Saint Seiya - Star Army escrita por Greed the Ambitious


Capítulo 1
A Armada Estelar – Os guerreiros da nova geração


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo introduz o universo em que a fanfic se passa, além dos meus seis protagonistas. Se você gostar, não deixe de acompanhar a fic e de deixar um comentário no final.



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No princípio, era o Caos. Nada existia além do Caos, exceto uma pequena partícula pulsante que estava mergulhada no centro dele. Não se sabe por quanto tempo o universo existiu nessas condições. Sabe-se apenas que, quando ocorreu o evento que hoje conhecemos como Big Bang, essa pequena partícula se espalhou, preenchendo o Caos com o que chamamos de “A Suprema Virtude”.

A Suprema Virtude é a energia que formou tudo que existe hoje. Ela é a força criadora que hoje algumas pessoas chamam de Deus. As galáxias, os sistemas estelares, as estrelas, os planetas, os demais corpos celestes, e também a vida, tudo foi criado a partir dessa força. O orbe errante que hoje nós chamamos de planeta Terra foi atingido fortemente pelas centelhas da Suprema Virtude resultantes do Big Bang, ocorrendo na criação de uma forma de vida feita à sua imagem e semelhança. Esses são os seres humanos.

Os humanos, apesar de serem as formas de vida mais próximas da Suprema Virtude, tinham sua percepção de mundo limitada por seus cinco sentidos: a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. Alguns humanos desenvolveram o sexto sentido, a intuição, que lhes permitia enxergar além das limitações dos seus cinco sentidos. Um grupo menor conseguiu uma percepção ainda maior de sua própria existência quando conheceu o Cosmo, a energia que existia em todos os seres. Aqueles que dominavam o Cosmo compreendiam a ligação do ser humano com o universo, e podiam entender que seus corpos eram uma forma remanescente daquilo que foi criado com o Big Bang. No entanto, muito poucos eram aqueles que dominavam essa energia por completo, o chamado Cosmo Supremo, o Sétimo Sentido. E menos ainda foram aqueles que transcenderam esse conhecimento, descobrindo também o fato de que suas existências nascidas da Suprema Virtude não se findavam com a morte da matéria. Aqueles que eram capazes de manter sua consciência viva mesmo após a morte haviam conquistado o Oitavo Sentido, o que hoje alguns grupos chamam de “Arayashiki”, e se tornaram homens santos.

Mas ainda assim, aqueles que atingiram o Oitavo Sentido eram bastante numerosos se comparados àqueles que se libertaram totalmente das limitações dos sentidos e atingiram a onisciência. Esses, que despertaram o Nono Sentido, que nada mais era que a Suprema Virtude em essência, foram aclamados como deuses pelos homens. Assim foi com Zeus, como com Odin, e com Rá, e com Bramá, e com Aúra-Masda, e com Jesus Cristo.

Esses seres que transcenderam a humanidade e se tornaram deuses passaram então a disputar entre si o domínio do mundo humano. E por fim, ao final de todas as batalhas, o panteão adorado na região que hoje é chamada de Grécia foi o vencedor. Seus deuses dividiram as regiões do planeta: Zeus ficou com o domínio da Terra, Poseidon com o domínio do Mar, e Hades com o domínio do Submundo, o destino das almas cujas vidas físicas se extinguiram. No entanto, Zeus, renunciando ao governo da Terra, desapareceu para governar os Céus, e deixou sua filha favorita, Atena, Deusa da Sabedoria e da Guerra Justa, com a guarda da Terra. E essa decisão não agradou muito os outros deuses.

Várias Guerras Santas foram travadas por diversos deuses contra Atena, na ambição de tomarem para si o domínio sobre a Terra. E nessas guerras, a deusa lutava ao lado de seus seguidores humanos. Eles vestiam armaduras nomeadas a partir das constelações no céu e dominavam o Cosmo, ainda que em diferentes níveis. Eram capazes de destruir átomos, rasgar os céus com seus punhos e abrir a terra com seus pés. Esses guerreiros da justiça, protetores da paz e do amor na Terra, eram os Sagrados Cavaleiros do Zodíaco, os Santos de Atena.

O Santuário, na Grécia. Ano 2205.

Neste país, que é considerado o berço dos Santos de Atena, encontra-se esta espécie de Terra Santa, onde vivem os guerreiros protetores da paz e da justiça. É neste lugar inacessível para as pessoas normais que os jovens aspirantes a Santo são treinados, onde eles vivem, e de onde partem para suas missões ao redor do globo.

