ele insistiu, inconveniente.

– Não me interesso pelo que você gosta ou não. – Cordelia respondeu, já irritada, terminando de regar as flores restantes em agradecimento a fertilidade vinda da primavera.

– Na verdade você se interessa por muito do que eu gosto. Até mais do que eu imaginaria termos em comum. – O rapaz disse com malícia, se aproximando dela. Cordelia o evitou, dando-lhe um olhar de fingido desprezo de esguelha, enquanto se aproximava de seu caldeirão para guardá-lo outra vez dentro de um buraco no tronco de uma árvore específica.

– E qual é a da cantoria de fada celta? Achei muito bonitinho você dançando em volta do caldeirão. Pareciam aqueles personagens dos contos tipo Beedle, o Bardo. – Sirius Black elogiou debochadamente, seus olhos espertos faiscando maliciosamente, sorrindo com o canto dos lábios.

– São cantos ancestrais celtas. Hoje é o dia do sabbat de Ostara. – Cordelia respondeu friamente, porém, suas bochechas ruborizaram-se, entregando que ficara mexida com suas palavras. Para tentar manter a própria dignidade, deu as costas para ele enquanto guardava o caldeirão.

– Cora, esse por acaso é seu armário de material? – Sirius Black debochou rindo, enquanto ela guardava o caldeirão na árvore. – Você é realmente muito engraçada.

– É um tanto difícil arranjar espaço dentro dessa escola recheada de ignorantes, como você, para celebrar minhas tradições. – Ela respondeu rispidamente.

– Bem, vou te falar que muita gente acharia estranho essa história de guardar caldeirão dentro de árvore. – Ele ainda ria, e aquilo a enfurecia lentamente. – E também tenho de admitir que não entendi uma palavra do que você falou agora. Tente falar a nossa língua, ao invés de gaélico. – O rapaz não parava de debochar.

Téigh trasna ort féin. – Cordelia respondeu rispidamente, saindo de perto do rapaz da grifinória, contornando a clareira.

– Na nossa língua...? – Sirius insistiu, debochando.

– Vá se foder! – Ela traduziu, virando o rosto rápido para ele, seus cabelos loiros balançando com o gesto brusco.

Sirius Black desandou a rir ainda mais. Cordelia fechou os punhos, pensando em buscar a varinha. Talvez fosse uma boa hora para azará-lo, mas não queria estragar a aura mágica pacífica da celebração que acabara de realizar, e comprometer os efeitos da poção nos seres ao seu redor.

– Adoro ver você xingando. – O rapaz se aproximou dela, tentando puxar uma de suas mãos. Sua postura corporal ia mais uma vez se transformando, e ela já sabia o que ele pretendia, agora. Cordelia recuou, voltando a caminhar, desta vez para fora da clareira.

– Qual é, Cora. – Sirius a seguiu, enquanto ela caminhava rápido, mas não parecia ter pressa. Como se pudesse, de alguma forma, saber para onde ela iria, independente do rumo que tomasse. – Hoje também é meu aniversário. – Ele a lembrou, e subitamente a imagem astrológica que vira passou a fazer sentido. Seus olhos verdes claros se arregalaram, enquanto ela levantou as sobrancelhas.

– Você nasceu hoje... No dia do equinócio de primavera. No dia de Ostara. – Cordelia parou de caminhar, mas não se voltou para ele. Levou uma das mãos ao seu rosto, e pensou em um dado curioso. Cordelia nascera no dia 31 de outubro, no Samhain, e Sirius, na festa de Ostara. Duas das datas mais significativas para a roda do ano celta, em uma coincidência, no mínimo... Memorável.

– Tem algo a me ensinar a respeito disso? – O rapaz falou com sua voz macia, arrastada, aproximando-se devagar dela. Cordelia sentiu um arrepio subir pela sua espinha dorsal, ainda de costas para ele, sem saber como reagir.

– Nada que você pudesse valorizar. – A garota loira tentou responder com frieza e deboche, mas sua voz soou trêmula.

