Manu:– Não... É só que sei lá, ahh, esses dias eu comecei a pensar que, ah porra, talvez ele não seja tão frio assim, talvez... Talvez ele goste um pouquinho só de mim. E não, não é só por causa daquilo que tu me contou, fica tranqs.

Van:– Ai Manu, tu sabe o que eu penso. Mas se tu quiser mesmo voltar pra ele, quiser correr o risco, eu vou te apoiar.

Manu:– De verdade?

Van:– De verdade.

Manu:– Obrigada, palhaça.

Van:– De nada anã.

Dei língua pra ela e fui tentar dormir. Depois dessa conversa consegui dormir. Acordei no outro dia com a Van me sacudindo pra eu acordar. Levantei e fui tomar banho. Vesti um short azul e rosa, a blusa do uniforme e um Vans preto. Deixei o cabelo solto e desci pra tomar café, a Van ficou esperando enquanto eu terminava o meu café. Meu pai foi nos deixar no colégio. Só a Nanda estava lá, depois o resto chegou. Fiz uma prova relativamente boa, era prova de Química e Biologia. Fiquei lá na mesa de sempre perto da cantina esperando mais alguém sair de sala, enquanto fuçava meu twitter pelo celular. E por ironia do destino ninguém saiu, só o Pedro.

Eu estava sentada e nem tinha visto ele, ele chegou todo manso e soltou:

Pedro:– Oi. - Ele falou com as mãos enfiadas no bolso.

Manu:– Oi.

Pedro:– Posso sentar? - Ele apontou como o queixo pra cadeira na minha frente.

Manu:– Pode. - Dei de ombros e continuei encarando o celular.

Pedro:– E aí, como vai a vida?

Manu:– Não tenta socializar por favor. - Falei enquanto respondia a uma mention.

Pedro:– Tu nunca vai me perdoar mesmo? Eu não tô te pedindo pra voltar, eu sei que eu não mereço isso, eu só queria que tu me perdoasse por todas as besteiras que eu fiz.

Manu:– E por que eu faria isso? - Falei ainda sem encarar.

Pedro:– Porque eu me arrependi de verdade, eu admito que eu fui um babaca, imbecil, idiota contigo e que eu nunca devia ter feito aquela aposta. E eu só queria que tu me perdoasse de verdade, não uma resposta dita pra se livrar de mim. Um perdão do fundo do teu coração.

Manu:– Desculpa, mas isso eu não posso te dar. - Dei de ombros e voltei pro twitter.

Na hora eu percebi eu percebi que eu realmente não estava pronta pra perdoar ele, mesmo sabendo que ele se arrependeu, antes eu estava de cabeça quente e achei que seria fácil perdoar ele, mas naquele momento ali conversando frente a frente com ele eu vi que seria difícil perdoar ele de verdade, do fundo do meu coração.

Ele continuou lá sentado e o Art saiu da prova e veio falar comigo só que quando ele chegou perto de mim ao invés de me dar um abraço como ele sempre fazia, ele me deu u mselinho, eu já comecei a falar na hora:

Manu:– Arthur, que...

Art:– O que tu achou da prova, amor?

Na hora que ele falou isso eu entendi tudo, ele tava dando continuidade ao fingimento que eu tinha inventado pra me livrar do Pedro e até que deu certo, porque ele saiu na hora.

Art:– Desculpa, Manu. Eu só queria dar veracidade ao nosso “namoro”. – Ele fez aspas com os dedos.

Manu:– Muito obrigada Art. Eu quase ia estragando tudo, mas ok.

Nós dois começamos a rir e ficamos conversando até ele sair pra ir a secretaria resolver uns bagulhos. Fiquei lendo um livro até o Rodolfo sair da prova:

Rodolfo:– Velho, aquela prova de Biologia estava uma porcaria. - Ele falou fazendo careta.

Manu:– Estava um pouco difícil, mas não muiiiito difícil.

Rodolfo:– Tu diz isso porque é nerd Manu, sai.

Manu:– Besta. - Mostrei a língua.

Rodolfo:– Só saiu a gente?

Manu:– Se com a gente tu quer dizer, eu, tu, o Art e o Pedro, é foi só a gente.

Rodolfo:– Ele veio falar contigo?

Manu:– Veio.

Rodolfo:– Sobre?

Manu:– Nada que precise ser mencionado, mas vamos mudar de assunto?

Rodolfo:– Vamos, vamos falar sobre aquela frase linda que a Nanda escutou na casa do Art.

Manu:– Ai meu Deus, nem me lembra daquele desastre, eu juro que foi sem querer Rodolfo, sério eu nunca ia falar aquilo se soubesse que vocês já tinham chegado.

Rodolfo:– E... Tu contou para ela tudo? - Ele falou preocupado.

