O julgamento de Derek Hale ocorreu em uma manhã de segunda-feira. Felizmente sua inocência foi provada, ainda mais porque o verdadeiro culpado foi pego. Para o FBI as investigações só estavam no início, mas para Derek, era hora de ir embora.

Na saída do tribunal, após conseguir passar pelos repórteres, Derek afrouxou a gravata, estava vestido socialmente para o julgamento, mas esse não era bem o seu estilo, embora ficasse um arraso.

Peter abriu a porta do carro, planejando uma comemoração, sentando-se no banco do motorista.

— Olha só o que eu encontrei. — tirou de dentro do porta luvas um aparelho celular e arremessou para o sobrinho. — E você achou que tinha deixado no Novo México.

A bateria estava descarregada, ele só pode carregar quando chegou ao apartamento. Assim que o fez, o celular vibrou a cada segundo com uma nova mensagem. As mensagens datava de dois meses atrás. Scott, Isaac e até mesmo Chris Argent. Mas as mensagens que chamaram a atenção era de um único número.

Ele decidiu fazer A Ligação.

***

Economia doméstica nunca foi o forte de Stiles, ele preferia estar na aula de marcenaria, mas por um triste acaso do destino, foi parar na aula da Senhora Darcy. A mulher estava com um avental florido que chegava doer os olhos.

Ao seu lado estava Lydia que confeitava com delicadeza um bolo que eles haviam preparado. Claro que o bolo queimou, mas Lydia estava fazendo um trabalho tão bonito com o chantili que estava deixando qualquer um com vontade de comer o bolo queimado.

Stiles lambia os dedos sujos de confeito quando seu celular vibrou no bolso de sua calça. A Senhora Darcy era do tipo que não aceitava que ninguém usasse aparelho eletrônicos em sua sala, nem mesmo os Ipods. Cozinhar era uma arte que se fazia sem fones de ouvido, por isso ela sempre levava uma vitrola antiga para tocar seus discos do grupo The Supremes.

No visor de seu celular Bad Wolf piscava na tela. O clássico Baby Love tocava enquanto Stiles abaixava-se ansioso até o chão para atender a ligação.

Derek começou a conversa.

— Estou livre.

Ouvir aquilo causou uma calmaria no coração perturbado de Stiles. Ele não pode estar presente na audiência por motivos de “mais uma falta sem justificativa repetiria o ano”.

— Que bom. — Ele tentou falar sem demonstrar suas emoções abaladas.

— Peter vai me levar para comemorar.

As emoções de repente entraram em conflito. Alguma coisa dizia para Stiles que Peter era o tipo que fazia festas de arromba em quartos de motel, like a rockstar.

— É mesmo? — Ele segurava a bisnaga de confeito com tanta força que o chantili escapava no chão. — Boa festa então. — falou num tom raivoso.

Houve um silêncio, até Derek falar novamente.

— Estava pensando se você não poderia vir aqui essa noite.

Houve um silêncio do outro lado da linha. Stiles quase se engasgava com o ar que travou em sua garganta.

— Um.. é- ok ok. Eu... — Ele tentou parecer tranquilo. Falhou miseravelmente. — Eu vou.

— Certo. Vou te esperar.

— Espera, espera. É para levar alguma coisa? Tipo uma bebida, uma mulher? O Scott?

Deu para ouvir a respiração de Derek passar pelas ondas eletromagnéticas e chegar às orelhas de Stiles.

— Você não tem idade para comprar bebida alcoólica. E muito menos conhece uma mulher para trazer aqui. Tenho certeza de que Scott tem mais o que fazer da vida.

— Tem razão, mas meu pai tem umas garrafas de uisque e...

— Stiles, não precisa trazer nada. — E com isso Derek desligou.

Então era isso. Eles teriam um encontro. Espera, eles teriam um encontro no apartamento de Derek essa noite? Então...

Stiles se levantou desesperadamente, tropeçando nos próprios sapatos. Ele precisava de ajuda imediatamente. Lydia não quis conversa, a aula havia terminado e ela estava querendo se livrar daquela aparência de dona de casa dos anos cinquenta. Então Stiles partiu para o único lugar onde poderia conseguir conselhos de verdade.

O vestiário masculino.

Scott retirava a camisa suada, havia passado a última hora correndo em volta do campo, como castigo por ter se ausentado nos dois últimos jogos. Ele bem que tentou, mas não estava entendendo nada do que Stiles dizia.

— Foi mal cara, mas não sei nada sobre isso. — Scott encostou as costas no armário. — Como vou saber o que você deve vestir? Sei lá, põe uma roupa normal. Não é como se vocês fossem jantar num restaurante chique.

— Jantar? — Stiles levou o dedo até a boca, malditas unhas corroídas. — Eu não pensei nessa hipótese.

— Foi só um palpite.

— E se ele estiver preparando um jantar e eu for a sobremesa. — Stiles gesticulava com as mãos. — O que eu vou fazer?

Scott riu, coçando a cabeça sem saber o que falar. Não era a pessoa mais indicada para conversar sobre aquele assunto. Por sorte eles não estavam sozinhos no vestiário. Danny acabava de chegar com uma toalha devidamente enrolada na cintura e os cabelos molhados.

— Por que você não pede ajuda ao Danny? — Scott sugeriu, aproveitando para escapar por debaixo do braço de Stiles.

— Boa ideia.

Danny não ficou constrangido com Stiles o encarando no vestiário, embora parecesse um pouco desconfortável alguém sorrindo para você enquanto veste a roupa. Para encurtar a história, Stiles comentou que tinha esse encontro e que não sabia que roupa por.

— Tanto alvoroço por uma roupa? — Danny sorriu. — Vocês vão jantar fora?

— Não, mas estou começando achar que essa é uma regra importante ao qual nós pulamos.

— Você não precisa seguir as regras. Aliás, quem cria as regras é você.

— Gostei disso. Eu crio as regras. — Stiles tomou uma postura mais confiante, ajeitando a camisa xadrez que vestia por cima de uma camiseta branca. — Mas que tipo de regras eu tenho que criar?

Danny pensou.

— Vejamos. Vocês já transaram?

— What? No. Oh God! No. — ele deu uma risada nervosa e depois lançou um olhar de pânico. — Você acha que ele... nós, a gente... essa noite?

Danny balançou os ombros.

— Essa é uma das regras que você precisa estabelecer. Se vai ser essa noite, ou não. — Danny deu uns dois tapinhas no ombro de Stiles e após terminar de se vestir, deixou o vestiário.

Stiles caiu sentado no banco. O que ele iria fazer?