– Não me subestime, Cora... – Black falou, e já estava muito próximo. Ela sentiu seus braços a envolverem pela cintura, a abraçando de costas. Sabia que ansiava pelo toque dele, por mais que aquilo a revoltasse racionalmente. Fechando os olhos, franzindo as sobrancelhas, ela sentiu seu hálito quente se aproximar de sua orelha esquerda, fazendo seu corpo todo tremer deliciosamente.

– Eu quero meu presente de aniversário. – Sirius sussurrou, e levantou uma das mãos para puxar sensualmente o rosto de Cordelia para si. Ela abrira os lábios para respirar, e, antes que pudesse sequer abrir os olhos, sentira mais uma vez o bem-vindo gosto e a sensação do toque de seus lábios que preenchiam tão languidamente os dela. Uma das mãos da garota se levantou, já rendida, para tocar a nuca do rapaz, sentindo seus fios de cabelo sedosos, puxando-o ainda mais para o beijo que já a envolvia completamente.

A mão que antes puxara seu rosto desceu de volta a sua cintura, puxando-a, ainda de costas, ainda mais para o corpo dele. Cordelia sentia o contorno de seu corpo contra suas costas, sentindo a respiração rápida do rapaz, percebendo que ele se deleitava com aquilo tanto quanto ela.

Em seguida, enquanto ainda se beijavam com ardor, as mãos de Sirius desceram do uniforme de Cordelia para dentro de seu suéter e camisa, e ela gemeu baixinho, contrariadamente regozijada. Sentiu os dedos ardentes dele passando por sua barriga, passeando pela sua pele, presenteando-lhe com inúmeros arrepios que faziam seus músculos se contraírem e se soltarem em pleno prazer. Seus lábios se separaram, enquanto o rapaz mordiscou uma de suas orelhas, fazendo-a soltar um gemido que não pode controlar. Em seguida, as mãos dele foram subindo pelo seu tórax até altura de seu peito, e ela ouviu o rapaz soltar uma espécie de grunhido de satisfação ao apertar seus seios por cima do sutiã, enquanto ela mesma não pôde comprimir um suspiro prazeroso.

De imediato, ela subitamente sentiu-se acordada do torpor ardente ao qual se entregara. Cordelia se desvencilhou dele, como que despertada por algum instinto de perigo. Black baixou o rosto, soltando a respiração devagar, para logo em seguida levantar seus olhos para ela, a malícia estampada em suas íris castanhas.

– O que foi, Cora? – O rapaz perguntou, naquele tom provocante que a deixava enlouquecida. Ele deu alguns passos a frente, mas a garota recuou, temendo o quão rápido seu corpo se entregava para ele. O nível de intimidade entre os dois já havia subido rápido demais, de uma forma que ela jamais havia experimentado antes.

– Está tarde. Vai anoitecer, e é noite de lua cheia. Não é aconselhável continuar aqui. – Ela respondeu, desajeitada, sentindo-se irritadíssima consigo mesma.

Sirius suspirou, parecendo contrariado, franzindo as sobrancelhas, e vendo o sol que já mal despontava no horizonte. – Você está certa. – Ele concordou, enquanto sacudia discretamente os cabelos. Cordelia sentia-se hipnotizada com aquele gesto, e aquilo só a deixou ainda mais irritada consigo mesma.

– Vamos, eu te acompanho até a ponte suspensa. É o caminho mais perto para o castelo. – O rapaz sorriu, aproximando-se de maneira menos “ameaçadora”. - E bem... Aquele lugar já está marcado. – Ele transformou seu sorriso gentil em uma questão de instantes no mesmo sorriso malicioso de antes.

Cordelia o ignorou, sabendo que a maneira mais rápida de se livrar dele seria não contrariá-lo. Black era como uma criança mimada. Fingir que concordava com ele era a melhor forma de permitir-se não ser importunada.

Mas ela já não tinha mais tanta certeza se o queria tão longe de si.