Manu:– Não. - Menti. - Inventei uma desculpa qualquer.

Rodolfo:– E ela acreditou?

Manu:– Aparentemente sim. - Menti mais.

Conversamos outras besteiras e ficamos nisso até mais gente descer da prova, fomos comer alguma coisa na cantina, porque ninguém vive a base de Mentos, tipo eu, depois ficamos charlando até faltar dez minutos pra começar a nossa educação física, aí foi todo mundo se trocar. Quando chegamos na quadra só o professor e uns dois alunos estavam lá.

E ó que novidade, era o Gabriel se pegando com a Nayara enquanto o professor não estava vendo, eca. Até torcia pra eles ficarem juntos, porque com certeza os dois seriam cornos, ia ser como um mundo mágico. Mas como eu sou uma linda, gritei:

Manu:– PROFESSOR, PODE SE BEIJAR NA AULA? - Gritei bem alto mesmo.

Ele virou na mesma hora, brigou com eles e pediu o RA (Registro acadêmico) pra tirar um ponto por indisciplina. A Nayara me olhou com uma cara de raiva, eu só ri e sentei no banco esperando a educação física terminar. Todo mundo ficou lá sentando esperando o resto da turma. Quando todo mundo chegou começou a tortura que chamam de Educação física. Ele fez tipo um circuito, primeiro pulava com um pé em cada pneu, depois fazia vinte polichinelos, depois fazia vinte flexões, depois ficava jogando uma bola de basquete e só podia sair quando acertasse. Tudo isso correndo. Quando acabou fui com as meninas ao banheiro e esperei elas terminarem de se arrumar. Quando eu cheguei lá, estava a Ju, a Nanda, a Nayara, ecaa, e mais umas duas meninas que eu não lembro o nome agora. A Nayara e uma das meninas já estava indo embora. Fiquei sentada e aos poucos todas as meninas foram embora e ficou só eu, a Ju e a Nanda.

Ju:– Manu, o que foi aquele mega grito? - Ela riu.

Manu:– Não sou uma fofa? Só pra não perder o costume de atazanar aqueles putos.

Ju:– Mas foi bem feito pra eles viu. Aquela pegação escrota.

Manu:– Né isso.

Ju:– A Nanda já foi?

Manu:– Não, mas tá calada. Hmmmm, tá pensando no Rodolfo?

Ju:– Como assim? Hmmmmmm.

Nanda:– Ai calem a boca.

Ju:– Só porque a gente shippa vocês?

Nanda:– Shippa o caralho, calem a boca suas bitchs.

Manu:– Quanto amor Nanda. - Falei rindo.

Quando elas terminaram de se ajeitar eu fui na cantina comprar um salgado, porque sou uma eterna gorda. Subi pra sala com as meninas enquanto comia. Nem prestei atenção na aula, preferi ler meu volume sete de Ordem dos Arqueiros. Quando acabou, nós descemos, o pai da Ju chegou logo e o Lucas foi com ela. O Art e o Rodolfo foram na cantina, enquanto eu e a Nanda ficamos em pé no pátio esperando, porque não tinha cadeira u_u Eu vi o Rodolfo chegando e tive uma ideia louca, nem pensei, só empurrei a Nanda quando o Rodolfo tava perto o bastante para segurar ela. Ela ia caindo, mas o Rodolfo segurou ela, porém os dois ficaram naquela distância perigosa.

E aí finalmente aconteceu, o que eu estava tentando fazer a dias, finalmente aconteceu. O Art estava chegando e viu tudo. Ele riu pra mim. Eu sorri e fui pra onde ele estava:

Art:– Então, como tu conseguiu isso?

Manu:– Só um empurrãozinho. Literalmente. - Ri e chamei ele pra outro canto.

Fiquei sentada perto da portaria com o Art, vimos o pai da Nanda chegar e ela veio correndo. Ainda bem porque eu sabia que ia sobrar sermão pra mim. E logo atrás dela veio o Rodolfo:

Rodolfo:– Manuela Urbano Albuquerque, o que foi aquele empurrão?

Manu:– Ah Rodolfo vai dizer que não gostou, quem visse teria notado na hora que tu também retribui o beijo.

Art:– Isso é verdade Rodolfo.

Rodolfo:– Tá, mas sei lá, foi estranho.

Manu:– Como um beijo pode ser estranho?

Rodolfo:– Não foi SÓ um beijo... foram vários beijos. - Ele disse mordendo os lábios.

Manu:– AIIIIIIIIIIII QUE LINDOOOOOO. - Comecei a pular, ou pelo menos tentei com a perna engessada. - Eu sabia, eu sabia que ia conseguir juntar vocês dois.

Art:– Manu... Calma, eles só ficaram, não tem nada sério ainda, te acalma menina.

