Segredos de sangue escrita por Drylaine


Capítulo 21
Flores do Oriente




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"Ela está chegando no porto." Diz Piers, mandando uma mensagem pelo rádio para toda a BSAA, enquanto dirigia desenfreado pelas ruas de Lanshiang, atrás do rastro de Mei. "Aconselho todo o pessoal a ficar em alerta!" E, enquanto Piers dirige, Chris continua a atirar no carro que estava há poucos quilômetros a sua frente, tentando fazê-la parar. Por duas vezes eles quase conseguem.

Mei continua a fugir freneticamente usando seu conversível vermelho, enquanto Chris e Piers continuam a persegui-la. Os dois carros começam a fazer algumas manobras perigosas por aquela avenida movimentada. Até que ao chegar na rampa que dava acesso ao porta-aviões, Mei joga seu conversível traiçoeiramente contra o Jipe da BSAA que acaba capotando com Chris sendo jogado pra fora do carro. O capitão por um instante, fica um pouco desorientado e sentindo todos os seus músculos doerem. Ainda caído no chão e com a visão um pouco turva, ele ainda consegue ver a mulher de azul sair do seu conversível intacta e lhe dando um sorriso de desdém.

A bela chinesa de vestido azul provocante, sabia que isso não seria o suficiente pra parar aqueles homens, mesmo assim, ela se aproveita pra ganhar mais tempo para se focar em seu próximo plano.

"Você está bem?" Ele pode ouvir Piers lhe perguntar se aproximando dele.

"Sim." Chris lhe responde se recompondo e retomando a sua missão. "Onde está a outra... mulher?" Chris perguntava meio confuso, sem saber como realmente deveria chama-la.

Agora o capitão Redfield sabia que haviam duas versões de Ada Wong: Uma estava tentando mata-los e a outra estava tentando ajudá-los, aparentemente.

"Ah capitão, você simplesmente pode me chamar de Ada. Eu sou a original." Dizia Ada irônica pelo comunicador, saindo intacta das águas escuras de Waiyip após fazer a sua viagem até ali, usando um jet ski. "Acho que teremos que fazer caminhos diferentes pra chegar até... Mei."A espiã usando novamente a sua grapple gun, decide escalar o navio por fora.

"Tudo bem. Vamos atrás dela!"Murmurou o capitão do outro lado da linha, tentando esconder o seu desconforto com toda aquela situação. Chris ainda não conseguia confiar Nela.

Entretanto, para chegarem até a tal mulher de azul, o trio mesmo separados, acabaram por ter que enfrentar os soldados da Neo-Umbrella e suas mutações bizarras.

Ada tinha alguma vantagem entre eles, já que ela havia conseguido passar por alguns inimigos sem ser percebida. Mas quando era percebida, a mulher conseguia ser rápida o suficiente para desarma-los e dar um golpe fatal, como explodir cabeças antes de terem tempo de reagir e alertar todo o navio. Por enquanto os soldados da Neo-Umbrella ainda estavam focados demais em enfrentar os dois homens da BSAA. Se aproveitando disso, a espiã conseguiu se infiltrar cada vez mais no interior do navio e ir descobrindo outros segredos ainda mais sujos que ela nem imaginava. Um desses segredos estava trancafiado numa maleta que ela logo encontra num compartimento secreto do navio.

Ao abrir a mala, Ada vai se deparando com vários tipos de fotos, fotos de Derek com a sua Família, fotos das suas cobaias, fotos dela mesma... ou seriam fotos da sua irmã, Mei? Com certeza eram de Mei, de antes e depois do Projeto Ada Wong. Até que numa das imagens ela viu uma mulher loira ao lado de, nada mais e nada menos, do que Albert Wesker. E ela quis reconhecer aquela loira.

Ada parou confusa com aquela foto ao pensar sobre qual ligação Wesker tinha com aquela mulher. Então, ela virou a foto e viu que atrás dela estava escrito: Para a minha mais nova aliada, Carla Radames.

Por algum motivo aquele nome: Carla Radames, não lhe era desconhecido. Mas independente disso, Ada continuou a vasculhar mais daquela maleta, onde encontrou também um gravador.

"Não, não, não! Isso não é o suficiente. Não é Ada Wong!"

Na gravação podia-se ouvir a voz estranhamente desesperada de Simmons.

"Combine a sequência de DNA com a bioestrutura dos casulos. Traga-me outra cobaia... Isso! Isso! Ah, minha querida Carla Radames, você tinha razão. Ela é perfeita. Quero ela no Projeto Metamorfoses!"

Também conhecido como Projeto Ada Wong.

"Tenha cuidado com o que diz perto dela. Não queremos que ela descubra."

