Segredos de sangue escrita por Drylaine


Capítulo 16
Sombras do Passado parte 1


Notas iniciais do capítulo

LolitaFireproof obrigado pela recomendação me fez uma autora muito feliz. Desculpe leitores pela demora, mas prometo q esse cap compensa. Só espero q vcs ainda não tenham me abandonado. Vamos ao capitulo!!!



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Anteriormente

 

Entre verdades e mentiras...

 

“Isso é tão surreal. Eu não acredito que Adam está morto. É como se eu estivesse vivendo o mesmo pesadelo de Raccoon... Se você tiver alguma coisa a ver com isso. Você pode dar adeus a sua liberdade...”

“Você que saber um segredo meu?”

“Um segredo ou mais uma mentira?”

“Eu sou uma rastreadora... Tudo o que você precisa saber é que eu sei qual o grau de ameaça está presente neste lugar, desde zumbis, BOWs, humanos infectados ou aqueles que são imunes ao vírus.”

Como poderia ela ter um vírus correndo em suas veias a tornar tão forte e, ao mesmo tempo, deixa-la em outros termos tão vulnerável?

 

Segredos serão revelados...

 

“Mei?”

“Olá, papai!”

“Mei o que fizeram com você?”

“Eles deletaram todas as minhas memórias como Mei. Eu despertei com uma mente vazia que foi reprogramada pra agir, falar e até pensar como Ada Wong.”

“Espera! Você não pode fazer isso com a sua própria irmã. Ela é tão vitima quanto você nisso tudo.”

“Ela não é a minha irmã. Li morreu junto com Fang há muito tempo. Aquela lá é uma vadia manipuladora e assassina que usurpou a minha vida. Olha só pra você deve estar orgulhoso de tê-la por perto. Orgulhoso por Ada Wong herdar o mesmo gene manipulador e assassino.”

 

Máscaras irão cair...

 

“Essa é a Operação Bacillus Terminate para a higienização de Raccoon City.” Diz a voz de Derek Simmons. “Deixe me explicar. Agora os Estados Unidos estão sofrendo um ataque bioterrorista. Depois será a vez da China. E, assim, outras grandes cidades de todo mundo terão o mesmo destino. Tudo pelas mãos da própria Ada Wong, da Neo-Umbrella.”

“Vou contar tudo para eles. Tudo o que sabemos do incidente em Raccoon City... As armas biológicas são uma ameaça e nós somos parcialmente culpados.” Desta, vez ele iria realizar o ultimo desejo de Adam Berford. Leon iria trazer a verdade à tona e nada iria pará-lo.

“Houve um atentado... O presidente está morto.”

“90% da população de Tall Oaks foi infectada com o vírus...”

“É como em Raccoon City de novo.”

 

E uma nova ameaça biológica promete destruir a humanidade....

 

“Esse é o C-vírus. É como a guerrilha o chama.” Diz uma voz aveludada.

“Quem é você?”

“Trabalho aqui. Meu nome é Ada Wong...”

“O que você sabe sobre o C-vírus?”

“Sei que esse vírus está criando os J’avos.” Diz a mulher misteriosa de traços orientais. “E a Neo-Umbrella é a organização por trás da guerrilha.”

E no meio de toda aquela tensão e confusão dos soldados, como um borrão tudo aconteceu. Eles foram encurralados.

O capitão Chris Redfield havia falhado miseravelmente.

“Eu não posso continuar fugindo. Eu tenho que encarar a verdade, aceitar a responsabilidade. Essa é a única maneira que eu sempre vou lembrar. A única maneira que eu vou ter minha vida de volta... Ada Wong vai pagar por cada vida que ela destruiu.”

 

A contagem regressiva começou...

 

 


Capítulo 16 - Sombras do Passado parte 1

 

Agosto de 2006

Depois de uma conversa franca e direta com Claire, que havia descoberto seu caso secreto com a espiã, Leon decidiu tomar algumas medidas extremas que ele sabia que poderiam ser definitivos: ou seria o fim de sua relação secreta com Ada, ou lhe daria a chance de dar um novo passo ao lado dela. Mas, de alguma forma, as coisas não poderiam permanecer do mesmo jeito. Não quando havia tantas coisas em risco que poderiam colocar tanto ele quanto Ada numa situação perigosa e sem escapatória.