Manu:– Eu sei, mas é que é tão fofo eles dois juntos. E tipo eles ficaram cara.

Rodolfo:– Alguém já te disse que tu é maluca Manu?

Manu:– Já, mas era tudo recalque porque eu brilho mais que o sol.

Eles riram de mim. Ele contou os detalhes, poucos, mas detalhes. Eles ficaram e conversaram sobre tudo, ele "confessou" pra ela que gostava dela, e ela também. Eu fiquei super feliz por eles e ao mesmo tempo triste, porque era mais gente se "ajeitando" ao meu redor, saca? Mais gente com a vida amorosa resolvida. Afastei esses pensamentos da minha cabeça, fomos almoçar na cantina do colégio e ficamos conversando besteiras.

Meu pai chegou e o Art foi pra casa comigo. Quando finalmente chegamos em casa, eu subi direto para o quarto e deixei meu skype ligado para esperar a Nanda entrar. Enquanto esperava entrei no meu tumblr e no twitter. A Ju estava on e eu fui contar as novidades, chamei ela na conferência:

Manu:– Juuuuuuuuuuuuu.

Ju:– Que foi menina?

Manu:– Tu não vai acreditar no que aconteceu.

Ju:– O quê? - Ela perguntou já curiosa.

Manu:– O Rodolfo e a Nanda ficaram. - Quase gritei.

Ju:– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. Mentira, ai que perfeito.

Manu:– Né isso. Ele contou pra mim e pro Art que eles ficaram e contaram um pro outro que se gostavam.

Ju:– Que fofo gente. Agora só falta tu e o Art se acertarem. - Ela fez cara de apaixonada, o que eu imaginei que era uma tentativa de imitação de mim.

Manu:– Deus tá vendo essa zoera hein fera.

Ju:– Nem vem, que vocês super combinam.

Manu:– Tá, mas combinar é diferente de gostar.

Ju:– Não estrague Manur, que é Manu mais Arthur.

Manu:– Caralho Juliana, tu já criou shipper pra gente?

Ju:– Claro, Manur é meu OTP junto com Ferdolfo.

Manu:– Tá “serto” fera.

Quando ela estava respondendo a Nanda entrou e a zoera começou, chamei ela pra conferência e nós começamos a zoera:

Ju:– Nandaaaaaaaa, a Manu me contou tudo. Que fofo gente, eu sabia que Ferdolfo um dia ia dar certo.

Nanda:– Ferdolfo? Oi ? Como assim? E como a Manu sabe de tudo. - Ela fez aspas no tudo.

Manu:– O Rodolfo me contou claro, pra mim e pro Art. E eu achei tudo perfeito, só pra avisar.

Nanda:– Meu Deus vocês são loucas.

Ju e Manu:– Loucas não, shippadoras de Ferdolfo. - Fizemos coração com as mãos.

Nanda:– Sem graça isso. - Ela deu língua pra gente.

Manu:– Não interessa, queremos detalhes, detalhes.

Nanda:– Mas o Rodolfo não já te contou tudo? - Ela ficou confusa.

Manu:– Já, mas ele contou a versão dele.

Ju:– E a gente quer a tua versão né lerda.

Nanda:– Ah saquei. Eu não sei como descrever entende? Tipo quando a Manu me empurrou eu jurava que ia cair só que ele me pegou e a gente ficou muito próximo. E de repente tudo que eu tinha guardado durante todo esse tempo veio de uma vez, sabe o tempo todo que eu passava pensando nele, o amor que eu sinto por ele, sendo que ele tava tão perto de mim que eu podia sentir a respiração dele. E a minha única reação foi me aproximar mais e mais até que quando eu dei por mim a gente já estava se beijando. E cara, foi o melhor beijo da minha vida. Juro por Deus que valeu a pena cada segundo que eu esperei por ele.

Ju e Manu:– QUE LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOO.

Nanda:– Bestonas.

Manu:– Bestonas nada, é fofo sim.

Ju:– Muito fofo mesmo. Ferdolfo já foi agora só falta Manur.

Nanda:– Whatafuck is Manur?

Ju:– Manu mais Arthur né lerda.

Nanda:– Sério? Awwwn, cês ficam fofo juntos.

Manu:– Cês são é um bando de louca, não tem nada entre a gente cara, não aconteceu nada e nem vai acontecer. Deixem de se drogar e vão fazer algo produtivo.

Nanda:– Algo produtivo? Hm, que tal ajudar Manur a se concretizar Ju? - Ela riu.

Ju:– A-do-rei. - Ela riu também.

Manu:– Bando de doidas. - Tentei fazer cara de brava, mas não consegui e caí na risada.

