Quando eu cheguei, tinha passado só cinco minutos desde o toque pra segunda aula. Sentei no meu lugar de sempre, do lado do Pedro. Tirei meu caderno e comecei a copiar o que tinha na lousa. Ele jogou uma folha do caderno dele na minha mesa.

“Que arranhões são esses Manu?”

Passei a mão no rosto. Nem lembrei de ir no banheiro antes de voltar pra sala.

“Tá tão óbvio assim?”

“Muito. E teu cabelo tá uma bagunça, quem te vê agora, vai pensar que tu acabou de sair de uma briga de bar.”

“Praticamente.”

“Ai meu Deus, tu não se ajeita né? Com quem foi dessa vez?”

“Com a Priranha.”

“NÃO ACREDITO MANUELA. Como é que tu brigou com ela? tudo bem que ela não é flor que se cheire, mas ela tá grávida de um filho do Art. E tu não vai querer ser a responsável pela morte dessa criança, por causa de uma briga boba.”

“Eu sei, eu já me arrependi. É só que... Tu sabe como eu sou, eu já não tô boa com ela e a vadia ainda veio me provocar, eu não consegui me controlar.”

“Então é melhor se controlar ou tu vai passar o resto da vida com o trauma de ter causado a morte do filho dela.”

“Tô ligada, vou tentar ignorar as provocações dela.”

“Ainda bem, agora presta atenção na aula.”

Rimos silenciosamente, pedi a bolsinha de maquiagem da Ju e pedi ao professor para ir ao banheiro. Escondi o máximo possível dos arranhões, ajeitei o cabelo e finalmente voltei pra sala. Foquei na aula até tocar pro intervalo. O intervalo não teve nada de relevante. Combinei com o Art de ele passar na minha casa á tarde pra me ensinar física.

Pelo menos ainda éramos amigos e isso me confortou um pouco. Cheguei em casa, almocei, subi para fazer os exercícios e aproveitei pra estudar um pouquinho pra prova da segunda fase do negócio lá das bolsas de estudos.

A prova, que tinhas 100 questões englobando todos os assuntos possíveis, era no mês seguinte e eu nem tinha começado a estudar nada. O Art chegou eram 15:30, desci pra atender ele.

Tirei tudo da mesinha de centro pra colocar os livros e tudo o mais. Com a explicação dele eu consegui entender de boa a matéria. Resumindo, nossos estudos foram perfeitos o problema foi o que aconteceu depois dos estudos.

Quando terminamos, ficamos conversando no sofá. Papo vai, papo vem, acabamos chegando ao assunto gravidez na adolescência. O clima ficou super tenso claro. Ficamos calados por uns instantes. Até que eu levantei de uma vez, pra dizer que ia a cozinha pegar brigadeiro... O que estragou tudo foi que o Art também levantou, pra dizer que já ia embora, e nós ficamos numa proximidade extremamente perigosa.

E justamente essa proximidade fdp fez a gente se beijar. Nessa hora eu esqueci Priranha, esqueci filho, esqueci problemas, tudo. A única coisa que me veio na mente foi que eu tava morrendo de saudades daquele maldito beijo. Quando conseguimos nos largar, foi que eu percebi a merda que eu tinha feito.

Manu:– A Priscilla tá esperando um filho teu Art, isso não era pra ter acontecido.

Art:– Essa é tua opinião, eu discordo.

Manu:– Não Arthur, não. Eu fraquejei agora te beijando e isso não vai acontecer de novo. Tu tem responsabilidades, tu vai ter um filho, cara, teu lugar é do lado da Priscilla, não me beijando.

Art:– Não Manu, eu não vou ficar com a Priscilla. Tu tem razão, eu tenho responsabilidades e eu não esqueci disso, eu vou assumir essa criança, eu vou cuidar dele com todo o amor, mas eu não vou casar com a Priscilla. Eu não amo ela Manuela, eu sequer gosto dela. É por ti que eu sou apaixonado, é tu que eu amo.

