Renascer escrita por Ana C


Capítulo 22
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Olá gente linda!

Que saudade absurda!!!!

Me desculpem o atraso! Ia postar esse capítulo dia 14, pra comemorar meu aniversário (tô velha), mas aconteceram 300 coisas na minha vida! Fiquei sem internet, fiz uma viagem inesperada a trabalho, o avô da minha irmã mais nova faleceu e foi super triste, tive que corrigir umas 200 provas e fazer média de tudo... Ufa!

Dessa vez, exclusivamente, não vou conseguir responder aos recados do capítulo passado, mas eu li todos e AMEI todos também!

O capítulo de hoje está ENORME. É uma forma de me redimir do tempo que abandonei (forçadamente) vocês. E ele é da Johanna.

Espero que vocês gostem! Boa leitura!



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Pela janela do quarto, consigo ver Peeta e Katniss retornando para casa, como um típico casal apaixonado. Ela está sendo carregada por ele e não para de rir de algo que ele está dizendo. Posso apostar que eles estão levemente alterados pela bebida, esses dois não estão acostumados com o álcool, então qualquer dose é capaz de deixá-los mais "alegres" do que o normal. A cena me traz um sorriso aos lábios. Eu fico imensamente feliz em vê-los tão bem, casados. Acredito que, atualmente, eles sejam as pessoas mais importantes pra mim, além de Annie e Finn. Observo Katniss perder momentaneamente seu colo, para que Peeta possa pegar as chaves de casa, quando sou interrompida por um gemido alto, vindo da minha cama. Quase me desequilibro e caio do grande batente no qual estou sentada. Pergunto ao homem deitado se está tudo bem, mas, depois de uma leve movimentação nos lençóis, ele volta a ficar inerte.

Másculo e frágil. É muito interessante ver essa mistura tão diferente, que Gale representa. Posso ver em sua expressão facial que seus sonhos estão um tanto conturbados. Sei exatamente pelo que ele está passando, vivo essa mesma situação constantemente. Vejo, porém que ele está cansado demais para acordar e também, sob esse aspecto, consigo entendê-lo. Há algumas horas tive a mais tórrida das noites de toda minha vida. E eu tive muitas noites parecidas. Mas ninguém jamais me tratou tão bem. Ninguém jamais fez cada centímetro do meu corpo pegar fogo com beijos, ou com pequenos apertões, ou com mordidas. Não sou mais criança, não tenho sonhos românticos, com casamentos encantados e um homem perfeito. Esta noite se aproximou dos sonhos que eu tenho. Alguém com quem eu combine, em qualquer sentido.

Pequenas marcas na minha pele, o rubor nas minhas faces, o cheiro do quarto, tudo anuncia o que aconteceu. Eu quase impedi que tudo rolasse, o medo me paralisou e eu implorei a ele que não me machucasse. Gale seria incapaz disso, eu tenho certeza, mas já sofri muito na minha vida, nem sempre os homens me trataram bem... Por sorte, consegui reverter a situação. Um beijo levou ao outro, cada carícia nos guiava para o final explosivo e senti-lo se acomodar dentro de mim fo/i simplesmente enlouquecedor. Eu me apaixonaria por ele, se por acaso conseguisse sentir algo mais profundo. Essa sempre foi minha tática de sobrevivência: não sentir. Só assim para conseguir passar por anos e anos de todo o tipo de privação e torturas possíveis. Acho que ele está tentando ser como eu, e espero enormemente que ele nunca consiga. Há vezes em que quero chorar por horas a fio, ou gritar, ou abraçar alguém bem forte e pedir por favor para nunca mais ser abandonada. Então, aciono meu escudo e volto a ser a grande vaca que todos conhecem. Eu gostaria de ser a menina que um dia fui. As vezes acho que consigo resgatá-la rapidamente. Na cela junto a Peeta, enquanto recebia seu conforto, com Katniss no 13 e com Posy horas atrás, cheguei perto de ser eu. E com Gale me entreguei como nunca. E gostei. Gostei muito. E estou apavorada por isso.

