Always With Me escrita por Menta


Capítulo 1
Let It Snow, Let It Go


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus caros e minhas caras! Devo dizer que a história desta fic é uma ideia que me surgiu há muito, muito tempo, quando eu tinha 15 anos de idade (estou na casa dos vinte, agora). Sempre achei a época dos Marotos e da Ordem da Fênix interessantíssima, e não pude resistir a criar minha própria versão do que aconteceu naquela época. Espero poder criar uma história emocionante e envolvente que possa divertir e empolgar não só a mim como escritora, mas a todos vocês como leitores e fãs da rica obra de J. K. Rowling. :)
E assim, deixemos que a magia flua!
Beijos e boa leitura!



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Mas veja ele como a sociedade deprava e perverte os homens, descubra no preconceito a fonte de todos os vícios dos homens; seja levado a estimar cada indivíduo, mas despreze a multidão; veja que todos os homens carregam mais ou menos a mesma máscara, mas saiba também que existem rostos mais belos do que a máscara que os cobre.



~ ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação.

— Acabou. — Em uma única palavra fria, a garota sucintamente pôs um fim no namoro amargo que já se arrastava há um ano e alguns poucos meses.

A noite caía escura naquele triste dia 23 de dezembro, e Cordelia MacLearie, uma jovem bruxa escocesa de quinze anos de idade ansiava pelo dia seguinte, quando finalmente iria voltar a ver sua família. Sua mãe e suas duas irmãs mais novas, uma das quais estudaria em Hogwarts no próximo ano, a aguardavam no castelo pertencente ao Clã MacLearie, composto principalmente pela família de seu finado pai. Sua mãe, Guinevere Gilios, casara com seu pai por um casamento arranjado entre as suas famílias, sendo ela uma bruxa descendente do sangue mais puro de uma linhagem de bruxos celtas, e não anglo-saxões como outras famílias bruxas tradicionais.

Cordelia era loira, de cabelos dourados que em dias bons e ensolarados pareciam refletir a própria cor da esperança. Tinha olhos de um formato redondo, grande e inocente que não condiziam com a malícia e a vivência de dificuldades que tivera, também estas incompatíveis com sua idade nova. Suas íris eram de um verde tão claro que alguns eram passíveis de confundir sua coloração com amarelo, como os olhos de um felino… Ou de uma serpente.

Doces olhos sonserinos.

Pelas janelas de vidro ancestral da sala comunal da Casa Sonserina, não se via a neve que já enchia metros e metros dos jardins de Hogwarts, tampouco o céu nublado, ou a imensidão da Floresta Proibida. Apenas as profundezas do grande lago que havia nos jardins do castelo podiam ser vistas, escuras, etéreas… Mágicas. Para ouvidos atentos e pacientes, além do doce som das águas dançando contra as paredes da Sala Comunal que se localizava nas masmorras do castelo, podia-se ouvir também o som do canto dos sereianos, em sua língua que beirava o incompreensível, mas que era ao mesmo tempo de um surpreendente fascínio. A música daqueles seres era uma lembrança viva de que nem mesmo os bruxos mais poderosos, de fato, poderiam saber tudo sobre os mistérios e os segredos do mundo.

Ela se distraíra ao olhar para as janelas, pensando em como estariam os Testrálios em meio aquele clima tão frio. Fechara os olhos, seus ouvidos apurados escutando a melodia distante dos sereianos, até que, finalmente, seu agora ex-namorado a lembrara do que ela mesmo decidira.

— Você está me ouvindo, Lia? Não pode estar falando sério! — O formando Latrell Graeme, também um jovem escocês de família abastada da elite bruxa, monitor da Casa Sonserina, sorrindo cínico, ajeitou o próprio nó da gravata verde e prata que vestia. Sempre que considerava as atitudes da garota insensatas ou infantis, adotava uma postura sarcástica, para tentar assim inibí-la deixando-a constrangida.

Ela continuou em silêncio, movendo o rosto para a direita, seus olhos friamente postados no rosto do jovem que um dia acreditara amar. Mergulhou seus olhos nos olhos que a encaravam fixamente, esperando alguma modificação em sua expressão ou discurso. Seu rosto era bonito, não muito chamativo, porém, de traços longos, um nariz levemente adunco e olhos castanhos espertos, o que um dia ela julgara tê-la atraído. Tinha cabelos entre a cor ruiva e o castanho claro, de comprimento médio, caindo até seus ombros. Ela percebia sua ansiedade e angústia apenas pela forma controlada de a olhar. Sabia que o rapaz ainda sentia algo por ela, por mais distorcido que aquilo fosse, além de mero interesse pessoal.