Manu:– Devia ter pensado nisso antes de dormir com ela. Agora Art, vai embora, por favor.

Ele só ficou me olhando por alguns segundos, pegou as coisas dele que estavam espalhadas na mesinha e foi embora. Eu abri a porta pra ele e quando ele estava longe de vista eu me joguei no sofá. Esperneei no sofá e fiquei lá deitada pensando no grande lixo que estava minha vida.

O menino que eu amava ia ser pai do filho de uma puta, eu não conseguia resistir a ele, mas pelo menos eu tinha entendido física. Subi pro quarto e fui tentar terminar meus exercícios de física, consegui fazer quase todas as questões, faltou só duas. Fiquei lendo um pouco até minha mãe chegar, ajudei ela a por a mesa.

Jantei e fui direto dormir, acordei cedo no dia seguinte, cedo até demais. Fiz café e fui pra janela do meu quarto com uma xícara na mão, sentei lá e fiquei olhando o sol nascer. Quando eu fui pra janela, eu nem lembrei da mania do Art de acordar cedinho e ficar vendo o sol nascer.

Ele me viu primeiro, eu tive a sensação de tá sendo observado e virei, encontrei ele me olhando da varanda dele. Saí de lá, fechei a janela, terminei meu café e fui tomar banho. Quando eu terminei de me arrumar, meus pais estavam acordando. Fui assistir desenho enquanto meu pai se arrumava e tomava café. Ele foi me deixar no colégio, ninguém tinha chegado ainda.

Aproveitei pra ir pra biblioteca sem ter que dar satisfação, fiquei lá até tocar. Fui direto pra sala, quando eu cheguei a Ju veio sentar do meu lado.

Ju:– Onde tu tava maluca? Nós pensamos que tu tinha faltado.

Manu:– Biblioteca. Não tava em condições de encarar o Art.

Ju:– O que aconteceu?

Contei tudo e a boca dela só faltou cair. Nem prestamos atenção a aula, na hora do intervalo veio ela, o Rodolfo e a Van passar intervalo comigo.

~~~~~~~~~~~~~~ Um mês depois ~~~~~~~~~~~~~~

Um mês se passou desde aquele dia e finalmente o dia da prova tinha chegado. Cheguei com meia hora de antecedência, pior foi que achei a prova horrível. Saí com duas horas de prova e fiquei esperando meu pai ir me pegar.

Cheguei em casa e fui direto pra pista, o Vini tava lá, fui andar um pouquinho e depois fiquei conversando com ele. Fui pra casa eram quase 21 horas, jantei e fui assistir Supernatural.

Acordei no dia seguinte era quase meio dia, tomei banho, me vesti e desci pra almoçar. Saí e fui direto para um parque de diversão novo que tinha sido inaugurado pertinho da pista de skate, tirei umas fotos bem legais, a alegria daquelas crianças era contagiante, depois que eu terminei de tirar as fotos fui pra pista.

Para o meu azar não encontrei o Vini lá, mas pra não perder a viagem fiquei fotografando os skatistas, um especial, porque ele fazia manobras maravilhosas e era super estiloso, juntando isso com a beleza dele, as fotos ficaram perfeitas. Continuei fotografando ele, até que ele me pegou apontando a câmera pra ele, eu fiquei morrendo de vergonha e rapidamente virei a câmera pra outro lado.

Eu senti que ele ficou me encarando e veio na minha direção, eu fiquei mordendo os lábios porque eu tinha certeza que ele ia vir tirar satisfação e perguntar porque eu estava fotografando ele.

xXx:– Oi. - Ele me cumprimentou enquanto sentava ao meu lado.

Manu:– Oi.

xXx:– Eu sei que eu sou muito sexy e tal, mas vai ter que me pagar alguma coisa se for tirar foto minha pra grudar no guarda-roupa. - Ele disse em tom de brincadeira e nós rimos. - Eu acho que eu já te vi aqui.