Segredos de sangue escrita por Drylaine


Capítulo 22
Próxima Parada: Apocalipse




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No capítulo Anterior...

"Você tem razão, está acabado." Mei parou olhando entre os dois soldados e a mulher que ela havia tentando renegar como irmã. "Um porta-aviões está se preparando para o lançamento."

"Lançamento?!" Exclama Piers com sua arma em punhos se aproximando para prende-la.

"Mortos lotarão as ruas..." Ela continuou a dizer confrontando o olhar conturbado de sua irmã. "Déjà vu garotos, outra Raccoon City." Ao ouvir aquilo Ada e Chris trocam um olhar apreensivo. "Dessa vez, não será apenas uma cidade... Mas todo o mundo!"

Logo, um helicóptero inesperadamente aparece atrás de Mei... Em seguida, um tiro certeiro é disparado na direção dela, atravessando dolorosamente o seu peito.

"Eu... eu sinto muito!" Mei murmura fracamente, deslizando as suas mãos das de Ada e caindo da plataforma que estava há vários metros de altura.

"Nós temos que impedir o lançamento desses mísseis." Chris diz ainda olhando para a mulher de olhos carmesins tristes. "Nós temos que abandonar esse navio!"

"Eu não vou. Vão vocês!" Ada disse tomando uma postura dura. "Eu vou ficar com ela!"

"E enquanto a seu pai?" Chris tenta mais uma vez. "E Leon?"

"Trent iria querer que eu não a abandonasse. Eu só estou nessa missão por causa dela. E por causa dela, minha missão terminará aqui... E Leon..." Pronunciar aquele nome lhe causa uma dor no peito que ela decide ignorar. "Ele ficará bem."

 

 

 

Capítulo 22

Próxima Parada: Apocalipse

 

Chris e Piers haviam conseguido chegar até o tal porta-aviões pronto para disparar um míssil contendo o C-Vírus, eles tentam impedir o lançamento, mas a tentativa é falha. Mesmo com toda a luta contra o tempo, um dos mísseis acaba sendo ativado indo direto para Tatchi, uma região que, até aquele ponto, estava livre da ameaça do C-Vírus.

"Está indo pra cidade..." Dizia Piers desesperado.

Os dois agentes ainda estavam dentro de um avião militar, sobrevoando mar aberto.

"Eu falhei mais uma vez." A voz do capitão não passava de um fraco sussurro amargurado. Ele só podia ficar ali observando tudo se desenrolar, se sentindo impotente.

 

 

Tatchi – Distrito chinês de Lanshiang, China

 

Ele não sabia por quanto tempo ficou submerso na água até conseguir se reorientar e emergir para a superfície tentando recuperar o fôlego. Havia o barulho ainda de um helicóptero voando acima dele, que deduziu ser de Trent. Uma de suas mãos tentam proteger os seus olhos da luz que vinha daquele helicóptero.

"Leonnnn!" Há um zunido em seu ouvido, ao passo que tenta identificar o seu nome sendo chamado no meio do som irritante. "Leon, você está bem? Cadê Daryl?"Quando o zunido diminui, ele consegue idenficar a voz de Trent falando com ele. O agente da DSO olha mais uma vez para o helicóptero há alguns metros de altura até que se dá conta da falta de Daryl. Em segundos, seu corpo para de boiar e passa a se mover freneticamente a procura do outro homem.

O corpo boiando de Daryl logo é encontrado há poucos metros de onde Leon estava.

O agente Kennedy consegue chegar até Daryl que está inconsciente e gravemente ferido. Mesmo exausto, o agente consegue nadar carregando aquele corpo pesado com ele, até um ponto mais próximo onde pudessem sair daquele rio.

"Por favor, me ajudem!" Ele grita para um pequeno grupo de civis que estavam por ali perto da margem.

Já em terra firme, Leon tenta reanimar Daryl. São segundos de pura agonia até que o agente da The Shadows desperta tosindo incessantemente. Kennedy precisa ajuda-lo a se virar de lado e apoiar a sua cabeça para ele cuspir toda a água que estava preso nos pulmões, até que a própria água vira num vermelho escuro, era sangue. Muito sangue que estava quase o engasgando. E o cheiro que emanava dele era horrível.

"Calma amigo! Vai ficar tudo bem." O homem americano tenta lhe dar algum apoio, batendo levemente em suas costas. Em seguida Daryl precisa ser deitado novamente, pois está muito fraco e com muita dor.

"Tem um pessoal da BSAA aqui perto. Posso chama-los!" Diz um dos civis enrugando o nariz com o odor que pairava ali.

"Sim. Precisamos de atendimento médico, urgente." Afirma Leon, agradecido pelo civil tentar ser útil.

