Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 2
Fantasmas.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Conversei com a minha co-autora e decidimos postar o capitulo semanalmente. E o dia que iremos postar será todas as quartas (deve-se ao fato de eu não ter aula nesse dia). Espero que estejam gostando do que estão lendo. E se gostarem ajudem divulgando a fic para os amigos, e tbm loucos por zumbis.
Espero que gostem desse capítulo. Até lá em baixo...
A t u a l i z a n d o!



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– Pronto, acho que temos tudo que podemos precisar, desde armas e munição a mantimentos.

– É, acho que ta tudo ok... Esse é o seu carro? – Ela se impressiona ao ver meu Impala 67, preto.

– É sim! – Falei orgulhosa. – Adoro os clássicos. – Ela abre um sorriso.

– Sempre pensei que você teria um Camaro, ou algo mais moderno...

– Não, prefiro os clássicos. E esse é o melhor dos melhores! Mudei o motor, dei uma envenenada, gosto mesmo de correr com ele. Atualizei ele um pouco, troquei o toca fitas, por um radio mais atual, que pega DVD, MP3, USB e tem GPS também. Sem falar que ele tem rastreador, caso alguém tente roubá-lo. Posso rastrear do meu celular. Um clássico, porém, banhado em tecnologia de ponta.

– Uau! Você parece uma criança que acabou de ganhar um vídeo game de presente de Natal ao falar dele. Nunca te imaginei assim...

– Assim como? Apesar de ter me chamado de criança na entrelinha. – Revirei os olhos.

– Assim... Uma pessoa normal, além desse uniforme.

– Entendi. Sim, Dona Marina, sou uma pessoa normal, real, não sou o “homem de ferro” e muito menos o “capitão America”. E sim, eu adoro vídeo game também. – Ela ri.

Terminamos de colocar as coisas no porta-malas, e pegamos estrada. Minha casa ficava à uma hora do quartel. Ao sair nos deparamos com o caos total. Eram carros abandonados, sangue por todo lado, vias engarrafadas. Sorte a minha que meu carro tinha o GPS embutido no CD player, o que me ajudou a ir por outro caminho.

Os mortos já vagavam por ali, eram lentos e lerdos. Mas sempre que percebiam movimento ficavam em alerta, e partiam para o ataque. Presenciamos coisas terríveis, escutávamos gritos vindo de todo lugar. Marina reconheceu o carro de Victor, a janela estava quebrada, e o sangue contrastava com a pintura prata da lataria. Nos olhamos com uma expressão pesada. Por um momento me culpei por ter deixado eles escolherem, afinal, eles ainda estariam vivos se eu tivesse sido mais firme, e não ter deixado eles saírem dali.

– Olha, a culpa não foi sua. – Marina quebra o silencio que me ensurdecia. – Você nos deu uma escolha, ele escolheu partir. O grupo resolveu partir. Ele pode não ter conseguido, mas os outros podem estar bem. – Dei um sorriso fraco pra ela em forma de agradecimento.

Seguimos sem muitas palavras. A imagem do carro ensanguentado de um de meus alunos me assombrava. Eu odiava aquela sensação de desespero, que eu já conhecia desde que voltei da Guerra. A sensação de ter o sangue de alguém nas mãos era intragável, minha garganta em nós, doía toda vez que tentava engolir em seco.

Um carro estava atravessado no meio do caminho, o que impossibilitava a passagem. Assim como muitos que deixamos para trás, esse também tinha sido abandonado. Eu não sabia o quão ruim a situação estava fora do quartel, foi um choque ver tudo... Destruído.

– Vou ter que tirar esse carro do caminho, do contrário não tem como passar, e voltar nos levaria novamente ao engarrafamento de carros abandonados pelo qual passamos. – Falei enquanto parava o carro. – Toma aqui essa pistola. É uma PT-59 Calibre .380 ACP. Suporta 19 balas mais uma no cano. – Ela prestava atenção em minhas instruções. – Você vai me cobrir enquanto eu afasto aquele carro pro canteiro, entendeu? – Ela fica nervosa.

– Mas... Mas... Capitã, eu praticamente não sei atirar, fui a melhor no tiro ao alvo, mas o alvo estava parado. E essas coisas se movem. E se... Eu errar e acertar você? – Ela abaixa a cabeça.

