Segredos de sangue escrita por Drylaine


Capítulo 25
Efeito Borboleta


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo acho que vai ser meio polêmico, porém foi dessa forma q decidi terminar essa história q foi uma bela viagem pelo universo de Resident evil! Aqui lhes apresento, com todo carinho do mundo, o meu último capítulo de Segredos de Sangue!



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"Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo."

(Efeito Borboleta - Teoria do Caos)

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"Mei!" A espiã chiou alegremente ao ver sua irmã ali, ainda em sua nova forma mutante, mas parecendo forte e quase imparável.

"Precisamos ajudá-la!" Dizia Leon surpreendendo Ada, ao reconhecer que aquela criatura havia acabado de salvar as suas vidas.

Sherry mesmo confusa, também se junta à eles. E, assim, o trio começa a disparar contra Simmons tentando mata-lo, ou ao menos enfraquece-lo.

"Tolos... Vocês não podem me vencer!" Simmons usou seus tentáculos para sufocar Mei, enquanto rebatia sua cauda de serpente contra os outros três indivíduos, tentando os derrubar e fazendo a própria plataforma começar a balançar sob eles.

Toda a estrutura dali, já estava bastante danificada por conta da mistura entre o fogo causado por Simmons e o próprio ácido que continuava a sair pelos poros de Mei, que no final passou a se misturar no meio da própria água do mar a qual lentamente começa a inundar o local.

"É o fim da linha, minha cara!" Simmons novamente zombou com puro sadismo, apreciando toda aquela situação horrenda. Seus tentáculos agora se dividiram entre o pescoço, o quadril e as pernas de Mei, como se quisesse reparti-la ao meio. E a mulher se sentia realmente assim, como se seu corpo estivesse sendo esticado muito além de suas forças, quase prestes a ser dividido cruelmente em vários pedaços. Sua blindagem já havia sido danificada, após ter sido exposta ao calor incessante do fogo expelido pela Quimera, o que a tornou tão vulnerável ao ataque brutal daquele monstro.

"Desgraçado! Solte ela!" Ada gritou horrorizada chamando a atenção dele. Leon aproveitou a distração da criatura e corre na direção dele, dando um salto mortal sobre as costas da Quimera. Simmons se desequilibra por um momento e joga o corpo de Mei de forma violenta de um extremo para o outro da plataforma, até que ele mesmo retorne a seu estado humano, largando a sua presa. Sherry também se une a Leon e ambos passam a atacar o homem tentando dar um fim aquela batalha.

Enquanto isso, Ada corre até o corpo de sua irmã e tenta tocá-la, mas Mei mesmo debilitada, recua com medo de machucar a sua irmã.

"Mei vai ficar tudo bem." Ada tenta mais uma vez se aproximar e de novo sua irmã a rejeita.

"Eu disse... que... não!" Mei olhou para a dupla que enfrentava Simmons sentindo a plataforma prestes a ceder. Eles não teriam muito tempo. "Acabe com... com ele..." Sua voz estridente estava perdendo a sua força. "Faça isso... por nós!" As duas se olham com lágrimas nos olhos.

"Eu o farei, irmã!" Ada se levanta e apertar seus punhos furiosa.

Voltando ao calor da batalha, Derek ainda decide não ceder e, mesmo em sua forma humana, consegue agarrar Sherry e joga-la contra uma coluna de aço, fazendo a pequena loira ficar atordoada no chão por uns segundos, ao mesmo tempo, em que empurra Leon para fora da plataforma, forçando este a ter que se segurar com muita dificuldade na beirada para não cair.

"Quer viver?" Derek se aproxima da beirada e pisa na mão de Leon, tentando força-lo a se soltar e ir de encontro com uma morte muito dolorosa e cruel. "Então, implore pela sua vida!" O belo agente americano, que lutava arduamente pela sua sobrevivência, mesmo em completa desvantagem, já tinha uma resposta na ponta da língua, mas Ada decidiu ser mais rápida e resolver a situação do seu jeito típico.

"Nem sempre é possível conseguir o que quer, Simmons!" A espiã rosna chamando a atenção de Derek para si, ela salta furiosamente na direção dele lhe dando uma punhalada nas costas e depois um chute mortal, o jogando para fora da plataforma.

"Adaaaaaa!" Rosna o homem obcecado. Os olhos de ambos os antigos amantes se cruzam uma última vez, ao passo que o corpo de Simmons vai caindo há vários metros de altura, até encontrar o seu fim definitivo quando seu corpo se choca contra uma grande barra de aço retorcida e pontiaguda. Seu corpo se parte ao meio deixando todo o sangue escorrer para o chão.

"Espero que você tenha amigos no além, porque aqui ninguém sentirá a sua falta." Dizia Leon depois do sufoco de conseguir vencer a morte, enquanto assistia a queda completa do chefe da Organização A Família.

Olhando de cima, você poderia vislumbrar o vermelho cor de sangue de Derek Simmons, formar o símbolo da Umbrella bem no centro de uma grande sala redonda (a mesma sala onde, uma hora atrás, Piers e Chris haviam passado para chegar ao laboratório).

"O nome pode ter mudado, mas o símbolo continua o mesmo." Sherry sibila carrancuda olhando aquela cena mórbida.

Não há tempo para recuperarem o fôlego, pois o mar furiosamente começa a inundar vários setores do complexo. Não há como acessar os elevadores, o que os impede de subir de volta para a entrada do local. A única saída seria tentar acessar uma escada de emergência, mas eram muitos metros para subir e pouco tempo para fazer todo o percurso, ainda mais carregando alguém gravemente ferido como Mei.

"Li, não..." Choramingava Mei que ainda se encontrava tentando lutar por sua vida, ao passo que continuava a proteger a sua gêmea. "Eu não quero te machucar!" Então, Ada ergueu uma das mãos de Mei lhe mostrando que sua pele estava voltando a sua cor natural, assim como o seu corpo que ia retornando a sua forma humana normal.

"Viu, você já não pode mais me machucar. Agora, você pode me tocar." Suas palavras só causou mais tristeza para a irmã que tremia de dor e de frio.

Era a primeira vez, que as irmãs poderiam se tocar de verdade, sem o passado ou uma mutação pra ficar entre elas. E, mesmo assim, tinha que ser desse jeito? Quando parecia que era tarde demais?!