As edificações ainda lembram a bela arquitetura grega da Idade Antiga. Dentre uma infinidade de residências para os Santos, arenas, e campos de treinamento, as construções que mais se destacam são certamente os Templos Zodiacais, as 12 Casas dos Signos guardadas pelos mais poderosos guardiões de Atena, os 12 Santos de Ouro, que, em sequência, conduzem até um dos pontos mais altos do Santuário, onde fica localizado o Templo do Grande Patriarca do Santuário, e onde a reencarnação de Atena na Terra vive, aos pés da gigantesca estátua que a representa.

A Deusa da Guerra Justa renasce quando perigos iminentes ameaçam a estabilidade da Terra. A Atena desta era renasceu há 17 anos, e encontra-se guiando os Santos através do Patriarca, um sobrevivente da última Guerra Santa contra os deuses, ocorrida há mais de 200 anos. As consequências daquela guerra levaram a um tratado de paz, firmado por Atena com os deuses dos mais diversos panteões. O desequilíbrio universal causado pela destruição do corpo físico do Rei das Sombras, Hades, precisava ser anulado. O Submundo sem um comandante havia se transformado num caos completo. E não havia no atual panteão responsável pela Terra, o grego, um novo deus que se dispusesse a ocupar o lugar deixado por Hades no governo da terra dos mortos.

A solução encontrada por Saori Kido, a Atena daquela era, foi a de partilhar a guarda da Terra, bem como a dos mundos paralelos a ela, com os outros panteões, num rodízio pacífico que seria organizado de comum acordo entre os deuses. No momento, o Submundo está sendo governado pelo deus egípcio dos mortos, Osíris. Antes dele, estava sendo governado por um dos primeiros kami japoneses a chegar ao Submundo, Izanami. E antes dela, ele estava sendo governado por Kali, a deusa hindu da morte.

A terra dos vivos, após esse acordo, já passou por períodos de paz, protegidos pelo representante na terra de Odin, Deus de Asgard, e seus Guerreiros Deuses, e de Jesus Cristo e seus Apóstolos e Profetas. A guarda da Terra foi transferida de volta para Atena recentemente, segundo o termo do acordo que dizia que a Terra lhe seria confiada novamente em tempos de Guerra Santa.

No entanto, nem mesmo esta reencarnação de Atena, ou o Patriarca, ou algum dos Santos, sabe quando a Guerra Santa se iniciará, nem contra quem ela será travada. O nascimento de Atena sempre previu que uma Guerra Santa se aproximava, mas a deusa já havia recém completado seus 17 anos, e apesar de diversos conflitos menores, resolvidos pelos Santos em missão, ainda não havia indícios de uma guerra divina iminente.

Apesar disso, novos Santos são treinados constantemente, aumentando o número de guerreiros nas fileiras do Santuário, com o intuito de estarem completamente preparados para a Guerra Santa, quando ela vier.

E é em alguns desses Santos que daremos nosso foco de agora em diante.

Seis jovens, três garotos e três garotas, adentravam os terrenos do Santuário nesse momento, retornando de uma missão bem sucedida. Todos pareciam despreocupados, apesar de algumas lesões por seus corpos, e andavam sorrindo e conversando como se fossem jovens normais que voltassem de alguma festa ou evento.

—Mas no final das contas, essa missão nem foi grande coisa. Não tinha a menor necessidade de enviar todos os seis até lá. O Patriarca exagera demais às vezes – comenta um jovem de olhos verdes e longos cabelos brancos, que desciam até sua cintura num penteado exótico. Esse jovem não tinha sobrancelhas normais. Eram raspadas, de modo a parecerem dois pontos em sua testa. Isso o caracterizava como descendente dos alquimistas muvianos, o povo que criou as Vestimentas dos Santos. O jovem muviano carregava um anel com uma joia dourada hexagonal em seu dedo médio direito.

—Sua Santidade só não quer correr riscos, Simas. Aqueles demônios não eram tão fracos assim. Poderíamos ter problemas se não lutássemos todos juntos – responde um garoto de cabelos negros cheios, com uma franja caindo por cima do rosto, de modo que só se podia ver um de seus olhos, o outro tapado pelos cabelos. Mechas do cabelo estavam pintadas da mesma cor de seus olhos, um tom vermelho-vinho. Tinha uma joia desbotada, sem brilho, em um anel no dedo indicador direito.

—Eu sei, Raphael, eu sei...

—Mas já faz algum tempo desde a última vez em que a gente juntou todo mundo. É a primeira vez que isso acontece, desde que a gente ganhou nossas Vestimentas... – comenta outro jovem, de pele morena e cabelos estranhamente loiros com longas madeixas que lhe desciam pelos ombros, acompanhados de olhos estranhamente verdes. Ele carregava um bracelete com uma joia azulada no braço esquerdo.