Enquanto a sua jovem espiã fatal e sexy ainda dormia serenamente, Leon decidira preparar um saboroso jantar. Ele tinha planos para essa noite ao lado de Ada. Planos que iriam atravessar alguns limites impostos por ela, mas nada iria mudar os pensamentos dele.

Leon retornou para o quarto com o plano montado e mesmo se sentindo inseguro, ele não iria voltar atrás.

Leon se viu encurralado pela sedução da linda mulher e seu corpo delicado e cheios de curvas pecaminosas que ele não conseguia parar de tocar. Naquele quarto ele fez amor com ela tão lento, pois ninguém tinha pressa que acabasse. Nos braços um do outro eles encontravam um refúgio somente deles. Um refúgio que fora destruído quando eles confrontaram a realidade.

"Eu te amo, Ada Wong!" Sem vacilar Leon se declarou. Para ele não era apenas luxúria ou paixão o que eles sentiam enquanto seus corpos se entrelaçavam se tornando um, era também, um sentimento avassalador que criou raízes.

 

"Eu te amo!" E isso ecoou pela mente da espiã.

Ada se sentiu como um passarinho encurralado entre seus braços. Ela sentiu medo, insegurança e, ao mesmo tempo, tão furiosa. Tão furiosa por ele ter quebrado sua regra. Tão furiosa porque suas palavras haviam penetrado tão profundamente suas barreiras e mexido com seus sentimentos deixando-a desconcertada. Ela não estava pronta pra isso.

Desde o principio tudo foi um erro!

"Não. Fique comigo. Não fuja!" Leon tentou prende-la em seus braços decidido a não perdê-la assim.

Ele estava cansado desse jogo. Cansado de sempre tê-la pela metade, quando ele estava ali se entregando por completo.

“Ada, olha pra mim! Não dá mais pra continuar nesse jogo. É um jogo muito perigoso e... eu quero mais do que simples finais de semanas ou dias aleatórios. Eu quero você aqui do meu lado com mais do que apenas minha amante.” Ele disse com um olhar determinado em seu belo rosto.

“Não era esse o nosso plano. Você aceitou as minhas regras. E você com sua estupidez está quebrando elas?” Ela disse conseguindo se desvencilhar de seus braços e se vestindo apressadamente sem conseguir encarar os olhos azuis aflitos.

“Eu estou cansado de continuar me escondendo...” Ela não deixou que Leon continuasse. Ela se sentia furiosa, confusa, com ódio de si mesma e com tanta raiva de Leon por ter quebrado com suas regras.

“Você quer uma vida normal? Quer parar de se esconder? Simples... você pode arranjar qualquer outra mulher. Alguém como aquela jovem Redfield. Alguém que você poderá ter uma vida medíocre.” E quando as palavras saíram de seus lábios Ada queria toma-las de volta pra si, só pra não ver o olhar magoado e decepcionado dele.

Para Leon ouvir o tom tão arrogante e duro dela havia o deixado se sentido um nada. As palavras dela eram tão afiadas e por um instante era como se estivesse diante de uma jovem garota mimada que ele havia abandonado uma vez em seu passado. E no fim ele estava aqui novamente diante de alguém que se achava superior a ele, como se seus sonhos de uma vida comum fosse algo tolo, algo qualquer sem importância. E ouvir isso dela doeu.

"Droga, você estragou tudo. Você quebrou a regra." Ela disse rindo friamente. "Tão ingênuo e estúpido!" Suas palavras eram cheias de escárnio.

E com essas palavras, Ada Wong fugiu desesperadamente. E sem perceber quem havia estragado tudo, quem fora ingênua e estúpida da historia havia sido ela.

Leon fora deixado sozinho naquele quarto se sentindo o cara mais miserável do mundo, mas a dor da rejeição não seria tão terrível, quanto se deparar com a verdade nua e crua.

Um Bip havia o tirado de seus devaneios tortuosos.

Na pressa de fugir de Leon, Ada havia deixado um de seus apetrechos. Uma espécie de comunicador, que estava bipando sem parar.

"Olá, minha pequena borboleta. Sentiu minha falta?" E de repente ele podia ouvir a voz asquerosa de Wesker assombrando sua mente. “Graças a você eu estarei matando dois coelhinhos insolentes com uma cajadada só.” E aquilo ficou ecoando, fazendo-o lembrar que a espiã sedutora e fatal sempre será seu ponto fraco.

