Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 19
Capítulo 18 : Lana




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Os três estavam se dirigindo para a sala, quando Lana parou, fazendo Caius tropeçar nela.

—Por que parou? - Ele perguntou, parado atrás dela.

—Tem uma garota lá. E ela parecia brava. - Ela respondeu, envergonhada. - Sabem quem é ela?

Jane ergueu as sobrancelhas, divertida.

—Kimbra? Ela é um encanto de pessoa.

Caius riu, e continuou andando.

—Não ligue pra ela. Contando que você não a irrite, ela fica na dela.

Entraram na sala, e dessa vez a garota estava de pé, andando em círculos.

—Kimbra. - Jane a cumprimentou, acenando com a cabeça.

—Jane. - A garota fez o mesmo gesto, olhando para Jane, alarmada.

—O que houve? - Jane perguntou, se sentando no sofá.

A garota olhou firme para Jane, e apontou o dedo para Lana e Caius.

—Venha. - Caius pediu, guiando Lana pra fora da sala.

Passaram por alguns corredores e subiram algumas escadas até chegarem a um lugar estreito. Daquele lugar, dava pra olhar uma parte da floresta e a chuva que caía forte.

—Senta aqui. -pediu Caius, se sentando. Lana se sentou ao seu lado, apoiando os joelhos na cabeça.

—Eu sinto muito. - Sussurrou, sem olhar para Caius. - Por, você sabe. Ter surtado. Não foi legal colocar a culpa em cima de você.

Lana esperou por uma resposta de Caius, que não veio. Ele continuou fitando a paisagem, impassível. Depois do que pareceu ter passado dez minutos, ele olhou pra ela.

—Eu que peço desculpas. Talvez não a você, mas há Cecília. Nós não somos do tipo que demonstra afeto, entende? Eu não saio dizendo pras pessoas que ela é minha irmã, ela não sai dizendo que sou seu irmão. Ela sabe que eu gosto dela, apesar de tudo, e eu sei que ela gosta de mim. Isso nunca me incomodou antes. Ter que provar aos outros o que sinto por ela. Contanto que ela saiba, pra mim não tinha problema.

—E o que mudou? - Perguntou Lana, curiosa.

—Você jogou na minha cara uma verdade. Eu deveria me importar com ela, mas o que eu faço? Nada. As pessoas falam mal dela, e eu fico calado. Por mais que eu não goste das companhias dela, eu deveria defendê-la. - Caius parou, passando uma das mãos pelo cabelo. - Ela vai voltar. E quando voltar, vou dizer a ela que eu me importo com ela. E se mais alguém abrir a boca pra falar dela, qualquer coisa que seja, eu vou arregaçar a cara dessa pessoa.

Lana olhou pra ele, assustada. -Violência não resolve as coisas.

—Eu cresci ouvindo que somente através da guerra haveria paz. Eu passei a minha vida toda lutando. Eu não diria que sou violento, diria que sou um justiceiro.

—Seus pais que te ensinaram isso? - Lana perguntou, em tom amável. - Pais não deveriam ensinar isso. Igual os meus, eles me ensinaram que uma conversa, amor e carinho são melhores que briga, ódio e raiva.

Caius suspirou, melancólico. -Eu não me lembro dos meus pais. Eles partiram muito cedo.

—Meus pêsames. - Lamentou Lana. - Deve ser difícil perder os pais tão cedo.

Caius riu, baixinho.

—Eles não morrerram. Eles partiram. Dizem que os Imortais, depois de 500 anos ou mais de vida, recebem a oportunidade de ir pra Terra dos Anjos, ou Paraíso dos Anjos, se preferir.

—500 anos? Vocês vivem isso tudo? - Lana perguntou, incrédula.

—Vivemos por muito mais que 500 anos. Lana, nós somos denominados Imortais por uma razão. Não morremos, nunca.

—Quer dizer que existem esses... imortais... Existem imortais com mais de 2 mil anos?

—Vivos aqui na Terra? Não. Como eu disse, dizem que quando eles atingem uma idade madura recebem um convite para morarem no Paraíso dos Anjos. Cecília diz que eles foram pra lá, nossos pais. Ela conheceu eles, ela tinha cerca de 120 anos na época. Eu só tinha uns dez, então não me lembro.

Lana prendeu a respiração, chocada.