—Mas é lógico, Bayard. Acácia e eu somos Santos da Guarda Pessoal, e a Serena é uma Sacerdotisa. A gente costuma acompanhar a Deusa Atena no Salão do Patriarca, é extremamente raro recebermos uma missão fora do Santuário.

—É como Agatha disse... – comenta a garota chamada Acácia. — Não é mais como nos nossos tempos de treinamento...

—Own, tá com saudade dos velhos tempos? – pergunta Agatha, provocando a outra garota ao abraçá-la repentinamente.

Agatha era uma garota alta (era maior até mesmo que os garotos do grupo), e tinha a pele escura, como Bayard. Seus cabelos eram rosados e extremamente compridos, atingindo seus calcanhares. Acácia era a garota mais baixinha do grupo. Tinha a pele pálida e cabelos loiros também compridos, embora menores que os de Agatha. Não se podia ver seus rostos: estavam cobertos por máscaras. As joias que as duas carregavam eram brincos perolados, que ficavam na orelha esquerda em Agatha e na direita em Acácia.

—Francamente, Agatha, não faça isso! – o rosto de Acácia ficou vermelho sob a máscara, e ela tentou afastar a garota, sem muito sucesso, pois seu físico era bastante inferior ao de Agatha.

—Mas então, o que a gente faz agora? Vamos até o Salão do Patriarca entregar o relatório da missão, ou passamos primeiro pela casa do Simas pra reparar nossas Vestimentas? – pergunta a última garota do grupo, Serena. Ela não usava máscara como as outras duas garotas. Tinha cabelos castanhos amarrados em dois rabos-de-cavalo, e olhos também de cor castanha. Seu rosto não demonstrava a mesma animação que os outros. Ela parecia entediada enquanto mastigava uma goma de mascar. A joia verde que carregava ficava presa num dos grampos com que prendia o cabelo.

—Hum... Acho que nenhuma das opções me parece interessante – responde Simas. — Afinal, se a gente subir até o Salão do Patriarca, as meninas vão ter que ficar por lá, não? Vamos nos separar de novo. E as nossas Vestimentas não estão tão danificadas a ponto de me fazer querer gastar tempo consertando elas.

—Simas, não importa se você gosta ou não, nós temos que entregar o relatório para o Patriarca, ou vamos acabar sendo punidos por desobedecer às regras do Santuário... – adverte Raphael.

—Calma aí, Gato Selvagem, eu sei disso. Só tô dizendo que não vale a pena fazer isso agora. Já que eu vou ter que consertar as Vestimentas de vocês de qualquer jeito, por que não fazer com que o conserto valha a pena?

—O que quer dizer com isso? – pergunta Bayard, estranhando.

—Simples. Que tal uma sessão de treinamento de combate, como nos velhos tempos? Desde que nos sagramos Santos, a gente não teve uma oportunidade pra lutar uns contra os outros como fazíamos antes.

A sugestão de Simas pareceu bem atraente, mesmo para Raphael, que tinha a fama de ser o “certinho” do grupo, e que normalmente preferiria entregar logo o relatório ao Patriarca. Aqueles jovens eram bastante unidos antes de se sagrarem Santos, e eram conhecidos pelo Santuário como os aspirantes a Santo mais promissores daquela geração. Os seis eram chamados de “Armada Estelar”, e eram respeitados mesmo dentre os Santos de Ouro como guerreiros de valor na luta pelos ideais da Deusa Atena. Quase nunca trabalhavam juntos, devido às diferentes funções que tinham no Santuário, mas eram tidos como um destacamento de elite dentro da confraria.

Simas era o autoproclamado líder da Armada Estelar, apesar de ser apenas um Santo de Bronze. Seu poder (e também sua sede de poder, pois o jovem buscava sempre aprimorar suas habilidades) era reconhecido em todo o Santuário, tanto pelos soldados e aspirantes, como até mesmo pelo Patriarca e pelos Santos de Ouro. No entanto, nem todos o veem com bons olhos, já que ele tende a ser bastante arrogante. “Apenas os fortes merecem respeito.” Esse é o seu lema.

Bayard podia ser visto como o maior rival de Simas. A personalidade dos dois era bastante parecida (embora o muviano fosse mais orgulhoso que ele), e com isso, a competição entre os dois para decidir quem era o mais forte era frequente. O orgulho do loiro era justificado: ele era o único Santo de Prata da Armada Estelar, e um dos mais poderosos do Santuário.

Serena era uma garota calada e introspectiva. Não porque fosse tímida, mas porque não conseguia lidar com as pessoas sem ser rude. A falta de amizades da garota com os outros aspirantes (além de sua grande força, obviamente) foi o que chamou a atenção de Simas e seus amigos, que aceitaram a personalidade ruim da garota e fizeram dela um membro de seu grupo. Apesar de não se dar bem com as outras pessoas, sua lealdade a Atena era inquestionável, e ela acabou sendo designada como uma Sacerdotisa, uma serviçal direta da deusa.