A queimadura causada por Simmons continua a se espalhar por cada pedaço de carne do corpo de Daryl. Havia muitas partes em carne viva e outras que ainda estavam com pedaços de roupas grudados em sua pele. O agente da DSO engoliu o nó na garganta só de ver aquela imagem, já imaginando quanta dor Daryl estava suportando.

"Amigo, vamos lá! Aguenta firme!" Leon ignorou o mau cheiro e decidiu segurar uma das mãos frias do homem combalido, tentando de alguma forma tranquiliza-lo. Daryl em resposta lhe apertou a sua mão enquanto tentava lutar para respirar.

"Eu... Eu preciso..." Daryl diz trêmulo. "Preciso ir até... ela... Minha Mei está... me esperando." Ele termina com muita dificuldade.

"Sim amigo, você vai vê-la." Leon diz forçando um sorriso sem saber o que dizer para aliviar o seu sofrimento. "É por isso que você precisa permanecer forte. Por ela!"

O pessoal da BSAA, começa a chegar trazendo consigo uma maca e algumas outras coisas para o seu atendimento. Leon por um momento se afasta quando ouve seu PDA tocar.

"Leon, onde você está?" O rosto de Chris aparece na tela, parecendo muito conturbado.

"Estamos na entrada de Tatchi. Por quê?!"

"Saia logo daí!" Grita Chris mais que urgentemente. Entretanto, só dá tempo de Leon ver um míssil indo em direção a cidade.

O míssil explode liberando uma densa névoa roxa sobre a cidade, a mesma névoa liberada pelas Lepotitsas em Tall Oaks. As vitrinas das lojas, as feiras e os armazéns por ali, começam a ser invadidos e pouco a pouco dominados pelo desespero e pela loucura. As ruas são dominadas por pânico, o tráfego de carros se tornam caóticos, as pessoas voltam-se umas contra as outras. Civis e soldados da BSAA, logo, se misturam ali entre vítimas e monstros. A névoa vem como um Tsunami, cobrindo cada canto da cidade, arrastando todo mundo para a morte.

Agora tudo tinha dado errado. E mais uma vez, a infecção se espalhava assustadoramente por todo aquele lugar, transformando muitas pessoas inocentes em vários mortos-vivos, ainda mais sedentos por sangue.

Leon se viu enfrentando mais uma situação injusta... Daryl que estava a poucos minutos sendo cuidado pela BSAA, agora havia acabado de atacar um dos paramédicos. E já estava pronto para atacar os outros soldados, que começaram a tentar lutar contra ele.

"Daryl..." Leon estupidamente tentou chamar a atenção do homem que havia acabado de se transformar em mais um daqueles mortos-vivos. Um zumbi em pura carne viva que parecia muito resistente e ainda mais agressivo. Daryl se transformou no que a Neo-Umbrella denominava de Bloodshots. "Se afastem!" Leon gritava pra todo mundo. O paramédico mordido também sofre mutação e vira mais uma ameaça, mas logo é morto por um dos seus companheiros de equipe.

Daryl por outro lado, parece difícil de ser derrubado. Pra piorar, ainda havia civis ali em perigo que precisavam ser levados pra um lugar seguro.

"Tirem eles daqui!" Leon ordena para que os soldados da BSAA recuem e retirem todos dali o mais rápido possível. "Vão, vão, vão... Eu cuido dele!" E assim Leon começa a atirar na direção de Daryl, que havia acabado de mudar o seu foco para o agente.

Os tiros parecem demorar a enfraquece-lo, pois Daryl corre violentamente e salta na direção de Leon, que consegue desviar. Em seguida, Leon lhe dá um chute forte o suficiente para deixá-lo tonto enquanto o agente troca sua arma de fogo por sua faca de combate e, furiosamente, Leon lhe rasga o crânio, dando assim fim aquela batalha.

O belo loiro permaneceu paralisado olhando para aquele cadáver.

Não importa quantas vezes já tenha passado por esta mesma situação, ele sempre sentia aquele sentimento terrível de culpa.

"Leon!" Então, ele se lembrou novamente da ligação de Chris.

"Desculpa! Estou aqui, mas tive que matar... o meu parceiro." Respondeu com uma expressão carrancuda dando um último olhar para o cadáver de Daryl.

"Eu sinto muito!" Chris murmurou sério, já imaginando a merda que havia acontecido.

"Aqui as coisas saíram do controle." Continuava Leon subindo cautelosamente uma escada até chegar numa passarela que passava por cima de uma das avenidas principais. Dali ele tem uma visão melhor do que estava acontecendo. "Conseguiram transformar Lanshiang, em outra Raccoon City." Não houve tempo para recuperar o fôlego, porque há poucos metros dali a avenida era dominada por um verdadeiro caos.

