Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 4
Eu preciso saber...


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Como prometido, postando o capítulo novo na quarta (Êba!)!
To feliz com o andamento da fic, to mesmo gostando de escrevê-la. Sei que tem muita gente lendo, por mais que não estejam comentando, mas o que importa é que estão lendo. E se caso acharem que o que estão lendo é bom, deixem um comentário sobre a estória, o capítulo, as personagens, as autoras... Isso me incentiva a continuar escrevendo. Parei mts fics por causa de falta de comentários, essa, em particular é meu orgulho, pois há mt que to com essa estória na cabeça, e finalmente consegui juntas as ideias e compartilhar com vcs. Hehe
Esse cap tem música, quem gosta de Beatles, vai curtir, e quem não gosta, vai aprender a gostar! ;P
Vou deixar link pra vcs ^^
https://www.youtube.com/watch?v=BrxZhWCAuQw

Assistam, vale a pena!

ATUALIZANDO...



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Marina acorda e olhava ao redor. O carro estava em movimento, mas ela estava em um sono tão pesado, que não percebeu que estávamos de volta à estrada.

– Por que não me acordou? – Eu não respondi. Ela pegou suas roupas que estavam no banco de trás e as vestiu.

Eu estava entrando no bairro onde cresci. Um bairro simples, calmo, era muito difícil acontecer algo por ali. Era sempre tudo muito organizado. Quase zona rural, as casas tinham terrenos enormes. Eram como sítios, só que com muros enormes.

E assim, como todo o trajeto que fizemos, estava tudo um caos. Carros abandonados, alguns corpos no chão. Mortos vivos vagando por todos os lados. Havia muitos rostos conhecidos. Pessoas que eu não tinha muito contato, mas conhecia bem seus rostos, agora ensanguentados e inexpressivos. Foi muito difícil manter a calma, mas aguentei firme. Eu já estava me conformando com a atual realidade em que eu me encontrava.

À medida que eu dirigia e me aproximava de casa, meu coração batia forte. E se minha casa estava do mesmo jeito que as outras? Invadidas, destruídas, saqueadas... E se eu me deparo com mais algum zumbi de rosto familiar? E se esse rosto for algum familiar meu?

– Você ta muito quieta... – Eu a encaro. – Sei que é difícil ver o lugar onde você cresceu nesse estado, mas vamos pensar positivo, ok? – Ela me passava forças. Dou um sorriso agradecido.

Avisto o muro da minha casa, que era o maior do bairro, assim como o terreno, assim como a casa. Nossa casa era enorme, tinha três andares, sendo que os dois últimos eram apenas quartos e escritórios. O terreno era bem grande, tinha até um mini campo de futebol. Tinha também a casa dos caseiros. De repente me passa um flash rápido de memória, onde me vejo criança, subindo nas árvores frutíferas, e me sujando toda do suco e nódoas que derramava em minha roupa.

– Chegamos... – Falei cabisbaixa. Respirei fundo.

Tinham uns três zumbis no portão, batendo, tentando forçar a entrada. Reconheci, eram alguns vizinhos da rua. Olhei para Marina, que só esperava algum sinal meu para que ela abatesse os cadáveres que teimavam em continuar de pé.

– E então?

– Vamos descer. – Eu disse decidida a acabar com eles.

Desci do carro, e saco a minha pistola, mas Marina é mais rápida, e deu três ótimos tiros, segundos depois eles estavam no chão. Olho pra cima, e percebo movimento na torre de vigilância da casa. Vejo um rosto bem familiar e me sinto aliviada. Era meu irmão, Lucas.

– Ótima escolha para se colocar na torre de vigilância. Já aprendeu a atirar ôh pivete? – Eu disse descontraída. Ele me olha incrédulo.

– Bia? Caralho! Bia é você mesma? Puta que pariu! Tu ta viva! – Ele vibrava de felicidade.

– Se não abrir logo esse portão, isso pode mudar a qualquer momento, pois os tiros que a minha amiga “dedo nervoso” aqui deu, com certeza vai atrair mais deles pra cá. – Disse divertida. Eu estava mesmo feliz em ver aquele fedelho. Ele era o meu irmão mais novo. – Tá todo mundo bem?

– Sim! Espera, vou abrir o portão. – Ele desce correndo as escadas, e abre o portão. Marina já tinha ligado o carro, e já passava por mim, dando uma piscadela cúmplice e entrando portão adentro. – Caralho cara! Você... – Ele começa a chorar. – Você ta viva maninha... – Me abraça com muita força, o que me deixa sem ar.

– E pretendo continuar... Afrouxa mais esse abraço guri. – Ele me solta, e eu busco ar desesperadamente.

Olho mais a frente e vejo meus pais correrem na minha direção. Vejo meus amigos também. Meus avós paternos, tios e tias também paternos. Meus primos, os quais sou mais apegada. Fico emocionada.

– Minha filha... – Minha mãe me abraça aos prantos. – Tentamos tanto entrar em contato com você, mas não conseguimos...