Será que alguma vez realmente senti algo por ele? Os poucos bons momentos que ela recordava se misturavam com a vívida memória de um namoro que surgira por mera formalidade, como um contrato lucrativo para cada um dos lados.

— Por favor, não seja dramática. Não combina com você, querida. — O rapaz manteve a postura repressora, sentado em um sofá de couro verde, tamborilando seus dedos alvos no braço direito do móvel. Seu desconforto antes apenas notável por alguém que o conhecesse — ou fosse astuto o suficiente, ambas as possibilidades se adequando à garota — ficara mais aparente.

— Estou apenas sendo sincera. — Ela manteve a mesma expressão fria, indiferente. — Pensei que gostasse disso, para tentar variar um pouco. — Fora a vez dela ser sarcástica, porém sem traço de humor algum na voz. Latrell sempre perdia quando tentava competir com ela em cinismo. Seu apelido não viera à toa.

— Sempre precisa ser difícil, não é mesmo? — Ele continuou mantendo o tratamento de infantilizá-la, enquanto suspirava e levantava o rosto, olhando o teto da Sala Comunal, enquanto levava o polegar e o indicador aos olhos, apertando-os fechados, como se estivesse muito cansado. — O que foi desta vez? — perguntou, começando a irritar-se, suas sobrancelhas franzidas em desgosto.

Sentada em uma cadeira de espaldar alto perto de uma das janelas, ela sentia dificuldade em se concentrar naquele diálogo. Sabia que ele seria difícil e tentaria negar até não mais aguentar que ela enfim terminara o relacionamento. Afinal, o investimento feito não fora pequeno, de ambos os lados…

Sinto muito, mãe. Mas não somos tão parecidas assim. Ela lembrou, seus lábios agora levemente franzidos, de todas as vezes em que vira o falecido pai maltratar, abusar ou até agredir física e psicologicamente sua mãe. O nosso sangue vem primeiro, mas você não me criou para ser uma idiota.

— Eu sei o que você fez. Sei que me traiu com a Burkes, com a Lestrange e aquela garota da Corvinal… — Lia fazia esforço para lembrar o nome da garota. Já fazia tanto tempo que o rapaz tornara-se uma figura desimportante, indiferente, que a farsa tão bem interpretada de seu namoro logo caía por terra.

— E quem teria inventado essa intriga? — Os olhos espertos de Latrell faiscaram. — Seria seu amiguinho sempre muito bem intencionado, Regulus Black, o responsável por esse descontrole? — Graeme disse, disfarçando mal seus próprios ciúmes.

— Ele só me ajudou a encontrar a prova. — Lia continuava fria. Levou uma das mãos ao bolso da minissaia e retirou sua varinha, apontando-a para a porta do dormitório masculino.

— O que está faze… — Latrell começou, enquanto sacava a própria varinha tentando impedi-la, mas ela foi mais rápida.

Accio mala. — A mala de couro negro voou junto da porta do dormitório abrindo-se discretamente, sem acordar os que dormiam naquela hora tardia. Pousou delicadamente no colo da garota, que displicentemente retirou um cachecol da Sonserina sujo de marcas de batom e fedendo a um perfume enjoativamente doce e feminino. Logo em seguida, jogou-o de qualquer jeito na direção do rapaz.

— Isso não quer dizer nada. — O jovem formando ainda agia como se ela estivesse delirando.

— Se acha que iria acreditar nisso… Ou tampouco aceitar… Então esta é a maior prova de que nosso namoro realmente já acabou há muito tempo — a garota atestou definitivamente.

— Eu sempre a julguei ao menos inteligente. Acho que até nisso eu estava errado. — O rapaz jogou o cachecol para o lado, fuzilando-a com o olhar.

— Você sempre me julgou tola. E ter aceitado um dia estar ao seu lado foi a maior tolice que já cometi. — Suas palavras eram calmas, naturalmente, diferente da raiva controlada do rapaz.