Os zumbis estavam por toda a parte. E ainda havia vestígios da névoa roxa pairando por tudo.

"Aqueles filhos da puta!" Rosna Chris. "A Neo-Umbrella conseguiu o que queria." Ele solta um suspiro pesado, pensando nas consequências. "Leon, tem uma coisa que você precisa saber..." Há uma pausa enorme e um suspiro nervoso. "Ada... está morta!" Ouvir aquilo fez Leon paralisar e seu coração falhar uma batida. "As duas irmãs... elas ficaram presas num porta-aviões da Neo-Umbrella que explodiu." Chris jogou toda a bomba, esperando a reação do agente, mas tudo o que recebeu foi um silêncio. Um silêncio ensurdecer e preocupante.

Leon ficou ali parado com os olhos perdidos como se não pudesse enxergar nada. O caos que pairava ao redor dele, parecia inexistente naquele momento.

"Ada está morta!" A voz de Chris ainda ficou remoendo a sua mente. Ele não imaginava que uma simples frase pudesse lhe machucar tanto. Porém todo o sofrimento não demorou muito a se transformar num imenso ódio.

Seu silêncio teve que ser interrompido quando ouviu um novo chamado pelo seu comunicador.

"Agente Kennedy, você está na escuta?!" A voz era desconhecida e ele quase pensou em ignorar. "Perdimos o contato com o senhor Trent."

"Trent?!" Leon sibilou incerto com uma expressão obscura. "O que aconteceu?" O agente da The Shadows logo lhe respondeu que o último contato que teve de seu chefe, foi minutos antes do seu helicóptero cair em algum lugar próximo dali.

Agora o agente da DSO torcia para que o diplomata britânico, tivesse conseguido estar o mais longe possível da região infectada.

Ele respirou fundo e tomou uma nova decisão: Acima de tudo, ele continuava sendo um agente que estava ali pra fazer justiça e ajudar a quem precisasse. Seu novo objetivo seria encontrar Trent.

Antes de seguir para seu objetivo, ele viu em seu PDA uma mensagem de Chris dizendo que estava à caminho de Tatchi para ajuda-los. O belo loiro resolveu não lhe responder, apenas guardou seu PDA, pegou suas duas Magnums do coldre de cintura e partiu no meio de todo aquele tumulto, decidido a gastar todo o seu ódio derrubando quantos inimigos cruzassem o seu caminho.

 

***/ /***

 

Quando a névoa chegou, Trent ainda não havia conseguido pousar. Sendo assim, o chefe da The Shadows acabou com o seu piloto, prestes a se tornar outra daquelas criaturas.

O homem estava sofrendo, tentando lutar contra si próprio.

"Merda! Agora não!" Grita Trent desesperado ao ver seu piloto grunhido enlouquecido. Lá embaixo podia se ver que algo anormal estava acontecendo, ainda mais depois de ver aquela névoa a dominar tudo ao seu redor.

O helicóptero continua a ziguezaguear no ar, enquanto Trent logo se vê sendo encurralado. Sua saída era colocar em piloto automático e tentar se livrar o mais rápido possível do seu parceiro que acabou de se transformar num zumbi. Entretanto, durante o confronto, o painel de controle sofre uma pane e o helicóptero passa a perder altitude e bate a sua traseira numa espécie de torre. Trent ainda tenta desviar e impedir de se chocar contra os prédios, só que é quase impossível dirigir ao lado de uma criatura tão instável e pronta para lhe devorar.

Os sinais de alerta começam a apitar desenfreadamente, enquanto o helicóptero começa a rodopear e a cair cada vez mais. Sem poder fazer nada para impedir a queda, Trent se vê sendo quase sufocado pelo peso do zumbi ao tentar impedir que a criatura faminta lhe morda. Com um pouco de força que ainda tem, ele tira um revólver do bolso interno do palitó e consegue explodir a cabeça do seu piloto morto-vivo, ao mesmo tempo que acontece o impacto e o corpo do zumbi é jogado pra fora, há alguns metros dele.

Mas a sua tortura está muito longe de terminar.

"Oh merda!" Ele murmura desesperado ao tentar se soltar do sinto de segurança, mas o sinto parecia ter emperrado, como se isso não bastasse, há um forte cheiro de combustível e depois um pequeno fogo também havia se iniciado.

Trent começou a pensar no quão azarado ele poderia ser...