Volto para o lado dele, na esperança de poder descansar um pouco, e o sono vem surpreendentemente rápido. Quando acordo, já está de manhã e eu estou sozinha novamente na cama. Dou um suspiro, metade por um incômodo de ter sido abandonada, metade pelo alívio de não ter que falar com ele, dar bom dia, sorrir e agir languidamente... Desço para tomar água e nesse momento me recordo de que hoje Peeta e Katniss irão oferecer um café da manhã de despedida para nós, porque vamos embora pela tarde. Dou um gemido alto de insatisfação por ter que encontrar-me com ele novamente. Nem sequer reparo em Annie sentada na cadeira da cozinha com Finn no colo. Ela me dá um suave bom dia e, percebendo que eu não lhe dou nenhuma resposta, comenta:

– Gale partiu faz pouco tempo. Acho que ele não queria te acordar, ele fechou a porta do seu quarto com tanta delicadeza...

Eu sei exatamente porque ele não quis me acordar e, agora, Annie também. Fico vermelha de fúria e vergonha, porque não tinha a menor intenção de que alguém soubesse o que eu fiz na noite passada. E minha amiga pode ser maluca, mas percebe tudo o que acontece ao seu redor...

– Você estava me espiando, Annie? - digo com um tom sarcástico, tentando tirar o foco da conversa de cima de mim.

– Não seja boba, eu tenho um filho pequeno! - ela explica - Ele me acordou e eu acabei vendo Gale sair do seu quarto... Mas isso nem seria nem necessário. Eu vi vocês dois saindo da festa ontem e, pela cara que vocês estavam, era óbvio como ia ser o fim da noite...

– É mesmo? Porque nem eu sabia... - Eu penso alto demais e a vejo sorrir em atitude compreensiva

– Qualquer um que olhasse com atenção saberia... Estou te estranhando... Johanna Mason sem saber algo? Uau, as coisas são mais importantes do que eu pensei!

– E você continua maluca! - respondo, áspera - Como as coisas podem ser importantes se eu nem sequer o conheço? Eu estava com vontade de ir pra cama com ele e fui. Ponto final.

– Eu não acredito nisso nem um pouco, mas se você quer se enganar, te deixo a vontade! Vou arrumar o Finn porque temos que ir para o café da manhã daqui a pouco. Você vai também?

– Vou - respondo em um resmungo - Eu preferia tomar outro choque daqueles, mas aqueles dois merecem que eu vá e, afinal, é meu último dia aqui no 12. Não custa fazer esse sacrifício...

Vejo minha amiga coçar seu cabelo de um jeito estranho e me amaldiçôo por haver evocado lembranças do nosso cativeiro, ainda que elas fossem sobre mim mesma. Tento dar-lhe um abraço para me redimir e ela aceita, mas vejo em seus olhos que a perturbação continua. Decido então deixar que ela se arrume e eu mesmo vou em busca de uma roupa adequada para o evento. Decido usar uma calça clara e uma blusa de um azul bem escuro. Talvez se eu me arrumar de forma discreta, ninguém perceba o que aconteceu. Não que isso vá acontecer, todos os olhos estão voltados, felizmente, para os recém casados mais famosos do mundo.

Uma hora depois estamos todos no quintal da casa de Peeta e Katniss, comendo quantidades absurdas de doces, pães e pratos salgados variados. A habilidade que o padeiro tem é surreal e tudo está absolutamente saboroso. Até me esqueço do que me levava a não querer estar lá até que escuto uma voz grave atrás de mim.

– Bom dia...

Ele resolveu ser educado... Resolvo que não vou ser eu a passar vergonha...

– Bom dia, Hawthorne...

Peeta, que está próximo a mim, ergue as sobrancelhas quando chamo Gale por seu sobrenome. Malditos malucos, sempre captam as coisas no ar! Depois ao se aproximar de mim comenta:

– Agora Gale virou Hawthorne? Então a situação entre vocês está mais séria do que eu imaginava!

Quando ele termina de falar, já estou a ponto de explodir. Em menos de três horas, duas pessoas me disseram as mesmas palavras! Realmente há algo de diferente nos mentalmente desequilibrados!

– Não há situação nenhuma padeiro... Você deve ter batido com a cabeça em algum lugar, ou sua lua de mel te deixou assim, maluco!

Peeta me dá um sorriso sarcástico em resposta e me confessa:

– A lua de mel realmente me deixou maluco, mas não da maneira que você está pensando...