O fazendo lembrar que Ada Wong tinha o poder de manipulá-lo ao ponto de torna-lo cego diante dela.

Ele passou horas bebendo uísque, se lamentando pelo que perdeu e brigando consigo mesmo por ter si deixado levar por aquela maldita mulher. Para Leon no final Ada acabara de se tornar seu maior arrependimento. E tudo só piorou horas mais tarde quando ele acordou de ressaca com o barulho do seu telefone.

Era uma ligação urgente de Claire muito aflita dando a notícia:

“Leon, foi uma armadilha. Wesker... ele estava esperando por eles. Eles tiveram um confronto violento e Jill no desespero, se sacrificou pra salvar Chris.” Ele ouviu ainda tonto pela bebida o choro contido da jovem Redfield. Ele sentiu tanta raiva, tanta culpa ao mesmo tempo.

"Graças a você eu estarei matando dois coelhinhos insolentes com uma cajadada só.” E as palavras de Wesker voltaram a lhe atormentar.

Deus, como ele havia sido tão cego?! Agora tudo se encaixava.

 

***/ /***

 

Exatamente quatro meses depois, Jill Valentine havia sido dada oficialmente como morta, um enterro simbólico fora feito em sua homenagem já que o corpo nunca fora encontrado. Claire, Sherry, Barry e Rebecca Chambers (também um dos sobreviventes da Mansão Spencer) compareceram pra prestar condolências a Chris e a BSAA que havia perdido um de seus membros fundadores. Todos ali estavam em completa tristeza, mas ninguém se comparava a dor e desolação de Chris Redfield.

Para Leon estar ali no meio de todos sabendo a verdade por trás da suposta morte de Jill era terrível. Ele se sentia culpado de alguma forma mesmo que indiretamente por todo o ocorrido. Na sua mente ele realmente acreditava que Ada e Wesker eram amantes e parceiros de crime, para ele Ada Wong ainda trabalhava para o ex-capitão dos Stars e só manteve sua relação secreta com o agente americano por interesse próprio, como uma fachada pra obter informações confidencias do governo dos EUA, ou ainda saber cada passo da própria BSAA que estava há anos caçando Albert Wesker e, provavelmente, com o auxilio dela o bioterrorista conseguiu todo esse tempo continuar fugindo até que seu caminho se cruzasse novamente com seus ex-parceiros de equipe Chris e Jill.

Leon continuou apenas distante preso em seus pensamentos, desejando que ele pudesse confrontar a jovem espiã. Uma parte dele queria acreditar que nada daquilo era real, mas não havia como escapar disso tudo. Ada havia sumido da sua vida, não deixando nem um rastro. Depois da sua rejeição e da possibilidade terrível de que Ada apenas o usou como mero peão, Leon não a viu mais desde aquele dia fatídico.

Ali também se encontrava Trent o homem que havia ajudado Chris e Jill a criarem a BSAA, tudo que Leon sabia sobre o homem era que Trent era amigo de longa data de Barry Burton e que havia financiado muitas das missões da BSAA, além de ser um diplomata britânico com uma grande influencia na Europa. Por algum motivo o homem parecia familiar demais, eles apenas trocaram olhares e algumas palavras cordiais, depois Trent se dirigiu a Chris, Leon observava tudo com uma sensação estranha.

E nas sombras estava Ada Wong observando tudo de longe, com um sentimento de culpa e medo pelo confronto que se seguiria, ao passo que havia também certa euforia por reencontrar seu agente. Depois desses últimos meses de rompimento, Ada se viu ainda ansiando por vê-lo. Ela nunca imaginou que se viria tão insegura, sentido saudades daqueles olhos azuis sinceros e lindos que ela aprendeu a amar. Um amor que ela sabia que era arriscado. Um amor que poderia salva-la dela mesma ou destruí-la de vez. Um amor que ela rejeitou e agora seria um de seus maiores arrependimentos.

Amor! Uma palavra que Ada Wong achou que não caberia em seu vocabulário, uma palavra que ela achou que nunca mais existiria dentro de si, afinal, ela há muito tempo havia enterrado esse sentimento quando se tornara espiã.