Ela?! Só podia ser sobre sua irmã que eles estavam falando.

"Ela pode ter me deixado, mas agora a tenho de volta. Feliz aniversário, Ada Wong!"

Quando a gravação terminou Ada estava completamente desnorteada, olhando para outros papéis que explicavam como uma versão aprimorada do T-Veronica havia dado origem ao próprio C-Vírus. Foi ali no meio daqueles papéis, que ela encontrou uma carta da tal mulher chamada Carla Radames:

 

Quando conheci o meu primo, Derek Clifford Simmons, fiquei encantada e ansiosa para trabalhar para ele. Principalmente, porque ele dizia que eu seria uma cientista brilhante. Eu acreditei que Derek e os Simmons iriam me assumir legalmente como parte da família. Então, sendo tão ingênua como eu era, comecei a focar toda a minha atenção no desenvolvimento do C-vírus. Eu só pensava em fazê-los orgulhosos, esperando o momento certo para assumir também o comando da Organização ao lado dele. Mas conforme o tempo foi passando, fui percebendo que eu era tratada apenas como mais uma pesquisadora. Apenas uma pesquisadora qualquer, que quando não servisse mais para o seu propósito, seria descartada como um lixo.

A pior parte era ver que até aquela espiã, a Ada Wong, tinha mais valor para ele do que eu.

Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tinha que provar o meu valor. Mas mais do que isso, eu tinha que fazer Simmons se arrepender de me tratar de forma tão humilhante. E, acima de tudo, eu tinha que fazer Ada Wong sofrer por ter ousado cruzar o meu caminho.

 

Ada terminou de ler a carta, ainda se sentindo um tanto confusa do motivo real do porque a mulher parecia odia-la tanto. Todavia, as suas dúvidas, logo foram respondidas, através de uma única fotografia antiga, que ainda estava no fundo da maleta.

Na foto havia um homem que Ada rapidamente reconheceu como Demitri, o homem que no passado havia atormentado os seus pesadelos. E ao lado dele, havia uma menina de uns 12 ou 13 anos segurando um ursinho de pelúcia, ela tinha alguma semelhança com a mulher loira.

Para a minha querida filha, Carla! — Estava lá no verso da fotografia, com uma caligrafia que ela reconheceu ter sido escrita pelo próprio Demitri Simmons.

"Agora tudo faz sentido!" Ada engoliu em seco, ao descobrir como uma vingança pode ser um ciclo tão vicioso que parece nunca ter fim.

Carla Radames era a verdadeira Rainha do jogo e estava prestes a dar o seu xeque-mate.

 

 

Enquanto isso...

 

Os agentes da The Shadows que faziam a escolta de Jake e Sherry acabaram sendo interceptados por um grupo de J'avos, enquanto se preparavam pra sair de Lanshiang. Pra piorar, a maleta com algumas amostras de sangue de Jake foram destruídas e os dois jovens mais uma vez se encontravam tendo que lutar pelas suas vidas.

"Droga! Eles são muitos." Murmura Sherry percebendo que eles estavam ficando cada vez mais encurralados. "Você precisar fugir. Vá! Corra!" Ela gritou para o jovem mercenário no meio daquele tumulto, com objetivo de lhe dar cobertura enquanto ele ganharia tempo pra fugir. Entretanto, o rapaz tinha outros planos.

"Nem pensar. Chega de fugir!" Então, ele começou a lutar com aqueles J'avos usando tudo o que tinha, suas armas, sua força e sua teimosia. Sherry também tentou resistir o quanto podia, determinada a proteger Jake, mas falhando ao ser rendida por dois J'avos.

"Jakeee!" Ela grita desesperada e assustada, enquanto as criaturas brutalmente a arrastavam para longe do jovem mercenário.

"Sherry! Soltem ela!" Jake ainda tentou não se render e, furiosamente, lutar pra chegar até ela, mas os J'avos acabaram por ser demais pra ele. "Sherryyy!" Ele grita uma última vez, antes de ser golpeado várias vezes na cabeça, até cair na inconsciência.

 

 

Porto Militar de Waiyip

 

Os planos de Carla Radames estavam prestes a se concretizar. Primeiro ela ficou sabendo que o seu grupo de J'avos conseguiu recapturar o Wesker Junior e Sherry Birkin. Depois ela recebeu outra grande notícia, Mei havia conseguido infectar Simmons com uma nova versão mais aprimorada do C-vírus.

Agora estava na hora de entrar em contato com o chefe dos Simmons e ver as consequências de seus atos serem sentidas pelo próprio homem.

"Já consegue sentir ele se espalhando pelo seu corpo?"