"Ah meu Deus! Elas são gêmeas?" Sherry estava desnorteada, olhando entre as duas irmãs e percebendo que a situação era ainda mais dramática.

"Nós duas sobrevivemos antes... Então, nós duas podemos sair daqui, juntas!" Ada tirou a jaqueta que Leon havia lhe dado e, com a ajuda de Sherry, vestiu em Mei tentando aquece-la, mesmo sabendo que as feridas causadas por Simmons eram muito graves e ela estava perdendo muito sangue. Mas Ada tentou fingir que tudo ia ficar bem.

Tudo parece um borrão passando através de olhos assustados e com corações pulsando no ritmo do medo e da própria adrenalina do momento. E mesmo na incerteza, Ada se segurou em sua irmã, entrelaçando suas mãos, querendo não perdê-la. Querendo desesperadamente salvar Mei. Querendo que o destino se apiedasse delas. Que mais uma vez, elas tivessem a chance de sobreviverem juntas, como no porta-aviões.

"Cuidado, vamos cair!" Gritava Sherry tentando se segurar em qualquer coisa, mas é difícil.

Não demora muita para a plataforma ceder com a força das águas e começar a cair numa velocidade assustadora, arrastando junto com ela, os quatro indivíduos sobreviventes.

Eles caem dolorosamente contra o último andar, com duas irmãs sendo arrastadas quase para dentro de um precipício. O mesmo precipício que Chris e Piers haviam encontrado uma hora antes. O mesmo precipício cheio de resíduo tóxico que estava ali para receber qualquer material descartável. O poço sem fundo que estava ali para engolir todas as esperanças de um futuro entre Ada e Mei.

"Não, não, não!" Ada praticamente briga com a irmã, ainda lutando para não solta-la. Mei havia caído pra fora da plaforma e a única coisa que ainda a segurava viva ali, era a mão persistente de sua irmã.

"Está tudo... bem... Li, você tem que me deixar! Por favor, deixe-me ser livre!" Elas trocam um último olhar melancólico. "Li, eu já não sinto mais dor... Só há apenas calmaria. Estou pronta... para ser livre."

"Chega de lágrimas!" Ada sussurrou decidida a também aceitar a morte ao lado da sua irmã. Entretanto, a mão que Ada segurarava Mei estava molhada e escorregadia, logo, a espiã não conseguia mais segura-la. Suas mãos deslizam e, então, Elise Mei vai de encontro com aquele abismo.

Melancolicamente, Ada entendeu que sua irmã estava certa. A morte não era o fim, era apenas uma forma de liberdade. Uma liberdade que ambas desejavam.

 

***/ /***

 

No meio da escuridão se pode ouvir um estrondo que fez tremer o chão e por último um grito horrível vindo de onde Radames deveria estar antes do apagão. Chris aponta o seu fuzil na direção dos barulhos e, logo, descobre o que havia acontecido.

Ustanak parecendo ainda mais monstruoso e aterrorizante, estava ali com a sua mestra quase sendo rasgada ao meio pela carcaça do que era antes o seu braço mecânico.

"Olha quem está de volta." Jake diz sarcástico.

O capitão e o jovem mercenário começam a atirar nele, forçando-o a jogar o corpo quase sem vida de Radames sobre o chão. A mulher cai e tenta lutar pra se mover, mas não consegue. Ela se encontrava com dor, sangrando muito e com uma grande dificuldade para respirar, mas acima de tudo, ela se encontrava desnorteada ao ter sido atacada pelo seu soldado mais fiel.

O que Radames não sabia era que Ustanak havia sofrido muitos danos ao ter ficado encalhado na lama ácida criada por Mei, entre os vários danos, estava o seu braço mecânico que acabou tendo a sua estrutura de aço derretida, deixando apenas um pedaço enferrujado de metal que a própria criatura retorceu para transforma-lo num grande gancho bastante mortal. Todo o seu corpo agora estava em carne viva e a cada passo que dava ele perdia um pedaço de pele. Sua audição que era o seu ponto forte também havia sido perdido no confronto com Mei. Agora tudo parecia um zunido irritante. Portanto, sem a sua aguçada audição e com uma visão péssima, ele já não conseguia distinguir a sua MESTRA dos seus INIMIGOS. A única coisa que permanecia intacto era o seu cérebro.

O cão de guarda de Radames havia sido programado para perseguir incansavelmente o jovem mercenário e iliminar seus inimigos. Essas eram as duas informações que o cérebro dele absorviam. E a única voz que ecoava em sua mente ainda era a da cientista:

"Ustanak, você é o único capaz de nos salvar. A caçada deve começar. Quero todos eles mortos!" Essa havia sido a última ordem de Carla, minutos antes das instalações serem invadidas. E era sob essa ordem que Ustanak estava aqui para matar todos, até não restar um.

"Aqui!" Piers mesmo combalido decide jogar a sua metralhadora para Jake que poderia ser mais útil para ajudar Chris na batalha.

A batalha que se segue não é tão simples, principalmente, porque o monstro parecia ter crescido duas vezes mais em estrutura muscular e em altura o que o tornava bastante resistente e impetuoso. Mesmo sofrendo tantos danos, ainda sim nunca desiste, complicando mais a vida dos três homens.

Os tiros conseguem deixa-lo lento, mas não o suficiente para para-lo. Jake e Chris também precisam manter uma distância segura para não serem mutilados pelo seu braço com gancho.

"Droga! Ele é perda de tempo." Reclamava Chris. Ele decide pegar duas granadas incendiárias e jogar na direção da BOW, deixando-a pegar fogo. Isso ainda não parece o suficiente. Nada parece o suficiente para matar aquele monstro.

Enquanto o confronto continua, Piers que estava ali sem conseguir ajudá-los, percebia que a luta estava quase perdida. E como se isso não bastasse, ele começa a lutar uma batalha pessoal contra si mesmo, pois as veias do seu braço voltam a pulsar de forma anormal e ele começa a sentir como se sua pele estivesse rasgando ao meio. Em segundos, uma nova mutação estava prestes a acontecer.

