Stiles dirigiu loucamente até a casa de Scott para descobrir qual era o destino de Derek. Mas para sua surpresa, ele não havia deixado as chaves do apartamento para o rapaz.

— Como não? Ele falou que deixou as chaves com você, caso precisassem usar o local. — Stiles andava de um lado para o outro no meio da sala de estar da casa do amigo.

— Não. Ele disse que ia deixar as chaves com você, porque havia te escolhido como protetor ou sei lá o que. — Scott balançou as mãos, preocupado com a agitação de Stiles.

Stiles parou de andar, como se tivesse tido algum tipo de epifania.

— Ele falou é?

— Falou, mas se agora ele foi embora, então levou as chaves.

— Talvez. Mas e se ele não foi embora ainda?

— Acha que ele ainda está na cidade?

— Não custa nada verificar. — Stiles abriu a porta e correu até o jipe estacionado na calçada. Scott ainda gritou, perguntando se ele queria que fosse junto, mas o carro já estava em movimento.

Como esperado, as luzes de emergência estavam acessas, isso era um bom sinal. Ou apenas se esqueceram de desligar a gambiarra que ligava as luzes de emergência com o gerador do vizinho. Stiles saiu do jipe em um pulo e logo subiu as escadas de metal, chegando até a porta. Ele a abriu e para a sua surpresa, ou não, Derek estava sentado no sofá.

Stiles não permitiu que ele falasse uma só palavra. Abriu a boca e todos sabemos que quando ele faz isso, nada o faz calar.

— Você! Seu lobisomem idiota. Estava indo embora para me proteger! — Stiles começou com um insulto, pegando o jeito na discussão travada em um monólogo. E como Derek não se moveu do sofá, continuou. — Você foi inocentado daquele assassinato, mas mesmo assim teme que alguém me faça mal para te atingir. Eu entendi qual é o seu plano Derek. — O mais velho ainda estava no sofá, observando o desenrolar da cena. — Eu esperei você me ligar, mas não ligou porque sabia que alguém poderia descobrir o que está rolando entre a gente. E quando você voltou, inventou aquela desculpa de que queria que eu entregasse as provas para meu pai. Mas você não precisava fazer isso, seu advogado poderia ter feito o serviço. Você só queria se certificar de que estava tudo bem. Não é? Queria ver com seus próprios olhos e sentir com esse olfato de lobo, que eu estava em segurança. — Stiles sentia a energia fluir em seu corpo. — Falou aquelas coisas para mim na delegacia para ter certeza de que ninguém iria desconfiar que você gosta de mim.

Ah! Essa era a melhor parte, ele repetiu umas vinte vezes a mesma coisa.

Derek está a fim de Stiles, sim.

Isso soava bem aos seus ouvidos.

— E quando me encontrou no bar com Ethan, nem se importou, porque muita gente estava lá como testemunha. Mas o seu plano não deu certo. — Ele balançou o dedo na frente de Derek, satisfeito com sua teoria exposta. — Eu descobri a verdade. E você não ia embora assim tão facilmente. Estava esperando que eu mudasse de ideia.

No final, Derek se levantou e com alguns passos, parou de frente à Stiles, que o encarou da mesma maneira. Embora a diferença de altura fosse facilmente relevada.

— Gênio. Você demorou esse tempo todo para entender?

— Como é?

— Achei que você fosse mais esperto que isso. — Derek moveu os lábios, apreciando a expressão perplexa de Stiles.

— Você podia ter me dado uma dica. Não é? Uma carta, um telegrama. Sabe? Codificado. Os lobisomens tem alguma língua antiga? Um dialeto?

— Eu dei várias dicas. Mas você estava ocupado demais pensando em um monte de teorias sem fundamento.

— Agora a culpa é minha? — Stiles falou horrorizado, mas respirou fundo, passando as mãos sobre a camisa de Derek, tirando uma sujeirinha dali. — A gente podia criar um código para perigo. Que tal? Uma palavra-chave. Como por exemplo: A raposa caiu no buraco, quando eu estiver em perigo. Ou... o vira lata está doente, para quando você estiver em perigo.

Derek não o questionou, decidiu não dar corda para aquele falatório sem fim. Não hesitou ao abraçá-lo, sentindo suas mãos segurar o corpo de Stiles com força. E apesar da surpresa, Stiles não achou tão ruim aquele abraço terrivelmente apertado e exigente.

O beijo, em seguida, foi inevitável. Tão bom quanto fora o primeiro, talvez melhor. Muito melhor. O resto da noite? Não era somente inevitável, mas também esperado e dolorosamente desejado.

As regras de Stiles tiveram que ficar para depois.

***

Já era dia e Stiles não estava reclamando de ter um braço forte e pesado sobre seu peito. Estava um pouco incomodo para se mover, mas ele não reclamou. Contou até dez e tentou novamente escapar da mão possessiva e abusada de Derek, mas foi vencido pelo cansado.

Ele suspirou longamente, afundando a cabeça num amontoado de roupas emboladas. Ao que parecia, precisava urgentemente de um travesseiro. Talvez uma cama nova não seria uma má ideia. Aquele colchão no chão era bem moderno e estiloso, mas no inverno deveria ser congelante.

Francamente, não daria certo se todas as vezes fosse assim. Precisava ir embora antes que seu pai desse por sua falta em casa. Contava com a esperteza de Scott para acobertá-lo caso o pai ligasse na casa dele, já que seu celular estava com a bateria descarregada.

Derek acordou alguns minutos depois, deixando-o livre, mas não por muito tempo. Stiles caçava suas roupas pelo chão, vestindo a calça jeans e a camiseta terrivelmente amassada. Derek esperou ele terminar para atirá-lo novamente sobre o colchão no chão.

— Sem violência. — Stiles falou, num tom de gozação. — Preciso ir.

— Não, não precisa.

— Se vamos iniciar alguma coisa aqui, então acho melhor a gente falar sobre limites. Eu não vou mudar minha rotina para te satisfazer e...

Derek o beijou, segurando suas mãos.

É, era uma boa forma de iniciar a manhã.

— Já pensou em comprar uma cama? — Stiles falou entre um beijo e outro.

— Stiles, fica quieto.

Fim?