Aquela voz feminina podia ser ouvida pelos auto-falantes espalhados pelo lugar.

"Só estou lhe dando o mesmo que você me deu, Simmons... A princípio você terá medo, mas não se preocupe. Você só está se tornando o monstro que sempre foi. Você e todos no planeta."

E foi pelo auto-falante que Chris e Piers, acabaram presenciando aquela conversa medonha. Mas, os dois agentes da BSAA, não eram os únicos ouvintes ali. Tanto Elise Mei como a espiã chinesa (que estava perdida em algum lugar daquele porta-aviões), eram testemunhas daquele pequeno confronto.

"Você e sua família podem ter tornado o mundo no que ele é agora. Mas amanhã..."

Piers e Chris se entreolharam cheios de apreensão ao ouvir aquelas palavras.

"Amanhã, tudo mudará."

Assim que ela terminou de contar a Simmons que ela iria destruir tudo o que (A FAMÍLIA) havia lutado para construir, Carla Radames entra uma última vez em contato com Mei.

"Senhora, o porta-avião já está pronto para a ativação dos mísseis." Mei estava no Hangar do navio, falando rapidamente com a sua chefe que já se preparava para a sua próxima viagem.

"Parabéns, Elise Mei. Você fez um belo trabalho. Você conseguiu tirar Derek do nosso caminho." Dizia a chefe da Neo-Umbrella.

"É. Agora só falta Ada Wong." Mei falou em um tom cínico, sabendo que a cada hora que passava, mais perto ambas as irmãs (que foram separadas de forma tão cruel e que agora estavam em lados opostos), estavam prestes a se confrontarem. E, enfim, Mei terá assim a sua tão sonhada vingança.

"Exato!" Agora Radames assistiria de camarote como as suas duas criações iriam se confrontar entre si. "Mei, só quero que saiba que entre vocês duas, você sempre será a minha preferida." A mulher dizia quase de um jeito maternal. Mei por outro lado, ficou confusa com as palavras de sua chefe, mas resolveu não lhe questionar mais. "Boa sorte!"

"Obrigada!" Em seguida Radames partiu, deixando Mei para terminar de fazer o seu trabalho sujo.

 

***/ /***

 

"Ela está perto. Podemos pegá-la." Diz Piers, enquanto as portas do elevador onde os dois homens estavam, se abrem dando passagem para que eles cheguem até a mulher vestida de azul, que estava parada na beirada de uma das plataformas do navio.

Apesar do navio ser enorme, dessas vez, ela sabia que estava ficando encurralada, mas nem se importava. Os dois soldados não eram o seu maior problema.

"Mei!" Entretanto, ouvir o seu nome sendo chamado pelo capitão da BSAA fez ela simplesmente travar.

Agora o trio se encontrava na plataforma superior do Navio, com Mei na mira de suas metralhadoras.

"Uau, vocês demoraram pra me pegar, hein." A mulher de vestido azul diz se virando para encara-los. "E como estão os seus homens, capitão Redfield? Ah, lembrei... estão todos mortos."

"Por sua culpa!" Grunhiu Piers.

"Tem certeza que a culpa é minha?" Mei arqueia sua sobrancelha numa expressão cínica, olhando diretamente para Chris sem vacilar. "Com o seu histórico tenho que dizer, que eu teria medo de fazer parte da sua equipe, Chris." Ouvir aquilo fez a mão do capitão tremer e suar de nervosismo sobre a metralhadora recarregada.

"Não escute ela capitão." Piers sabia que seu chefe estava tentando lutar para não perder a cabeça. O jovem soldado também estava torcendo pra que a outra irmã gêmea de olhos vermelhos, aparecesse logo para resolver o assunto.

Afinal, aonde estava aquela mulher?!

"Mas onde estão os meus modos?!" Continuou a dizer Mei, brincando com a sua pistola recarregada de C-Vírus. "Quero dizer, na verdade eu deveria agradecer seus homens, por terem sido cobaias tão boas." Aquilo estava passando dos limites.

Chris sabia que ela estava o desafiando a perder o juízo e fazer merda. Afinal, aquela provocação toda só provava que ela não tinha medo de morrer. Então, ele decidiu surpreende-la atirando na mão dela e apenas a desarmando.

"Desde a Edonia, tudo o que eu mais queria era vê-la morta." Chris decide desabafar. Ele havia feito uma promessa a Trent e Leon, portanto ele honraria essa promessa, fazendo a coisa certa. "Mas não se trata de vingança. Se trata de justiça. É hora de acabar com isso, Mei."

"Mei! Você me chamou de Mei?!" Ela deu um riso tentando soar sarcástica, mas era nítido o seu nervosismo.