Que dizer, ele não morreu por um morto-vivo e nem com a queda do helicóptero, mas agora iria morrer por causa da porcaria do sinto de segurança?! Talvez, fosse a Morte lhe dizendo para parar de fugir que a sua hora havia chegado.

Seu pensamento continuou voando mais longe, ao pensar em suas duas gêmeas. E no desejo de vê-las de novo reunidas e seguras. Talvez, essa seria a única coisa ao qual ele realmente se importava. Suas filhas eram a única coisa que o mantinha sobrevivendo todo santo dia.

Então, uma sensação repentina lhe causa um aperto no coração, quase como um pressentimento ruim ao pensar nelas...

"Mei... Li... Minhas flores do oriente, me perdoem!" Ele poderia morrer hoje, mas desejava que ao menos elas tivessem o perdoado por todas as suas falhas.

De repente ele escuta um barulho de algo explodindo o assustando, pensando em ser por conta do combustível e do fogo que já começa a se espalhar. Mas então, vem as vozes e ele sente logo uma mão tocando os seus ombros, enquanto outro par de mãos começa a cortar o sinto. As mãos que seguravam seus ombros o puxa e começa a arrasta-lo pra longe da carcaça do helicóptero que não demora a ser engolido pelo fogo.

"Temos que sair o mais rápido daqui! O helicóptero vai explodir!" Então, ele volta a realidade e percebe que uma das mãos que o havia salvado era do agente norte-americano, Leon Scott Kennedy.

"Agente Kennedy..." Trent precisa se apoiar entre Leon e um soldado da BSAA pra conseguir se mover dali, pois um de seus pés sofreu uma torçam.

"Sim senhor! Vamos sair logo daqui." Diz o soldado apressadamente.

Os três homens começam a sair o mais rápido que podem do terraço daquele prédio. Enquanto o elevador vai descendo, eles sentem a pressão da explosão forte fazer tremer tudo. Por sorte o trio consegue sobreviver a mais um obstáculo. E quando saem do prédio dando de cara com as ruas caóticas de Tatchi, eles percebem que terão que enfrentar transtornos ainda piores.

Os três homens conseguem chegar ao final de uma rua onde uma barricada havia sido montada por um pequeno grupo do Time Echo, que ainda tentavam derrubar quantos zumbis pudessem, assim lhes dando cobertura e dando passagem para alguns civis fugirem ou tentarem se refugiar junto à eles. Embora eles sabiam que aquela barricada não seria segura por muito tempo.

"QG para equipe Echo. Como está a situação?" Dizia um dos comandantes do QG da BSAA via rádio.

"As ruas estão bloqueadas, senhor! Há muitos inimigos espalhados por aqui, trancando a passagem. Muitos desses inimigos eram nossos soldados..." Sibilou Charlie a capitã do Time Echo, reavaliando o cenário em sua volta. Há carros se amontoando e dividindo espaço com os mortos-vivos, impedindo as pessoas de conseguir ter qualquer acesso para fora daquele lugar. "E nossos poucos homens que sobreviveram ao ataque- bioterrorista, não são suficientes pra controlar esse caos. Precisamos de reforços e de uma nova estratégia, pois o lugar não é mais seguro!"

Tatchi havia sido usado como um lugar livre do C-Vírus e de suas B. . Desde os diversos ataques de J'avos e outras criaturas criadas pela Neo-Umbrella, muitos chineses e estrangeiros que viviam ali ou que eram turistas foram retirados de Waiyip (a região que havia sido dominada pelas BOWs) e trazidas para se abrigarem em Tatchi que havia sido usada como um lugar seguro para os refugiados, mas agora tudo havia mudado e todos estavam a mercê da Neo-Umbrella e seus monstros.

O governo de Lanshiang estava entrando em sinal de calamidade pública. Talvez, a única saída seria ter que evacuar a cidade toda ou colocá-la em quarentena.

"Entre os refugiados há um diplomata britânico aqui. O senhor Philip Trent Blanchett..." Leon e Trent trocam um olhar preocupado, enquanto a soldada Charlie continuava a se comunicar com a sua Base. "Precisamos levá-lo para um lugar seguro. Repetindo! Precisamos de um lugar seguro!"

"Entendido. Enviaremos reforços. Mas vocês vão ter que aguentar até lá..." Há uma pequena falha na comunicação, que dura menos de um minuto.

"Aqui é Charlie para QG... Estão me ouvindo? Olá!" Há um zumbido intenso até que o Quartel General da BSAA retorna a comunicação.

"QG para Charlie. Existe um pequeno grupo de sobreviventes há alguns quilômetros daí que encontraram um lugar para se abrigar. Vou lhes enviar as coordenadas. Infelizmente, o reforço chegará apenas ao amanhecer."

Os grunhidos das criaturas e os gritos de angústia, medo e total desespero das pessoas ainda pairavam por ali, transformando aquele cenário em algo de extrema desolação. Ninguém tinha ideia se conseguiriam sobreviver até o amanhecer. Mas eles iriam tentar.

Os soldados da BSAA, então, decidiram se dividir em dois grupos: Uma parte ficou nas barricadas para lhes darem cobertura e a outra partiu com Leon, Trent e outros civis servindo de escolta.

A cada rua, a cada beco escuro, a cada quarteirão que passavam, mais inimigos iam sendo derrubados, mas ao mesmo tempo, mais inimigos iam surgindo. As armas estavam sempre empunhos a cada grunhido ou mesmo grito de susto ou de socorro. Quando os tiros não eram o suficiente, eles usavam as suas granadas pra abrir caminho. Uma chuva fria e intensa, logo decide fazer parte da caminhada, tornando o momento ainda mais arrepiante, seja do frio, ou da sensação de medo e tensão que pairava por tudo ali.

O objetivo era chegar até a Quad Tower, um prédio que a BSAA estava usando como torre de comando e que, aparentemente, parecia estar livre da infecção e agora eles resolveram abrir as portas para abrigar refúgiados.

Entretanto, para chegar até a Quad Tower o grupo de Leon teve que passar por uma grande avenida, onde um caminhão vem desenfreado na direção deles. Leon e Trent se jogam no chão conseguindo desviar dele assim como outras pessoas. O caminhão perde o controle e tomba deslizando no asfalto por poucos metros até que uma explosão acontece e um novo fogo começa a se espalhar. O grupo acaba encurralado entre o fogo e uma Orda de zumbis sedentos, que saem do outro lado da avenida deixando-os quase sem saída.

Leon se levanta do chão se sentindo com a visão um pouco embaçada e seus sentidos um pouco lentos. A confusão recomeça com os soldados que os escoltavam tendo que entrar num confronto violento contra aquelas criaturas sedentas, tentando resistir o quanto podiam.

Trent consegue se levantar sozinho com um pouco de dificuldade e ainda sim usa um pouco de raciocínio para tirar uma das Magnums do coldre de Leon e atirar em dois zumbis que tentavam atacar um casal de civis desarmados.

"Opa, essa Magnum não é minha?!" Ironiza o loiro.

"Bom, agora não é mais." Os dois homens trocam um breve olhar e a dupla começa a abrir fogo derrubando vários dos mortos-vivos.

"Socorroooo!" Uma voz feminina grita. No meio da confusão há um desesperado choro de bebê, ele estava embrulhado nos braços de uma mulher que se arrastava no chão, tentando protegê-lo daqueles mortos-vivos. Leon vendo que o diplomata britânico conseguia se virar sozinho, segue correndo na direção da mãe conseguindo derrubar algumas das criaturas sem esforço, deixando apenas um zumbi em pé quase há centímetros da mulher. A mulher solta mais um grito angustiado abraçando mais forte seu bebê, até que o zumbi acaba caído no chão e com a sua cabeça arrancada por um chute mortal do agente americano. "O-obrigada!" A jovem diz ainda assustada.

"Tudo bem!" Leon estende as suas mãos e a ajuda a sair dali voltando para o lado de Trent e de outros poucos sobreviventes. O grupo tinha sido reduzido ainda mais, enquanto o número de zumbis parecia só aumentar. Infelizmente, eles ainda estavam ficando encurralados.

Mas quando parecia que às esperanças estariam perdidas, és que um helicóptero militar aparece para lhes ajudar, derrubando muitas daquelas criaturas e reabrindo passagem. Leon para por um instante, olhando pra cima e, logo, reconhecendo Chris.

Chris ao lado de Piers havia conseguido chegar no momento certo para salva-los.

"Pessoal, por aqui!" Gritava outra jovem mulher da BSAA sobre uma passarela que era a melhor passagem no momento, enquanto o capitão do Alfa Team lhes davam apoio aéreo, os ajudando a sair daquele inferno.

 

 

 

1 de julho de 2013

Tatchi - Distrito chinês de Lanshiang, China

 

"QG para Charlie. Mudança de planos. A entrada para Tatchi está proibida. Recuem e esperem outras ordens."

"Mas a equipe Echo ainda tá lá! Ela precisa de nós!"

"Recuar isso é uma ordem. Não podemos arriscar mais homens lá."

Já era madrugada de 1 de julho e ninguém ali se atrevia a dormir. A torre de comando parecia bastante agitada, com a jovem Charlie e seus soldados frustrados querendo voltar para as ruas e ajudar de alguma forma.

Havia até uma briga interna rolando dentro da própria BSAA sobre qual escolha tomar: – colocar em quarentena toda cidade, ou evacua-la. – Mas pra evacua-la seria necessário que fosse liberada a entrada e saída da região, o que parecia ser pouco provável.

Tanto o governo quanto a própria BSAA estavam determinadas a fazer de tudo, até mesmo trancar todas as entradas e saídas de Lanshiang, no intuito de não haver qualquer risco do C-Vírus se espalhar por mais território chinês.

"Capitão Redfield, talvez, eles possam lhe ouvir. O senhor sabe, há homens lá precisando de ajuda."

"Eu sei Charlie, mas há muito em jogo aqui. Essas pessoas precisarão de vocês vivos, caso seja necessário uma retirada de emergia." Chris se aproximou apertando os ombros da mulher tentando encoraja-la a não desanimar. "Aqueles homens lá fora ficaram pra trás sabendo dos riscos. E eles morreriam para proteger quantos vidas pudessem. Mesmo que isso seja difícil!"

Era difícil mesmo pra ele tomar essas decisões. Se isso dependesse apenas dele, também não iria querer deixar seu time pra trás. Pensar nisso só o fazia se lembrar que, mesmo ele, não foi um bom capitão ao perder todos os seus homens por puro egoísmo.

Egoísmo e obsessão, dois sentimentos extremamente destrutivos.

"Com o seu histórico tenho que dizer, que eu teria medo de fazer parte da sua equipe, Chris." A voz de Mei sempre iria assombra-lo, fazendo-o repensar sobre suas ultimas escolhas e de como ele poderia ter evitado muitas dessas mortes. Mesmo seu parceiro Piers Nivans havia tentado lhe abrir os olhos, mas ele deixou as coisas acabarem quase tarde demais.

Falando em Piers, o homem era um dos poucos que havia conseguido pegar no sono esparramado num canto de uma das várias salas do lugar.

Chris logo resolveu sair dali e caminhar um pouco pelo lugar, na tentativa de espairecer. E na sua caminhada, decidiu tentar encontrar Leon ou Trent, pois eles ainda não haviam tido tempo para conversar. Logo, conseguiu encontrar o agente loiro parado num corredor no décimo andar, olhando pela janela distraído.

"Como você está?"

"Sobrevivendo como sempre." Leon lhe respondeu sem nem ousar lhe olhar.

"E Trent?" Dizia Chris olhando para uma sala do outro lado do corredor, onde reconheceu o homem mais velho sentado numa poltrona improvisada, enquanto recebia cuidados médicos.

"Ele ainda não sabe sobre elas. Eu não tive coragem de contar a verdade pra ele." Murmurava Leon com um semblante entristecido olhando por uma das janelas do prédio.

Já havia sido difícil contar-lhe sobre a morte Daryl, o homem que tinha sido o seu braço direito por longos anos. E agora Leon sentiu seu corpo se enrijecer de tensão e nervosismo ao pensar em como dizer aquele pai que suas filhas também estavam mortas.

"Droga! Como deixamos isso acontecer?" Chris se virou para a janela compartilhando a mesma visão de horror que pairava lá fora.

Era como estar de volta em Raccoon City, ou até mesmo como estar em Tall Oaks, só que com uma diferença: – Dessa vez, parecia que não havia um real motivo para continuar. – Pelo menos era assim que Leon se sentia. Era como sentir que toda a sua luta não havia servido pra nada. E tudo que lhe restou foi um vazio imenso.

Não havia esperança.

A Neo-Umbrella tinha razão, era o começo do fim...

"Isso foi coisa do Simmons. Olha o que ele fez!" Continuou o agente da DSO amargurado, ainda na janela olhando para aquela madrugada de terror que parecia sem fim.

Havia uma tempestade caindo lá fora furiosa e incessante, mas nem aquela intensa chuva diminuía o fluxo de mortos-vivos por ali. Pela janela podia se ver as ruas devastadas e como as casas e os prédios começavam a parecer abandonados.

"Bom, tudo isso aconteceu por causa de uma guerra entre família. Dois primos que almejavam a liderança dos Simmons, medindo forças pra saber quem no final teria mais poder. E pelo jeito ela venceu." Então, Chris retirou de um dos bolsos de sua calça um papel e entregou para Leon.

O papel era a carta de Carla Radames falando sobre seus sentimentos de rejeição pela família de Derek, o seu desejo de liderar a Organização, sobre o seu ódio por Ada Wong e, por fim, sobre a criação do próprio C-vírus.

"Caramba, essa mulher é doente. Tudo isso por causa de uma vingança pessoal?!" Dizia Leon após ler aquele papel.

"Há mais informações que Ada me entregou antes de... Você sabe." Chris desviou o olhar se sentindo desconfortável. "Há fotos e um gravador." Chris e Leon trocam um olhar silencioso de entendimento, antes do agente da DSO se deparar com a foto de Wesker ao lado de Carla.

"Espera, então Wesker era aliado dessa mulher?! Da mulher que criou o C-Vírus... O C-Vírus que teve a sua origem a partir de outra versão do T-Veronica?!" Leon refletia por fim montando o quebra-cabeça. "Ada me disse que ela havia sido infectada com o vírus por Wesker."

"Como ela poderia sobreviver ao T-Veronica?" Dizia Chris confuso agora ao saber o porquê Ada Wong parecia tão diferente com aqueles olhos carmesim. "Eu já vi o T-Veronica em ação. E posso afirmar que..."

"É completamente diferente. Eu sei." Concluiu Leon. "Eu também já tive uma experiência rápida com esse vírus." Ele se referia a sua breve missão na América do Sul em 2001, onde conheceu Manuela Hidalgo que havia também sido infectada com T-Veronica pelo próprio pai e, que hoje vive sob proteção do governo, assim como Sherry Birkin. "Mas o que corria nas veias de Ada era bem diferente. E isso faz todo o sentido. Ainda mais com essa conexão entre Wesker e Carla Radames."

Os dois homens continuam ignorando a agitação a sua volta observando os arquivos que já possuíam. Algumas informações chegam a ser tão horripilantes de se ler ou até de se ouvir como o do gravador com a voz de Simmons falando sobre o (Projeto Ada Wong).

"Chris... Leon!" Eles param de falar bruscamente ao ouvir o chamado de Trent, que caminha até eles ainda com um pouco de dificuldade se apoiando numa muleta.

"Ei senhor Trent, você deveria estar repousando." Resmungou o loiro tentando levá-lo de volta para sala.

"Agente Kennedy, tudo bem que sou um velho, mas ainda tenho plenos poderes para tomar as minhas próprias decisões. Então, pare de bancar a minha babá." Isso fez os homens rirem por um instante.

"Tudo bem, tudo bem." Leon ergueu os braços se rendendo e dando um passo pra trás.

"Olá Chris, você parece muito cansado." Chris só deu um sorriso forçado que Trent logo reconheceu como desconforto ou insegurança. Para Trent o capitão Redfield, parecia apreensivo. "Onde está Piers?"

"Descansando um pouco, enquanto decidimos qual será o próximo passo." Houve uma pausa perturbadora, enquanto os dois homens (agente e soldado) percebiam como os olhos do britânico pareciam procurar por entre a movimentação tímida dali, algum vestígio Delas.

"Então, vocês conseguiram mais provas contra os Simmons e a Neo-Umbrella? Isso é muito bom!" Afirmou Trent parecendo calmo demais.

"Estamos juntando tudo quanto é prova. O suficiente pra revelar ao mundo toda a verdade." Leon falou com uma postura séria. "É óbvio que não conseguiríamos isso sem..." Ele engoliu o nó na garganta se sentindo tão sobrecarregado de tantas emoções. "Sem a ajuda da sua filha, Ada." O pensamento era tão perturbador e doloroso que o belo loiro desviou o olhar nervoso.

"Ada!" Trent exclamou com um sorriso tímido. "Então, Ada... Ela conseguiu falar com a irmã? Me dê mais uma boa notícia!" A súplica não era do diplomata, ou de um homem que chefiava uma Organização Secreta e, tinha por muitas vezes, que agir com frieza ou polidez. A súplica era de um pai desesperado.

"Sim. Ada conseguiu falar com a irmã." Chris dizia sincero, enfrentando o olhar ansioso daquele pai. "E elas resolveram todas as suas diferenças."

"Mas..." Trent sentia que havia um MAS naquela história que Chris hesitava em lhe contar. "Fala logo. Desembucha!" Seus olhos verdes cansados fuzilam um par de órbitas azuis-escuras que tentava disfarçar os seus próprios sentimentos. O capitão fechou a cara lhe dando a resposta apenas naquele olhar tão endurecido e obscuro.

"Eu sinto muito, Trent." Ao ouvir aquilo, Trent sem pensar fechou os punhos e deu um murro inesperado em Chris, mesmo sabendo que estava sendo irracional. Ali foi só o começo pra ele descontar a sua raiva, dor e todas essas emoções tão ferozes. O capitão não recuou, mas também não se defendeu, deixou que o homem lhe atacasse. Sabia que toda aquela raiva era necessária pra aliviar a dor, pois ele conhecia bem o sentimento.

Obviamente, o cenário entre os homens chamou a atenção de todos, principalmente, os soldados fiéis ao seu capitão. Eles já estavam nervosos querendo interferir antes que algo pior acontecesse.

"Ei pessoal, o que está acontecendo aqui?" Nesse instante, Piers resolveu aparecer também um pouco confuso com toda aquela cena.

"Trent, tudo bem. Já chega!" Leon foi o único capaz de interferir, ignorou os desaforos de Trent puxando o homem mais velho pra longe de Redfield. "Eu sei como você se sente. Eu sei como é a dor de perder alguém que se ama muito. Eu sei como é o vazio e como parece difícil continuar." Leon continuava falando com certa ponderação, tentando acalmar o homem que acaba parando na frente de uma das janelas do prédio. "Na verdade acho que todo mundo que está aqui conhece o sentimento da perda."

"Leon tem razão." Disse um Chris ofegante, limpando o sangue dos lábios. "Olha ao seu redor, Trent..." Mas Trent continuou de costas pra ele. "Olha pra essas pessoas! Cada um aqui perdeu alguém muito importante, seja amigos, membros de uma familia, ou parceiros de equipe." Sibilou brevemente, olhando para Piers que entendia as suas palavras. E todo mundo parou pra ouvir o capitão cheio de obstinação, até mesmo o velho britânico. Todo mundo ali sofria do seu próprio jeito, desolados e sem esperança. "Todos nós que estamos aqui, perdemos muito. Nós somos os sobreviventes dessas perdas tão injustas e cruéis. E é por causa de cada uma dessas perdas. Por causa de cada uma dessas pessoas, que temos que continuar. É a nossa obrigação honrar cada uma dessas mortes. Pra que elas não tenham sido em vão." Então, a voz de Chris perdeu a força por um momento e, parou de repente, forçando Trent a ter que se virar e olhar de volta para o capitão da BSAA. "Eu sinto muito, muito mesmo." Parecia um pedido de desculpa. Os dois homens se encararam. "Mas a gente tem que achar um motivo pra continuar. Principalmente, por causa... Delas." As palavras foram direcionadas, especificamente, para o pai de Mei e Ada. E aquelas frases eram um lembrete irônico de coisas semelhantes que o velho já havia lhe dito há tempos, quando era Chris quem necessitava de esperança para continuar a sua batalha.

Trent e Chris se encaram mais uma vez, até que o homem mais velho decide recuar e voltar para a sala, cansado emocionalmente e sentindo ainda as dores em seu pé. Nesse momento, tudo o que Ele queria era apenas a solidão como companhia para chorar em silêncio.

 

 

 

 

Seis horas depois...

 

"Aqui é o comandante Zeta... Encontramos a segunda cobaia." Dizia o piloto da Neo-Umbrella, enquanto um corpo era retirado das profundezas de águas furiosas há alguns quilômetros do porto de Waiyip e colocado dentro de um contêiner. Em seguida, o contêiner é guardado no compartimento de cargas de um avião militar, ao lado de mais um outro contêiner (onde estava guardado o corpo de Simmons). "Infelizmente, a outra irmã gêmea ainda está desaparecida, senhora. E é difícil saber a qual das duas, pertence o corpo da segunda cobaia."O comandante faz uma pausa, tentando controlar o avião dentro da tempestade que caía sobre Lanshiang.

"Comandante, é extremamente vital encontrar a outra gêmea. Seja ela viva... ou morta!" Ordenava Carla Radames numa frequência segura, direto de uma Base clandestina da Neo-Umbrella. "Mas enquanto não a encontram..." Do outro lado da linha, a mulher sorria sadicamente. "Tragam-me as outras duas cobaias. Eu tenho planos para elas!"

 

{Continua...}

 


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Notas finais do capítulo

Bom esse capítulo é mais um capítulo de ação e consequências. Entre as cenas originais de RE6 e os acontecimentos de Segredos de Sangue, eu precisava tomar uma difícil decisão sobre o destino de dois personagens como Daryl e Trent. Foi complicado decidir qual dois 2 eu iria perder nessa altura da trama, então, preferi perder Daryl. Mas a perda era necessário, afinal, o tema é sobre uma epidemia zumbi, logicamente não tinha como todo mundo sair ileso até o final dessa fic. É óbvio q essa provavelmente não será a única perda do grupo, porque até o final, ainda teremos um confronto pior e mais difícil pela frente. E ainda precisamos saber sobre o paradeiro das irmãs gêmeas né. Sabemos q uma delas está nas mãos de Radames, mas e a outra? Bom, tudo isso será respondido no próximo capítulo. Bjusss!!!



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