— Isso não terá volta, Lia — o formando insistiu.

— Eu tenho certeza que não — ela debochou.

Subitamente irritado, o rapaz atirou o cachecol na direção dela, que instantaneamente reagiu pondo fogo na peça de roupa que voava em sua direção, desfazendo-se em cinzas em pleno ar, graças à precisão de seu feitiço. Ele ainda a desafiava com o olhar, e ela já se sentia plenamente entediada.

— Só mesmo com a varinha em mãos para fazer algo quente. Sua frigidez sempre foi marcante — o garoto a insultou, vulgarmente.

— E a sua estupidez chauvinista sempre foi disfarçada. Foi uma pena ter demorado tanto a percebê-la — ela respondeu, ácida, mantendo a classe.

— Nada lhe derruba, não é mesmo? Sempre tão firme, tão forte. Acho que nunca a vi chorar. — O rapaz franzia os lábios e a encarava com desgosto, levantando-se do sofá.

— Nada vindo de você me atingiria. Quando sair desta Sala, e desta escola, provavelmente irei sorrir muito mais — Lia respondeu, petulante.

— Cometeu seu maior erro. Sua chance de ser grande, sua chance de ser alguém reconhecida, suas ambições… Serão levadas comigo. Eu tenho contatos. Eu conheço alguns dos principais do círculo mais privilegiado da Revolução — Latrell ameaçou, movendo-se sinuoso como uma serpente para perto da cadeira na qual ela sentava.

— Nunca precisei de você — a jovem mentiu, mantendo seus olhos friamente fixos nos dele.

— Orgulhosa até o fim, como uma princesa pedinte — o rapaz riu sarcástico, ajeitando os cabelos com certo charme inegável. — Isso sempre fez o seu tipo. — Os olhos dele faiscaram, tentando desafiá-la.

— Você vai morrer sozinha, Lia. Vai matar sua mãe de desgosto. Jogará fora tudo o que ela construiu tão carinhosamente para você e suas irmãs. E eu nem terei que me esforçar muito para que isso aconteça. — Ele se aproximou dela, curvando seu rosto para perto do dela, que a olhava de baixo, seus dedos apertando a própria varinha.

— Teria o casamento que lhe faria uma das bruxas mais poderosas de toda a Grã-Bretanha, se tivesse se portado bem, se tivesse sido inteligente. Assim que completasse dezessete anos, em menos de dois anos, teria todos aos seus pés… Se não fosse a vadia estúpida que se provou ser. — Faíscas saíram da ponta de sua varinha, enquanto finalmente a ira crescia dentro dela. Igual ao meu pai. Como pude fazer isso comigo mesma.

— E quem sabe… Eu não sou rancoroso, diferente de você, tão cheia de defeitos e falhas, Lia — o formando debochou, a raiva aparente em seu rosto retorcido num esgar de desprezo, afastando-se da cadeira.

— Não me chame nunca mais assim — retorquiu, séria, sua voz subindo alguns tons. Arrependeu-se logo em seguida. Latrell parecia finalmente estar satisfeito, vendo que enfim a tirara do sério.

Ele caminhou até a escada dos dormitórios, abriu a porta do dormitório masculino, e sussurrou, destilando gotas de veneno a cada palavra:

— Se sua mãe mendiga implorar o suficiente… Talvez eu possa desposar uma das suas irmãs, ao invés de deixá-las todas apodrecer naquele castelo caindo aos pedaços... Essa ruína desse seu Clã que é ainda mais decadente que sua própria família — Latrell insultou-a em seu ponto fraco.

— Vá se foder, seu merdinha! — Lia finalmente saiu de seu juízo perfeito, empunhando a varinha para o rapaz, que agora a olhava de cima das escadas, com um sorriso malicioso estampado em seu rosto.

— Seria delicioso tirar a virgindade das duas, no lugar da sua — o garoto comprimiu uma risada cruel, enquanto Cordelia lançou um feitiço estuporante que explodiu sonoramente contra a porta do dormitório masculino da Sonserina, gritando de ódio.

Ao cair em si, a garota levou a mão esquerda aos lábios, a direita ainda comprimindo o punho com força de sua varinha. Agindo rapidamente, comprimindo uma exclamação de medo, a menina conjurou um feitiço desilusório. Praticamente invisível, misturando-se ao ambiente que a rodeava, como um camaleão humano, moveu-se para fora da Sala Comunal, temendo que a testemunhassem naquela situação desprezível.