Aliás, Ada Wong foi forjada na frieza e manipulação de sentimentos e era isso que a fazia tão implacável em suas missões. Entretanto, conhecer Leon acabou mudando tudo o que ela pensava e sentia como uma espiã fatal. Agora ela estava aqui com medo de perdê-lo definitivamente. Um medo que ela nunca pensou em sentir. Por fora Ada parecia inabalável, mas por dentro ela se sentia uma tola apaixonada. Ela queria rir de si mesma por se deixar levar por um sentimento tão humano que, por mais poético e sublime possa ser pra um mero mortal, para Ada o amor poderia ser sinônimo de fraqueza e de sua total condenação.

Será que por Leon valeria a pena se deixar dominar pelo amor?! A espiã se questionava o tempo todo.

Ela continuou observando seu agente de longe, vendo sua postura abatida. Seu coração se agitou ao ver Trent e Leon conversarem por meros segundos. Ela nem sabia o porquê vê-los juntos mexeu com ela, talvez, porque sabia que Leon e Trent nunca poderiam estar do mesmo lado lutando pelas mesmas causas.

Logo, a irmã mais jovem do agente da BSAA se juntou a Leon e a jovem mulher nas sombras se sentiu incomodada pela forma tão intima e livre que ambos se encontravam nos braços um do outro. E pela primeira vez, ela se viu com ciúmes. Ciúmes de tudo, desde a forma como ele confiava na ruiva, desde a forma como eles poderiam estar juntos na frente de todos sem temer nada, ou até mesmo como a relação entre a jovem e Leon parecia de pura confiança e cumplicidade, algo que Ada por mais que no fundo almejasse, sabia que seria impossível dividir com Leon. Ela continuou nas sombras ouvindo a conversa dos dois e pensando na loucura que ela estava prestes a fazer, quando sua audição aguçada pegou no ar outra conversa distante entre Chris e Trent.

“Você precisa continuar lutando. Tem que focar em algo como a justiça. Faça tudo em nome de Jill.”

“Justiça?! A única justiça que eu teria era ter Wesker em minhas mãos, mas até isso Deus me tirou.” Chris ri amargamente, ele não queria ouvir nem se abrir pra ninguém, mas Trent parecia ter a habilidade de conseguir fazer o que nem Claire conseguiria — tirar Chris de seu próprio casulo.

“Você tem que achar um motivo pra continuar. Seja por tua irmã, ou pela BSAA ou por justiça.”

“Quando eu fecho os meus olhos eu ainda posso vê-la caindo e sendo abrigada pelo abismo e eu não posso impedir. Todas as noites são assim... Era pra mim estar lá. Eu me odeio por isso. Odeio por não ter mais Jill aqui. Eu falhei com ela.” Trent se aproxima do homem abatido decidido a revelar algo que iria mudar tudo.

“Olha, essas são minhas filhas e minha mulher.” Trent retira de seu bolso uma foto antiga ainda em preto e branco onde está uma jovem mulher de traços delicados e bonitos e dava para se perceber que a jovem tinha alguma descendência oriental e ao lado da mulher haviam duas meninas gêmeas sorridentes com as mesmas características da mãe.

"Você tem uma família perfeita." Chris diz em tom sombrio tentando não transparecer indiferença.

"Não. Eu tinha... tinha uma familia perfeita, mas eu perdi." Chris engoliu em seco ao ver a expressão ponderada de Trent mudar. “Eu perdi minha mulher de uma forma violenta e cruel e por anos tive que lutar por justiça. Tive que lutar pra resgatar uma vida que foi destruída. E tudo o que eu fiz até aqui foi por elas, por Li e Mei. Elas sobreviveram e é por elas que eu vou continuar lutando até o fim.” Trent continuou em tom paternal sob o olhar compassivo do homem da BSAA sem saber que sua espiã estava à espreita ouvindo tudo. E foi naquele momento que tudo desmoronou.

Ada sentiu seu corpo se sobrecarregar em fúria e dor.

“E tudo o que eu fiz até aqui foi por elas, por Li e Mei.” Aquelas palavras ficaram retumbando em sua mente. Ela desejava que fosse pura coincidência do destino, mas Ada nunca acreditou no destino, nem em sua sorte.

Li e Mei duas pequenas palavras que podiam dizer muito sobre si e agora também se resumia aos segredos de Trent, o homem que ela confiava quase cegamente. O homem que ela aprendeu a admirar e até obedecer. O seu chefe...