"É esse o seu verdadeiro nome, irmã." Diz Ada saltando inesperadamente sobre a outra mulher, fazendo-as rolar sobre o chão de aço, com a pistola que Mei segurava sendo perdida no meio do confronto.

Nesse instante, Piers e Chris se silenciam ao ver a cena a seguir.

"Para de me chamar de irmã!" Isso foi o estopim para Mei se revoltar e atacar Ada, descontando a sua fúria. "Você não é a minha irmã!" Furiosa, ela dá vários socos sobre o rosto e o tórax de Ada. Mas a espiã de vermelho reage rápido o suficiente para a contra-atacar, conseguindo tirá-la de cima dela e chutar as suas pernas, fazendo a mulher de azul se desequilibrar e violentamente cair de novo no chão.

Ambas acabam numa luta corporal violenta, com a espiã tentando se proteger e se esquivar de todos os ataques, porém sua outra gêmea era agressiva e imparável.

As duas irmãs eram habilidosas, resistentes e velozes. Duas oponentes que possuíam o mesmo nível de luta, assustadoramente, igual... Mei foi treinada com os mesmos pontos fortes e fracos de Ada Wong, logicamente, sabia exatamente, como a espiã se movimentava numa luta.

Ada sabia que só tinha um jeito de para-la, usando a única coisa que Radames (por mais que quisesse) não conseguiu recriar em Mei – o T-veronica que queimava em suas veias e, que com um simples toque, pode enfraquecer seu oponente. Isso seria trapaça, mas a espiã pouco se importava com isso.

Ada, então, se livra de uma das suas Luvas e toca o rosto da irmã a fazendo fraquejar e gritar de dor.

"O que você fez comigo?!" A outra murmurava ofegante se sentindo um pouco tonta e com dificuldade de respirar.

Os dois homens que ainda assistiam a tudo aquilo, se sentiam perdidos sem saber se deveria ou não interferir. Mas quando Chris quis dar um passo para tentar para-las, Ada lhe deu um olhar feroz o fazendo recuar.

"Esse é o único jeito de fazer você me ouvir." Balbuciou a dama de vermelho tentando recuperar o fôlego. "Você aprendeu a como jogar sujo como eles. Tudo por uma vingança."

Mei na tentativa de manipular todas as ações de Ada, planejou usar Derek para atrair primeiramente a irmã até Tall Oaks e, de lá trazê-la para a China, para dar o golpe final. Mas, agora o jogo havia mudado para outra direção. Afinal, a verdadeira espiã tinha anos de experiência nesse tipo de jogo de manipulação e, sempre se saiu bem. Mesmo quando a morte deveria ter sido a sua única certeza, não era agora que ela iria cair.

"Sabe dizem que toda história tem vários lados. Talvez, esteja na hora de você ouvir a minha versão dos fatos."

Mei ainda aturdida se arrasta no chão até conseguir se apoiar no peitoril de ferro da beira da plataforma, enquanto é obrigada a ouvir toda verdade sob uma nova perspectiva.

"Eu sei que você não consegue me reconhecer como a sua irmã. Então, eu sei que só há uma forma de provar que eu sou a Li... A Flor do Oriente mais teimosa de toda China." Um sorriso genuíno se formou nos lábios de Ada, com a pequena lembrança.

Flor do Oriente, era um apelido carinhoso que Trent costumava chama-la quando elas eram pequenas. E ouvir aquele apelido fez o peito de Mei se apertar com aquela lembrança tão inocente.

Chris também se lembrava da história sobre as flores do oriente (As filhas e a esposa que Trent tanto amava).

"Era assim que papai nos chamava não é. Suas duas Flores do Oriente: Li era a destemida... e Mei a mais delicada e gentil." Sua gentileza foi herdade de Fang. "Até que um dia as irmãs foram separadas..."

"Mentirosa! Você não é a Li! Ela morreu junto com a Fang." Esbravejava dolorosamente a mulher de azul, tentando lutar contra aquelas lembranças. Só que Ada decidiu ignorar os resmungos amargurados da irmã, para lhe provar a verdade.

"Eu só tinha nove anos, mas sentia que eu tinha que proteger a minha irmã gêmea do homem mau que se aproximava do nosso esconderijo." Nesse instante, Mei que ouvia tudo calada, começou a chorar, seus olhos se fecharam como se ela pudesse ter flashes daqueles momentos de extremo terror.

"Eu tô com medo Li." Diz sua irmã com olhos assustados.

"Vai ficar tudo bem Mei. Eu quero que você feche os olhos, Eu vou cantar a canção do Dragão Vermelho." Li a gêmea mais velha começou a cantarolar baixinho a canção em chinês, enquanto lá fora se ouvia os gritos de agonia, medo e fúria.

