Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 6
Clara...


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem resolve dar as caras por aqui de novo, Euzinha (Nay Bez). Como eu sei que tanto vcs quanto eu estamos ansiosos por esse reencontro (Hahaha Spoiler) resolvi postar hoje! Tbm tem um motivo especial, mas deixaremos em off, ok? ;)
Estou amando os comentários, e acompanhando aqui as visualizações... E a cada dia elas aumentam! *----*
Espero que gostem desse outro cap Bônus (Bônus do Bônus)!
Atualizando!!!



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Estacionamos um pouco longe daquelas coisas. Era noite, e tinham muitos deles em volta do quarteirão. Desci as pressas do meu carro, Henry me acompanha com a mesma agilidade. Como se fosse em uma operação tática, eu e Henry nos aproximávamos, sem sair da posição de ataque. Andávamos abaixados, e parávamos por alguns segundos entre os carros abandonados ali, para chegar à área e liberar a passagem. Um plano era o mais coerente a se fazer, e o fizemos quando demos a volta no quarteirão, sem poder parar perto da casa de meu ex-amigo, pois tinham muitos deles ali, prontos para derrubar o frágil portão de grades que impedia a passagem deles para uma possível refeição. Animei-me por instantes, pois se havia zumbis querendo forçar a entrada, significava que ali dentro tinha alguma vida.

Henry derrubava os poucos que tinha pelo caminho que caminhavam em unidade sem perceber a nossa presença, com sua Adaga Mod Fe-96. Ele sempre foi bem ágil, e era sempre quem ficava na linha de frente.

– Pelo portão da frente não dá pra passar sem que eles entrem em seguida. – Ele constata.

– Eu sei disso. Vamos dar a volta por ali, e subir naquela árvore que é colada no muro. Assim entramos. – Ele assentiu. Logo estávamos a escalar a árvore.

Entramos. Estávamos no quintal. Fui perto da casa dos cachorros e peguei a escada.

– O que você ta fazendo? – Henry me pergunta confuso.

– Acha que vai dar pra sair pelo portão da frente? – Ele balança a cabeça negativamente. – Então, vou deixá-la aqui para a nossa saída.

– Entendido.

Direcionamo-nos a casa. Com muito cuidado, fui abrindo a porta da cozinha. Dessa vez entramos com calma. Analisávamos o lugar com bastante cautela. Não queríamos nenhuma outra surpresa. A parte de baixo da casa estava vazia. Mas a porta da frente estava muito bem trancada. Tinha até alguns pedaços de madeira pregados entre a porta e a parede, para se caso eles conseguissem derrubar o portão, aquilo os atrasaria. Mas a porta da cozinha estava de fácil acesso. Talvez como uma saída de emergência.

Henry me dá o sinal de que está tudo limpo na parte de baixo, e sinalizamos entre nós para subirmos. Nossos passos eram inaudíveis, sabíamos passar despercebido, tínhamos treinamento para fazer isso.

Eles vão acabar derrubando o portão, Ricardo. – Era a voz do irmão mais velho de Clara, Cezar. Não pude conter o sorriso.

E agora? Pra onde vamos com o Papai assim? – Meu coração dispara. Era a voz dela. Ela estava viva.

Henry se posiciona ao lado da porta, com sua pistola, Colt Anaconda, em punho. – Clara? – Eu chamo em um sopro de voz. Eu estava mesmo nervosa. – Clara, sou eu, Bia. –Digo com mais precisão na voz.

Oh meu Deus, é a Bia! – Ela exclama de dentro do quarto. A porta abre. – Bia? – Ela me abraça desesperadamente. – Oh meu Deus, você ta bem? Ta ferida? - Ela nos separa bruscamente do abraço e checa se eu tenho algum ferimento.

– Eu to bem sim Clara, e você? – Faço o mesmo procedimento nela.

–Eu to bem, fisicamente pelo menos. Só to exausta. Não consegui dormir direito desde que isso começou.

– Você vai conseguir dormir logo, logo. Eu prometo. – A abracei novamente. Aquele abraço que esperou sete anos para voltar a acontecer, e foi como se nossos corpos nunca tivessem sido separados.