 

Então, o homem à frente da The Shadows que a salvou de Wesker era Phil. Phil seu próprio pai. A verdade estava ali o tempo todo, mas ela só foi tola demais pra perceber.

 

 

Tall Oaks, 29 Julho de 2013.
Laboratório Subterrâneo da Família

O Agente e a Espiã continuaram a penetrar sobre as instalações secretas da Família que ficava sob a Catedral de Tall Oaks. Uma instalação subterrânea que serve principalmente como ponto de encontro para negociações secretas da Organização, e há muitas passagens secretas e armadilhas para obstruir a entrada de qualquer intruso.

Leon e Ada acabaram por ser vitimas de uma dessas armadilhas. Eles acabaram trancados numa sala onde várias estátuas imergiam das paredes e delas se originavam lasers que se multiplicavam fazendo ambos terem que agir com muita rapidez. Praticamente para sobreviverem a essa armadilha Leon necessitou contar com as habilidades sobre humanas de Ada, que poderia racionalizar rápido e com uma precisão e velocidade que o assustava, sempre conseguindo se desvencilhar dos lasers que surgiam e, assim, grudando seu corpo ao do agente, como se seus corpos se tornassem um e a espiã era quem comandava toda ação, sem perder o controle sobre Leon, que estava às cegas apenas confiando nas habilidades dela, seja na voz, ou em cada toque forte entre seus corpos. Ambos já se sentiam exaustos, estavam perdendo muito tempo encurralados naquela sala. E num ultimo ato os lasers se uniram formando uma parede de grades lasers que se movia na direção dos dois. Eles precisariam de uma rota de fuga, mas o problema era que as duas portas que a sala possuía estavam inacessíveis e não havia dutos de ventilação no lugar.

“Merda! O que vamos fazer?” Leon disse já transtornado, olhando fixamente para os olhos carmesim de Ada que tentava ainda se manter inabalável, mesmo que por dentro ela se sentia esgotada e temerosa.

“Daryl, onde está você!” Ada disse entre dentes pelo comunicador e de repente um blackout aconteceu. Tudo ficou escuro e silencioso e um ruído pôde ser ouvido como se as portas estavam sendo destrancadas.

“Você está bem?” Leon disse com um olhar terno que agitou por dentro a jovem mulher diante dele. Ele ainda mantinha suas mãos entrelaçadas com a de Ada. O momento foi interrompido pela voz de Daryl.

“Cheguei na hora certa.” Daryl disse esperando-os do outro lado da sala com um sorriso presunçoso. Em outra ocasião Ada teria rebatido com alguma piada, já que Ada e Daryl sempre trocavam farpas, mas nesse momento não havia mais tempo para perder com bobagens. Leon se sentiu um tanto desconfortável entre os dois. Havia algo lhe corroendo por dentro. Talvez, desconfiança com relação a Daryl, ou talvez... ciúme da espiã.

“E Ally e as crianças estão seguras?” Leon questionou tentando focar em seus objetivos.

“Ah, sim. A The Shadows vai cuidar bem deles.” Daryl mordeu a língua ao perceber que tinha falado demais.

“The Shadows?” Leon inquisidor franziu a testa desconfiado.

“Eles estão seguros longe desse inferno, é tudo o que importa.” Ada disse direta trocando olhares com o outro espião. Era nítido que ambos os espiões mantinham segredos. Segredos que nunca poderiam ser divididos com Leon, mas havia algo mais que o perturbava.

Era inegável Daryl e Ada tinha uma química forte, ambos pareciam formar uma dupla imbatível e pareciam ter como base a confiança e uma intimidade, que mesmo Leon, nunca sentiu ter com a mulher de vermelho. Ele tentou deixar de lado isso, pois Ada e tudo que era referente a ela já não lhe dizia respeito. Seu objetivo era sobreviver a esse inferno e descobrir os reais culpados de todo esse caos e, então, Ada e Leon iriam mais uma vez seguir caminhos opostos.


****/ /****

Derek C. Simmons, recentemente remodelou uma parte da câmara subterrânea no laboratório de pesquisa moderno, para que ele pudesse ter cientistas realizando pesquisas sobre o C-Vírus. O local guardava muito segredos e entre eles o passado que Ada tanto lutou para deixar pra trás, enterrado pra sempre.

A cada setor do lugar, mas próximo de desvendar seus mistérios Ada estava. Eles já haviam passado por um local que lembrava prisões, onde existiam alguns intrusos vagando por ali sem rumo em seus uniformes sujos de sangue e outras imundices. Eles possuíam rostos sem identidades, ainda que apesar de toda coisa horrenda, Ada conseguiu identificar como meras crianças e jovens que haviam acabado de se tornar zumbis, eles eram os prisioneiros dali.

“Eles são apenas crianças.” Leon disse extremamente conturbado. Mesmo Daryl se sentia enojado de tudo aquilo, mesmo que o espião já havia visto tantos horrores ao longo de sua vida de espionagem ainda sim se deparar com isso era perturbador.

“Eles não são meras crianças! Eles foram criados para serem assassinos cruéis e manipuladores.” Ada disse fria e em questão de segundos, ela foi abrindo caminho, matando um por um com suas flechas mortais sem nem chance das pequenas criaturas famintas os contra-atacar.

Não houve tempo para explicações ela apenas continuou até chegar numa enorme sala que exibia no centro o símbolo da Família, tão familiar quanto às prisões. Porém foi quando chegaram ao Nível Quatro é que sua mente se encheu de flashes tortuosos.

O Nível Quatro possuía a sala de tortura e cada canto daquele lugar estava coberto de crueldade, mortes e lembranças terríveis de um passado que ela pensou que estava enterrado. Sobre o teto estavam cinco corpos enforcados sendo exibidos diabolicamente, num exemplo brutal de como a Família punia àqueles que os traiam.

De repente um barulho pode ser ouvido, algo de ferro ou aço estava sendo arrastado pelo chão causando um som estridente e arrepiante ecoando pelos corredores frios.

“O que é isso? Ada você pode vê-lo?” Daryl disse em alerta. Os três se preparam empunhando suas armas.

“Fiquem em silêncio.” Ada sussurra caminhando mais a frente com cautela pelo corredor cheio de rastros de sangue, o barulho foi ficando mais forte até que parou. Ada sabia que estava perto de uma nova ameaça. “Ele sabe que estamos aqui.” Ela disse afirmativamente, mas antes que a criatura pudesse contra atacar, tiros de metralhadoras retumbaram chamando a atenção do novo inimigo.

Alguém estava ali confrontando a criatura, parecia ser hábil ainda que fosse um mero humano com um coração batendo acelerado pela adrenalina e medo.

 

 

Helena Harper

Helena Harper fazia parte da comissão de segurança especial do Presidente norte-americano, sua missão era mexer na posição dos seguranças designados para proteção de Adam Benford, enviando um alerta falso de rádio aos serviços secretos avisando sobre o atentado na Universidade Ivy. Tudo foi muito bem planejado e manipulado para que a verdade sobre o incidente de Raccoon City nunca fosse revelado pelo presidente e, assim, protegendo os projetos da Organização de Derek ao manter os Estados Unidos como maior poder mundial. O plano deu certo, o atentando a Tall Oaks foi bem sucedido ocasionando na morte de Adam, porém Helena ainda tinha mais uma ultima missão se quisesse ser livre desse inferno. Derek não queria testemunhas sobre o ocorrido, então, Helena agora tinha como missão matar qualquer testemunha ou sobrevivente e seu principal alvo era o agente americano, que além de sobrevivente hábil e veterano do atentado a Raccoon, também é amigo leal e antigo de Benford o que poderia ser um grande problema para Simmons.

Entretanto, entre sobreviver ao caos em Tall Oaks e ainda caçar o agente Kennedy e sua parceira, as coisas saíram de seu controle e agora Helena se via encurrala há um passo da morte. E foi numa questão de segundos e a lâmina afiada do enorme machado que a criatura empunhava acertou a parede exatamente onde segundos antes Helena estava. Ela sentiu alguém lhe puxar lhe tirando do caminho do monstro enquanto outros tiros eram ouvidos no local. Ironicamente, Helena fora salva justamente por aquele agente, o homem que ela deveria eliminar e junto com ele havia mais dois, um que ela já conhecia que também deveria ser eliminado e o outro desconhecido, ambos abriam fogo contra a criatura.