"Oh merda! Piers, não deixe isso te controlar!" Ordena Chris desnorteado, vendo o seu soldado se transformar num novo J'avo com um braço mutante, capaz de disparar raios de energia bio-elétrica. Ele parecia pronto para a ataca-lo. "Vamos lá cara, apenas lute contra isso!"

Entretanto, a verdadeira ameaça ainda continuava sendo Ustanak que vinha correndo na direção dos outros dois homens. Eles estavam encurralados entre Piers e o monstrengo da Neo-Umbrella.

"Saiam da frente!" Grita Piers erguendo o seu braço mutante.

Chris consegue enganar o inimigo deixando ele vir em sua direção pronto para ataca-lo, entretanto, a criatura acaba sendo surpreendida quando o capitão e Jake desviam do seu golpe, deixando o caminho livre para Piers que usando o seu braço mutante, revida traiçoeiramente lhe dando várias descargas elétricas e em seguida lhe dando outro golpe certeiro perfurando a sua coluna vertebral e, assim, fazendo Ustanak perder a sua sustentação. Mesmo não conseguindo ficar em pé o monstrengo continua a se arrastar ferozmente pelo chão, isso é a deixa que Jake precisava para explodir a cabeça do monstrengo.

"Sinto muito... Capi... tão..." Dizia Piers exausto e apavorado, notando que havia se tornado tudo aquilo que mais lutou contra... "Sou uma arma biológica, senhor!"

"Não, não é! Você é um grande herói." Chris murmurou se aproximando do seu soldado e segurando a sua cabeça. "E você salvou as nossas vidas. Eu estou tão orgulhoso de você." Chris lhe abraçou tentando segurar a sua própria emoção.

"Ei Redfield, sinto muito interromper o momento, mas..." Jake desajeitadamente, fez um sinal na direção da mulher que agonizava no chão no canto próximo do casulo.

"Isso ainda... não... acabou." Ela dizia olhando para Chris que era o mais próximo dela. A mulher mesmo a beira da morte faz um gesto com uma das mãos na direção do gigante cásulo que estava pulsando como um coração humano. "O mesmo sangue que... que... cura... É o mesmo sangue que... mata..." Radames usa as suas últimas forças parar revelar tudo sobre a Haos. O tempo estava se esgotando e uma escolha precisaria ser feita. "Você só tem que... deixá-la ser... livre!" E a chave para a liberdade estava nas mãos de um dos quatro sobreviventes de Raccoon City.

 

***/ /***

 

"Ei, vai ficar tudo bem!" Leon conseguiu puxar Ada para longe daquele abismo a segurando de volta em seus braços, como se quisesse dizer a espiã que aquele não era pra ser o seu fim. Sua jornada ainda estava muito longe de acabar. "Eu sinto muito. Mas a gente tem que continuar."

"Eu... Eu não sei se consigo." Ela dizia tão pessimista.

"Eu sei que consegue." Ele continuou segurando os seus ombros, obrigando-a a encara-lo. "Você tinha razão. Ela não era uma arma biológica. Ela era a sua irmã que salvou as nossas vidas e se sacrificou por você. Não seria justo nem pra você e nem pra Mei, que você desistisse agora." As palavras de Leon, ficavam remoendo a sua mente. Eles se olharam por alguns instantes. Foram segundos que pesavam tanto sobre eles. "Então, estamos juntos nisso." Silenciosamente, ambos concordaram mesmo sabendo dos riscos de continuar em frente.

Sherry apenas os observava com seus azuis curiosos. Ela sentia que havia muita intimidade entre eles. A ligação que a dupla tinha, parecia ser muito forte e ela se perguntou: onde Angela Miller se encaixava em tudo isso.

Estava na cara que Leon e a mulher misteriosa parecia ter um passado em comum, cheio de segredos obscuros.

A loira já estava prestes a interrompê-los, quando o PDA de Leon tocou chamando a atenção deles para se focar no real motivo de estarem ali.

"Chris!" Leon dizia franzindo a testa em preocupação.

"Leon, escuta! Consegui encontrar Jake, mas estamos presos no laboratório." Chris soltou um suspiro nervoso. "Radames está morta."

"Ah, pelo menos uma notícia boa." Falou Sherry mais aliviada.

"Mas temos um problema bem pior pela frente." Chris dizia lendo rapidamente alguns arquivos da Neo-Umbrella. "Antes de morrer ela disse que se o complexo inteiro for inundado pelo mar, acontecerá um novo terror cem vezes mais catastrófico que os últimos atentados bioterroristas."

Enquanto, Leon e Chris conversavam, Ada e Sherry pararam olhando para a placa de aviso na parede próximo ao corredor dos laboratórios. Depois seus olhares se voltaram para o fundo do precipício, onde a água do mar começava a subir, prestes a revelar o que se escondia nas profundezas daquele abismo.

Uma parte de Ada se perguntou quantos cadáveres de pessoas como Mei estavam perdidas no fundo daquele lugar. Restos mortais que se misturavam ao resto nojento e podre da Neo-Umbrella.

"Droga! Se esse lixo cheio de restos do C-Vírus vazar pelo mar..."Continuou Leon desnorteado."Então, teremos uma contaminação impossível de ser controlada. Temos que avisar Trent e a BSAA. Toda a cidade e as regiões mais próximas precisam ser evacuadas."

"Mesmo assim Leon, o risco de contaminação biológica já estará se espalhando. Não teremos tempo pra evacuar todo mundo."

"Você por acaso tem uma ideia melhor?" Leon rugiu frustrado.

"Há uma forma de talvez salvarmos muitas vidas." Quando Chris disse isso, Ada já sabia do que se tratava. "Talvez, seja a nossa única..." Mas antes que o capitão terminasse a sua frase, abruptamente, a ligação entre eles acaba sendo interrompida.

Nesse momento, a água do mar que havia recuado para dentro do precipício (quando Sherry, Leon e Ada caíram ali), agora estava voltando a subir, assustadoramente, trazendo consigo uma nova ameaça. Um novo risco biológico.

"Nós temos que sair daqui, agora!" Chiava a espiã. Os três seguem para a porta do laboratório e começam a tentar abri-la a força.

"Vocês precisam abrir essa porta!" Gritava Sherry, enquanto a água continuava a inundar o corredor.

