Renascer escrita por Ana C


Capítulo 21
De repente...


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!

Demorei, mas desta vez a culpa não foi minha! Eu simplesmente não conseguia postar capítulo novo de jeito nenhum! Não sei o que aconteceu com a minha conta no Nyah!, mas nem comentário eu estava podendo responder!!!

Fabi e Summer, o capítulo de hoje é dedicado a vocês, lindas aniversariantes! Modéstia a parte, as cancerianas são as melhores! (já perceberam que eu faço aniversário por agora, né? hahahahaha). Toda a felicidade do mundo pra vocês!

O capítulo de hoje é do... Gale! E eu não tenho muito o que dizer dele. Leiam e depois me digam o que acharam!

Beijos e boa leitura!



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Há bastante tempo não tenho que enfrentar um dia tão emotivo. Desde que a Revolução acabou, que não entendo exatamente meu lugar no mundo. Minhas emoções estão tão desconexas que resolvi me fechar para tudo e para todos. Aparentemente estou muito bem, sou o novo major das Forças Armadas de Panem e, felizmente, posso constatar que o conflito armado está sendo um recurso cada vez menos utilizado em nossos territórios. Com esse emprego posso visitar todos os lugares, tenho dinheiro suficiente para sustentar a mim e a minha família e estou constantemente rodeado de pessoas. Há algo no meu coração, entretanto, que me deixa sempre distante, como se estivesse separado de todos por uma cortina invisível. Os escuto, mas não processo nada. Sinto-me nulo, mas sei disfarçar tudo muito bem.

Ser convidado para o casamento de Katniss foi completamente inesperado. Não que eu duvidasse de que isso iria acontecer, Peeta desenvolveu com ela um tipo de relação que nunca consegui ter. O que me surpreendeu, foi a maneira com que este convite foi feito. Receber aquela carta, ler cada palavra escrita com a caligrafia impecável do padeiro, contando os últimos acontecimentos do meu distrito e das pessoas que um dia achei serem minhas, foi como um soco no estômago. Descobrir que também tinha perdido Rory para meu "inimigo", foi um golpe ainda mais forte. Toda a dormência foi substituída por uma raiva incontrolável. Enquanto eu quebrava todo e qualquer objeto que estava em meu campo de visão, desejava fervorosamente que cada um deles amenizasse um pouco, toda a dor guardada em meu peito.

Depois da raiva, a vontade de esquecer se sobrepôs de maneira perigosa. Não sei ao certo a quantidade de mulheres com quem dormi naqueles dias, ou o quanto de bebida ingeri, ou mesmo a quantos perigosos treinamentos de segurança eu me submeti. E então, quando eu decidi procurar ajuda médica, me indicaram um psicólogo, com quem me trato até hoje. Só assim foi possível estar aqui, neste casamento. Só assim entendi que, apesar de não ter tido que enfrentar a morte de ninguém da minha família, sofro com a perda da mesma forma que aqueles que lutaram do meu lado. Eu perdi a minha melhor amiga e aquela que eu acreditava que seria minha companheira pelo resto da vida. Eu perdi a chance de voltar às minhas raízes e de ver os irmãos, que eu criei com tanto amor, crescerem.

Poder voltar pra casa foi tão bom... Ter o carinho do abraço da minha mãe, do sorriso genuíno de Posy, das conversas com Vick e da alegria contagiante de Rory. De certa forma me senti agradecido por Peeta, por ele ter dado a mim, a coragem que eu precisava para retornar ao 12. E depois, quando ele me recebeu de maneira tão cordial em sua casa, decidi que seria ridículo ficar nutrindo um rancor infundado por ele.

É provável que eu e Katniss nunca mais sejamos os amigos que fomos. Pode ser que Peeta tenha tomado definitivamente esse lugar de mim. Mas eu estou satisfeito de verdade de poder ter tido a oportunidade de abraçá-la, de pedir desculpas pelo que fiz a Prim, de pedir perdão. E agora que a vi deslizar pelo jardim como se fosse uma espécie de deusa, mais bonita que nunca, radiante quando seu olhar se encontrou com o de seu futuro marido, me convenci de que as vezes as coisas não terminam da maneira que se quer e que eu tenho que segurar a tristeza para não arruinar esse dia para ninguém.