"Era a mesma canção que Fang cantarolava para acalmar Mei, nos dias de tempestade." Continuava a contar Ada, enquanto as lembranças se tornavam mais nítidas em sua mente.

"Cante a canção bem baixinho e com os olhos fechados. Só abra quando eu voltar." Ela diz entre os sussurros.

"Li não vá! Não me deixe sozinha." Mei lhe súplica.

"Vai ser bem rápido e num piscar de olhos... eu estarei de volta. Eu prometo!"

"Mas ela não voltou... Li nunca mais voltou!" Mei desabafa já não conseguindo controlar as suas lágrimas. "Ela mentiu pra mim. Ela nunca cumpriu a promessa." As duas mulheres se olham com os olhos lacrimejados. "Li, porque você não voltou? Eu esperei tanto por você!"

"Eu também esperei por vocês. Esperei todos os dias que vocês aparecessem e me salvassem daquele lugar." A voz da espiã não passava de um sussurro tristonho.

Então ali na frente dos dois soldados da BSAA e de sua irmã Elise Mei, Ada Wong terminou de contar toda a sua história triste, que havia começado no dia em que Demitri Simmons e seus homens invadiram a sua casa, colocaram fogo e assassinaram brutalmente suas tias, a avó e, por fim, a sua mãe Fang.

"Quando dei por mim eu já não podia ser mais a Li. Eu havia sido transformada em uma espiã chamada Ada Wong. E havia me tornado uma propriedade da Família Simmons. Mas um dia eu descobri quem foi o homem que atacou a nossa fazenda e destruiu as nossas vidas. Ele era o chefe da Organização. Ele se chamava Demitri Simmons."

Demitri, o pai de Carla Radames!

"Então, eu decidi fazer justiça com as minhas próprias mãos, assassinando aquele homem. O homem que destruiu as nossas vidas."

Mei terminou de ouvir aquelas palavras, apertando o peitoril de ferro com fúria ao perceber o quão tola ela havia sido ao se deixar ser manipulada pelas mentiras de Carla Radames. E agora era tarde demais pra parar o que estava prestes a acontecer.

"Merda, merda, merda!" Mei começou a andar nervosamente de um lado para o outro. Ada tentou se aproximar de Mei, mas foi parada pelas palavras de Chris.

"Eu não quero atrapalhar o momento entre família, mas temos uma missão a cumprir." Falou o capitão com a sua voz impassível. "Eu sinto muito..." Ele falou confrontando Ada. "Ela tem que ser punida pelos seus crimes."

"Você tem razão, está acabado." Mei parou olhando entre os dois soldados e a mulher que ela havia tentando renegar como irmã. "Um porta-aviões está se preparando para o lançamento."

"Lançamento?!" Exclama Piers com sua arma em punhos se aproximando para prende-la.

"Mortos lotarão as ruas..." Ela continuou a dizer confrontando o olhar conturbado de sua irmã. "Déjà vu garotos, outra Raccoon City." Ao ouvir aquilo Ada e Chris trocam um olhar apreensivo. "Dessa vez, não será apenas uma cidade... Mas todo o mundo!"

Logo em seguida, um helicóptero abruptamente aparece atrás de Mei, confundindo por um instante, a visão de todo mundo. Eles não vêem que dentro do helicóptero havia um membro da FAMÍLIA empunhando um rifle de precisão. Em seguida, um tiro certeiro é disparado na direção de Mei, atravessando dolorosamente o seu peito.

"Nãooo!" Grita desesperada Ada correndo na direção da irmã e tentando segura-la, mas não dá tempo.

"Eu... Eu sinto muito!" Mei murmura fracamente, deslizando as suas mãos das de Ada e caindo numa segunda plataforma, há vários metros de altura.

Os três param olhando atordoados o corpo de Mei se chocar contra o chão áspero e uma enorme poça de sangue se espalhar em volta dela.

A cena é horrível.

"Mas que bosta! O que diabos acabou de acontecer?" Rugia Piers.

"A Família decidiu calar a boca dela." Uma Ada transtornada, decide ir até a onde a irmã está.

"Ei espera!" Diz Piers ao ver a mulher saltar dali. Mas ela usa a sua grapple gun para chegar a plataforma inferior, onde o corpo morte de Mei permanecia.

Chris tentando agir mais como um capitão focado na missão, entra em contato o mais rapidamente com o seu Quartel General. Eles precisavam enviar uma equipe mais próxima para parar o porta-aviões.

"Precisamos de mais tempo!" Dizia um dos soldados pelo rádio.

