Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 16
Capítulo 15 : Caius




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Caius estava deitado em sua cama, inconformado. Não fora convocado para nenhuma reunião naquele dia, e a última, pelo que ficara sabendo, foi sobre um possível ataque a Sede Preta.

Era um dos melhores guerreiros dos Imortais, seus dons eram incomparáveis com a maioria, mas o reitor decidiu não escalá-lo para a batalha. Desde quando isso acontecia? Podia não gostar do reitor e vice-versa, mas aquilo era demais. Por anos participava dessas brigas, e essa seria a primeira vez que não fosse escolhido.

A porta foi aberta e ele deu um pulo, ansioso.

—Ah... É só você.

Jane entrou no quarto e se sentou ao pé da sua cama.

—Sim, sou eu. A sua melhor amiga, a pessoa que esteve do seu lado nesses últimos 75 anos e que sempre te encobre quando você faz algo errado. -Ela ironizou.

—Você ficou sabendo? Eles vão atacar os Pretos hoje. -Ele urrou, passando a mão pelos cabelos.

—Isso não é novidade. Atacar os Pretos é nossa especialidade.

Jane se deitou ao lado de Caius e passou a olhar pro teto, pensativa.

—Mas eles não me selecionaram! Eu sou um dos melhores, você sabe disso. É a primeira vez que isso acontece.

—Sério mesmo que é isso que está ocupando sua cabeça? - Jane ergueu as sobrancelhas pra ele, claramente divertida. - Você sabia que cedo ou mais tarde isso iria acontecer. Cada ato gera uma consequencia. Acha mesmo que o reitor está feliz com tudo o que você fez nos últimos tempos? Com o que nós fizemos?

Caius suspirou e ficou em silêncio por alguns minutos, pensando.

—Eu não acredito que vou ter que ficar aqui enquanto eles se divertem lá fora. Eu não acredito que vou ter que perder toda a diversão.

—E quem disse que vamos?

Jane se levantou e ficou de pé, sorrindo.

—O que você está aprontando? Eu conheço esse sorriso, Jane. -Caius revirou os olhos. - Não adianta. Ele deu ordens explícitas pra que eu não saísse daqi. E quando ele diz EU você sabe que quer dizer NÓS.

Ela se dirigiu até o baú que estava encostado à parede e pegou de lá uma arma.

—Não podemos ir, Jane. Caso não tenha notado, eu não sou um transformista. Não podemos aparecer no meio do combate, alguém poderia nos ver.

—Enquanto você ficou aí se lamentando, eu fiquei pensando em algumas coisas. Você sabe o motivo da Sede Branca querer atacar os Pretos hoje?

Caius se sentou na cama, desconfiado.

—Não, não sei. Quem se importa? Os Pretos são degenerados, a séculos os atacamos. Não precisamos de motivos específicos contra eles. Eles são os Pretos, isso não basta?

Jane se sentou ao lado dele na cama, com uma expressão de irritação.

—Não seja idiota. É importante sim saber, ainda mais quando tem haver com você. - Ele ergueu as sobrancelhas, curioso, e ela continuou. -Eles estão indo até a Sede Preta pra buscar Cecília. Eles acreditam que eles a sequestraram.

A boca de Caius caiu, incrédulo.

—Mas... Isso é...

—Um absurdo? Sim, é mesmo. E não digo só pelo... Jonathan. - ela fez uma expressão de nojo antes de continuar. - Será que só eu achei estranho essa iniciativa? Estamos falando de Cecília. Ninguém aqui gosta dela, todos falam que ela é uma traidora. Por que resolveram, do nada, se importar com ela?

—Isso não está me cheirando bem...

—E é por isso que nós vamos sair e investigar.


***

Gwylin ficou na porta da Sede Amarela, encarando o Guardião. Estava esperando receber um sermão e daqueles, mas ele não disse nada. Estava ficando irritado por ela não entrar de uma vez.

—O que está esperando? Não tenho a noite toda.

Ela entrou e o Guardião fechou a entrada. Era óbvio que ela era a última a chegar.
—Não vai brigar comigo? - Perguntou, ressentida e com a cabeça abaixada para o elfo à sua frente. - Sinto muito pelo atraso. Peguei uma tempestade no caminho e...

—Me poupe de suas desculpas. Está atrasada, e perdeu a primeira parte desta reunião, que é de extrema importância. Vá de uma vez.

Gwylin se virou e andou depressa para o centro da Sede. A entrada para a Sede era secreta, dentro de uma árvore invisível a maioria dos olhos. O Guardião ficava de vigia na entrada, sendo permitido apenas fadas, gnomos, especialistas ou elfos entrarem.

O centro da Sede era onde acontecia os encontros e reuniões. O lugar estava lotado, e os seres ali estavam todos cochichando. Gwylin se sentou no meio das fadas, cruzando as pernas.

Do lado de fora, havia campos com árvores, flores, plantas e riachos magníficos. Era, sem sombra de dúvida, um dos lugares mais lindos e seguros do mundo. Gwylin ficou observando a água que caía por uma abertura do local. O centro da Sede ficava dentro de uma enorme cachoeira, e essa cachoeira era a passagem do lado de dentro para o Reino dos Amarelos.

—Você está com um cheiro estranho. -Murmurou Mialee, a fada sentada do seu lado, chegando mais perto dela. - Eu poderia jurar que...

—Como eu dizia, dadas as circunstâncias...

Para sua sorte, a fada foi interrompida pelo presidente das fadas, o elfo Gwydion. Gwylin se afastou o máximo que pode de sua colega, com medo de que ela reconhecesse seu cheiro. Seria um escândalo.

—Olha só quem finalmente resolveu dar as caras. - A fada sentada do seu outro lado, Yalena, sussurrou.

—O que eu pedi? -Gwylin resolveu mudar de assunto.

—Eles estavam falando sobre a situação do lado de fora. Estavam dizendo que todas essas brigas estão afetando nossa comunidade. - Mialee respondeu, entediada. - Eles estão ficando de saco cheio disso tudo. Essa batalha que nunca acaba, essas brigas pela liderança, tudo isso. Ele estava dizendo que não temos nada haver com isso, e que precisamos tomar providências.

Gwylin abaixou a cabeça e ficou quieta. Iria dizer sobre o ataque que aconteceria essa noite entre as Sedes, mas decidiu ficar calada. Estavam todos reunidos ali, em segurança, e falar isso só pioraria as coisas. Havia muito tempo que o conselho queria bloquear a passagem para o mundo exterior por causa dessas mesmas brigas.

—... E por isso estamos bloqueando de vez a passagem para o mundo exterios, a fim de...

Gwylin levantou a cabeça, assustada. Pensou ter ouvido errado, mas começaram os protestos.

—Isso não pode acontecer...

—É errado...

—Querem nos prender?

—A nossa segurança é prioridade...

Gwylin se levantou junto com as outras fadas. De todos os lados, se podiam ouvir opiniões diversas. As pessoas estavam discutindo, e ela só conseguia pensar na sua má sorte.

A gritaria era geral, pessoas inconformadas e pessoas apoiando.

—Senhores... Por favor... - O reitor pedia, falando por sobre as vocês, mas ninguém se calava.

De modo furtivo, Gwylin começou a se afastar dali em direção a saída. Não iria ficar presa, não mais...


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