Cressida e Pollux posicionam a pequena câmera que carregam para a pista de dança. O objetivo é filmar o mais novo e o mais importante casal de toda Panem. As filmagens vão ficar lindas, tenho que admitir. Os dois mal conseguem esconder a felicidade que sentem, a cada giro que dão pela pequena pista o sorriso de Katniss aumenta e o embevecimento no olhar de Peeta também. Não há como deixar de pensar que eu poderia estar no lugar dele, mas faço o que posso para não deixar transparecer meus pensamentos. Sou interrompido desse ciclo de sofrer e esconder por uma voz feminina sarcástica e divertida:

– Esses dois são tão românticos que me dá vontade de vomitar... - Olho para cima e vejo Johanna de pé, segurando duas taças de champagne. Fico feliz de mais alguém neste recinto pensar parecido comigo.

– Olá Johanna! - digo, sorrindo. Ela pisca e me dá a outra taça de champagne que segurava na mão. Depois cumprimenta rapidamente minha família, que está sentada na mesa junto comigo - Quase não te reconheci, você está diferente!

A mulher que agora se senta ao meu lado é bastante diferente daquela que resgatei na Capital. Os cabelos estão crescidos e a suave brisa do dia fazem com que ele fique esvoaçante. Seu rosto, bem menos sofrido, revela o quanto ela é bonita e seu vestido sem mangas a deixa ao mesmo tempo sexy e feminina. Eu já a encontrei antes, na padaria, e pudemos conversar sobre nossos trabalhos e a vida depois de Snow, mas confesso que fiquei surpreendido com a sua aparência.

– Gostou, lindinho? - Ela pergunta, com um sorriso malicioso - Nada como 30 centímetros de cabelo a mais e uma boa equipe de preparação para me deixarem como se fosse uma mulherzinha...

Eu rio de sua própria consciência do quanto está diferente. Resolvo entrar na brincadeira e respondo com escárnio:

– Não se engane... Eu continuo morrendo de medo de você...

A gargalhada de Johanna ecoa pelos meus ouvidos e faz toda a minha família rir junto com ela. Estou satisfeito por alguém conseguir me fazer sentir leve hoje.

– Isso mesmo, lindinho! Só mostra o quanto você é esperto! - ela responde, mantendo a brincadeira entre nós...

A festa de casamento transcorre tranquilamente e aos poucos eu me sinto pertencente a este lugar. Eu, Johanna e minha família emendamos vários assuntos e a conversa me tira um pouco o peso deste dia das costas. Depois, a música volta a ser o centro das atenções e a maioria dos poucos convidados se levanta para poder dançar. Johanna se vira para mim com o mesmo brilho atrevido nos olhos e desta vez me convida para me juntar aos outros na pista. Eu nego, mas Posy prontamente se oferece para ocupar meu lugar. As duas formam a melhor dupla da pista de dança, em todos os quesitos. Com minha irmãzinha no colo, Johanna rodopia sem parar, fazendo-a gargalhar. Annie, que está junto ao seu filho Finn, participa da brincadeira de forma moderada. Peeta olha para as duas de forma divertida, assim como minha mãe. Escuto parte da conversa entre as duas:

– Acho que seremos grandes amigas! - Johanna diz, com uma doçura desconhecida até então - Você sabe, um dia eu tive uma irmã tão bonita quanto você...

– E onde ela está agora? - a pergunta que a minha faz é natural, porém eu fico com medo das reações que podem ser causadas

– Ela está no céu, perto de um monte de gente boa. Meu pai e minha mãe estão lá também... Um dia eu vou encontrá-los, mas por enquanto eu vou aproveitar a sua companhia, tudo bem?