Mesmo sendo imune ao vírus, Ada podia sentir o quanto a contaminação pelo C-Virus na água já parecia se impregnar em sua própria pele, fazendo com que a sua cabeça latejasse como se fosse explodir.

"Ahhhhh... Está aumentando... 60 porcento..." A dor de cabeça havia se tornado mais forte, mostrando que o T-Veronica em seu organismo ainda podia rastrear qualquer ameaça biológica e seus olhos carmesins brilhavam sentindo a ameaça se tornar mais real e descontrolável. Uma sensação que jamais havia sentido. "65... 70... 71..." Ela continuava a contagem se encostando na parede a procura de apoio.

"Leon, o que está acontecendo com ela?" Sherry parou confusa e meio assustada com o estado da outra mulher.

"Ada... Ada, fala comigo!" Leon começou a segurar o rosto da mulher entre suas mãos tentando fazê-la reagir ao seu chamado. "Ada me diz o que está acontecendo? O que significa essa contagem?"

"A contaminação é muito alta. Você não pode sentir, mas tá aumentando... tão... tão rápido."

De repente um novo alarme começou a tocar avisando que o lugar deveria ser imediatamente evacuado e uma contagem regressiva começava. O nível de contaminação do lugar estava aumentando exponencialmente.

"Redfield, você tem que fazer alguma coisa! Nós não podemos deixa-los morrer lá." Dentro do laboratório Jake estava desesperado para ajudar, principalmente, a pequena loira. Mas era tarde demais.

"O que você quer que eu faça, não tem como abri-la!" Chris grunhiu frustrado e se sentindo tão culpado. "Eu sinto muito." Ele lamentou trocando um olhar entre Piers e Jake. "Não tem como eles entrarem e nem como nós sairmos daqui. Tudo o que eu sei é que a única forma de sairmos daqui vivos, é se aquele enorme casulo eclodir."

Mas, seria Haos a cura, ou uma nova ameaça?

Toda a responsabilidade de tentar salvar a todos, ou pelo menos impedir um mal maior era tão assustador, mas que escolha ele tinha?

Todavia, enquanto Chris havia ficado distraído com seus próprios pensamentos, Piers havia se adiantado e decidido a selar os seus próprios destinos, sem o consentimento de seu capitão. Seu capitão estava ali determinado a morrer pra salvar o restante do mundo, no entanto, Piers acreditava que o destino daquele homem ainda não era terminar aqui. Além disso, o jovem soldado havia feito uma promessa a sua amada Claire e ele iria cumprir isto agora.

Pensando nisso, o jovem soldado se encheu de coragem e fé e, mesmo com dificuldade seguiu até a porta do laboratório. Com o pouco de raciocínio e controle sobre a sua mutação, o soldado decidiu usar o seu braço mutante para sobrecarregar de energia o mecanismos que mantinha a porta travada.

"Piers o que você está fazendo?"

"Estou fazendo o que tem que ser feito... Capitão, você não vai morrer aqui. Eu não vou deixarrrr!" Ele gritou enquanto soltava uma rachada elétrica tão forte capaz de fazer explodir o mecanismo da porta.

Tudo o que estava do lado de fora, passa a entrar pela sala, sendo arrastado pela água do mar e traz consigo três corpos exaustos e quase sem fôlego. Em seguida, Piers com a ajuda de Chris fecham a porta como podem, tentando conter um pouco da água que continuaria a forçar a entrada. Consequentemente, a sala não seria segura por muito tempo.

"Sherry, você está bem?" Jake correu até a jovem loira, ajudando ela a se levantar.

"Eu acho que estamos bem."

"E vocês dois?" Chris se obriga a se aproximar de Leon e da espiã que ainda precisa do auxílio do agente para se levantar. A espiã se surpreende ao ver Piers transformado num J'avo.

"Piers o que aconteceu com você?" Sherry perguntou meio cautelosa na presença de seu ex-parceiro de equipe que parecia com uma aparência bastante doente e também perigosa.

"Não é comigo que vocês têm que estar preocupados." Os três que haviam acabado de entrar ali, pararam olhando para o grande cásulo.

"O que é isso?" Perguntou Leon.

"Radames falou a verdade..." Se adiantou a espiã. "A criatura está limpa. Limpa da infecção do C-virus." Ela deu alguns passos pra frente no intuito de se aproximar do tal cásulo, até que sua perna bateu em alguma coisa no chão, era o cadáver de Carla Radames, confirmando a morte dela.

Ada fechou os olhos, por um instante, na tentativa de controlar seus próprios demônios. Ela estava nervosa e sentindo uma certa crise de ansiedade crescer dentro dela, mesmo não querendo admitir. E quando reabriu os seus olhos, deu de cara com Chris parado na sua frente.

"O que você vai fazer?" Ele questionou carrancudo.

"Eu sei o que Radames disse pra você. Eu sei o que você estava pretendendo fazer. E isso é loucura!" Ada Wong lhe enfrentou sem se deixar se intimidar com a atitude autoritária do capitão.

Ele sabia que isso era uma loucura, mas se aquela criatura dentro daquela crisálida fosse a última esperança de salvação, então, ele iria correr o risco. Não apenas pela população mundial, mas para salvar seus amigos e, sobretudo, o seu soldado mais leal. Piers era um homem bom, um pai presente e um marido amoroso e fiel. Ele era parte da sua família imperfeita. Ele tinha que voltar para casa. Ele tinha que estar lá com Claire.

"Isso será suicídio." Gritou Piers já muito abatido.

"Prefiro pensar que será um sacrifício para salvar muitas outras vidas." O capitão ignorou Piers para continuar a desafiar aquele olhar carmesim que parecia muito obstinado parado em sua frente.

"Eu sei porque você quer fazer isso. Você está tentando salvar o seu soldado, só que é tarde demais. E Piers sabe disso." Continuou a espiã confrontando Chris. "E se você prosseguir com isso, sua irmã terá que encarar dois velórios e passar por dois lutos. É isso que você quer? Se uma perda é tão avassaladora, imagina duas?" Isso fez Chris recuar se sentindo muito abalado pelas palavras dela.

"Capitão... Nós dois sabemos que isso é verdade." Dizia Piers arrastando dolorosamente seu braço mutante pela água que continuava a entrar pela fresta da porta e parou ao lado de seu capitão. "Só um de nós... poderá voltar pra casa. E esse alguém... será você." Ele dizia com a voz embargada.