"Não temos tempo!" Respondia Chris nervoso. "O ataque bioterrorista era apenas uma distração. O verdadeiro ataque espalhará o vírus globalmente!"

"Espera. Sim, Ada Wong disse a verdade. Há um porta-aviões completamente armado em águas abertas perto de onde vocês estão." Dizia a mensagem pelo rádio.

Lá embaixo Ada se aproxima do corpo da irmã e tudo o que ela pode pensar era em como havia falhado com Mei.

Enquanto olhava para o corpo morto da irmã, Ada começou a refletir sobre a época que havia fugido da Organização e depois acabou por trabalhar ao lado de Trent por muito tempo sem saber que ele era seu próprio pai. A dama de vermelho não conseguia parar de pensar, que se ela tivesse descoberto tudo sobre Trent e Mei antes, talvez, as coisas pudessem ter sido diferente.

"Quando eu descobri a verdade eu tentei ir atrás de você, Mei. Mas Derek já tinha lhe sequestrado sem que eu pudesse ter impedido isso."

Ada ainda se culpava por tudo aquilo. Se ela não tivesse fugido do Simmons a anos atrás, eles nunca teriam encontrado Mei. Agora tudo o que lhe restou era apenas lamentações e ressentimentos.

"Seu ódio por Simmons fez você destruir o mundo que eles criaram." Ela dizia se aproximando cautelosamente. "Se você tivesse se vingado, apenas de Simmons... eu... eu teria ajudado você."

Então de repente o corpo de Mei se mexe e seus olhos se abrem arregalados, enquanto ela solta um grunhido medonho. Em seguida uma gosma acizentada começa a jorrar de seu corpo por todos os lados. Uma dessas gosmas quase acerta Ada se não fosse por Chris conseguir puxa-la a tempo, os fazendo desviar daquela coisa que cai sobre o chão de metal e começa a derrete-lo.

Os olhos carmesins de Ada logo ficaram em alerta vendo uma nova mutação começar a nascer ali diante dos seus olhos.

"Temos que sair daqui!" Diz Piers chamando a atenção deles.

"Li me ajuda!" Súplica Mei que ainda está tentando lutar contra a mutação.

"Mei!" Ada tenta lutar contra os braços fortes de Chris que tenta puxa-la o mais longe daquela nova criatura que começa a se formar. As suas emoções estavam a tornando irracional.

"Mei já está morta. Eu sinto muito!" Diz Chris usando toda a sua força para tirá-la dali. Piers se junta com ele e ambos arrastam Ada pra longe da nova mutação.

Eles não tem saída a não ser tentar correr pra fora dali. Mei continua a tentar se comunicar com Ada, mas as suas palavras são confusas e inaudíveis. As gosmas continuam a sair de seu corpo e aquilo parece ácido que vai corroendo pouco a pouco o metal do navio por onde Mei tenta passar. Conforme ela tenta se movimentar ali, o chão sobre os seus pés começa a derreter e a parede onde as suas mãos tocam também fazem o mesmo. Por fora a nova criatura criada pelo C-Vírus tem a forma de um corpo nu feminino revestido com uma sobrepele prateada. E essa pele prateada forma uma blindagem que impede que os tiros lhe atinjam.

"Ah que porra é essa!"

"Corram pra dentro do elevador!" Eles conseguem chegar até o elevador que acaba com as suas duas portas também derretidas pelo golpe violenta de Mei.

"Nós temos que impedir o lançamento desses mísseis." Chris diz ainda olhando para a mulher de olhos carmesins tristes. Embora seus sentimentos por dentro estivessem a mil, não haviam palavras certas para amenizar a dor da mulher diante dele. "Nós temos que abandonar esse navio!"

"Eu não vou. Vão vocês!" Ada disse tomando uma postura dura. "Eu vou ficar com ela!"

"Se você ficar... você vai morrer!" Piers diz irritado.

"Eu sei. E eu não me importo!" Ada diz secamente lhe entregando um envelope com um gravador que o capitão guarda mais que rapidamente. "Isso são provas. Serão úteis no futuro."

"E enquanto a seu pai?" Chris tenta mais uma vez. "E Leon?"

"Trent iria querer que eu não a abandonasse. Eu só estou nessa missão por causa dela. E por causa dela, minha missão terminará aqui." O elevador continua a subir para o Hangar. "E Leon..." Pronunciar aquele nome lhe causa uma dor no peito que ela decide ignorar. "Ele ficará bem."

A parte elétrica já estava sofrendo curto-circuito, podia-se ouvir o barulho do aço e do metal como se tivesse sendo retorcido.

"Tem certeza que vai ficar?" O capitão diz assim que o elevador para abrindo suas portas para o espaço onde se encontrava alguns aviões.