Raphael foi o último Santo a ingressar na Armada Estelar. Na verdade, ao contrário de todos os outros, que já se conheciam desde que eram aspirantes, Raphael só entrou no grupo depois que todos já faziam parte da confraria. O garoto era conhecido por cumprir suas missões com um extremo senso do dever, e se uniu ao grupo após realizar uma missão em conjunto com Serena. Como um Santo Especial de grande habilidade, costuma receber missões de alto nível.

Acácia e Agatha andavam tão juntas que é difícil falar de uma sem mencionar a outra. Não apenas as suas personalidades, mas suas habilidades também completavam uma à outra. Agatha era animada e espontânea, enquanto Acácia era tímida e reservada, e ambas possuíam técnicas de combate semelhantes. Após o início de seus treinamentos no Santuário, as duas foram enviadas para finalizar seus treinamentos na Ilha de Andrômeda, e foram recomendadas como Santos da Guarda Pessoal do Patriarca por suas grandes habilidades. Graças a isso, elas estão sempre juntas. “Juntas até demais”, diziam as más línguas...

—Então, todos de acordo? – pergunta Simas. — Vai ser uma batalha rápida, só para que eu possa verificar as condições das Vestimentas antes de repará-las. O que me dizem?

Eles não precisavam responder em voz alta. Simas podia ver em seus rostos que todos estavam animados com a ideia. O garoto de sobrancelhas exóticas liderou o caminho até o coliseu onde as batalhas entre aspirantes eram realizadas. Neste final de tarde, pensou, provavelmente não haveria ninguém ali. E ele estava certo. Os seis jovens animadamente entraram na arena, todos formando um círculo no ringue ao centro.

—Prontos? Vamos nessa! – comanda Simas.

Os seis Santos levantaram as joias que carregavam consigo, e então, com uma luz resplandecente, essas joias revelaram suas verdadeiras formas: Objetos que pareciam estátuas representando as constelações protegidas por aqueles trajes. O de Simas parecia o busto de um homem segurando ferramentas de artesão; o de Raphael parecia um felino selvagem; o de Bayard se assemelhava a um ser metade humanoide e metade hipomorfo; o de Serena era um fantasma segurando uma corneta; o de Acácia era um homem segurando correntes, e o de Agatha, em antítese, era um homem acorrentado.

Essas estátuas se desmancharam em várias peças, e voaram até seus donos, cobrindo seus corpos. Elmo, peitoral, saiote, luvas e botas, os seis jovens estavam totalmente equipados para a batalha.

—Santo de Bronze da constelação das Ferramentas, Simas de Cinzel, pronto para a batalha!

—Santo de Prata da constelação do Homem-Cavalo, Bayard de Centauro, pronto para a batalha!

—Santo Especial da constelação do Gato Selvagem, Raphael de Lince, pronto para a batalha!

—Sacerdotisa de Bronze da constelação do Rio dos Mortos, Serena de Erídano, pronta para a batalha!

—Santo Diferente da Guarda do Patriarca, Acácia de Sísifo, pronta para a batalha!

—Santo Diferente da Guarda do Patriarca, Agatha de Prometeu, pronta para a batalha!

Os seis se encaram por alguns segundos, até que Simas ergue o braço.

—Muito bem... começar! – o punho direito erguido de Simas brilhou, e o garoto, ao abaixar o punho, socou o ar e lançou a emanação luminosa na direção de Agatha. — Centelha da Poeira Estelar!

—Ingênuo... Defesa Circular! – as correntes presas ao punho da Vestimenta de Agatha se agitaram, e formaram uma parede protetora em volta do corpo da garota, que bloqueiam a técnica de Simas.

As Vestimentas de Agatha e Acácia, de maneira muito semelhante à Lendária Vestimenta de Andrômeda, que no momento se encontra sem um usuário, possuem correntes presas a seus punhos. Estas correntes possuem algumas habilidades em comum com as famosas Correntes de Andrômeda, mas também são donas de poderes que aquelas não possuem.

—Tsh... Malditas técnicas defensivas... – pragueja o muviano.

—Fez muito mal ao escolher me atacar, Simas... – declara a garota atacada. — Devia saber que ao me atacar ou atacar a Acácia, você automaticamente tá chamando as duas pra briga! Vamos, Acácia!

—Sim! – responde a tímida garota, num tom de voz mais confiante do que o normal. As duas concentraram seus Cosmos nas correntes ofensivas em seus punhos, atacando juntas e gritando em uníssono. — Corrente Nebulosa!