"Afinal, o que significa tudo isso?" Leon indagou confuso e assustado com o modo como a conversa prosseguia.

"Chegamos a 80% porcento de contaminação." Dizia Ada meio fora de órbita. "Quando chegar a 100... estaremos todos perdidos." Como Chris havia recuado deixando o caminho livre para Ada chegar até o casulo com a Haos, agora só faltava a espiã tomar coragem para seguir com o plano, no lugar dele. "Todo esse lugar se tornou uma verdadeira arma biológica e nós estamos dentro dessa arma. Cinco pessoas que estão nessa sala são imunes ao C-virus, com exceção de Piers. Uma dessas cinco pessoas aqui, possui a cura para o C-virus." Todos olharam para Jake. "Ele será o nosso plano B, caso o plano A não dê certo." Ada continuava como se tivesse no piloto automático.

"Espera, se eu sou o plano B. Qual é o plano A?" Jake questionou intrigado com aquela mulher que se parecia com Ada Wong, mas ao mesmo tempo, era tão diferente da mulher que o havia capturado na Edonia. Antes de lhe responder, Ada se virou para o casulo e o tocou, sentindo que a sua dor horrível de cabeça lentamente parecia diminuir.

Do lado do casulo, Leon encontrou algumas instruções básicas de como um corpo humano saudável deveria se fundir a ele, dando início a todo o processo seguinte. E foi aí que o norte-americana percebeu qual era o plano.

"Eu e aquilo que está lá dentro, seremos o plano A." A espiã argumentava penetrando os seus dedos dentro da crisalida, mas de repente ela é parada por Leon que puxa um dos seus braços bruscamente.

"Não! Você não vai fazer essa loucura!" Leon tentou a repreender.

"A decisão não é sua!" Então, a mulher furiosa e sem paciência decidiu revelar tudo o que estava em jogo. "Isso não é sobre eu ou você, ou eles." Ela fazia um gesto com as mãos indicando todos ali naquela sala. "Isso é sobre as milhares de vidas que estão lá fora... Pessoas, plantas, animais... Todo o ecossistema da Terra... A contaminação é tão grande que o mundo que conhecemos hoje, amanhã poderá não existir mais. E o futuro que você deseja construir com o SEU FILHO..." Ela enfatizou de propósito, só para deixa-lo mais perturbado. "Poderá nunca acontecer. É isso que você quer?" Leon desviou o olhar, absorvendo as suas palavras e sentindo um sentimento tão agoniante e avassalador. Mas ele não era o único a sentir isso, os outros também começaram a sentir o peso da realidade daquela situação.

A espiã sabia que era a pessoa certa pra fazer isso, porque era a única que não tinha planos para o futuro, ou um motivo para voltar pra casa. Aliás, ela não tinha nem uma casa pra chamar de lar. A única família real que havia lhe sobrado era um pai que ela nem conseguia chamar de pai. A relação entre eles nunca poderia dar certo, porque havia muito ressentimento no meio deles. E, o cara por quem ela se apaixonou (mesmo não admitindo o quanto o amava em voz alta), nunca poderia construir uma relação real e duradoura com ela, porque ambos eram de mundos diferentes. E, acima de tudo, Ada Wong era apenas uma identidade falsa, uma sombra e uma ameaça para muitos. Uma ameaça que há três dias, foi dada como morta. E, era assim que ela deveria permancer... Morta!

Contudo, havia mais um motivo muito plausivo para Ada ser a escolha certa para se fundir a Haos.

"Assim como Piers, eu estou definhando, Leon. Não há como parar isso, porque não há cura para o meu mal. E eu só quero que essa dor pare. Então, quando toquei o casulo, a dor diminuiu. Você consegue entender isso?" Para ela era cansativo confrontar os olhos azuis inquisidores dele. "São muitos anos de constantes dores de cabeça e de desmaios. Meu cérebro não aguenta mais... Daryl e Trent sabiam disso. Era questão de tempo para essa bomba explodir."

"Mas você continuou voltando! Você sobreviveu mais uma vez." Leon continuou tentando convence-la. "Parece que o destino tem outros planos pra você. E morrer não me parece ser um deles."

"Talvez, esteja na hora de fazer o destino parar de decidir a minha vida."

Ela sobreviveu a Raccoon City. Sobreviveu a explosão de um porta-aviões. Sobreviveu a uma batalha contra Simmons. E agora vai morrer assim? Para Leon, isso não parecia justo.

"Eu sempre chego tarde demais." Ele murmurou pra si mesmo. "Parece que não importa o quanto eu tente... eu nunca consigo salvar você." Leon lhe deu as costas se arrastando pela água que já começava a bater no nível da sua cintura.

"É porque a sua missão nunca foi me salvar!" Ela parecia saber quais argumentos usar para convencê-lo. "A sua missão é ser um sobrevivente que deve retornar aos Estados Unidos para limpar o seu nome e fazer justiça. O mundo precisa saber da verdade e quem melhor do que, Leon Scott Kennedy, para fazer isso?" Silenciosamente, todo mundo concordava com as palavras da espiã. "Ah... e se eu bem lembro, alguém aqui andou fazendo aniversário." Leon corou ao perceber que, mesmo na situação em que estavam, ela ainda se lembrou do seu aniversário. "E o que eu estou prestes a lhe dar, é o melhor presente que alguém poderia ganhar." Por um instante, os dois esqueceram que haviam outras pessoas na sala. "Eu estou lhe dando a chance de você voltar pra casa vivo Leon, para você estar lá quando o seu filho nascer e pra você poder construir a família que sempre quis."

Mas, tão rápido quanto aquele momento íntimo aconteceu, ele se foi como num piscar de olhos e Ada voltou a prosseguir focado naquele plano terrível, decidida a selar o destino deles.

"Além do mais, Ada Wong já está morta. Ela morreu no porta-aviões e é essa história que vai permanecer. Ponto final!" Ela disse trocando um olhar entre Chris e Leon.

Tudo bem, eles estavam correndo contra o tempo, mas eles tinham que fazer alguma coisa. Assim como Leon que tinha seu próprio objetivo, Chris também tinha o seu, bem como Ada. Todos estavam travam praticamente uma batalha que parecia levar ao mesmo fim, nem que isso lhes custassem suas vidas.

"Já está em 90 porcento... de infecção. O tempo está se esgotando." Ada recuou vendo o nível da água subir e vir com uma força tão indomável, que começou a arrastar tudo e todos de um lado para o outro, forçando-os a lutar mais uma vez por suas próprias vidas.

"Ada..." Leon grita ofegante e desesperado, tentando lutar contra a força das águas, enquanto também tenta chegar até a mulher chinesa. "Adaaaaa!" Mas no meio da confusão alguém lhe puxa, conseguindo evitar que uma cápsula criogênica caía sobre ele, forçando-o a ser arrastado, cada vez mais, para longe dela.

"Leon, ela se foi!" Sherry dizia sem saber exatamente o que dizer naquele momento cheio de angústia. "Não há nada que você possa fazer!"

Leon só podia ficar ali, apenas assistindo o corpo da espiã ser engolido para dentro da gigantesca crisálida.

"Eu... eu sinto muito!" A voz dele era a última coisa que ela ouviu, ao passo que o seu mundo ia se tornando escuro e silencioso, até que não houvesse mais nada. Em seguida, o casulo se fecha e outra contagem regressiva começa.

Foram 60 segundos para a eclosão ser concluída. 60 segundos para decidir o futuro da humanidade. 60 segundos que separariam, definitivamente, Leon e Ada. 60 segundos e, então, o casulo se abre revelando aos poucos uma gigante borboleta colorida.

"Caramba, ela é enorme!" Murmurou Jake parando ao lado de Chris parecendo chocado. Nessa hora, o cadáver de Radames que boiava esquecido num canto da sala, resolve voltar a vida, grunhindo como um zumbi. A criatura se arrasta pela água, tentando chegar até os dois homens. E no instante, que a cientista despertou como uma arma biológica, do outro lado da sala, a enorme borboleta começa a bater as suas asas, fazendo várias pequenas borboletas serem liberadas, dominando tudo.

Ao ver aquilo, quatro sobreviventes se preparam novamente para contra-atacar se fosse preciso, mas para a surpresa de todos, os pequenos insetos passam por eles indo diretamente atacar Radames. Rapidamente, elas vão se multiplicando por cada canto e o zumbi em que Carla havia acabado de se transformar, volta a ser um mero cadáver boiando sobre a água.

Não havia necessidade de gastar munição ou perder mais tempo ali, Haos e suas milhares de borboletas estavam fazendo todo o trabalho sujo. Obviamente, aquilo era apenas o começo, pois a missão delas estava apenas começando. E é aí que outra situação acontece, quando as mesmas borboletas passam a atacar Piers.

"Pierssss... Não!" Chris chega a sacar o seu fuzil, na vã tentativa de salvar o seu parceiro de guerra.

"Capitão foi uma honra... lutar ao seu lado." Murmurou Piers trocando um último olhar com o seu capitão. "Fiz isso pela BSAA... Fiz isso pela... minha... família." E, assim, o corpo do jovem soldado volta a sua forma humana, mas morre nos braços de Chris.

Leon parou olhando pra cima, tentando vislumbrar algum sinal humano de Ada ali. Quando a enorme borboleta abriu suas asas e paralisou no ar, por um segundo o agente conseguiu ver uma forma humana acoplada ao corpo grande do inseto e ela parecia estar dormindo serenamente.

Talvez, ela até já tenha encontrado um lugar cheio de paz e estava feliz.  Pensou Leon, desejando do fundo do seu coração, que a alma dela tivesse encontrado a liberdade, que a espiã tanto almejava ao longo da sua vida.

Haos começa a subir para o topo e com a força de suas asas e o peso do seu próprio corpo, ela consegue quebrar o teto e fugir para a superfície. Assim, as borboletas vão sendo liberadas junto com a Haos que sobe para o céu e passa a se espalhar por toda a cidade.

"Oh... Até que enfim nós vamos embora!" Jake falou animado.

No espaço onde o casulo ficava se escondia uma alavanca que quando acionada, revelava uma entrada para um submarino militar, que era a única passagem de saída para fora daquele lugar.

"Vamos sair daqui, antes que esse lugar todo afunde." Leon murmura exausto e com o coração melancólico.

"Eu não posso deixá-lo ser mais um soldado esquecido aqui." Chris disse arrasado. Leon não disse mais nada, apenas nadou até o capitão e juntos os dois homens carregaram o corpo morto de Piers Nivans para dentro do submarino.

Sem mais enrolação, os quatro sobreviventes partiram dali, deixando a imensidão de mar engolir todo aquele complexo.

Lá fora o processo de Higienização de Lanshiang começava, sendo auxiliada por uma chuva severa que continuava a cair pela cidade.

 

 

 

 

Alguns dias depois...

 

A próxima reunião entre os sobreviventes dos últimos atentados, foi no enterro de Piers Nivans na sua cidade natal, Buffalo em Nova York. O dia estava ainda carregado de nuvens escuras, embora se podia ver além do horizonte uma brecha de sol querendo dar as caras. Era quase o final da tarde de uma sexta-feira de verão triste e inconsolável.

Estavam lá: Barry, Jill, Sherry, Ingrid Hunnigan, Leon com sua noiva Angela e os irmãos Redfield, junto com alguns amigos e familiares de Piers e Claire. Ah, e também havia o pequeno Kevin que, infelizmente, cresceria sem se lembrar do pai. Ele era tão pequeno e inocente para entender qualquer coisa sobre a morte e o luto.

 

{Em memória de Piers Nivans. Filho amado, um marido apaixonado, um grande pai e, acima de tudo, um herói de guerra. Que a sua alma descanse em paz.}

 

Claire estava lá parada diante daquela lápide, achando que aquelas palavras ainda não eram o suficiente para descreve-lo. Seu marido era mais do que meras palavras comuns e clichês. Ele era a pessoa mais corajosa, leal, sincera e com um grande coração.

Claire parou seus pensamentos, encarando o homem parado na sua frente. Ele vestia um dos uniformes da BSAA (num estilo mais social para essas ocasiões) e tinha um olhar triste e de culpa, era tanta culpa que ele nem conseguia fazer contato visual com a sua própria irmã. Ela não sabia se o odiava mais por ele não ser capaz de encara-la olho no olho, ou se o odiava mais por vestir aquele uniforme com aquele emblema da BSAA que a fazia lembrar, dolorosamente, de seu marido e do motivo do porquê ele não estava mais lá ao seu lado. Ela também não sabia se odiava o seu irmão só pelo simples fato dele estar ali na sua frente vivo, enquanto seu marido estava morto vítima do bioterrorismo. O bioterrorismo que seu irmão combatia por anos e anos.

Christopher Redfield, seu irmão que era o capitão da BSAA que já salvou tantas vidas, foi incapaz de salvar a vida de seu marido e isso era o suficiente para Claire se ressentir e odia-lo com todas as suas forças.

Seu irmão Christopher (como ela costumava chamar) por muito tempo era tudo o que ela tinha de mais precioso, ele era a única família mais próxima. Mas com o passar do tempo ele foi se tornando distante, tão distante que ela teve que aprender a viver sem a presença dele em sua vida e isso lhe causou uma solidão terrível. Uma solidão que só pôde ser superada, quando o jovem e simpático Piers Nivans, entrou em sua vida. Ele apareceu em sua vida no momento em que ela mais precisava e preencheu muitas lacunas. Piers Nivans preencheu até o espaço deixado por seu irmão mais velho.

E agora olhando para esse homem parado aqui em sua frente, por mais cruel que seja, ele parecia mais como um estranho para ela do que parte da sua família.

"Claire eu... Eu sinto tanto, por tudo. Eu queria..."

"Ah, me poupe dos seus lamentos! O que você vai dizer, Christopher? Vai dizer o quanto senti muito? Vai dizer que queria voltar no tempo e impedir a morte dele? Que se pudesse você teria dado a sua vida em troca da dele." Ela estava chorando e gritando, enquanto Sherry e Jill tentavam acalma-la.

"Sim, Claire!" Chris também estava nervoso e tentando controlar o seu próprio temperamento. "Eu preferia ter morrido no lugar dele, para que Piers pudesse voltar pra casa. Pra você... Você não imagina o quanto eu me odeio por isso."

"Não. Com certeza, eu devo te odiar bem mais."

"Vocês dois podem parar com isso, antes que digam algo a qual podem se arrepender depois!" Jill tentou lhes advertir, sabendo que ambos eram tão cabeças-duras.

"A única coisa a qual me arrependo, foi ter mandado Piers atrás de você." Ela dizia descontando toda a sua raiva em seu irmão. "E agora... eu o perdi." Ela caiu em lágrimas.

A discussão chamou a atenção de todos e causou um clima tão pesado que até mesmo o pequeno Kevin, que descansava sereno no colo de Angela, despertou assustado ouvindo a sua mãe gritar.

"Mamãe..." Choramingou a criança, tentando fugir para os braços de Claire.

"Eu acho que vou ter que tirar o Chris daqui!" Leon disse dando um beijo na testa de sua noiva, enquanto ela tentava acalmar o pequeno filho de Claire.

"Claire por favor, me perdoa!" Chris tentou se aproximar e abraça-la, mas sua irmã ao invés disso, lhe deu um tapa na cara.

"Não. Eu não consigo. Vá embora!" Suas palavras eram tão afiadas.

"Claire apenas me escute... Eu..."

"Chris, apenas dê um tempo pra ela!" Leon tentou puxar o homem grande e musculoso pra longe dali, mas de repente acabou sendo mais uma vítima da ira da bela ruiva.

"Você também. Você também é culpado pela morte dele." Claire parecia tão descontrolada, que nem mesmo Jill ou Sherry juntas, conseguiam fazê-la parar. "Você deixou que aquela mulher matasse ele, assim como ela matou tantas pessoas."

"Para com isso, Claire!" Leon exclamou começando a ficar irritado.

"Ada Wong, a espiã assassina e fria." E ela nunca esqueceria aquele nome. Era quase uma obsessão. "Todo mundo diz que ela morreu. Mas nós dois sabemos que ela sempre volta."

"Já disse pra você parar!"

"De um jeito ou de outro, Ada Wong sempre volta. E você..." Leon estava atordoado olhando para a sua melhor amiga. "Você sempre a protege. Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quêêêê?!"

"Chegaaaaa!" Quando a sua fúria atingiu o ápice, ele sacou a sua arma e apertou o gatilho. Mas, inesperadamente, a mulher diante dele, foi substituída pela própria espiã em carne, osso e um tiro certeiro na cabeça.

O barulho do tiro ecoou, tenebrosamente, por todo o lugar até que ele despertasse...

"Leon, você está bem?" Pergunta Sherry sentada na poltrona ao seu lado.

Ele estava ofegante, com o coração batendo acelerado e com a mente conturbada. Desde seu retorno de Lanshiang, Leon tem tido pesadelos constantes e perturbadores.

"Eu estou... Eu só..."

"Estava tendo um pesadelo?" Sherry lhe interrompe preocupada. "Aposto que estava sonhando com ELA, de novo." Suas palavras fazem ele ficar constrangido, sabendo que o (Ela) era referente a Ada. "Ela é mais que uma amiga, não é?" A pequena loira cochichava cheia de curiosidade. "Você tem sentimentos por ela." Parecia uma afirmação que o deixou frustrado.

"Eu..." Ele hesita sentindo palpitações. "Só estava sonhando com o enterro de Piers." Sua tentativa de trocar de assunto faz ele se sentir mal ao ver o semblante desanimado de Chris, que fecha os olhos ao se lembrar da discussão terrível que teve com a irmã, mais cedo naquele dia.

"Eu acho que temos problemas maiores para se preocupar." Chris lhes advertiu de forma dura, enquanto o jatinho particular continuava o seu trajeto direto para Washington D.C. "Temos que saber o que vamos dizer diante do vice-presidente e dos representantes da ONU." Ele fez um gesto para os outros dois se aproximarem mais dele, enquanto sussurrava. "A história tem que se manter perfeita."