Posy acena concordando. Eu fico ainda mais sensibilizado com toda a situação. Olhando para a mulher que balança levemente a barra do seu vestido enquanto dança, agora suavemente, percebo que ela é daquelas que tem uma vontade sobrenatural de viver. Johanna já passou por muito mais coisas do que eu, mas, por mais sarcástica que seja, sempre a vejo aproveitar tudo o que pode. E de repente eu quero que ela me ensine a ser da mesma maneira. Que ela me mostre como eu posso acordar todos os dias disposto a enfrentar mais uma jornada. Como eu posso sorrir mesmo estando quebrado por dentro. Então levanto e caminho até ela. Rory me dá uma piscada de olho, me encorajando, mostrando que por mais que eu não tenha falado uma palavra, ele entendeu exatamente o que estava se passando comigo. Quando estou bem próximo a Johanna consigo sentir seu perfume e me questiono como não a percebi antes. Minhas mãos tocam seu ombro, para que ela se vire para mim e, pela primeira vez, vejo um brilho de insegurança em seus olhos. Ele, no entanto, vai embora no momento em que me pronuncio:

– Acho que agora estou preparado para aquela dança. Você me acompanharia?

Ela não responde, mas junta minhas mãos as suas e aproxima seu corpo lentamente. Nós dançamos uma, duas, três músicas sem sequer nos falarmos. Não há a menor necessidade. O calor que cresce a cada momento, a troca incessante de olhares, a tensão aparente, tudo mostra o quão atraídos estamos um pelo outro. Não estranho quando ela decide, de forma repentina, ir embora da festa. Ofereço-me para levá-la até a Vila dos Vitoriosos e ela parece feliz com a iniciativa que eu tomo. Todos permanecem no jardim e nós tentamos sair sem fazer alarde. Vamos caminhando lentamente, alternando nossos momentos de silêncio com conversas tolas. O trajeto parece interminável, mas eu agradeço pela chance de poder repensar o que eu estou fazendo. Penso em desistir algumas vezes, mas o desejo é muito maior do que o meu discernimento. Chegamos, enfim, à antiga casa de Peeta, lugar onde ela e Annie estão hospedadas. Ela abre a porta e me dá espaço para pensar. Novamente vem até mim, o pensamento de desistir, mas resolvo seguir em frente.

A determinação de Johanna parece sumir aos poucos. Ela se vira subitamente e avisa para mim que irá até a cozinha beber um copo de água, aproveitando pra me perguntar se eu quero alguma coisa. Eu digo que não e ela desaparece rapidamente das minhas vistas. Algum tempo se passa, e começo a ficar preocupado com a ausência dela. A encontro encostada na bancada da pia, com o copo na mão e os pensamentos sabe-se lá onde. Aproximo-me devagar, mas ela sente minha presença e se vira antes que eu a alcance. Em questão de segundos estamos nos beijando como loucos, enquanto partimos em busca de um lugar para ficarmos mais confortáveis. Ela me mostra o caminho até seu quarto e eu a sigo, enlouquecido, morrendo de vontade de dar continuidade ao que começamos momentos atrás. Assim que chegamos no cômodo, a atiro na cama e começo a levantar a barra do seu vestido, enquanto mesclo beijos afobados em sua boca com mordidas em seu ombro. Eu mal consigo me conter e não faço questão de ser cortês, ou educado. Johanna não parece se importar com isso no início, o prazer é evidente em seus olhos, porém, em determinado momento, quando tento tirar seu vestido de maneira desajeitada, ela fecha os olhos e me suplica com um sussurro...

– Por favor, não me machuque...

Eu paraliso diante do pedido, assustado pela possibilidade de estar me comportando de maneira animalesca. Sento na cama, preparado para vestir as poucas peças de roupa que já tirei, com um pedido de desculpas sendo ensaiado na cabeça, mas ela me contem. Depois me dá o mais pecaminoso dos beijos, o que me faz entender que o pedido não é exatamente para mim. Novamente ela mostra pra mim que é única. Linda, passional, imprevisível... Não sei o quanto ela sofreu na vida, mas acredito que posso tentar fazê-la esquecer de tudo. Nem que seja somente por uma noite...


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Notas finais do capítulo

Gente, quase não deu pra revisar esse capítulo. Deve ter um monte de pequenos errinhos aí... Me desculpem, ok?

E aí, gostaram? Não? Já sabem, né? Estou esperando as reações!

Mil beijos e nos vemos nos comentários!