A Van chegou da corridinha dela e entrou na conversa também, as meninas contaram pra ela sobre tudo, desde Ferdolfo se concretizando até a "ideia" delas de ajudar Manur. Depois dessa conversa super "produtiva" ficamos só a toa. A Nanda convidou a gente para a festa dela de 15 anos que ia ser em uma casa de praia. A gente topou na hora. Depois ela saiu pra ir andar de skate, melhor que eu óbvio.

A Ju saiu quase uma hora depois, depois que ela saiu eu e a Van descemos pra lanchar, minha mãe tinha feito bolo de cenoura com calda de chocolate. Eu comi dois pedaços com um copo "gigante" de refrigerante. Depois fomos para a piscina lá de casa, fazia tempo que eu não ia. Eu me entupi de protetor solar e a gente pegou um solzinho básico. Ficamos no máximo uma hora na piscina, saímos e eu fui tomar um banho de verdade. Me vesti e fiquei esperando enquanto a Van tomava o banho dela. Quando ela terminou de se vestir, descemos e ficamos sentadas na calçada. Vi o Art pela janela da casa dela, como não dava pra gritar liguei para ele e chamei ele para sentar com a gente na calçada. Ele disse que ia só trocar de roupa e descia.

Depois de cinco minutos ele veio e sentou com a gente. Ficamos conversando bobagens, de repente a Van disse que precisava entrar, mas disse que a gente podia continuar conversando sem ela. Não entendi nada, mas continuei lá.

Manu:– Então, tu vai pra festa da Nanda né Art?

Art:– Ainda não sei.

Manu:– Vai pelo amor de Deus. Não quero ficar sozinha lá.

Art:– Sozinha, mas quase todo mundo vai.

Manu:– A Nanda e o Rodolfo vão, logo se alguém ficar perto deles vai ficar de vela. A Ju disse que vai levar um menino que ela conheceu e acha que é o príncipe dela, vela de novo. O Lucas também vai, mas vai passar a festa toda atrás de "pegar" alguma menina e a Van não vai poder ir. Então é, eu vou ficar sozinha.

Art:– Ah saquei.

Manu:– Então tu vai né?

Art:– Pensar no teu caso.

Manu:– Como vai pensar no meu caso? Vai perder a chance de ser visto com uma gata dessas. - Ele me olhou de cima a baixo.

Art:– Vish, vou perder muito. - Ele começou a rir.

Manu:– Tu é besta ó man. - Comecei a rir também.

Ele disse que talvez fosse, mas não era certeza. Ficamos conversando até umas 10 horas, até que ele entrou. Entrei também e a Van estava deitada na cama lendo:

Van:– E aí? - Ela sentou toda animada.

Manu:– E aí o quê? - Perguntei sem entender nada.

Van:– O que aconteceu enquanto eu estava fora? - E nessa hora eu entendi.

Manu:– Não acredito Vanessa, tu saiu de lá, só pra me deixar sozinha com o Art?

Van:– Foi. - Ela deu de ombros.

Manu:– Vou te matar sua doida. - Joguei um travesseiro nela.

Van:– Ora mais, sim, mas conte o que aconteceu.

Manu:– Meu Deus, nada, a gente estava conversando até agora.

Van:– Ai que sem graça.

Depois disso fomos dormir. Acordei no outro dia era quase 10 horas. Desci para tomar café de pijama mesmo. Tomei meu café e fui assistir com a Van. Assistimos uns três episódios de Supernatural, minha paixão ♥ Minha mãe chamou a gente para almoçar. Almoçamos e eu subi para o quarto para tomar banho e me arrumar para sair. Vesti uma blusa de manga, um short azul e uma rasteira e esperei a Van se arrumar pra ir pro parque.

Quando ela terminou de se arrumar saímos e fomos de táxi ate o parque. Cheguei lá e já comecei a imaginar mil fotos. Tirei várias fotos, de casais que estavam fazendo piquenique lá, de crianças brincando, de pré-adolescentes brincando de jogo da garrafa, de um tiozinho pintando, só sei que no final eu tirei pelo menos umas 250 fotos. A Van só observava tentando entender como eu conseguia tirar tanta foto. Depois que eu terminei a gente comeu um cachorro-quente e fomos pro shopping, onde a gente tinha combinado de se encontrar com as meninas.

Chegamos e só faltava a Nanda, que chegou uns 10 minutos depois. Compramos ingressos pra assistir Minha mãe é uma peça, que é perfeito. Faltava uma hora e meia para a nossa sessão então a gente ficou charlando no shopping. Só que no meio do caminho eu pensei ter visto o Pedro e uma menina. Por sorte tinha uma loja de câmeras perto de onde nós estávamos, eu pedi pra elas irem na frente que eu ia olhar umas câmeras. Elas deram de ombros e foram, quando elas estavam fora da minha vista, fui pra perto de onde eu pensei que tinha visto eles e realmente era ele.

Consegui ouvir umas partes da conversa: