Manu:– Provavelmente, eu venho muito aqui.

xXx:– Pra fotografar skatistas gatos? - Ele apontou pra câmera e eu ri.

Manu: Não, pra andar mesmo.

xXx:– Hm, então você é uma garota multiuso.

Manu:– Mais ou menos isso. - Dei de ombros.

xXx:– Então nesse caso, me mostre seus talentos, garota multiuso. - Ele me estendeu o skate.

Peguei o skate e fui andar. Depois de uns cinco minutos fazendo todas as manobras que eu lembrava, voltei a sentar do lado dele.

Manu:– Então?

xXx:– Uau. - Ele ficou me olhando embasbacado, talvez pelo fato que existem poucas garotas que sabem usar um skate mais do que só pra tirar foto.

Manu:– Acho que você pode ser mais especifico que isso, moço loiro. - Apontei pro cabelo dele, que tinha um tom exagerado de loiro.

xXx:– Ah, meu nome é... - Ele foi interrompido por uma buzina bem próximo de nós e uma mulher gritando algo parecido com "Frederico”

xXx:– Ah, é a minha mãe, eu tenho que ir. Nos vemos depois, garota multiuso. - Ele deu um meio sorriso enquanto entrava no carro.

Manu:– Manuela, meu nome é Manuela.

xXx:– Ah, o meu é...

Só que eu não pude ouvir o nome dele porque a mãe dele saiu cantando pneu. Eu fiquei olhando até que eles viraram na esquina. Quando eu voltei pra pegar minhas coisas, percebi que ele tinha esquecido o skate dele. E confesso que eu adorei, porque eu ia ter um motivo pra ver ele de novo.

Fui pra casa e tomei um banho bem demorado. Deixei o cabelo solto pra secar e fui jantar, subi de volta pro meu quarto e fiquei assistindo alguns episódios de HIMYM, depois fui dormir.

Acordei toda animada no dia seguinte, tomei banho, vesti um short jeans estilizado, a blusa do uniforme e um tênis qualquer. Deixei o cabelo solto mesmo e desci pra tomar café, eu estava tão animada que até meus pais perceberam e perguntaram o que tinha acontecido pra eu estar animada daquele jeito, eu só disse que era um bom humor normal. Meu pai foi me deixar no colégio e só o Rodolfo tinha chegado, ficamos conversando e até ele que é lerdo percebeu meu bom humor:

Rodolfo:– Hmmmm, tá de bom humor, hmmmmm.

Manu:– Ô bicho besta.

Rodolfo:– Me conte o que está tirando o seu mau humor matinal?

Manu:– Nada. - Dei de ombros.

Rodolfo:– Mentindo pra mim? Jura?

Manu:– Tá, eu conheci um menino ontem, e não zoe, porque nós só conversamos, só estou feliz assim porque eu gostei do jeito
dele, ele é simpático.

Rodolfo:– Hmmmmmmmmm, qual o nome dele?

Manu:– Esse é o problema, não deu tempo de ele falar, mas eu ouvi a mãe dele chamar ele de alguma coisa parecida com Frederico.

Rodolfo:– Porque esperteza é tudo.

Manu:– Fazer o quê? - Dei de ombros.

Rodolfo:– Enfim, o que importa é que tu tá finalmente esquecendo o Art.

Manu:– Pior que não, porque toda vez que eu ouço a voz dele, toda vez que eu vejo ele, ou algo que lembra ele toda a minha força de vontade acaba e eu volto a lembrar daquele fdp.

Rodolfo:– Então é só evitar ele e coisas que lembrem ele ué.

Manu:– Não Rodolfo, não é assim tão simples, se eu tiver que "esquecer" ele assim, evitando ele, eu não vou esquecer, porque eu vou estar na verdade programando todo o meu dia de acordo com ele, onde ele vai estar, quando, esse tipo de coisa.

Rodolfo:– Mas relaxe, tu vai esquecer ele, mais cedo ou mais tarde.

Manu:– Deus te ouça.

Depois disso o resto do pessoal foi chegando e nós começamos a conversar sobre outros assuntos. Quando tocou pra aula subiu a cambada toda junta, como sempre. Pela primeira vez no ano eu prestei realmente atenção na aula e entendi tudo que os professores explicaram. Eu estava tão concentrada que só percebi quanto tempo passou, quando o sinal pro intervalo tocou.

Descemos e ficamos na mesa de sempre, perto da cantina, menos o Art e o Rodolfo, que tinham passado o ultimo mês afastados da gente. Fizemos nosso pedido, comemos e ficamos conversando até tocar de novo. Assisti a aula super concentrada de novo, quando tocou pro fim da aula eu fui logo embora e só me despedi de quem eu encontrei pelo caminho.

Cheguei em casa, almocei e fui direto pro quarto. Fiz minhas tarefas, até de física. De tardinha fui pra piscina, já que fazia tempo que eu não dava um mergulho. Fiquei lá uma meia hora mais ou menos. Quando eu saí, fui tomar um banho e me arrumar. Vesti uma regata branca e um short jeans qualquer, calcei um tênis e prendi o cabelo em um rabo de cavalo.

Terminei de me arrumar e liguei pro Vini pra confirmar se ele ia pra pista, deixei um bilhete pra minha mãe, avisando aonde eu ia, peguei meu skate e do "moço loiro" e fui pra pista. Cheguei na pista e fiquei lá charlando até o Vini chegar. Ele sentou lá pela pista e eu fui pra onde ele estava sentado:

Vini:– Fala anã.

Manu:– Idiota. - Chutei ele devagarzinho.

Vini:– Hmmmm toda arrumada, vai encontrar quem?

Manu:– Ninguém. - Menti.

Vini:– Ah beleza. E esses skates aí? Tá tão gorda que precisa de dois?

Manu:– Cala a boca, Vinícius.

Vini:– Urra, me chamou de Vinicius, a porra tá sério. Mas tu não me respondeu, porque os dois skates?

Manu:– É que eu vim na pista ontem, daí não te encontrei e um menino me emprestou o skate dele, só que a mãe dele chegou e ele esqueceu o skate dele comigo.

Vini:– Hmmmmmmm. Sei viu. Tá muito mal explicado, bora conta.

Contei a história toda, desde as fotos, até o esquecimento do skate.

Vini:– Aposto que ficou mó cheiro de tinta nessa hora.

Manu:– Cheiro de tinta? Hã? - Perguntei confusa.

Vini:– É, porque pintou um clima.

Manu:– Nãããããããããããããão Vini, caralho, que piada sem graça, velho.

Vini:– Ei foi legal, admita.

Manu:– Não.

Vini:– Enfim, quem era o menino?

Manu:– Esse é o problema, eu lembro de ter visto ele uma vez ou outra, mas não tenho a mínima ideia de como é o nome dele.

Vini:– Tu é burra Manu.

Manu:– Ô, tipo, eu só ouvi a mãe dele chamando ele de Frederico, mas isso não ajuda em nada.

Realmente não ajudava, porque ninguém na pista era chamado pelo nome, só pelos apelidos, tirando quem conhecia a pessoa, tipo eu conhecia o Vini então eu chamava ele pelo nome, mas só nesses casos.

Vini:– FREDERICO? - Ele quase gritou.