Ao enfim chegarem a ponte, Cordelia andando alguns passos adiante do rapaz, nervosa, temendo que pudessem ser vistos, ela tentou sair de perto dele sem se despedir.

– Cora... Onde está sua educação? – Sirius Black a repreendeu debochadamente, puxando-a pelas mãos. Pensando rápido, ela retirou de dentro do bolso um dos frascos restantes da poção que preparara, e o colocou comicamente entre o rosto dela e dele, enquanto ele já a puxava para si pela cintura. Foi a melhor maneira que encontrou de não permitir-se ser traída pelos seus próprios desejos carnais.

– O que é isso? – O rapaz perguntou, sorrindo. De alguma forma, ele parecia se divertir bastante com a presença dela.

– É “Earrach deoch”. – Cordelia respondeu, e Sirius levantou uma sobrancelha. Revirando os olhos, ela rapidamente disse: - Literalmente, é a “poção da primavera”. Como é a poção do seu aniversário, terá efeitos muito bons, melhores do que para outras pessoas. Minhas felicitações. – Ela disse, irritada.

O rapaz pegou com uma das mãos o frasco, olhando o conteúdo rosa em tom violáceo, parecendo interessado. – E quais seriam os efeitos? – Ele perguntou, e as orelhas de Cordelia passaram a queimar em brasas.

– É uma poção de vitalidade. É bom para lhe dar disposição, aumentar sua energia, vigor. – Ela respondeu rápido. Sirius baixou seus olhos do frasco para o rosto dela, uma expressão maliciosa e debochada já desenhada em seu rosto. E ela nem sequer lhe contara que era uma poção para inclusive aumentar a própria fertilidade.

– Eu não preciso disso, docinho. Acho que já percebeu bem. – O rapaz disse guardando o frasco em um dos bolsos das calças, aproximando-se com a mesma postura de predador de momentos atrás.

Antes que pudesse agarrá-la de novo, Cordelia foi mais rápida, virando-lhe as costas e saindo ponte suspensa adentro.

– Esse presente de aniversário não foi suficiente, Cora! – Sirius lhe disse, debochado, de longe, a vendo caminhar para dentro da ponte.

– Dê-se por satisfeito, Black! – Ela respondeu da mesma forma deselegante, seus cabelos loiros dançando em suas costas enquanto caminhava irritada, batendo os pés pela madeira velha, estalando abaixo de si.

– Jamais, Cora! – Ele disse de prontidão, lhe dando um aceno debochado em despedida, quando ela voltou-se, furiosa, à distância para lhe encarar. O rapaz deu-lhe um último olhar, retribuído em fúria por ela, para depois seguir seu caminho, descendo pela colina perto da ponte suspensa.

– Uma última coisa! – O rapaz disse ainda mais longe, e ela se recusou a voltar-se para ele mais uma vez.

– Você ficou linda com essas flores no cabelo, Cora. – Sirius Black falou maliciosamente, de uma forma que a garota sentiu suas bochechas ficarem em brasas como se alguém lhes tivessem chamuscado com algum feitiço.

Irritada, Cordelia atravessou enfim a ponte suspensa, controlando sua vontade de olhar para trás.

Já dentro do castelo, foi difícil vencer a frustração que seu corpo sentia, por ter bruscamente se afastado daquela situação deleitosa. E foi ainda mais difícil descer até as masmorras, voltando à sala comunal da Sonserina, pensando que concordava com Black.

Aquele presente de aniversário não fora mesmo o suficiente.

E Ostara seria só o começo.


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Notas finais do capítulo

Traduçõezinhas:
*Stella revelio: revelar constelação.
**Cunnart Foillsich: revelar perigo.
***Falaich: esconder.
Hehehehe, pegando umas palavras básicas do gaélico antigo escocês. Mas quando a Cora xinga, infelizmente, só achei o gaélico irlandês mesmo!
Espero que tenham gostado, e aguardo reviews de todas!



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