– Ta, chega de abraço vocês duas. – Ricardo puxa Clara. Eu o fuzilo com o olhar.

– Ainda bem que você veio Bia. Nós estávamos perdidos aqui. Nem comida nós temos. – Cezar falava com a expressão cansada.

– Imagino Cezinha... Mas o pior é que nem eu tenho comida comigo agora. Mas tenho algumas barrinhas de cereal no carro.

– CLARA! – A mãe de Clara grita do banheiro. Todos correm.

– O que houve mãe? – Ela pergunta aflita.

– Seu pai... Ele não ta mais respirando. – Ela responde aos prantos.

– Me deixa checar a pulsação dele. – Abaixei e senti seu pulso. Respiro fundo, e balanço a cabeça negativamente. – Sem pulsação.

Olho para Clara que cai de joelhos, em prantos, ela abraça a mãe. Cezar tinha a expressão atordoada, ele levanta as mãos até a cabeça. Ricardo estava absorto, não demonstrou nenhuma emoção. Estava em choque.

Olho para Henry, com os olhos marejados, e ele me lança um olhar solidário. Ele sabia que o pai de Clara foi meu primeiro mestre de artes marciais. Foi assim que conheci Clara, em uma das aulas. Eu estava em uma turma mais avançada, sou dois anos mais velha que ela. E eu ajudava seu pai com os alunos mais novos. E em um alongamento, nossos olhos se encontraram, meu sorriso se alargou, e ali mesmo eu sabia que ela seria a dona do meu sorriso.

Agora nossos olhos se encontram de novo. E, em vez de sorriso, eles acompanham uma expressão triste, de luto, por tudo e todos.

O corpo do pai de Clara começa a ter espasmos, e ele soltava gemidos fracos, inaudíveis. Não percebi até que ele agarra meu braço, e tenta morder meu ombro. Graças ao meu reflexo, consegui desviar e me soltar dele empurrando-o para longe. Os demais se afastam desesperadamente, aos prantos. Aquela cena do pai deles, e respectivo marido de Dona Camila, era muito forte.

Ele foi meu mestre dos sete aos dezesseis anos. E, além disso, sempre foi um grande amigo, como um pai para mim. Clara chorava no peito de Ricardo, e ele a confortava com um abraço. Ela escondia o rosto, para não ver seu pai transformado. Cezar abraçava a sua mãe. Ela estava desolada.

Eu não sabia que eles se transformavam tão rápido, ou talvez varie de organismo para organismo. Ele tentava se levantar, com dificuldade. Aquele não era mais o Alan, pai de Clara e Cezar, meu querido mestre. Era mais um morto-vivo, ansiando por um pedaço de carne.

Henry me estende a sua adaga. E me dá um sinal para que eu fizesse. Mas como eu enfiaria uma faca na cabeça do zumbi que foi meu grande amigo, e pai do grande amor da minha vida, na frente da família que lhe restou?

Ele estava perto mais uma vez. Eu podia sentir seu halito com cheiro de sangue e coisa morta, suas mãos geladas tentando me segurar, para em fim, tirar um pedaço meu. Fecho os meus olhos e o acerto na cabeça, e seu corpo cai desfalecido no chão.

Henry me apoiava com o olhar. Olho para Cezar, que tem o mesmo olhar para mim. Ricardo ainda absorto, e Clara não conseguia me encarar mais. Dona Camila, mãe de Clara e Cezar, me olhava triste, mas veio me abraçar e agradecer pelo que fiz.

– Obrigada. Eu sei que ele não era mais o meu Alan, e que meu Alan jamais iria querer ficar como uma dessas coisas. – Eu sorrio em resposta, e aperto ainda mais o abraço.

Ouvimos um baralho terrível vindo de fora. Corro até a janela, e vejo o portão ao chão, e a confusão daqueles zumbis para entrar. Eles se pisoteavam, caiam um por cima dos outros. Eram atrapalhados, mas logo levantavam e avançavam em direção a casa.

– É melhor sairmos logo daqui. – Afirmei com autoridade na voz.