"Sim. Vou lhes dar cobertura." Ada diz já sentindo o navio começar a ficar cada vez mais danificado. "Agora você tem que ir e impedir uma tragédia pior." Chris ainda segurava as portas do elevador incerto se deveria abandona-la.

Que grande ironia! Depois de perseguir insanamente Ada Wong decidido até a mata-la, agora Ele estava aqui querendo salvar-la.

"Tudo bem, madame." Ele começa a se afastar para ir até Piers.

"Ah... e Chris..." Ada decide lhe dar um ultimo conselho antes de se separem. "Eu e Mei fomos separadas, não por escolha. E agora é tarde demais para consertar as coisas. Mas você tem escolhido estar longe da sua irmã. Não deixe que seja tarde demais para estar lá, ao lado dela!" Chris não tem tempo para respondê-la, apenas fica ali parado, olhando as portas do elevador se fecharem em torno de Ada.

 

 

 

À caminho de Tatchi...

 

Havia um helicóptero da The Shadows lhe esperando, pronto para sobrevoar toda cidade, com objetivo de dar suporte aéreo para Daryl e Leon que continuavam a caçar Derek.

"Tem alguma nova informação?!" Perguntava Trent se sentando ao lado de seu piloto e colocando seu cinto de segurança.

"Sim, conseguimos encontrá-lo." Dizia o seu piloto. "Simmons está fugindo num trem, indo para o outro lado da cidade." Aonde o caos causada pela Neo-Umbrella até aquele momento, ainda não havia sido exposto. Aquela região também estava sendo usada pela BSAA como um lugar seguro para trazer refugiados.

"Então, temos que impedir que o trem chegue aquela região."

E, enquanto a The Shadows fazia o seu trabalho aéreo, Daryl e Leon continuavam no encalço de Simmons.

"Desista, Simmons. Pegamos você!" Dizia Leon enfrentando um Simmons completamente conturbado. Eles o seguiram saltando sobre o teto do mesmo trem onde estava o homem insano.

"Você ainda está me perseguindo, enquanto aquela mulher está a solta?"

"Não se preocupe. Tem uma equipe que foi enviada pra cuidar dela. Mas você, Simmons... Você é todo nosso." Leon sibilou em tom de zombaria.

"Você está aqui para vingar a morte do Presidente? Seus tolos!" O homem estava se sentindo indignado. Na cabeça distorcida dele, tudo o que ele tinha feito era pra proteger todos de um mal maior. "Se ele revelasse a verdade sobre Raccoon City, os Estados Unidos teriam perdido a sua autoridade. E a ordem da política global, teria sido destruída!"

O trem continuava o seu trajeto sem nunca parar, enquanto os três de alguma forma mantinham o equilíbrio, Simmons quase com uma postura feroz, confrontando os outros dois homens com suas armas em punhos e suas posturas em alerta.

"Então, pra parar um possível desastre... Você decide criar outro maior ainda?!" Dizia Daryl pronto pra apertar o gatilho.

"Eu tinha que fazer isso. Era o único jeito. Ele ia levar o mundo a um completo caos!" O homem resmunga com dificuldade quase prestes a perder o último resquício de controle sobre si, pois o C-vírus estava vencendo a batalha contra o seu organismo humano e frágil. "Ahhh... como aquela mulher ousa fazer isso comigo..." Em seguida, ele solta um grito gutural.

Daryl e Leon tentam atirar nele, antes que ele sofra mutação, mas era tarde demais...

Diferente das outras mutações do C-Vírus que precisavam de um casulo, o corpo de Simmons simplesmente pega fogo sofrendo uma mutação, instantaneamente, rápida. Seu corpo humano se parte dando origem a um monstro que se assemelhava a uma espécie de Quimera, com a cabeça e os braços ainda meio humanos revestidos com uma pele deformada, mas os membros inferiores era semelhante a de um réptil, tendo pés de lagarto e até uma cauda de serpente.

A batalha se inícia sobre o teto do trem que ainda se mantinha andando velozmente nos trilhos e o que dificultava a vida dos dois outros caras. A aquela criatura era rápida e resistente e o mais assustador de tudo, que essa mesma mutação parecia ser ainda mais perigosa, já que a besta podia soltar fogo pela boca. Portanto, os dois homens tinham que manter o máximo de distância da criatura se não quisessem serem queimados vivos.

Apesar disso, aquela mutação, também tinha habilidade de retornar a sua própria forma humana de uma hora pra outra. E era aí que Daryl e Leon perceberam que estava o ponto fraco da criatura. Era aí a chance dos dois de conseguir atacar Simmons e, aos poucos ir enfraquecendo-o.

