Renascer escrita por Ana C


Capítulo 16
Renovação


Notas iniciais do capítulo

Olá meninos e meninas!

Demorei, mas voltei!

Olha, eu não costumo demorar pra escrever não, mas esses últimos dias estão super difíceis, então me desculpem ok?

Muito obrigada pela força que vocês me deram no último capítulo, foi muito importante pra mim!

O capítulo de hoje eu dedico aos que fizeram de tudo pra me motivar essa semana(e conseguiram)! Estrela, AFilho, Nadi, Kath, felece, Raquel e Liah: todo o meu carinho pra vocês!

E para todos os novos leitores: bem vindos!

Capítulo narrado pela Katniss. Uma nova fase está surgindo para o casal!

Boa leitura!



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Entro no escritório no qual, um dia, Snow obrigou que eu demonstrasse estar apaixonada pelo meu companheiro de distrito. Nada dentro do cômodo está igual. As paredes estão mais claras, a grande mesa e a cadeira onde aquele velho nojento esteve já não existem. O cheiro de tinta mexe com o olfato e me avisa que este espaço é de Peeta. Decidi ceder um ambiente aqui de casa para que ele pintasse. Não gostava quando ele tinha que ficar os muito poucos dias que tem de folga longe de mim, pintando, na casa em que ele vivia. Seus quadros são lindos e eu posso ver a serenidade que a atividade transmite a ele. Mas o quero ao meu lado. Quero que ele afague meu cabelo enquanto está pincelando, ou que me explique a alquimia entre as misturas de tintas que resulta na tonalidade perfeita do mar, do por do sol, ou dos meus olhos...

Há um ano, Polux admirou uma destas pinturas. É, até hoje, a minha favorita. Sou eu, em meu estado mais livre, me preparando para o momento mais intenso da minha vida. Não consigo acreditar ainda na riqueza dos detalhes daquela pintura, mas tudo nela me remete àquele dia. Naquela tela está registrada a felicidade que eu sei que posso sentir. Não tenho palavras pra explicar como me senti envergonhada quando meu amigo apontou para o quadro e fez um sinal de positivo. Depois, quando pegou o caderno que sempre leva junto a ele e escreveu a palavra "lindo" eu concordei, mas pedi que ele guardasse segredo. Ele apontou para a própria língua e não conseguimos evitar a risada. Acho que aquele episódio também me convenceu a fazer deste quarto, algo novo.

Foram doze meses bem agitados para alguém que acreditava não ter perspectiva de vida. A Mellark Bakery enche todos os dias. Peeta está extremamente cansado, mas nunca o vi tão feliz. Nos últimos tempos, ele tem se dedicado mais ainda, dando aulas à Jake e Rory. Ele diz que os dois são bons, mas que o irmão de Gale tem a inventividade, a criatividade com os ingredientes que ele tinha. E que a medida em que Rory vá crescendo, talvez ele possa trabalhar menos dias, ou menos horas. Eu não posso disfarçar a alegria em pensar que um dia possamos voltar aos tempos em que éramos só nos dois e essa casa, ainda que não com a intensidade daquela época.

Não ficamos muito longe, porém. Encontrei na administração da padaria algo com que posso lidar e que sou realmente boa. Minhas aptidões agora não se resumem a caça e a habilidade de assassinar inimigos e eu estou muito contente de poder me ver de outra forma. Quase todos os dias passo as tardes na padaria, na mesa do canto do jardim, ao lado dos dentes-de-leão e perto das lavandas, revendo contas, cuidando para que os pedidos de produtos não atrasem, ou falando com fornecedores dos diversos distritos. Na verdade é tudo bem fácil. Uma vez que digo meu nome, todos se dispõem a entregar tudo com a maior presteza. Depois verifico se chegou tudo em ordem e ajudo a guardar tudo na dispensa ou na geladeira. Delly tem se aproximado de mim e nos tornamos boas amigas, mas não consigo evitar um frio na barriga quando ela ri de alguma piada de Peeta, ou sorri com o jeito doce com que ele trata todo mundo.

Ver o negócio crescer e ser parte dele me deixa muito animada. Sempre há gente sentada nas mesas espalhadas pela padaria, os sorrisos são uma constante. Adoro ver a bancada cheia de doces coloridos e pães frescos, mas gosto mais ainda de saber que eles estão ao acesso de todos. Meu coração se enche quando vejo Peeta colocar um pão a mais no saco de alguém, quando ele julga ser necessário, ou quando ele dá um doce a mais para uma criança, esperando o sorriso dela como recompensa. Quando Greasy Sae vem nos visitar vai direto para a cozinha, ver como os bolos ficam prontos e a gargalhada dela enche o espaço. Além disso tudo, tive o prazer de ver vários aniversários serem celebrados aqui. É tão bom ver a vida continuando... Aniversários são imensamente celebrados aqui em nosso distrito, pois mostram a nossa vitória contra a opressão. E nada melhor do que ter um bolo preparado pelo melhor padeiro de toda a Panem para acompanhar...