—Quantos anos ela tem hoje?

—Hum... -Caius pensou um pouco. - Acho que 250. Um a mais, um a menos. É por aí.

Lana ficou em silêncio, digerindo isso. -Ela nunca tinha te dito nada disso, não é? - Caius perguntou, amigável.

—Não. Eu pensava que ela fosse... Normal.

—Mas ela é normal.

Lana suspirou, resignada.

—Você sabe o que quero dizer. Normal como eu.

—Uma verde. - Disse Caius. -É tão ruim assim ela ser... um pouco... Diferente?

Lana ficou pensando um pouco. A verdade é que não era tão ruim. Talvez fosse até um sonho realizado, já que ela lia muito sobre contos de fantasia e desejava que fossem reais. O ruim era a amiga ter mentido, não dizendo a verdade. O que mais ela poderia ter dito que não fosse real? Ela era mesmo sua amiga?

—Não é ruim. É só que... Ela é minha única amiga. E eu nem conheço ela direito. Eu não sei... Eu não sei quem ela é. Sabe, de verdade. Isso é frustrante. -Lana voltou a prestar atenção na chuva, que diminuía aos poucos.

—Sabe, Lana, eu gosto de você. E Jane também. Eu sei que é cedo demais pra dizer isso, quero dizer, nos conhecemos a tão pouco tempo. Mas você é o que eu chamaria de amiga. Então, caso você queira... - Caius falou, sorrindo. - Caso queira entrar pro nosso grupo... Você é muito bem vinda. -

Um grupo de amigos? - Lana perguntou, surpresa.

—É, quase isso. Eu, Jane, Gwylin, Kimbra, Lucien, Cecília, Alexia e agora você. É, eu acho que pode dar certo. Uma verde pra nossa equipe. Não é ruim.

Lana sorriu e o abraçou, desajeitadamente.

—Ei, não é pra exagerar. - Pediu Caius, rindo. - Agora você não pode dizer que não tem amigos.

Lana voltou ao seu lugar, mal contendo a felicidade. Tinha ganhado mais um amigo. Então se lembrou dos nomes que ele tinha, e fez uma careta.

—Kimbra? A garota da sala? Ela faz parte? -Sim, ela faz. Por que? -Ela não gosta de mim.

Caius riu de novo, uma risada contagiante.

—Não se preocupe, ela é assim com todo mundo. Talvez, exceto, com Jane, mas sabe como dizem. As duas são farinha do mesmo saco. Irritantes, chatas, mandonas. Embora eu ainda acho que Kimbra seja pior.

Lana assentiu, e ficou curiosa. Se Lucien fazia parte desse círculo, Caius poderia saber mais sobre ele, e ela poderia vê-lo com mais frequência.

—E Lucien? Ele parece...

—Estranho? Distraído? Calado? Ele não é assim, na maior parte do tempo. Ele se irrita por qualquer coisa. Provavelmente deve estar arrebentando alguma coisa por aí, nesse momento. Da última vez que vi ele estava descontando sua raiva numa pedra enorme. Ele fez ela virar pedacinhos minúsculos.

Lana franziu a testa.

—Ele muda muito de humor, eu sei. Mas tudo vai voltar ao normal quando Alexis chegar. Aguarde minhas palavras, você vai se surpreender de como ele vai ficar daqui a algumas semanas.

Lana ficou mais confusa ainda, mas decidiu não perguntar mais nada sobre ele. Tinha medo de parecer interessada em Lucien, algo que não queria que acontecesse.

—E Alexis? Eu acho que vi um quarto com o nome dela. Na Sede.

—Ela é um amor de pessoa. Ela consegue ver o lado bom de qualquer pessoa, e sempre está disposta a ajudar. Acho que vocês duas vão se dar muito bem.

Os dois voltaram a ficar em silêncio, até que Lana resolveu quebrar o silêncio.

—Você muda muito de humor. Uma hora você fala bastante, em outra fica calado. Numa hora você é engraçado, na outra é sério. Lucien andava como se nem estivesse aqui, e sim em outro lugar. Aquela garota, Kimbra, me disse pra nem olhar pra ela. Jane numa hora parece calma e na outra raivosa. Vocês são estranhos. Todos vocês.

Caius olhou pra ela, sorrindo.

—Você não viu nada ainda, baby.


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