As correntes avançam velozmente contra Simas, que logo assume uma postura defensiva. Mas antes mesmo que as correntes o alcançassem, um sopro de ar frio as fez recuar, congeladas.

Pó de Diamante! – grita o único Santo de Prata do grupo, espantando os golpes de Agatha e Acácia. As garotas então recolhem suas correntes congeladas, que não permanecem assim por muito tempo.

—Esse nível de ar frio não é o bastante para congelar nossas correntes, Bayard. Nossos Cosmos queimam muito mais que isso.

—Bayard! Por que tá me ajudando? Não somos rivais? – questiona Simas.

—É exatamente por isso, Cinzel. Só eu posso te derrotar. Agora que você puxou essa briga com as Garotas das Correntes, só posso te ajudar a derrotar as duas pra depois acabar com a sua raça.

Simas sorriu. Aquilo era realmente algo do feitio de Bayard.

—Muito bem, então. Vamos formar essa aliança temporária.

—A gente não vai se intimidar só com isso, sabe? – comenta Agatha.

—Então venham com tudo! – provoca Bayard.

Enquanto isso, os dois Santos restantes, Raphael e Serena, estavam trocando golpes do outro lado da arena. A garota claramente se encontrava na ofensiva, desferindo socos e chutes contra o rapaz, que basicamente apenas se defendia e tentava contra-atacar ao achar alguma brecha, o que era raro.

—O que foi, Raphael? Você era muito melhor que isso quando nos conhecemos!

—Oh, só pensei que talvez eu não devesse lutar com toda a minha força, já que isso é só um treinamento...

—Me subestimando, é? Muito bem, vou te ensinar o terror que é fazer pouco das habilidades de Serena de Erídano! – após um choque dos punhos dos dois lutadores, ambos saltam para trás, afastando-se um do outro. Serena cria em suas mãos duas esferas de energia negra, e as dispara contra Raphael. — Réquiem da Sepultura!

Os projéteis se dividem em pleno ar, fazendo com que dezenas de disparos negros voem na direção do jovem Lince.

—Como se me atingir fosse tão simples! Flechas do Lince! – dos punhos de Raphael, diversas flechas de vento cortam a distância até os projéteis de Serena, ambas as técnicas chocando-se em pleno ar e anulando uma à outra, gerando uma explosão que levanta uma nuvem de poeira. — Vai precisar de outro truque, Serena, porque esse não vai funcion... – Raphael não termina de falar, pois a garota imediatamente avança em sua direção por dentro da poeira, tentando atingi-lo com um soco. Raphael enxerga uma abertura, e tenta acertá-la com um soco quando ela se aproxima, mas o golpe simplesmente atravessa o corpo da garota como se ela fosse um fantasma.

“Uma ilusão!”

—Aqui atrás! – avisa Serena, e já era tarde para que Raphael pudesse se defender. O rapaz apenas consegue se virar a tempo suficiente para receber uma esfera de energia negra na barriga, que o lança verticalmente para o alto. — Réquiem da Sepultura!

Enquanto Raphael disparava para o infinito e além, as Garotas das Correntes preparavam mais uma investida contra Simas e Bayard. Os dois, apesar de rivais, sempre treinaram juntos, e graças a isso tinham um bom entrosamento quando precisavam lutar lado a lado. Mesmo as poderosas correntes dos Santos da Guarda do Patriarca não conseguiam alcançá-los. Bayard continuava repelindo-as com ar frio, enquanto Simas fazia o mesmo com telecinese.

—Não acham que isso já tá cansando? Não vão conseguir pegar a gente dessa forma! – provoca Simas.

—Por que não desistem e deixam que eu e o Cinzel nos resolvamos, hein? – completa Bayard.

—Mas como estamos confiantes hoje... Acácia, vamos!

—Certo!

As duas passaram a perseguir os garotos com mais velocidade, e também estavam mais agressivas na manipulação de suas correntes. Apesar de ainda não terem sido atingidos, Cinzel e Centauro estavam sendo cada vez mais pressionados. E no final das contas, acabaram caindo no plano das garotas: os dois se reuniram num mesmo ponto.

—É agora! – comanda Agatha, e tanto ela quanto sua parceira correm em volta dos dois oponentes, buscando amarrá-los com as correntes. — Corrente Nebulosa Dupla!

—Não pode ser! – Bayard e Simas não conseguem escapar, e são amarrados juntos pelas correntes das duas garotas, caindo ao chão.

—Pegamos vocês, meninos. E nem tentem sair. Já sabem que somos especialistas em capturas.

—Não brinca, Agatha? Pois saiba que eu não tô nem aí! Vou congelar essas correntes e sair daqui nesse instante!

—Ei, Centauro, desse jeito você vai acabar me congelando junto! – adverte Simas, reclamando do plano do parceiro.