Em minutos, sem perceber para onde vagava, estava fora do castelo. Calculava ser por volta de três horas da manhã, e a madrugada estava ainda mais escura que o lago que circundava os terrenos do colégio. Lia não via para onde caminhava, e, finalmente, sentia as lágrimas quentes de raiva, de humilhação, sempre reprimidas, subindo aos olhos.

Não. Seja firme. Seja forte.

Engolindo em seco, a menina tiritava de frio, seus pés marcando as pegadas na neve fofa que caía incessantemente por toda Hogwarts. O frio a impedia de manter a magia do feitiço ativa, e, preocupada, percebia que em breve teria que realizá-lo de novo, antes que ficasse totalmente visível.

Lia caminhou até a beira do lago, alguns metros próxima do Salgueiro Lutador, e reparou que sua água estava quase totalmente congelada. O vento que uivava madrugada adentro castigava seu rosto, queimando como se estivesse em brasas por conta da temperatura baixíssima. Ela tentou assim se proteger com os braços, encolhendo-os como se abraçasse partes do rosto e pescoço, mas vestia apenas o uniforme simples e um colete sem mangas de lã por cima da blusa de algodão branco de mangas curtas. A gravata da Sonserina não protegia seu pescoço do frio, e suas pernas estavam à beira de gangrenar, protegidas apenas por uma minissaia plissada e uma meia preta três quartos e seus sapatos simples de estudante, comprados como alguns outros pares para usar neste seu quinto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Ao olhar para baixo, a menina reparou que, pelo reflexo na superfície do lago, acima da árvore agressiva alguns metros ao seu lado, o céu muito nublado abrira-se o suficiente para mostrar a luz do luar.

Uma belíssima lua cheia brilhava nos céus, em um pequeno espaço livre de nuvens, subitamente surgindo como um pequeno lume de esperança.

Ela sentiu as lágrimas voltarem aos seus olhos, e foi difícil não ceder. Abaixando o rosto e fechando os olhos, desesperada, tentando fugir de seus próprios pensamentos, ela mal se controlava.

"Minha menina, minha linda menina. Tudo se resume ao sangue, tudo o que nos é mais precioso. Família vem sempre primeiro. Nunca se esqueça disso." Sua mãe lhe dizia, tocando em seu rosto, seus olhos tão iguais aos dela transparecendo amor quando ela lhe perguntara porque um de seus olhos estava roxo, chorando desamparada. Naquela idade, ainda não o tinha flagrado, mas mesmo ainda muito nova ela percebia que sua mãe era uma prisioneira nas mãos de seu pai.

Pela primeira vez que vira sua mãe ser espancada, Lia não tinha nem sequer cinco anos de idade.

Não me condene. Não poderia suportar. A menina se controlava para não chorar, quando abriu os olhos e comprimiu um grito de surpresa.

Não muito ao longe, terrivelmente perto, ela ouviu um som inconfundível, lamurioso, agourento, perturbador. O som de uma criatura que apenas em noites assim poderia ser encontrada, e que nem mesmo um bruxo muito habilidoso teria capacidade para confrontar, sozinho, desolado, em meio a uma nevasca de proporções assustadoras.

O uivo de um lobisomem.

Desesperada, a adrenalina passou a correr livre pelo seu corpo. Não poderia rumar para o castelo, pois correria o risco de chamar a atenção da criatura. Sua melhor chance de defesa seria esconder-se na cabana de Hagrid, o guarda-caças, mas assim correria o risco de ser expulsa caso ele a delatasse por estar fora da Sala Comunal e tão longe dos limites permitidos da escola àquela hora da madrugada. Precisaria encontrar algum abrigo, ou ao menos algum local protegido em que pudesse conjurar uma fogueira, sem chamar tanta atenção, e proteger-se próxima ao fogo, que reconhecidamente assustava lobos e lobisomens.

Tomando a decisão mais sensata, decidiu arriscar a expulsão. Seguindo para a cabana de Hagrid, arregalando os olhos de medo, ela nem sequer se preocupou em conjurar outra vez o feitiço da desilusão, fechando os olhos com força a cada uivo sobrenatural que escutava. Está perto. Está perto.