O tempo todo em que passamos na padaria me fez perceber o quanto nossa casa ainda era um lugar triste. Apesar de todo amor que havia dentro dela, todos os móveis, todas as pinturas, todos os detalhes, eram da época anterior à revolução e me faziam lembrar do tempo dos Jogos Vorazes. Existiam pouquíssimas lembranças boas desta casa antes da volta de Peeta. Todas as vezes que retornávamos, exaustos, depois de uma longa jornada de trabalho, meu coração se enchia de melancolia por entrar em um ambiente tão sombrio...

Passei muitos dias pensando até conseguir verbalizar a Peeta o meu desejo de mudar a casa. Não porque ele não fosse aceitar, mas porque via o cansaço em seu olhar, mesmo que mascarado pela satisfação de fazer o que ama. Eu não desejava de sobrecarregá-lo, mas a vontade de ter finalmente um lar falou mas alto. Em determinado dia, na loja, finalmente disse que gostaria de ter um espaço tão bonito como aquele em minha própria casa. Ele sorriu e concordou imediatamente. Buscamos uma solução e ele decidiu que deixaria preparado vários doces e bolos de domingo para segunda, dia em que o movimento da padaria dava uma ligeira diminuída, e se dedicaria exclusivamente a mim e ao nosso lugar. Depois avisou a Jake e Rory que os dois teriam um dia da semana para fazerem os pães e que eles tinham toda a sua confiança. Pude ver a ansiedade de Rory ao saber que já tinha em suas mãos, com tão pouca idade, tanta responsabilidade. Mas ele estava radiante, isso era inegável. Jake, por sua vez, estava feliz com a oportunidade de mostrar seu trabalho.

No primeiro dia de nossa nova rotina pedi silenciosamente para que o processo de reforma durasse por muito tempo. Acordar com calma, apreciar seu sorriso aparecer junto com os raios de sol, me desejando um bom dia, é um dos mais especiais de nossos momentos juntos. Nesse dia, não consegui realizar nenhuma boa caça. Minha mente ia ao encontro dele todo o tempo. Voltei bem antes do previsto e vi Peeta carregar algumas latas de tinta para dentro. Ele realmente estava disposto a fazer da nossa casa a mais bonita de toda cidade. Eu, por minha vez, tratei de ajudá-lo como eu pude.

Começamos pelo andar inferior, trocando as cores da mórbida sala de estar, substituindo móveis e reformando, com ajuda técnica, nossa lareira. A escuridão do espaço já não existe e a cor creme das paredes principais dividem espaço com uma pequena parede laranja, que aviva todo o cômodo. O sofá que temos agora é muito mais confortável, assim como o enorme tapete que colocamos em frente a lareira. A poltrona na qual meu "visitante" se sentava todas as tardes, esperando que eu finalmente saísse do meu torpor, continua no mesmo lugar. Dela não consegui me desfazer.

Lentamente nossa casa foi se transformando. Nossa cozinha agora é digna de um padeiro como Peeta e os outros lugares foram ficando aconchegantes da maneira que sempre quis que casa fosse . Nossas segundas viraram, rapidamente, os momentos mais felizes da minha semana, apesar de gostar muito de ir trabalhar em todos os outros dias. Haymitch se aproximou novamente, ajudando vez ou outra a carregar coisas pesadas, ou empurrando móveis. Sabemos que ele aparecia querendo estar perto de pessoas queridas, que sem a bebida, torna-se insuportável aguentar toda dor e toda a mágoa sozinho, mas ele jamais admitirá isso a nós. Eu não me importo. Gosto dele o suficiente para aceitá-lo da maneira que for.

O nosso quarto foi o último lugar a ser mexido. Talvez porque nele não me sentia tão triste. Não com a quantidade de boas lembranças que eu pude construir naquele espaço. Não quando tudo guardava o cheiro de Peeta. Mas mesmo assim o mudamos. Quando decidimos trocar a velha penteadeira por uma menor e mais bonita, Peeta descobriu que eu ainda guardava a pérola que ele havia me dado de presente. Diante da sua emoção, frente a descoberta, fiz questão de dizê-lo sobre a quantidade de vezes que beijei aquela pequena bolinha desejando que ele sentisse, onde quer que ele estivesse, meu amor. Os azuis de seus olhos se intensificaram, o brilho era intenso e eu sabia o porquê. Eu dei a ele uma nova memória, genuína, que nenhum veneno de teleguiada poderia destruir. Peeta me observou, com real interesse, recolocar a pérola dentro da pequena caixinha de veludo em que a guardo com tanto zelo.