– Eu sei, as linhas estão congestionadas. Eu também tentei e muito, mãe. – A levanto com o meu abraço. – Pai... Que saudades... Eu pensei que eu tinha perdido vocês. Lá fora está um caos. Vocês viram?

– Quando começaram os rumores de infecção aqui, seus irmãos sugeriram trazer todo mundo pra cá. Ai, nós fomos buscar meus pais e meus irmãos. Seus amigos vieram pedir abrigo aqui, pois sabem que o muro aqui é o mais alto, e o portão é o mais resistente. Graças a Deus você é um pouco paranoica, e resolveu colocar esse portão de aço. – Meu Pai diz enquanto me abraça.

–Muito bom ver que tá todo mundo vivo, e bem...

– Bom... Bem até que estamos, mas não por muito tempo. A comida está acabando. – Thiago meu irmão mais velho me interrompe.

– Eu trouxe bastante comida, está no porta-malas. Muitos enlatados. São mais práticos no quartel.

– Graças a Deus, não aguentava mais comer arroz. – Ele diz aliviado.

– Vocês estão comendo só arroz? – Ele assente. Era pior do que eu pensava. - Tem um supermercado aqui perto. Podemos ir lá e ver se pegamos alguns mantimentos.

– É, mas não temos armas. Ao contrário de você, eu e o Lucas não estávamos no quartel quando tudo começou.

– Tudo bem Thiago, eu também trouxe armas e muita munição. Mas vamos economizar.

Andei pela casa, cumprimentei todo mundo a meu redor. E de repente me vem à percepção de que está faltando alguém. – Clara!

Corri para dentro de casa a sua procura. Olhei desesperadamente em cada cômodo daquela imensa casa.

– Lucas, Mãe, Pai, Thiago... Cadê a Clara? – Eles se entreolham cabisbaixos.

– Não sabemos dela maninha... – Lucas responde receoso.

– Como assim? Vocês não foram buscar a Clara? – Eu estava em pânico.

– Tentamos ligar, mas não conseguimos contato. E a casa dela é mais longe do que o quartel filha... – Meu pai se explicava.

– Oh meu Deus... – Me ajoelhei no chão, levei as mãos até a cabeça em sinal de desespero. Lágrimas caiam involuntariamente. – Eu vou atrás dela.

– O QUE?! – Dizem em uníssono.

– Você ta maluca? Você viu como está lá fora! Ir atrás da Clara é loucura! – Thiago me advertia.

– Não posso deixar ela lá fora. A casa dela não é tão segura quanto a nossa. Desculpem gente, mas eu tenho que ir.

– Não vou deixar que nenhum dos meus outros filhos se arrisquem para você ir em busca da sua ex namorada, que não está nem ai pra você a sete anos! – Meu pai estava firme.

– Desculpa Bia, mas o Papai tem razão. A Clara não liga mais pra você há tempos. Só você que ainda se preocupa com ela. – Thiago o meu irmão mais velho tentava me colocar alguma consciência. – Você voltou do Irã, e quantas vezes ela veio te ver? Nenhuma. – Contrai o maxilar. Mas ele tinha razão.

– Tudo bem se vocês não querem ir, mas eu vou atrás dela. Sozinha. Eu não quero arriscar a vida de ninguém, mas eu tenho mesmo que ir. Ou eu nunca vou me perdoar por não ter seguido o meu coração. Por mais que ela esteja noiva daquele traíra do Ricardo.

– Eu vou com você. – Marina se prontifica.

– Não Marina, você de longe é a melhor atiradora do grupo. Meus irmãos também são militares, mas eles não são tão bons quanto você, já que um é engenheiro e o outro é médico. E meu pai já está aposentado. Preciso que fique e ajude a proteger a minha família.

– Tem certeza? – Ela pergunta preocupada.

– Sim. Eu ficaria mais tranquila com você aqui dentro.

– E se você não conseguir atirar nos zumbis? – Ela estava visivelmente nervosa.

– Eu estou relaxada, lembra? – Ela sorri ainda nervosa e assente. – Ok... Vou aproveitar e ir pegando alguns mantimentos pelo caminho.

– Hey! – Thiago trazia uma de minhas Katanas que ganhei de presente do meu mestre de artes marciais no meu tempo de cadete no quartel. – Leva ela, não faz barulho, e faz um bom estrago neles. Eu tive que usar algumas vezes, e me foi muito útil.

– Obrigada. Eu vou voltar logo, prometo. – Fui até meu Impala, e peguei a mochila que eu encontrei no carro abandonado. Retirei os rádios e entreguei um para o meu irmão mais velho. – Toma esse radio, já que as linhas não estão funcionando por estarem congestionadas, nós poderemos nos comunicar através deles.

– Certo... Cuidado maninha. Boa sorte. – Ele me abraça triste. Logo minha mãe e meu irmão também me abraçam. Meu pai me reprovou com o olhar e me deu as costas.

Saio com o carro, atravessando aquele imenso portão novamente. Respirei fundo algumas vezes e segui adiante, com a esperança de que iria encontrar Clara bem, viva, e disposta a vir comigo para a minha casa.

