Renascer escrita por Ana C


Capítulo 8
Um novo ajudante


Notas iniciais do capítulo

Olá meninos e meninas! Tudo certinho?

Passando para deixar meu muito obrigada aos meus leitores cativos, que sempre me escrevem, com toda e educação e carinho!

Mandando beijos para Nadi Monteiro, que comentou pela primeira vez

E por último, mas não menos importante, meus maiores agradecimentos à Daniela Arezzo, que comentou vários capítulos da fic e fez uma recomendação linda de morrer! O capítulo de hoje é dedicado a você, ok?

O capítulo de hoje é narrado pelo Peeta!

Beijos e boa leitura!



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Há ferramentas e materiais de construção por todo canto da casa e eu não posso estar mais feliz com isso. A vontade de reconstituir uma padaria no Distrito 12 está sendo concretizada e todo os dias vejo a loja ficar um pouco mais parecido com a maneira que eu imaginei. Pergunto-me se Katniss não está aborrecida por estar vivendo todo esse turbilhão comigo, mas ela parece não se importar. Desde que terminamos o livro, decidimos que eu viria morar com ela. Foi uma decisão bastante natural, uma vez que dormimos, acordamos e fazemos nossas refeições juntos todos os dias. Ou fazíamos...

Ultimamente eu tenho estado tão ocupado com as obras da padaria que há vezes em que não a vejo acordada. Ela visitou o local onde tudo será construído algumas vezes, mas evita que nós sejamos vistos juntos, com medo de que nós viremos outra vez o assunto mais comentado em toda a Panem. Eu não me importo nem um pouco com isso. Qualquer pessoa que viu televisão nos últimos dois anos sabe que eu sou completamente apaixonado por ela, então não acho que vou oferecer nada muito novo a eles.

O imóvel que eu escolhi é grande, bem localizado e foi vendido a mim em tempo recorde. Benefícios trazidos pelo meu status de “amante desafortunado” e “herói da revolução”. A presidenta foi mais do que benevolente comigo e eu não tive problema algum com a papelada necessária para ser o dono de um estabelecimento comercial. Tenho contado também com a ajuda de alguns dos moradores que vieram morar aqui. As obras não tem sido fáceis, mas todos se esforçam e mantém um sorriso no rosto todos os dias. Acredito que seja a maneira como eles tem de agradecer o que fizemos a eles e mesmo sabendo que o que fiz foi, antes de tudo, para proteger Katniss, não posso deixar de me sentir orgulhoso.

Dia a dia, paredes são reconstruídas, bancadas começam a tomar o espaço do salão junto com as muitas mesas e cadeiras vindas diretamente do Distrito 7, sendo que eu as sequer encomendei. Desconfio que Johanna tenha algo a ver com isso. Além disso, terei uma cozinha industrial que daria inveja a qualquer cozinheiro da Capital. Delly veio me visitar e oferecer sua ajuda constantemente e eu acabei por fazer uma oferta para que ela trabalhe comigo. Vou precisar de alguém que atenda as pessoas, afinal. Quando contei isso a Kat, imaginei ver em seus olhos um lampejo de ciúmes, mas ele foi tão momentâneo que eu tenho dúvidas se ela realmente o sentiu. De qualquer maneira, saber que eu não vou mais ficar sozinho na padaria dá um certo ânimo para que Katniss torne suas visitas cada dia mais frequentes e sua ajuda um tanto mais efetiva.

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Pintar um teto é uma tarefa mais difícil do que eu podia imaginar. Lidar com os rolos de tinta não é trabalhoso, mas equilibrar minha perna mecânica em uma escada sim. Minha prótese não me incomoda durante minha rotina, logo eu estranho quando não consigo fazer algo por causa de uma perna que eu nem lembro mais que não faz parte do meu corpo. Penso que gostaria que alguém me parasse e me desse algum motivo para descer dali e na minutos depois vejo uma Katniss surpreendentemente sorridente entrar na loja. Todos a cumprimentam e Jake, um morador daqui que será meu assistente na cozinha, aponta para cima, para que ela possa me localizar. Ela se aproxima e espera que eu desça para poder me dar um abraço. E eu começo a achar que posso estar alucinando, pois ela tem verdadeira aversão a demonstrações públicas de afeto.

– Se eu fosse você, não me abraçaria - Digo, com um sorriso que me contradiz completamente - Eu estou suado e cheio de tinta e pó.

– Eu não me importo - Ela responde e, como se quisesse provar o que disse, faz seu costumeiro gesto de cheirar a minha camisa. De acordo com Kat, o meu cheiro é inebriante. Eu tenho certeza que ela não sabe o que esse tipo de coisa que ela diz causa em mim. E não sei por quanto tempo vou manter meu autocontrole.

– Bom, se você não se importa, eu vou aproveitar o abraço - Afirmo, mantendo-a bem atada a mim. Ela levanta a cabeça pra me olhar abruptamente, como se tivesse se relembrado do motivo de estar ali, na nossa padaria.