Não contenho uma risada. Adoro a falta de vergonha que ele tem para falar de tudo, assim como eu. Certas vezes acredito ser a mais baixa das mulheres, mas acho que se não fosse natural, ninguém faria essas coisas...

– Alguém merece ser feliz, né? Que seja você! - Eu rio e ele faz uma careta, como se eu estivesse fazendo drama. Talvez eu esteja, mas acho que ele merece a felicidade de verdade.

Gale e eu nos mantemos afastados durante todo o dia, mas Rory e Posy puxaram conversa comigo e, sinceramente, eu me diverti muito. Minhas expectativas em torno deste dia vão melhorando a medida em que percebo o quanto me sinto segura do lado de todos os que aqui estão. Mas, infelizmente, eu tenho que voltar pro meu lindo, frio e morto apartamento na Capital...

A tarde chega e Annie e eu nos despedimos de Haymitch, que nos levou até a estação de trens. Katniss e Peeta agora devem estar indo para sua lua de mel e acredito que ela vá ficar louca com a surpresa que ele preparou. Eu também fico louca quando vejo que Gale vai embarcar no mesmo trem. Aceno de longe para ele e, uma vez que já estamos dentro do trem, convido-o para jantar conosco. As viagens de trem ainda são bastante demoradas, mas todos nós decidimos não usar aerodeslizadores para darmos mais privacidade ao casamento dos nossos amigos. Não sei porque decidi chamá-lo pra comer junto comigo, se de manhã eu estava querendo distância dele, e começo a desconfiar que Peeta e Annie não estão tão equivocados assim. O desespero toma conta de mim. Preciso arrumar um jeito de colocar minha armadura de novo. Só sobrevivo com ela. Não posso me dar ao luxo de me apaixonar por ninguém...

Passo o tempo que tenho até a hora de eles servirem a comida trabalhando. Tenho muitas coisas atrasadas e essa é uma ótima maneira de tirar o foco da minha vida. Respondo as muitas mensagens que tenho pendentes e tento organizar uma agenda que seja possível de cumprir durante a semana. Em certo momento, sou interrompida por Finn, que demanda a minha atenção a qualquer custo. Largo tudo para ficar com a versão em miniatura do melhor amigo que tive nessa vida. Seus olhos são tão cheios de vida quanto os de Finnick, assim como seu sorriso. Ele, porém, herdou a doçura de sua mãe. Eu o vi nascer e o medo de que algo acontecesse a ele, e o pavor de ver uma criança vir ao mundo, se misturaram a uma estranha vontade de ser eu a carregar uma criança em meu ventre e depois em meus braços. Sou uma boa tia para Finn, sei disso. Apesar de estarmos afastados, vejo em seus olhos que ele gosta de mim tanto quanto eu gosto dele. Talvez eu pudesse ser uma ótima mãe. O destino não quis que esse fosse meu caminho. Não posso me arriscar a ter uma criança sendo maluca do jeito que sou. Mal conseguiria dar um banho nela. Cada vez que eu mesma entro no chuveiro é um tormento sem fim. Eu sofro sem deixar que ninguém perceba, mas não sei como vou fazer isso tendo que cuidar de outra pessoa. Alguém que vai depender de mim, que vai ter o primeiro alimento de mim, que vai aprender a falar e a andar comigo, que terá que aprender a ser feliz com uma pessoa quebrada... Definitivamente esses dois dias mexeram com a minha cabeça...

Uma batida na porta me tira de meus pensamentos. Auxilio meu pequeno companheiro, que quer atender a porta a qualquer custo. É Gale, perguntando se já estamos prontas. Eu digo que sim, já estou pronta há bastante tempo, mas explico que Annie ainda está no banheiro, terminando de se arrumar. Finn fica intrigado com os botões da camisa do homem a sua frente e insiste em ir para o seu colo. Gale não parece se importar, pega o menino com toda a habilidade e começa a explicar que aquelas peças são botões, e que elas servem para fechar as roupas. Não sei se Finn está entendendo qualquer coisa do que ele está falando, mas sua cara demonstra um interesse genuíno. Annie finalmente anuncia que está pronta e junta-se a nós. Partimos então para o restaurante, onde somos tratados como celebridades.