—É até melhor, eu mato dois coelhos com uma cajadada só!

—Ora, seu...

—Agora eu saio daqui! – Bayard tenta elevar seu Cosmo para se livrar das correntes, mas se surpreende ao perceber que não era capaz de fazê-lo. Pelo contrário: as correntes simplesmente os apertavam mais e mais.

—Argh! Ei, gênio, não tá adiantando! – reclama Simas.

—Mas... Por quê? Por que não consigo congelar essas correntes? Eu tava conseguindo até agora há pouco!

—Querido, vou repetir: nós somos especialistas em capturas – remarca Agatha. — Agora que a gente pegou vocês, podem desistir de tentarem se soltar.

—Enquanto estiverem enrolados na minha corrente direita, o pentagrama, vocês estão sob o efeito do Aprisionamento da Morte – explica Acácia. — Isso significa que vocês não serão capazes de usar o Cosmo.

—E enquanto estão amarrados pela minha corrente direita, o hexagrama, vocês estão recebendo o Castigo do Olimpo – completou Agatha. — Ou seja, a cada tentativa de vocês de quebrar essa prisão, a corrente vai apertar mais e mais.

—Quando nós duas usamos nossas correntes ao mesmo tempo, nenhum inimigo é capaz de fugir. Por favor, desistam.

—Como se eu fosse desistir! – grita Bayard. O Santo de Prata continua tentando se soltar das correntes, mas estas simplesmente apertavam mais e mais, a ponto de começarem a trincar as Vestimentas dos aprisionados.

—He! Então é assim que suas correntes funcionam... É uma ótima técnica – elogia Simas. — Mas agora eu já sei como vou tirar a gente daqui.

A luta entre Serena e Raphael ainda não tinha acabado. Raphael tinha sido golpeado por Serena e estava em pleno ar, com uma esfera de energia negra na barriga o empurrando para o alto. Essa esfera então se dividiu, e como vários meteoros, golpearam Raphael por todo o corpo, danificando sua Vestimenta. Mas a garota não deixaria o serviço pela metade. O rapaz ignorou a dor causada pelo golpe e se preparou para defender uma nova investida da Sacerdotisa, que havia saltado em sua direção.

“Eu não devia ter te subestimado, Serena... É um erro que não vou cometer de novo.”

Raphael continuava no ar, olhando para baixo, na direção da fumaça negra causada pelas explosões do Réquiem da Sepultura. Subitamente, do meio da fumaça, Serena surgiu, cortando o ar e voando na direção do Lince. O jovem se preparou para uma batalha, porém, com um sorriso no rosto.

“Ilusões não vão funcionar outra vez, Serena... Eu sei que você vai me atacar... por cima!”

E Raphael se virou, ignorando totalmente a garota que se aproximava por baixo, para bloquear os golpes da verdadeira Serena, que se aproximava do alto.

—Conseguiu perceber o meu truque, hum? – elogia Serena.

—O mesmo truque não engana meus olhos de Lince duas vezes.

Os dois sorriem, e prosseguem com a batalha. Em queda livre, os dois trocam socos, chutes, golpes com garras e emanações cósmicas. A disputa se mantém equilibrada até o momento em que tocam o chão, quando se afastam, mantendo alguns metros de distância.

—Isso é tudo o que tem, Raphael? Talvez a sua fama não seja tão merecida assim...

—Será mesmo? Eu gostaria de lembrar a você que, fora os Santos de Ouro, não há ninguém mais veloz do que eu neste Santuário.

E após pronunciar essas palavras, Raphael desaparece. “Teletransporte?”, pensa Serena, mas ela logo percebe que ele apenas havia se movido em alta velocidade. A Sacerdotisa tenta localizá-lo com o Cosmo, sem sucesso. Até que o garoto finalmente se revela às suas costas.

—“Aqui atrás!” Nostálgico, não? Garras Cortantes de Ventania! – e Serena é lançada ao ar por diversas lâminas de vento, sem reação, ouvindo os sons de sua Vestimenta rachando.

De volta à luta de duplas, Simas sorria enquanto aprisionado pelas correntes, sob os olhares estranhados de Bayard, Acácia e Agatha.

—Puxa Simas, você é surdo? – provoca Agatha. — Eu já disse, não tem como saírem daí. Vocês não podem usar o Cosmo, e se tentarem sair à força, a corrente só vai apertar mais ainda. Vocês são como peixes no anzol.

—Não sou surdo. Vocês deixaram bem claro que a gente não pode usar o Cosmo. Mas e se por acaso eu tiver habilidades paranormais que posso utilizar sem o uso do Cosmo, hum?

—Você...

