Renascer escrita por Ana C


Capítulo 3
Em tratamento


Notas iniciais do capítulo

Capítulo super curtinho, só pra não deixar de postar!

Ele vem com meu agradecimento enorme ao Cupcake mais doce do Nyah!, que recomendou minha fic com somente 2 capítulos! E aos queridos AFilho, que escreve as fics mais legais do mundo, e Clara, minha parceira de mensagens!



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Eu e Peeta estamos envolvidos em um novo tipo de terapia, mas este não foi desenvolvido nem pelo Dr. Aurelius, nem por nenhum outro médico da capital, e sim por nós. É o que eu chamo de “terapia do silêncio”. Todos os dias ele chega de manhã para tomar café da manhã e trazer seus maravilhosos pãezinhos e bolos, depois ajuda a preparar o almoço, sempre com um sorriso no rosto, e depois se senta na mesma poltrona, me observando. Já estamos fazendo isso há semanas.

Dormimos, acordamos, vemos algum noticiário que esteja sendo exibido pela TV e as vezes paramos para prestar atenção ao novo programa apresentado por Caesar Flickerman. Este consiste em entrevistar sobreviventes do processo que culminou na queda de Snow e na vitória da revolução. São pessoas comuns, mães e pais de família, trabalhadores, gente com sonhos, expectativas, necessidades, assim como eu e Peeta. Isto faz o programa ser, para mim, a coisa mais interessante que a capital já transmitiu. Então, chega a hora em que vejo meu companheiro ir embora, depois de dar uma sessão de afagos em Buttercup e me dizer um quase sussurrado boa noite. Toda vez que ele faz isso eu tenho vontade de pedir que ele fique, mas a coragem e a voz sempre me faltam.



Greasy Sae tem vindo cada vez menos à minha casa. Acho que é porque ela sabe que falta espaço nessa rotina para ela. Agora eu tenho ido caçar mais vezes, mas sempre bem cedo, logo depois que amanhece, porque minhas tardes já tem um programa estabelecido e porque eu não quero ficar sem a companhia do homem de cabelos loiros e olhos doces que me faz tão bem. Eu aguardo sempre, ansiosamente, o momento em que ele vai bater à porta da minha casa, entrar, dizer qualquer coisa gentil e dar início à nossa rotina. E ele aparece. E o meu coração parece entrar em compasso somente neste momento. Somente em sua presença.



Cada dia eu quero um pouco mais dele, por isso vou diminuindo gradativamente a distância física que existe entre nós e, consequentemente, a distancia sentimental que eu insisto (ainda que com menos força) em construir. Antes que ele se sente em sua costumeira poltrona, indico com os olhos o espaço vazio no sofá em que estou sentada. Ele entende prontamente o recado e não demora a sentar do meu lado.

Eu lentamente vou chegando mais perto, até que meu corpo se recosta no dele, eu sinto o calor que emana do corpo de Peeta e isso é tão bom, que não me sinto envergonhada de estar tão perto. Parece, por um momento, que o inverno cedeu lugar à calidez da primavera. Ele põe os braços ao redor de mim e suspira, como se tivesse esperado aquele momento por toda a vida. Nós já nos beijamos diversas vezes, nos abraçamos, dormimos juntos, mas há algo na dinâmica da nossa relação que faz com que estes encontros sempre pareçam os primeiros. Sinto a minha trança ser lentamente desfeita pelos seus dedos, o toque suave dos seus lábios no topo da minha cabeça e meu torpor começa a ser substituído por uma tranquilidade própria das pessoas felizes. Ele faz uma espécie de cafuné na minha cabeça, enquanto eu passo a mão suavemente pelo braço que está me envolvendo e assim ficamos indeterminadamente. Aumenta minha vontade de falar alguma coisa com ele, mas não como e por onde começar. Ele parece entender e começa a falar:



– Sabe... Isso tudo já estava ficando meio estranho... Eu estava com medo que Haymitch aparecesse por aqui e nos declarasse irremediavelmente malucos. O que não seria nenhuma mentira, afinal – Ele termina a frase rindo



Eu não posso evitar rir. E é a primeira vez, em muito tempo, que tenho motivos para isso.



– Eu acho que aquele bêbado chato se sentaria conosco e terminaria sua garrafa de licor. - Digo, ainda sorrindo



Peeta concorda comigo e tenta emendar assuntos, para que não tenhamos mais que ficar sem nos falar e como se houvesse a necessidade de colocar em dia toda uma vida.



– Fico feliz que você tenha voltado a caçar. Eu sei que essa é uma das atividades que você mais gosta de fazer. Eu te acompanharia, mas eu provavelmente salvaria todos os bichos das suas flechas, só com o barulho que a minha perna mecânica faz... - Ele fala casualmente



– Você nunca foi silencioso... E eu prefiro caçar sozinha. Quando estou na floresta, não tenho tempo para pensar no que aconteceu comigo, no porquê de eu ter sido escolhida para viver, e minha irmã não, no porquê de tanta gente ter sofrido e morrido para que eu pudesse permanecer viva e no porquê... - As palavras morrem em minha boca.



– De eu ter impedido você de morder aquela pílula? A resposta é simples, mas talvez mais egoísta e menos humanitária que as suas dores... Assim como você amava - e ainda ama - Prim, eu amo você. Não há futuro na minha vida em que eu não te imagine. Ver você se matar não era uma opção. Assim como não foi uma opção pra você me dar um tiro, mesmo depois de eu ter te implorado tantas vezes... - Enquanto Peeta fala, percebo que os seus olhos adquirem outros matizes de cor - Nós nos protegemos. Isso é algo que nem todo o tempo de tortura na Capital conseguiu tirar de dentro de mim. Não de verdade...



– Peeta... - Eu tento falar, mas ele interrompe, como se as palavras que fluíam de sua boca estivessem tempo demais esperando para sair.





– Eu também perdi minha família e durante muito tempo eu me perguntava porque tinha sobrevivido. Demorei tempo demais, até que entendi que eu jamais vou receber essa resposta. Que eu posso atenuar a dor da perda daqueles que eu amava vivendo da melhor forma que eu puder. Com todas as marcas que ficaram em mim, com toda a angústia que eu levo na alma, com toda a dor excruciante de lembrar quantas perdas eu presenciei… Eu espero que você possa compreender isso algum dia. Eu odeio ver você sofrer tanto. Eu odeio a forma com que aquele homem nos despedaçou… - Quando Peeta termina o discurso, seus olhos estão cheios de lágrimas e ele parece um tanto transtornado.



– Eu preciso ir – Peeta diz, quando parece ter retomado um pouco de sua consciência. Eu me endireito no sofá e ele levanta rapidamente, de maneira desajeitada e, assim como no primeiro dia em que passamos a tarde juntos, sai correndo até sua casa. Dessa vez eu estou menos entorpecida e minha cabeça começa a formar uma resposta para esse comportamento estranho que ele apresentou. Peeta, neste momento, deve estar sofrendo um de seus ataques.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Devo postar na quinta feira ou na sexta, o capítulo deve ser um pouco maior! Beijos e até lá! ;)



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