Durante o jantar nos animamos e conversamos da mesma forma que fizemos no casamento. Há muito em comum na nossa forma de pensar, em nossa forma de agir, nos gostos... É fácil conversar com uma pessoa que te entende. Annie fica muito calada durante a refeição e de repente vai embora com a desculpa de que Finn está com sono e tem que colocá-lo para dormir. Eu nunca vi essa criança tão acordada na vida. Sei quais são as reais intenções dela e não sei se a mato, ou se a agradeço. Não faço menção de ir embora e Gale pergunta se eu o acompanharia em uma taça de vinho. Eu respondo que sim e voltamos a conversar. Desta vez, falamos sobre seus irmãos. Digo que Posy realmente se parecia com a minha irmã mais nova e quando ele me pergunta sobre ela, digo que Snow a assassinou porque eu não queria fazer o que ele me ordenou. Assim como toda a minha família. Vejo a raiva em seu rosto se misturar com a curiosidade em saber exatamente o que eu deixei de fazer pra sofrer tamanho castigo. Ele vai ter que conviver com essa dúvida, porque não tenho a menor intenção de contá-lo que vendi meu corpo pra todo tipo de gente nojenta que existia naquela Capital... Percebendo meu olhar, ele não me faz mais nenhuma pergunta, mas como consequência, o clima do nosso jantar vai morrendo lentamente. Pedimos a conta e nos despedimos rapidamente. Quando eu entro na cabine, Annie e Finn estão, de fato, dormindo e eu vou para a minha cama fazer o mesmo...

Na manhã seguinte, Annie me acorda informando que já estamos bem perto do distrito 4. Ela e o filho já tomaram o café da manhã e suas malas já estão prontas. Eu não sei como consegui dormir tão pesadamente e me desculpo com ela, mas minha amiga não parece se importar com isso. Ficamos o tempo que resta a ela de viagem conversando sobre os mais diversos assuntos e combinando a próxima vez que eu vou visitá-los. O cheiro de mar invade minhas narinas e a visão daquela quantidade interminável de águas me arrepia até a alma. Vai ser difícil voltar para cá, mas eu nunca deixei um desafio de lado... O trem faz sua parada, indicando que vou perder minhas companhias de viagem. O meu coração se aperta. Finn chora quando percebe que não vou acompanhá-los. Algum funcionário ajuda minha amiga a carregar as malas e ela para na plataforma enquanto me dá tchau de forma frenética. Nós duas temos lágrimas nos olhos, mas ela tem um olhar de quem tem certeza de que vai dar tudo certo. Eu não o tenho.

As horas passam e, quando descubro que o almoço já vai ser servido, saio em busca da companhia de Gale. Ele está sentado em uma mesa para dois, estonteante em seu uniforme militar, como se esperasse por mim. Depois de um olá em voz baixa, fazemos nossos pedidos e conto a ele que Annie e Finn já foram. Ele me informa que já sabia, que os havia encontrado de manhã e que tinham conversado um pouco. Continuamos a jogar conversa fora até depois de comermos e então ele cria coragem para falar:

– Sobre aquele dia... Por que você me pediu para que eu não te machucasse? Eu fui tão agressivo assim? Eu estou tentando criar coragem para pedir desculpas a você, eu quero pedir perdão pelo que eu fiz e...

– Não precisa fazer nada disso! - eu o interrompo, porque percebo que ele entendeu tudo errado - O que aconteceu foi maravilhoso e você não precisa se arrepender de nada... Aquilo foi um momento de fraqueza meu. Foi meu passado dando as caras para me deixar parecendo uma imbecil...

– Johanna, eu nunca disse que você estava parecendo uma imbecil! - ele me repreende - Você estava assustada e eu fiquei apavorado de ter feito alguma coisa muito errada contigo. Eu tenho um dom para essas coisas...

– Muito pelo contrário! Eu te escolhi naquela noite, porque você parecia ser a única pessoa, no meio de toda aquela gente, que me entendia... E eu lembrei de você me pegando no colo, me tirando daquela cela nojenta. Uma espécie de super herói, sabe? Eu tenho essa mania... Sempre gosto dos homens que me salvam. - tento parar de falar tanto, mas simplesmente não consigo - Finnick foi o primeiro. Ele era lindo. Mas além de tudo, ele era minha rocha. Ele me avisou que se eu não fizesse aquilo que a Capital mandasse, eu ia sofrer as consequências. Nunca acreditei nele e me dei muito mal. Ele ficou lá pra limpar minhas lágrimas, pra me fazer esquecer... E se apaixonou por Annie. Depois foi Peeta. Não teria sobrevivido a aquelas torturas se não fosse por ele. Certamente ele é o homem mais doce do mundo. Ele me deu carinho... Eu comecei a achar que podia ser amada, mas ele sempre foi de Katniss e de nenhuma outra. Os dois se pertecem de um jeito que dá até raiva... Depois eu vi você naquela festa e pensei: "ele poderia me ajudar a passar essa noite..." e você fez. E eu te agradeço imensamente por isso.

– Mas eu ainda gostaria de saber o motivo de você ter falado aquilo... Ninguém pede para não ser machucada a toa...

Eu respiro fundo e me preparo para contar meu segredo mais sujo

– O real motivo de minha família toda ter morrido é que Snow, depois de eu ter ganhado o campeonato, me obrigou a ser uma espécie de prostituta de luxo. Teria que dormir com qualquer um que tivesse dinheiro ou influência... Eu era muito nova e quando ganhei os jogos, acreditei estar livre. Finnick me avisou que o presidente seria muito cruel se não acatasse suas ordens, mas achei que pudesse vencê-lo. Então ele matou cada um de meus familiares e fez tudo parecer uma série de trágicos acidentes que fizeram a minha figura ficar ainda mais interessante e querida para o público sádico que consumia tudo relacionado àqueles jogos... - as lágrimas ameaçam cair dos meus olhos a qualquer momento - O primeiro cliente que tive foi o homem mais asqueroso que eu já vi em minha vida. Ele era sujo em todos os sentidos e antes que ele me violasse, apanhei de todas as formas...

– Isso é horrível! - Gale exclama - Mas você era... Você era...

– Virgem? Não... Quando eu soube a que eu seria destinada, pedi a Finnick que fosse meu primeiro homem. Queria ter pelo menos uma boa lembrança relacionada a sexo... Não me arrependo, mas nem mesmo com ele senti o mesmo que com você. Por isso, não fique preocupado. Você foi maravilhoso, sabe? Eu não sabia que tudo poderia ser assim... Não sabia que podia ser beijada em tantos lugares, ou que deitar ao lado de alguém é tão reconfortante...

Vejo nos olhos de Gale um misto de pena, raiva e algo que não consigo decifrar... Ele volta a dialogar comigo:

– Nós podemos sair algum dia. Eu vou a Capital muitas vezes, sempre há algo a resolver... Se você me der seu telefone, posso te ligar na próxima vez que estiver lá!

– Não precisa ter pena de mim lindinho... Nós dormimos uma noite, foi ótimo, acabou.

– Você está sendo ridícula... Eu não estou com pena de você. Eu gostei também, você não se deu conta disso?

– Então você vai saber me encontrar... - é a última cartada, tomara que ele desista de mim...

– Não duvide disso, Johanna...

Dos auto-falantes, ouvimos que o trem irá parar no distrito 2 em 20 minutos. Estamos praticamente toda a tarde sentados no mesmo lugar e nem nos demos conta... Gale me pede que eu o espere e em 10 minutos volta com sua pequena mala e um papel nas mãos. Ele me dá a pequena folha, que contêm seu telefone e endereço.

– Quem sabe não fica mais fácil se você me procurar... - ele diz

– Quem sabe... - é tudo o que eu consigo responder

A velocidade do trem diminui aos poucos e eu me preparo para me despedir dele. Damos dois beijinhos na bochecha e sinto minha boca formigar de vontade de sentir seus lábios. Ele me diz "até logo" e sai altivo, pela porta do vagão. E pela segunda vez no dia me vejo com o coração na boca, acenando para alguém que eu gostaria de ter ao meu lado...


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Notas finais do capítulo

Vocês repararam que a Johanna largou uma deixa nessa confusão toda? Próximo capítulo, Katniss e Peeta estão de volta!

Comentem, please que eu JURO que dessa vez eu respondo, ok?

Mil beijos e obrigada sempre pelo carinho!