—Eu sou um descendente dos Alquimistas, lembram? Um paranormal que possui telecinese como uma habilidade natural, não dependente do Cosmo! Vão pagar caro por terem esquecido! – Simas se concentra nas correntes que estavam presas aos pulsos das suas captoras, e então, as parte com a sua telecinese. Isso liberta os dois Santos e deixa as garotas sem reação por alguns instantes. — Pegue-as, Bayard! Rede de Cristal! – aproveitando-se da surpresa das garotas das correntes, Simas utiliza sua técnica, que gera fios de cristal, prendendo as garotas e suas correntes.

—Não pode ser! Nós, especialistas em capturas, capturadas?!

—Valeu, Cinzel! – Bayard emana seu Cosmo, agora livre das correntes, e cria diversos espelhos de gelo, que flutuam ao redor das garotas aprisionadas. — E agora, quem é o peixe no anzol? Pó de Diamante Zero! – uma rajada de ar frio é disparada por Bayard em direção aos espelhos, que a refletem por toda a área que cobriam, atingindo Agatha e Acácia repetidas vezes. As redes de cristal acabam sendo congeladas também, e se desfazem, derrubando as duas no chão.

—É o que ganham por nos subestimar. Estamos só começando! – provoca Simas.

—Tsh... Fomos pegas... Mas não vai acabar assim! – ameaça Agatha.

—Na verdade, vai sim – declara uma voz. Uma sétima voz, não pertencente a nenhum dos Santos da Armada Estelar.

No mesmo instante em que Serena, Agatha e Acácia se levantavam, e enquanto Simas, Bayard e Raphael assumiam uma postura de batalha para enfrentá-las novamente, um Cosmo incrivelmente poderoso se fez sentir. Em um segundo, todo o coliseu estava coberto de neve, e os corpos dos seis Santos estavam imóveis, completamente congelados até o pescoço.

—Mas... O que é que tá pegando? Bayard?!

—Não seja idiota, Cinzel, é lógico que não fui eu!

—Será que eu posso saber o que você e seus amiguinhos estão fazendo aqui, Bayard? – novamente, aquela voz se faz ouvir. No entanto, dessa vez ela se apresenta, andando dentro do coliseu às vistas dos seis.

Era um homem que aparentava ter entre 25 e 30 anos. Seus cabelos curtos eram ruivos, praticamente alaranjados. Os olhos eram extremamente negros, mas não demonstravam agressividade. Seu rosto tinha um sorriso provocador, como o de uma pessoa que gosta de pregar peças nos outros. No entanto, nenhuma dessas características seria a primeira coisa que uma pessoa notaria ao olhar para ele. A característica mais marcante daquele homem certamente era a reluzente armadura de placas douradas que cobria todo o seu corpo.

—M-mestre! – exclama Bayard. — A gente só tava...

—O mestre de Bayard... – começa Simas – Você é o Guardião da 11ª Casa, o Santo de Ouro da constelação do Copeiro, Ganimedes de Aquário!

—Exatamente, Cinzel! Fico feliz que lembre do meu nome, apesar de termos nos encontrado tão poucas vezes! – declara o Dourado, sorrindo, sem dar nenhum sinal de que iria libertar os jovens. — Então, vocês são a Armada Estelar? É a primeira vez que vejo os seis juntos.

—Como achou a gente aqui, Mestre? – questiona Bayard.

—Ah, eu só vi o Lince subindo como um foguete e explodindo no ar como um rojão. Eu tenho certeza de que ninguém solta fogos de artifício no Santuário, então vim verificar. Aquele golpe foi seu, jovenzinha? – pergunta o Dourado, voltando o rosto para Serena. — Virgílio lhe ensinou muito bem.

—Com licença, Sr. Ganimedes... – começa Acácia, timidamente. — Será que o senhor poderia...

—O quê? – pergunta Ganimedes, fazendo-se de bobo.

—Como “o quê”? – grita Agatha, nervosa, sob os olhares preocupados de Bayard, Raphael e Acácia. — Tire-nos daqui, ora!

—Haha! Você tem coragem garota! Mas bem, é uma das mais promissoras de todos os Santos da Guarda, então não é de se esperar que não se dobre mesmo diante de um Santo de Ouro como eu...

—Não vai mesmo nos libertar? – pergunta Simas. Sua voz era muito mais respeitosa do que costumava ser.

—O que vocês estão fazendo aqui, pra começo de conversa? – a voz e o semblante de Ganimedes ficam mais sérios. — Vocês foram enviados para uma missão. Após regressar ao Santuário, a sua obrigação é entregar o relatório da missão para o Patriarca imediatamente.

—Nós sabemos, mestre! É que...