– Eu tenho duas notícias para te dar. -Ela sorri, animada - Uma é ótima. A outra... Bom, eu não consegui formar uma opinião sobre ela...

Se a intenção dela era me deixar curioso, conseguiu.

– Me dê primeiro a boa notícia, então!

– A Johanna ligou para avisar que o filhinho da Annie finalmente nasceu e é muito saudável - Não poderia escutar melhor notícia. Gosto muito da Annie, e Finnick foi um ótimo amigo na hora em que precisei de um. Além de ter me salvado incontáveis vezes.

– Mas isso é sensacional! - Exclamo alto, fazendo com que tenha, momentaneamente, a atenção dos que estão no mesmo ambiente.

– Ele vai ter o nome do pai. Tanto Johanna quanto Annie acham que o bebê é uma pequena réplica de Finnick, então concluíram que não haveria melhor nome para ele.

– E não há mesmo, Kat. Talvez ele tenha nascido justamente para mostrar a nós que Finnick é uma presença que jamais vai morrer. Não entre nós - Observo Katniss e vejo que ela luta bravamente contra as lágrimas que começam a se formar em seus olhos, assim sendo, resolvo perguntar pela segunda notícia - Mas me diga, linda senhorita, o que mais você tem para me contar?

A mirada marejada de Katniss começam a adquirir um matiz jocoso e eu mal posso esperar para saber o motivo disso.

– Acho que Haymitch resolveu se espelhar em você pela primeira vez na vida e resolveu arrumar uma ocupação. Tenho o prazer de te informar que nosso mentor é o mais novo criador de gansos do Distrito 12. - Katniss mal consegue terminar a frase, sua risada deixa sua fala um tanto atrapalhada.

Demoro alguns segundos para entender o absurdo da notícia que Kat me conta e então me junto a ela e rio. Rimos até que as lágrimas cheguem e desta vez conseguimos chamar atenção de todos permanentemente. Acho que a maioria dos que nos olham estavam acostumados a nos ver sofrer em todos aqueles espetáculos promovidos por Snow.

– Gansos? GANSOS? De onde ele tirou essa ideia ridícula? - Cada vez que falo sobre isso, mais bizarro tudo fica.

– De algum porre, certamente. De todos os animais que se pode criar, ele escolheu gansos.- Ela bufa - Mas pode ser bom, afinal... Os bichos não vão precisar dele por perto e nós sempre poderemos ter carne fresca no jantar... - O comentário é feito em um tom de maldade tão divertido, que prevejo o quanto de confusão vamos ter nos próximos dias.

As infinitas especulações sobre a escolha exótica de trabalho de Haymitch é interrompida por Delly, que vem para me perguntar onde colocar os copos e talheres que acabaram de chegar. Os armários já estão montados, então mostro para ela como este tipo de utensílio ficará arrumado. Katniss acompanha todo o processo, sem jamais perder minha amiga de vista. De novo consigo perceber uma faísca de ciúmes. É um tanto inútil que ela sinta isso, sou apaixonado por ela desde sempre, no entanto acho que não faz mal que ela demonstre algo por mim.

As horas transcorrem velozmente e logo chega o final da tarde. Os meus colegas de trabalho começam a se despedir e Katniss me avisa que vai para casa fazer algo para o jantar. Ela sempre prefere que eu cozinhe, mas sua comida é bem gostosa também. Não precisei ensinar muita coisa a ela, já que Kat fazia comida para a Prim desde muito nova. Pouco a pouco ela vai adquirindo novas habilidades culinárias, então sempre que pode ela me libera de ter que voltar para casa só para preparar uma refeição. Isso permite que eu adiante algumas coisas dentro da loja. Quero que tudo fique o mais perfeito possível, assim como eu imaginava na infância, nas poucas memórias que eu ainda preservo desta época.

Depois de terminar as tarefas que tinha planejado para o dia, começo a fechar a loja. Percebo, ao começar a trancar a porta do lugar, uma sombra acompanhar meus passos e fico alerta na mesma hora. Busco no bolso o canivete que sempre carrego e estou pronto para atacar a pessoa de súbito, mas assim que me viro dou de cara com um par de olhos que reconheceria em qualquer lugar.

Poucas pessoas tem olhos cinzentos como os de Katniss. A família Hawthorne toda os tem. E o menino que me observa é a versão mais jovem de seu irmão, Gale. Eu não faço a menor ideia do que Rory veio fazer nesta padaria não terminada, porém convido-o para entrar, para que ele possa me esclarecer a dúvida. Quando entramos na loja, vou direto para a geladeira buscar algo para que ele possa beber e comer e peço para que ele se sente. Os olhos arregalados dele demonstram bastante medo, e eu fico cada vez mais apreensivo sobre o aconteceu para ele ter vindo me procurar.

Deposito um copo de suco e um sanduíche na sua frente e ele me dá um pequeno sorriso em retorno. É o suficiente para que ele comece a falar:

– Muito obrigado, Senhor Mellark.