"O senhor Redfield tem razão." Hunnigan apareceu segurando seu notebook, sentando ao lado do capitão da BSAA e de frente para Leon, enquanto explicava alguns detalhes sobre a reunião que os aguardava na Casa Branca. "Essa é a sua chance Leon, de limpar o seu nome e apresentar os verdadeiros culpados. E Sherry e Chris serão suas testemunhas, bem como o diplomata britânico, Philip Trent Blanchett."

"Certo. Estamos aqui para trazer a verdade à tona." Leon dizia com confiança. "O mundo precisa saber o que Simmons fez."

"Mas você também está pronto para arcar com as consequências dessa revelação?" Hunnigan continua a lhe pressionar, sabendo que quando a bomba for solta, nem mesmo o governo dos Estados Unidos sairá ileso disso e era justamente aí que as coisas poderiam se complicar.

"Sim. Estou pronto para contar ao mundo a verdade."

"Até mesmo sobre... Ada Wong?" Dessa vez era Chris quem lhe questionou, sabendo que aquilo era um assunto delicado para o agente da DSO.

"Nada mudou, Chris." Os dois homens se encaram com uma atitude um pouco hostil. "Para todos os defeitos, Ada Wong foi uma das responsáveis pelos atentados. Ela morreu na explosão de um porta-aviões da Neo-Umbrella, da qual VOCÊ foi a principal testemunha." Ele dizia enfrentando o capitão, mesmo sabendo que aquilo não era exatamente toda a verdade.

"Mas Leon, isso não é justo." Dizia uma Sherry chocada com a atitude do seu amigo. "Você sabe que essa não é a verdade. Ela se sacrificou por nós e..."

"Não, Sherry! Ele tá certo." O capitão murmurou percebendo que eles não tinham muita escolha, senão ter que esconder uma parte da verdade e substituí-la por uma mentira. "Nós precisamos fazer isso, pra proteger a Haos. Ela é o trunfo que temos nas mãos para vencer o bioterrorismo e para manter um certo controle sobre o governo americano. Caso contrário, todo o sacrifício de... Ada terá sido em vão e a Haos será visto como uma ameaça."

"Será melhor assim." Era difícil admitir isso, mas para Leon estava realmente na hora de deixar Ada Wong partir e enterra-la o mais longe possível do seu coração.

Então, uma parte da verdade será enterrada junto com aquela espiã chinesa, num lugar solitário, obscuro e triste, onde ninguém saberá a real verdade dos fatos.

Durante muito tempo, ela foi usada como arma para manipular e assassinar pessoas. Porém, pela primeira vez, Ada Wong havia se tornado uma arma para salvar vidas. Infelizmente, o mundo nunca saberá que a verdadeira Ada Wong, era genuinamente a principal heroína dessa história.

 

 


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Notas finais do capítulo

A idéia desses últimos capítulos era juntar todas as 4 campanhas de RE6 numa trama só e fazer esses personagens terem q trabalhar juntos. Foi bem desafiador fazer isso, mas tbm foi divertido. Nesse último capítulo tbm decidi q o Simmons tinha q ser derrotado pelas irmãs, afinal, elas sofreram tanto na mão dele e de sua organização. Acho que foi bem feito q Radames morreu pelas mãos da sua própria criação. E, enfim, os vilões foram punidos. Outra parte curiosa de toda essa história até chegarmos aqui é que essa fusão entre Ada e a Haos poderia ser encarada também como uma metáfora, já que as borboletas além de serem conhecidas por sua beleza e delicadeza, são naturalmente livres pra voar pra onde quiser. E a nossa bela espiã queria esse tipo de liberdade, queria ser livre tanto do sofrimento causado pelo T-Veronica, quanto pelo sofrimento causado desde o momento em q a Organização dos Simmons entrou na sua vida e destruiu a sua família. Alias, acho que se Ada pudesse ser um tipo de animal, eu acho que ela escolheria ser uma borboleta e acho que isso super combinaria com ela. Vcs não acham?!

Esses últimos caps do 23 ao 25 eu acabei me inspirando muito na definição do Efeito Borboleta que acabou combinando com todo o contexto desse final.

Bem, foi muito difícil terminar essa fic, sofri horrores. Eu demorei muito pra criar um final, pois quanto mais eu pensava no fim dessa história, mas eu não conseguia ver um final feliz pra Aeon (Pelo Menos Não Nessa Fanfic). Porque no fim, Segredos de Sangue acabou sendo uma história q ia além do romance Aeon. Eu acho q Segredos de Sangue acabou se tornando uma história sobre uma espiã conhecida como assassina fria, sedutora e fatal que ao longo da história vai criando uma jornada de amor, coragem e redenção. E no último capítulo isso fica bem explícito quando ela decide ser altruísta e se sacrificar pra salvar todo mundo ali, inclusive Leon, mesmo sabendo que nunca poderia ganhar o mérito por isso. É injusto é, mas eu acho que há um significado tão bonito nisso, principalmente, porque heróis sempre salvam vidas sem esperar recompensas ou reconhecimento. Assim como Chris, Claire, Leon e Jill, Ada merecia ser tbm uma Heroína de Resident evil. Acho que ela, aliás, muitas vezes era o anjo da guarda do Leon no game. Então, como o objetivo da fanfic era dar uma visão pessoal minha para RE6 resolvi dar a ADA o posto de a verdadeira heroína dessa história. E sabe que parando pra pensar, essa coisa sobre heróis faz tanto sentido até sobre as relações amorosas. Todo herói tem dificuldade em manter uma relação amorosa pq precisa manter sua verdadeira identidade em segredo e tbm precisa proteger a pessoa que ama, a espiã passa por essa situação durante a trama toda até q o nosso agente americano Bonitão, descobre todos os segredos dela. Mas mesmo agora q ele sabe dos segredos dela, ainda sim existe alguns empecilhos entre eles, um deles se chama Angela Miller e o futuro bebê de Leon q tá chegando. Essa foi uma das pontas soltas q eu deixei nesse último capítulo, com o propósito de fazer uma continuação. Afinal, precisamos falar tbm sobre a situação dos EUA depois do q Simmons fez. Precisamos saber mais sobre o paradeiro da Haos e da Ada. #Spoilers: Ela sempre volta!

Porém, essa continuação eu decidi que só postarei lá no Spirit Fanfiction, caso alguém aí se interesse. Bjus e nos vemos no epílogo!



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