Marco no GPS o endereço de Clara. E ele vai me alarmando os caminhos, mas havia muitos carros abandonados por todos os lugares, o que me fazia mudar de rota, várias e várias vezes. Reparei que eu não tinha visto ninguém vivo nas ruas desde que sai do quartel até ali, o que fez com que minhas esperanças de encontrar Clara, viva, murcharem. Mas pensei que eu havia encontrado a minha família bem, então Clara e a família dela também deveriam estar bem. O sol de meio dia estava castigando de tão quente, e eu estava faminta. Não comia desde que sai do quartel. Aliás, não me alimentei direito desde que tudo começou aqui no Brasil. Lembrei das barrinhas na mochila santa que encontrei, e torci para que Mari tivesse deixado pelo menos uma para mim. As encontro, e ainda tinham muitas, devoro umas 3 sem cerimônia.

Continuei a dirigir, e finalmente encontro alguém vivo, sendo encurralado por alguns Zumbis. Acelerei o carro, dei um cavalo de pau, virando o carro para que ele pudesse entrar rápido pela porta do carona. Nem notei quem era. Só abri a porta, e em fração de segundos ele entra e eu acelero dali.

– Graças a Deus você apareceu! – Eu definitivamente conhecia aquela voz. – Bia?

– Henry? – Ele estava tão surpreso quanto eu.

– Que filho da puta de sorte eu sou! Ser salvo de uma multidão de mordedores, pela minha melhor amiga e capitã, Bia Leão. – Ele ria de nervoso.

– Que filho da puta. Com o nervosismo, e a adrenalina, não vi que era você. Nossa... Ainda bem que te achei Henry.

– Então? Qual a rota de passeio do mundo dos horrores?

– Estou indo buscar a Clara. – Disse séria.

– O que? A Clara? Sua ex que te largou assim que você entrou na aeronáutica?

– Essa mesma. – Ele me reprovava com o olhar.

– Fazer o que né? O amor é mesmo uma sementinha roxa, no coração dos trouxas. – Ele zomba de mim.

– Vai se fuder. – Disse sem paciência. Ele ri.

Seguimos em silêncio. Ele abria e fechava a boca por vezes, sem emitir som algum. Logo entendi que ele queria falar algo para mim, mas não sabia como começar. Eu já imaginava o que seria. Ninguém sem sã consciência iria aprovar a ideia de eu atravessar a cidade atrás de uma ex namorada que me abandonou quando entrei para o esquadrão especial das forças aéreas, e está noiva do meu ex melhor amigo de infância. Talvez até o meu subinconsciente também concorde que é loucura. E se ela realmente estiver morta? E se seus pais, meus ex sogros maravilhosos, os quais eu tanto amava, e que nunca me esqueceram, também estivessem mortos? Seria muito para mim e para o meu psicológico atualmente frágil. E o sexo casual que tive ontem com Marina não será nem de longe a solução para esse problema em específico. Onde eu imaginaria que um dia ia dar essa merda toda, e que cadáveres andariam? E que Clara poderia ser um deles nesse exato momento...

– Bia... – Em fim ele conseguiu dizer alguma coisa. – Sabe que é loucura, não é?

– Pode ser... Mas eu preciso saber.

– Mas e se você não conseguir saber? E se você chegar a casa dela, e não tiver ninguém lá?

– Vou pensar que ela fugiu as pressas?

– E se encontrar sangue por todo lado? E a casa toda revirada? – Ele parecia lembrar de algo ao detalhar essa cena.

– Sem um corpo, ou morto vivo com as feições dela, ainda terei esperanças. – Disse firme.

– E se você a encontrar... Na... Rua, comendo o irmão dela? – Pude ver uma lágrima cair de seus olhos. Eu encosto o carro.

– O que houve? Isso aconteceu com você, não foi? – Ele balança a cabeça assentindo. – Eu... Sinto muito Henry. – Disse cabisbaixa.

Não sabia o que dizer para confortá-lo, eu tive sorte da minha família estar bem, pelo menos os mais próximos, os outros podem ter tido o mesmo destino da família dele. Engatei a marcha e continuei a dirigir.

– Posso colocar alguma música? – Ele pede com uma expressão arrasada.

– Claro. Meu pendrive está no porta-luvas. – Ele liga o rádio e Blackbird, dos Beatles, começa a tocar.

Trocamos olhares tristes e começamos a chorar. A dor dele era também a minha. Seguimos em silêncio, enquanto a música ecoava no interior do meu velho Impala.

“Blackbird singing in the dead of night, take these broken wings and learn to fly. All your life. You were only waiting for this moment to arise…

… Blackbird, fly, blackbird, fly. Into the light of the dark black night…

… You were only waiting for this moment to arise…”


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Notas finais do capítulo

Como deu pra perceber a Clara é muito importante para a Bia, pra ela arriscar sair mais uma vez e sozinha atrás dela. E o Henry vai somar forças com Bia. Ele tbm será muito importante, muitas ação com esses dois ainda por vir no decorrer...
O que acharam?



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