– Você tem razão, essa porta não vai aguentar muito tempo, e não vamos esperar eles se espalharem pelo quintal para dificultar a nossa saída. – Henry reforçava o que eu tinha dito.

Clara e os demais vão atrás de suas coisas. Cada um com uma mochila, enchendo com algumas utilidades para a viagem.

Descemos as escadas correndo, nos direcionamos a cozinha. Eu ia na frente com a minha Katana, e Henry atrás dos demais com seu Colt, me dando cobertura. Corremos para o muro, onde eu deixei a escada esperando. Subi primeiro, e pulei para a árvore. Depois veio a Dona Camila, em seguida Cezar, depois Ricardo. Escuto tiros vindo do outro lado do muro. – Droga! – Clara e Henry ainda estavam lá. – Henry!! – Gritei.

– Sobe logo Clara! – Ele gritava.

Logo avisto Clara em cima do muro. Olho para o lado e um Zumbi estava bem próximo de Ricardo. O decapitei antes mesmo dele perceber. Guardo a katana na saya com a mesma agilidade. – Vem Clara. – Eu a ajudo a descer. Ouço mais tiros. – HENRY! – Peguei distância, e habilmente escalei o muro. Com um pulo só. Pego a minha Glock, agora com a streamLight ligada, e vou derrubando os demais ao redor de Henry. Vejo que a escada está no chão. Olho para o lado em que estavam Clara e os outros, e vejo que mais alguns dos mordedores que estavam na região se aproximavam. – MERDA! – Exclamei. – Henry, pula! – Ordenei.

Ele pegou distancia, e pulou, conseguindo alcançar o topo do muro. Mas ele não conseguiu segurar firme, e quando ia cair, eu puxei sua mão ele conseguiu se apoiar. Ambos pulamos dali de cima. Sinto meu pé reclamar, ao se chocar com o chão. Mas eu não sucumbiria à dor. Henry atirava nos zumbis da esquerda, e eu nos da direita. Corremos o seis em direção ao carro.

Abri a porta às pressas. Clara, Ricardo, Cezar e Dona Camila ficaram no banco de trás, Henry sentou no banco do carona. Eu assumi mais uma vez o volante. Dei a partida e saímos dali, onde eu só via a imagem dos cadáveres pelo espelho retrovisor do carro.

Pego a mochila que estava nos pés de Henry. – Abre, por favor. – Ele faz o que pedi. – Aqui, comam essas barrinhas. Isso vai enganar a fome de vocês até chegarmos lá na minha casa. – Sem cerimônia os quatro pegam as barrinhas e comem depressa.

Estavam mesmo com fome. Henry liga o rádio, e logo toca mais uma música de minha coleção no pendrive. “Here comes the Sun”, Beatles. Eu olhava Clara pelo espelho, ela estava tão vulnerável, e tão assustada e cansada. Naquele momento jurei a mim mesma que a protegeria contra tudo. Mesmo que ela nunca voltasse a ser minha, eu daria a minha vida por ela. Estava amanhecendo, e o rosto dela irradiava com a luz do sol...

Here comes the Sun... Here comes the sun, And I say, It's all right. Little darling, It's been a long cold lonely winter. Little darling, It feels like years since it's been here. Here comes the sun… Here comes the sun, And I say, It's all right…”


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Notas finais do capítulo

"And I say... It's all rigth..." Amo demais essa música!!
https://www.youtube.com/watch?v=Ldt6f7gleDI

Gente o que acharam da Clara? Sei que ainda foi pouco dela, mas já da pra ter uma base... Ou não. hahaha
E a Bia? O que acharam da atitude dela de ir até o inferno atrás de uma ex namorada que está noiva de um ex melhor amigo, sabendo que eles poderiam estar mortos, e chegando na hora certa, pq se ela demorasse mais um dia, provavelmente eles estariam mortos e tals... Bia ta me saindo um Batman ("I'm a Batman!" - Dean Winchester)! kkkkk
É isso gente, por hoje é só. Agora só quarta que vem! Beijão a todos! Nos vemos nos comentários! ;)



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