Levo um tempo para digerir aquele menino me chamando de “senhor”...

– Senhor Mellark? Rory, nos conhecemos desde sempre! Eu também não tenho idade para ser chamado de senhor! Por que você não me chama somente de Peeta, como deve ser?

O garoto fica mais envergonhado ainda e eu sei que nossa conversa vai ser um tanto difícil. Portanto, eu mesmo resolvo saber o que ele está fazendo ali.

– Rory, o que fez você me procurar hoje? Eu posso te ajudar em alguma coisa?

O menino abre e fecha a boca, buscando a melhor maneira de falar. Empurro para ele o suco, esperando que depois que ele beba um gole do líquido gelado, possa ficar mais calmo para dizer o que deseja.

– Bom, Peeta - Rory fala em um tom quase sussurrado - Eu sei que você vai abrir a sua padaria logo... Eu tenho visto as obras desde que começaram... E-eu gostaria de saber se você pode me deixar trabalhar aqui...

Eu fico absolutamente surpreso. Rory tem mais ou menos a idade de Prim, mas eu me sinto muito mais velho que ele. Não acho que ele deva trabalhar com essa idade e certamente Gale, com seu novo emprego, deve suprir a sua família financeiramente.

– Você devia usar seu tempo para estudar, Rory... - Pondero, preocupado - Eu não tive essa chance.

– Eu estou na escola, Peeta. Mas eu queria trabalhar aqui, porque não aguento mais ficar em casa. É tudo tão pesado e triste lá. Eu sinto tanta falta do meu irmão, mesmo sabendo que ele tinha que ir para o 2... E eu sinto falta da amizade de Prim, também.

Mais uma pessoa quebrada... E esta nem sequer participou ativamente da guerra. Não posso negar ajuda, mas além disso, quero imensamente ajudá-lo. Um dia o irmão dele fez a mesma coisa por mim...

– Eu acho que vou precisar de alguém que me ajude, mas o trabalho aqui não é fácil. Você pode ajudar a Delly no atendimento, ou limpar as mesas quando elas estiverem sujas. E sempre que eu tiver tempo, vou te ensinar a cozinhar os pães e doces que nós vamos servir aqui. Eu vou precisar de alguém que me ajude quando eu não puder estar presente. - Digo, e sorrio quando vejo o quanto ele está entusiasmado. - Mas você vai continuar estudando, disso não abro mão.

– Está bem! - O menino responde, satisfeito.

– Sabe, a Katniss vai me matar quando souber que você preferiu trabalhar comigo em vez de tê-la como companheira de caça. Ela me comentou alguma vez que pensou em ensiná-lo todos os segredos dela. - Comento, rindo

– Quem sabe o Vick possa fazer isso por mim? - Ele responde, sorrindo.

Espero que ele termine a comida e me ofereço para levá-lo até sua casa. Vamos conversando todo tipo de amenidades até chegarmos ao nosso destino. Ele me diz que Hazelle resolveu ficar, porque nunca se sentiria bem em outro lugar. Não consigo deixar de lembrar da mãe de Katniss, que se afastou de sua filha justamente pelo motivo oposto. Quando chegamos na porta do novo lar dos Hawthorne, encontramos a matriarca esperando preocupada por Rory na porta. Trato de explicar todo o ocorrido, para que o garoto que está comigo não fique em maus lençóis, e tudo dá certo. Depois, sigo meu caminho rumo a Vila dos Vitoriosos, ansioso para falar com Kat. Não sei qual vai ser sua reação.

Chego em casa e a encontro tranquila, lendo algo na poltrona que eu costumava sentar a tarde toda. Espero que ela se mantenha nesse estado de espírito. Dou boa noite a ela, que sai , um tanto assustada, do transe provocado pela leitura:

– Boa noite! Eu já terminei o jantar, mas vi que você ia chegar tarde e resolvi ler pra poder te esperar. Vamos comer? Eu estou com bastante fome!

Nos servimos e conversamos sobre a nova padaria. Ultimamente é a única coisa sobre a qual conversamos. Todos estamos ansiosos para dar um novo rumo a nossas vidas, até mesmo Haymitch. Ainda que eu ache que ele criar gansos é um tanto bizarro. Kat me pergunta algo sobre o pessoal que trabalha na obra, também sobre Delly e Jake e sinto que chegou o momento de contar a novidade.

– Hoje eu contratei mais um ajudante. Vou precisar de toda a ajuda possível neste começo - Comento, esperando que ela fique curiosa em saber de quem se trata. Felizmente, ela cai na isca.

– E quem é esse novo ajudante? Alguém que eu conheça? - Ela pergunta, interessada

– Você o conhece mais do que imagina... - Digo - O meu ajudante é Rory Hawthorne.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do novo assistente? Não? Essa história vai dar pano pra manga? hahahaha! Comentem!

Mil beijos!

Ps: Cadê meus leitores sumidos? Tô com saudades das mensagens de vocês!