"Eu vou matar vocês. Seus vermes insignificantes!" Porém, quando a criatura voltava a sua forma mutante, ela se tornava ainda mais furiosa e descontrolada. Tão descontrolada que consegue dar um golpe perigoso em Daryl.

"Ahhhhhhh, seu filho da puta! Como isso dói!" Murmura Daryl ao sentir um pedaço da sua pele de um dos braços ficar em carne viva.

"Daryl, você está bem? Vamos cara!"

"Não dá Leon! Nós vamos morrer aqui!" Daryl murmurava sentindo tanta dor, ainda mais porque parecia que a queimadura do braço estava se espalhando pelo corpo.

O helicóptero com Trent chega para ajudá-los e começa a atirar fortemente contra a besta. Em contra a partida, a Quimera se enfurece e tenta atingir o helicóptero cuspindo fogo contra ele. Trent e seu piloto tentam manter sempre uma distância segura. Quimera novamente volta a forma humana e mais uma vez, Leon lhe golpeia várias vezes.

Infelizmente, isso não é o suficiente... Simmons se transforma, uma última vez, naquela besta descontrolada.

Trent decide chamar a atenção do monstro e mais uma vez, descarrega a sua munição sobre Simmons com toda a raiva que tinha.

"Vocês sabem o que acontecerá se eu morrer?"

"O mundo será um lugar melhor sem você." Leon afirmou irônico, uma última vez.

Os dois homens também tentam resistir. Eles quase acabam morrendo naqueles trilhos e já estavam quase chegando ao fim da linha, quando a Quimera quase prestes a ser derrotada, conseguiu descarrilar o trem em alta velocidade, fazendo com que a besta acabe caindo na baia de Tatchi, arrastando Leon e Daryl com ele.

 

 

 

Porto Militar de Waiyip

 

O ácido que saia do corpo de Mei já estava consumindo todo o navio. O porta-aviões estava prestes a explodir.

Mei ainda está lá chorando furiosamente sentindo tanta dor que seu corpo pode suportar por causa da infecção do C-Vírus. É assim que Ada a encontra vagueando pelo local solitariamente, deixando tudo num caos.

"Li, você voltou?" Quando Mei tenta falar, a sua voz já não soa mais humana, ainda sim Ada consegue entende-la.

"Sim. Eu voltei pra cumprir a minha promessa." Uma promessa que levou tantos anos de solidão e tristeza para ser cumprida.

Mei anda até Ada e para em sua frente com uma expressão de dor que parecia aliviar um pouco por saber que não precisava mais morrer sozinha.

"Você ficará comigo?" Sua voz fazia-a lembrar de uma criança assustada. "Isso dói tanto!" Ela cai ajoelhada na frente da espiã que já está chorando e sentindo a sua dor.

"Vou ficar até o fim." Ada se ajoelha na frente dela e em seguida elas se abraçam.

A dor de uma, torna-se a dor da outra.

O mesmo ácido que sai dos poros de Mei consumindo o porta-aviões é o mesmo que consome cada parte de pele de Ada, nem as suas roupas resistem aquele líquido letal. No abraço entre irmãs, ela senti tudo, a dor física do ácido queimando a sua pele e o alívio ao mesmo tempo de poder, enfim, ter encontrando a sua outra metade. Agora sua sólidão se foi.

Mei e Li, irmãs separadas por tantos anos, hoje haviam se reencontrando. E agora nem a morte seria capaz de separa-las.

 

{Continua...}

 


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Notas finais do capítulo

Bom esse capítulo já tem uma das minhas cenas favoritas. Esses momentos entre irmãs eu ficava imaginando vários tipos de cenas diferentes bem antes de chegar a esse capítulo. Sabia q o confronto entre elas iria rolar, mas não sabia exatamente como eu ia desenvolver toda essa cena, mas eu já tinha uma certa expectativa e acredito que os leitores tbm. Então quando cheguei nesse momento e consegui montar todo ele, me senti muito feliz e até um pouco emocionada com o resultado. Eu tentei criar toda a cena de uma forma sensível e com tanto carinho, afinal, estamos há poucos capítulos do final da trama.

Agora falando sobre as mutações de Simmons e de Mei, eu decidi mudar tbm pq acho q um dos problemas q tive com o game 6 foi decorar as mutações e os nomes dessas criaturas. RE6 tem tantos monstros esquisitos q é difícil pra descrever. Prefiro os monstros e mutações dos games antigos, eram mais fáceis de ser lembrados, até criativos e tbm assustadores. Por este motivo, decidi tentar recriar a minha própria visão dessas mutações.

Por enquanto é isso. Até a próxima pessoal!



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