—“É que” nada. Se sabiam mesmo, deveriam ter ido – repreende ele, e então seu rosto volta à expressão jocosa de antes. — Se tivessem feito isso, não estariam congelados até o pescoço nesse momento.

Era impressionante como durante todo esse tempo, os seis jovens tentavam se libertar daquele gelo, mas ele parecia simplesmente inquebrável. Era realmente digno da fama do Santo de Aquário, dito conseguir criar um gelo tão resistente que mesmo os Santos de Ouro não conseguiriam destruir.

—Bom, acho que vou lhes deixar de castigo assim por um tempo... Depois eu volto pra buscar vocês.

—Ei, tá falando sério? Não pode fazer isso! – reclama Serena.

—Olha, poder, eu posso... Me dê um bom motivo pra não fazer.

—Nós já entendemos! Iremos diretamente para o Salão do Patriarca! Então por favor, nos tire daqui! – pede Raphael.

—Agora sim, humildade, gostei disso... Ok, vocês estão livres – Ganimedes estala os dedos, fazendo com que o gelo envolvendo os corpos dos Santos subitamente se tornasse mais frágil, e tornando possível a sua libertação. — Vão direto pro Salão do Patriarca. E não pensem em descumprir as regras do Santuário outra vez. Dessa vez eu deixei passar, porque Bayard foi meu aprendiz e vocês são vistos como uma tropa de elite aqui dentro, mas não pensem que outros seriam tão coniventes quanto eu fui.

Os jovens concordam, e Ganimedes se retira do coliseu. Todos decidem fazer o mesmo, e apesar dos corpos dormentes devido ao aprisionamento no gelo, rumam para o Salão do Patriarca.

—Muito obrigado, Cinzel. Tudo que eu precisava era enfrentar o gelo do Mestre Ganimedes de novo...

—Cale-se, Bayard. Vocês são cinco. Se não tivessem concordado com a minha sugestão por livre e espontânea vontade, a gente estaria no Salão do Patriarca agora.

—Não adianta reclamar agora... – diz Raphael, tentando apaziguar a briga. — De qualquer forma, fizemos isso para que Simas tivesse um propósito a mais ao consertar nossas Vestimentas, então... – o Santo Especial reduz sua armadura de volta ao formato de joia, e a atira para o muviano.

—É verdade. Agora você vai ter que consertá-las, Simas – Serena faz o mesmo que Raphael, atirando um dos grampos de cabelo dela para o Santo de Cinzel.

—Eh?! – o garoto pega as duas joias, perplexo. — Eu vou ter que trabalhar nisso agora?

—Bom, não é necessário que todos os seis estejamos lá... Nós cinco somos perfeitamente capazes de entregar o relatório – responde Agatha, atirando também sua Vestimenta para Simas.

—Por favor, Simas... – Acácia também faz o mesmo.

—Se vira aí, Cinzel... Você colhe o que planta – Bayard também entrega a joia para o rival, com gosto. — É bom que amanhã cedo as nossas Vestimentas já estejam completamente reparadas, viu?

—Ora seus... Mas ok! A culpa foi minha mesmo! Vou ter que ficar de pé a noite inteira, mas vou restaurar as Vestimentas de vocês até amanhã!

—É isso que eu gosto de ouvir – Bayard dá uns tapinhas nas costas de Simas, provocando-o.

—Bom, então nós vamos indo até o Salão do Patriarca, Simas. Encontramos você amanhã pra pegar nossas Vestimentas.

Os cinco jovens se despediram de Simas, que rumou emburrado para sua casa, enquanto os raios de sol começavam a sumir no horizonte. Gostava de estar na presença do Patriarca, a figura mais poderosa e importante do Santuário, abaixo apenas da própria Deusa Atena, e estava sendo privado disso. Mas depois de alguns passos em direção à sua casa, ele sorriu. Fora capaz de presenciar o poder de um dos 12 guerreiros mais poderosos da Ordem dos Cavaleiros do Zodíaco.

“Esse poder... O poder necessário para subjugar todos... É isso que um Santo de Atena deve ter. É dessa forma que poderemos proteger a paz na Terra. Eu vou conseguir esse poder, custe o que custar!”


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Notas finais do capítulo

Simas de Cinzel. Bayard de Centauro. Parceiros na Armada Estelar, mas rivais fora dela. Qual desses orgulhosos Santos pode dizer que é o mais poderoso? Em meio a mais uma das inúmeras tentativas de descobrirem isso com seus punhos, os jovens Santos são interrompidos por uma figura de maior autoridade no Santuário. Mas que interesses o auxiliar direto do Patriarca teria nessa questão?

Próximo capítulo de Saint Seiya - Star Army:

Os punhos da rivalidade – Estrelas vs. Gelo!

Você, já sentiu o Cosmo?



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