Muito próxima das abóboras que o guarda-caça plantava em sua horta pessoal, Lia reparou em pegadas diferentes das suas na neve. Vinham mais a frente, marcando a alvura do solo, em um formato curioso e impossível de não ser distinguido.

Patas?

Ao levantar o rosto, viu o vulto de um animal escuro, grande e imponente a encarar a poucos metros de distância.

De imediato, a garota levou as mãos ao rosto, controlando mais um grito, e instantaneamente sacou a varinha. Suas mãos tremiam e ela mal conseguia raciocinar. Agir tão displicentemente assim não era algo de seu feitio, expondo-se em uma situação de perigo letal, e ela não podia de fato negar que o término com Latrell mexera consigo muito mais do que gostaria.

O animal se aproximou mais. Ela percebia que não era um lobisomem, mas a nevasca e a distância não a permitia distinguir sua forma.

Ela apontou a varinha, e se preparava para estuporar o animal assim que ele avançou, mas foi detida quando ouviu um som surpreendentemente amigável.

Um cachorro de pelos negros, porte grande e orelhas pronunciadas, de olhos castanhos e inteligentes latira convidativamente. Seu rabo mexia de um lado ao outro, expondo seu contentamento, e sua língua para fora da boca parecia fazê-la abrir-se em um sorriso.

Sem saber como reagir, Cordelia começou a rir. Riu de nervoso, riu de tristeza, e riu por uma sensação de familiaridade curiosa que não sabia explicar.

O cão pôs-se a andar para longe dela, e MacLearie decidiu segui-lo por alguns momentos. Quando se afastava, receosa, o cachorro a encarava, como se quisesse que ela o seguisse. Silenciosa, comprimindo a mesma risada, ela mordia os lábios, sorrindo consigo mesma, não sabendo se por desespero ou por se sentir enfim um pouco aliviada. Afinal, passaram a caminhar lado a lado, o cachorro guiando o caminho.

Bem, eu não imaginei que poderia ter companhia a essa hora.

Cordelia acompanhou o cachorro até uma pequena construção afastada, longe da Floresta Proibida e da cabana de Hagrid, feita com lenha antiga e jogada fora, como um pequeno armário de vassouras improvisado. Quando enfim adentrou a pequena construção, conjurando pequenas chamas que esvoaçavam em volta de seu corpo, a protegendo de possíveis criaturas hostis, o cão a encarou uma última vez, parecendo que havia cumprido uma tarefa.

— Boa noite, senhor Sinistro — Cordelia brincou, aferindo a semelhança do grande cachorro escuro com a criatura mencionada, rindo consigo mesma, um pouco distraída de suas agruras. O cão estranhamente pareceu entender, e caminhou um pouco a frente, sentando-se e proferindo um longo uivo, suas orelhas dobrando-se levemente.

Por alguma razão esquisita, o som parecia sugerir a Lia como se o animal houvesse passado uma espécie de mensagem.

Assim, o cachorro afastou-se dela, caminhando elegantemente nevasca adentro. Parecia ir na direção do Salgueiro Lutador, e em pouco tempo sumiu em meio a imensidão branca.

Cordelia passou o resto da noite abrigada junto as chamas que conjurara, protegida também por outro feitiço desilusório realizado, esperando amanhecer para seguramente retornar ao castelo. Refletiu sobre o que acontecera naquela madrugada, e sobre sua história com seu agora ex-namorado, e mal podia esperar para ver o rosto de seus entes queridos outra vez. Sozinha, enfim derramou algumas lágrimas, mas a lembrança de sua família por fim trouxe-lhe mais um sorriso ao rosto, legítimo e largo.

Logo que amanheceu, a garota rumou para o castelo, desfazendo as chamas e mantendo o feitiço desilusório. Antes de arrumar as malas no dormitório feminino da Sonserina, antes até do que todas as suas colegas acordassem, lembrou-se mais uma vez do excêntrico animal que encontrara, e a surpreendente sensação de familiaridade que algo em sua imagem lhe despertou.

Sem saber porque, sorriu.


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Notas finais do capítulo

Como a história está no começo, os leitores fantasmas que me desculpem, mas... Reviews são fundamentais!!! =D