O carrasco era o guardião do local usando um pano preto encharcada de sangue sobre sua cabeça que esconde seu rosto, e um grande avental preto, esfarrapado e embebida em sangue, ele também tem dezenas de pregos salientes de sua pele exposta, incluindo três grandes ganchos espetados em suas costas. Ele vagava pelos corredores da prisão com seu machado muito grande e de aço ligado com correntes. Apesar de seu tamanho grande e parecer ser muito forte, o carrasco era lento o que facilitava o combate contra ele. Daryl e Ada logo conseguiram o desestabilizar, o problema era que outras criaturas foram despertadas o que fez com que eles fugissem sem terminar a luta pois se continuassem ali iriam acabar perdendo mais tempo.

Eles conseguiram chegar ao elevador que dava acesso direto ao laboratório.

“Por que nos arriscamos por ela?” Ada disse enfurecida com Leon.

Helena se sentiu encurralada. Ela não teria pra onde fugir agora e nem como enfrentar três inimigos por mais habilidosa que fosse. Além do mais a espiã de Derek se sentia estranha, ela sabia que algo estava acontecendo com seu corpo e pela primeira vez ela temeu sua morte como nunca temeu Derek e suas criaturas bizarras.

“Por que ela me deve.” Leon disse olhando para Helena. “Salvei sua vida. Agora eu quero respostas.”

“Obrigada Leon, mas talvez preferisse a morte.” Helena disse sarcástica se encostando a parede do elevador ainda se sentindo tonta.

“Você sabe o que aconteceu aqui? Você sabe quem é o culpado.” Daryl e Ada apenas continuaram em silencio observando Leon que parecia tomar uma postura mais fria.

“Isso importa?” Helena mudou seu foco para a outra mulher ali. “Você quer respostas, Kennedy? Por que não começa pela senhorita Ada Wong?” Ada ficou tensa com a forma petulante de Harper. Ela sentiu que a mulher sabia muito sobre si o que a fez mais apreensiva.

“Opa, talvez devêssemos pressionar um pouco mais. Um pouco de dor pode ajudar ela a abrir a boca.” Daryl disse provocativo, incitando Ada.

“Você quer jogar esse jogo.” Ada disse retirando suas luvas e depois tocando asperamente o rosto de Helena a fazendo ofegar e gritar. Helena sentia como se suas forças estivessem sendo sugadas e sua pele ardia como se tivesse queimando em brasa.

“O que você está fazendo?” Leon disse assustado. Embora ele soubesse que a agente da DSO fosse digna de desconfiança ainda sim ele sentia que o modo feroz de Ada poderia piorar as coisas.

“Deixe-a. Ela sabe o que faz.” Daryl disse se colocando entre Leon e Ada. A tensão dominou o elevador que tremeu, mas continuou descendo.

Helena entrou em pânico sentindo muita dor e fraqueza. Seus olhos estavam ficando desfocados. Ela não conseguia respirar.

"Para." Ela dizia ofegante. Leon decidiu interferir.

"Helena diga um nome. Quem é o responsável pelo atentado? Vamos acabe com isso!" Ele já dizia suplicante.

"A Familia." Harper diz com sua voz trêmula. Ada se afastou deixando a mulher respirar, Helena quase sufocou com seu próprio vômito. "Você não é diferente de Simmons. É tão monstruosa, sádica e louca quanto ele." Helena diz corajosamente enfrentando uma Ada completamente inexpressiva.

"A Familia?! Espera... mas e a Neo-Umbrella?" Leon diz tentando ajudar a mulher, ao passo que lutava com seu próprio dilema pessoal sobre Ada.

O elevador dominado por conflitos fortes, logo parou chegando ao seu destino.

"Ela sabe. Ela sabe tudo." Helena continuou repetindo olhando fixamente para Ada. "Derek Simmons quer ser o dono do mundo. Ada Wong quer destruí-lo. Nós somos apenas os peões desse jogo. O presidente foi o primeiro a cair." Helena disse com o olhar apático.

Subitamente Ada sentiu uma fúria lhe dominar. Ela queria matar a mulher diante deles, mas Leon se pôs entre ela e a outra mulher.

"Então, esse é o jogo. Ada você sabia disso?Você..." Leon se sentia enojado de tudo. Daryl tentou interferir.