A minha mente faz a viagem de volta ao tempo presente e encontro Peeta parado diante de mim, me desenhando. Acredito já ter sido retratada de todas as formas possíveis, mas ele diz que uma musa sempre merece ser pintada. Eu me sinto tão lisonjeada e desejada que sempre deixo que ele faça o que quer. Sorrio para ele tempos depois, e me lembro finalmente o que fui dizer quando fui procurá-lo no escritório:

– Nós deveríamos nos arrumar para irmos ao trabalho. Não há mais motivos para ficarmos em casa às segundas. Nossa reforma terminou, finalmente. Está tarde, mas poderíamos pelo menos verificar se as coisas estão bem por lá...

Recebo um olhar brincalhão em resposta. Sei que ele vai me propor algo e que eu aceitarei sem hesitar.

– Ninguém precisa saber que nós terminamos tudo, não é? Que tal tirarmos essa segunda para nós dois? - ele pergunta. Eu fico tão animada que não consigo disfarçar

– E o que nós faremos? - digo

– Quem sabe um jantar? Nossa sala está tão bonita, é realmente um desperdício não usá-la. Comemos, tomamos um vinho... O resto da noite, a gente decide...

Algo me diz que o tapete da sala será de grande valia. A ansiedade e a vontade de que a noite chegue se misturam, mal posso esperar para o nosso encontro, ainda que estejamos juntos desde a manhã.

– Preciso vestir algum traje especial? - questiono, brincalhona. Sei que ele não liga para esse tipo de coisa, apesar de me elogiar a cada nova combinação de peças que faço. Penso que posso tentar fazer uma trança, os meus cabelos já cresceram o suficiente, certamente ele vai gostar...

– Você pode vestir o que quiser... Ou pode não vestir nada. Vou gostar mais ainda. - Uma piscadela de olho me avisam da brincadeira e eu a retribuo rindo. Depois saio do pequeno ateliê decidida a me arrumar o máximo que posso.

Quando a noite cai, desço do quarto na hora em que combinamos. Nos arrumamos em cômodos diferentes da casa, para podermos fingir que estamos em um encontro. Peeta não fez o jantar, mas alguém se ocupou disso, já que o cheiro de comida pode ser sentido, o que me faz pensar que ele já tinha todo este dia em mente. Ele vai tentar me surpreender de alguma forma, mas posso ser mais rápida que ele desta vez. Peeta está a minha espera no pé da escada, lindo, vestido para alguma ocasião especial. Eu fico aliviada de estar com uma de minhas melhores roupas também. Nos beijamos ternamente, como na época em que ainda nos descobríamos apaixonados. Depois, de mãos dadas, rumamos até a sala

Ele me convida para sentar em nossa nova mesa, o que eu faço imediatamente. O jantar transcorre da forma mais leve e divertida possível e a ideia de que poderia haver alguma surpresa da parte dele se dissipa aos poucos. Acredito que Peeta queira manter o romantismo de nosso relacionamento e, como sempre, ele conseguiu alcançar seu objetivo. É por esse motivo, e por toda a felicidade que ele é capaz de me proporcionar, que estou decidida a tornar esta noite ainda melhor.

Convido-o para ficarmos em frente a lareira, aproveitando a maciez do tapete branco. Levo comigo o vinho que não chegamos a tomar, tiro os sapatos e aconselho que ele faça o mesmo. Depois que ele acende o fogo e coloca algumas lenhas para queimar, espero que ele se deite e me aninho em nossa tradicional posição. Percebo que seu coração está batendo mais acelerado do que o normal, assim como o meu. Não sei porque ele está deste jeito, mas tento acalmá-lo.

– Eu te amo - falo, com uma naturalidade que surpreende a mim mesma.

– Eu também te amo. Muito - ele responde na mesma hora.

– Nossa casa ficou tão bonita. Tudo na nossa vida está tão diferente... Nós deveríamos nos casar... - falo de uma só vez. Tenho borboletas enormes voando em meu estômago voando nesse momento. O coração de Peeta acelera de uma vez e uma sensação de boa se apodera de mim. Ele levanta as minhas costas delicadamente, até que eu fique completamente sentada. A expressão em seu rosto é impassível e eu fico desesperada, pensando que ele vai rejeitar minha proposta. Vejo-o tirar um pequeno embrulho do bolso para, então, dizer:

– Katniss Everdeen... - ele abre uma pequena caixa e vejo um anel com a minha pérola reinando, soberana. Peeta suspira e volta a falar - Você é uma grande estraga prazeres!

Nós dois rimos. Eu estraguei seu pedido de casamento, mas a noite não pode ser terminar mais perfeita. O anel se encaixa em meu dedo perfeitamente e ao invés de responder ao pedido do casamento com um simples "aceito", resolvo dar meu sim da maneira como ele reafirma seu amor todos os dias...

– Sempre.


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado super tarde, mas foi a hora que deu!
Estava doida pra esse momento da fic chegar, então comentem!!!
Os outros personagens começarão a aparecer a partir do próximo capítulo! Oba!
Milhões de beijos a todos e até o próximo!