"Você não sabe nada Leon. Só está cego pra achar um culpado e se livrar do problema." Leon perdeu o controle e atacou Daryl com murros sem parar. Pegando todos desprevenidos Leon extravasou sua ira sobre o agente da The Shadows só parando com Ada o puxando pra longe e recebendo um olhar de escárnio do agente de olhos azuis. Daryl também se encontrava enfurecido querendo uma revange, mas Ada o parou.

"A pior parte era que eu estava prestes a confiar em você. Mais uma vez, como tantas outras. E mais uma vez, tudo o que você faz é me manipular." Leon saiu desnorteado pelos corredores sendo seguido por uma Ada tão furiosa quanto ele.

"Então, mais uma vez você prefere o caminho mais fácil. Jogar toda a responsabilidade do seu fracasso sobre mim."

"O quê?" Leon parou seu trajeto pra confrontar o olhar carmesim feroz e impetuoso de Ada.

"Você nunca confiou em mim. Nossa relação nunca foi forjada na confiança e você sabe bem disso. Você faz tudo parecer como se eu tivesse te traído de novo quando na verdade eu nunca lhe prometi lealdade ou fidelidade. Embora você se ache traído, nunca houve real traição porque nos não somos amigos, ou um casal e nem parceiros de guerra. Ainda sim eu estou aqui te mantendo vivo pra você voltar pra casa. Pra sua família. Pra sua futura esposa." O ar parecia mais denso e pesado sobre eles.

Leon ficou remoendo as palavras dela sem perder contato visual. Havia tantos sentimentos conflituosos pairando sobre ele. Havia tantas incertezas e exaustão de tudo.

Valeria pena continuar lutando pela verdade quando tudo ao seu redor esta contaminado por mentiras dentro de um jogo por poder e controle?

"Então, Leon vai me perguntar se eu também sou amante de Derek como fui de Wesker. Vai me perguntar se eu matei o presidente?" Ada disse se aproximando perigosamente dele. "Se eu sou tão digna de desconfiança, se você acredita que sou uma ameaça, ou um monstro como aquela agente da DSO disse, porque não me mata? Porque não coloca um fim nisso tudo? Aposto que os Estados Unidos estariam gratos a você. Ou você ainda pode me entregar para o governo americano e ganhar sua condecoração e limpar seu nome." Leon se afastou covardemente lhe dando as costas, fazendo Ada grunhir de frustração.

"Adam era mais que o Presidente dos Estados Unidos, ele era meu amigo, um homem honrado que iria expor a verdade sobre tudo, desde o incidente sobre Raccoon City." Leon disse perdido nas ultimas palavras de Benford.

"Quem mais sabia disso?" Ada disse estreitando os olhos e mantendo uma postura firme.

"Derek Clifford Simmons... chefe de segurança dos Estados Unidos." Leon disse sentido como se carregasse todo o peso do mundo.

"E no fim não somos diferentes Leon." Ele se voltou para a linda mulher olhando fundo em seus olhos carmesim. "No fim trabalhamos para monstros que sempre quiseram controlar o mundo. Porém, eu sempre soube a quem eu servia enquanto você esteve vivendo uma ilusão."

Leon pensando em cada palavra impiedosa da espiã sabia que, no fim, não havia honra em servir os Estados Unidos quando a verdade viesse à tona. O mundo iria se voltar contra eles. Os Americanos seriam vistos como os vilões.

"Então, Leon Scott Kennedy será tão digno de confiança quanto Ada Wong." Ada disse destilando ironia.

"Ada, Leon." Daryl interrompeu o confronto entre os dois chamando atenção de ambos para si. Ele trouxe consigo Helena. "Existe uma cura para o C-Vírus."

"O quê?" Ada e Leon questionaram em uníssono.

"Segundo nossa amiga aqui... A cura está na China."

"Como podemos confiar nela?" Disse o agente americano. Daryl hesitante decidiu jogar limpo com Leon, mesmo que Ada o odiasse.

"Porque se chegarmos a cura, conseguiremos chegar a Mei."

E de repente, Ada percebeu que estava na hora de parar de fugir. Seu passado voltou pra lhe atormentar, chegou a hora de confrontá-lo.

Continua...




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Notas finais do capítulo

Bom logo postarei a continuação desse cap q eu já comecei a escrever. A fic esta chegando na reta final. Feliz Ano Novo a todos vcs meu leitores pacientes. Bjus!!!