– Marina, primeiro, pode me chamar de Bia. Segundo, você não vai errar. Você é boa nisso. Tem que confiar no que você já aprendeu. Sei que há uma diferença entre alvos parados e que movem, e sei que não deu tempo de treinar com os desse tipo. Mas lembra do que falei sobre você manter a calma, respirar fundo e focar em um ponto fixo antes de atirar? – Ela assente. - Esse é o segredo, primeiro confiança, depois a técnica.

– Mas... Bia... – Ela estava apavorada.

– Olha Marina, eu confio mesmo em você. E sei que você vai conseguir me proteger daqui de dentro. – Olho para os lados e avisto alguns zumbis por perto. - Preste bastante atenção em tudo que estiver à volta. Assim que eu descer, eu quero que você pule para o banco do motorista, e se prepare para ligar o carro, com certeza o barulho vai atrair aqueles lerdos ali. Preste atenção nos retrovisores. Vai ficar tudo bem, ok? – Pisco confiante. Mas no fundo eu estava tão nervosa quanto ela por entregar a minha vida nas mãos de uma cadete que não concluiu as aulas de tiro. Mas era o único suporte que eu teria.

Destravei minha Glock G25 com streamlight TLR-1s instalado, e fui em direção ao carro atravessado. Ao chegar perto, vi que havia alguns zumbis do outro lado do carro, me abaixei e fui andando. Me escorei no carro, respirei fundo. De repente zumbis não eram tão legais. Na verdade, eram apavorantes. Dava pra sentir o cheiro de sangue exalando de seus halitos. Ver a cena de uma pessoa comendo partes de outra, era o mesmo que estar em um pesadelo e não poder acordar. O barulho que faziam, como uma tentativa de emitir alguma palavra, era angustiante. Já vi pessoas bem debilitadas, mas essas estavam vivas. E essas, um dia, também estiveram... Isso é mesmo horrível.

Abri a porta do carro atravessado devagar, soltei o freio de mão e fui empurrando o carro sem muita dificuldade. Não poderia passar despercebida por eles, que já olhavam curiosos e furiosos na direção do carro em movimento. Dentro do carro havia uma mochila no banco do carona, e pude ver dois rádios Walk Talk. Coloquei a mochila no ombro e continuei empurrando. Logo escuto um tiro, e sinto um zumbi cair atrás de mim. Olho assustada para Marina, que me assentia de volta, com seriedade no olhar. Logo ela fez um sinal indicando que os outros estavam vindo. Empurrei o carro com toda a força que eu tinha, e o deixei deslizar sobre o asfalto quente daquela rodovia. Ali já dava pra passar o meu Impala.

Atrás de mim havia dois deles, prontos para me darem o “bote”. Mas dessa vez eu estava em alerta, e consegui desviar antes que um pudesse me agarrar. Os dois, atrapalhados, acabam se abraçando, e caindo. Lutavam um com o outro, até perceberem que nenhum dos dois havia me capturado. Eles se soltam e tentam se levantar. Eu aproveito para sair dali, mas um agarra o meu pé. Olho para Marina, que estava ocupada com os que vinham de trás do carro, ela atirava pela janela. Meu coturno me salvava dos arranhões, os quais até então eu não sabia se poderia ou não causar uma contaminação. Com o outro pé, chutei a sua cabeça umas 3 vezes até ele soltar. O outro já de pé, conseguiu me segurar por trás, ele tentava me morder, e eu tentava desesperadamente me soltar. Consegui aplicar um golpe nele, o que o fez se ajoelhar, sua boca muito próxima do meu corpo, seus dentes desceram raspando na minha jaqueta de couro, e com um pé o empurrei, fazendo ele cair me dando o espaço mínimo, mas suficiente para me mexer e sair dentre aqueles dois mortos vivos. Eles insistiam em vir atrás de mim, ambos já de pé, tentaram correr, a passos lentos, para me alcançar. Escuto mais dois disparos, e observo eles caírem ao chão, inertes, mais uma vez sem vida.

Marina conseguiu abater os 10 zumbis que estavam por perto, e eu não consegui nem tirar a minha pistola do meu coldre. A ideia de que aqueles seres desfigurados e ensanguentados eram zumbis ainda era surreal pra mim, hesitei por todo tempo atirar em um deles. Eles foram pessoas inocentes, trabalhadores, pais de família... O fantasma de guerra me perseguia, tudo o que eu tinha feito em campo de batalha, me assombrava, e me fazia evitar atirar novamente contra um ser humano. Por isso não podia mais voltar pro Irã, por isso fiquei dando aulas de tiro dentro do conforto do quartel. E agora eu teria que atirar em rostos conhecidos e mortificados? Alguém lá de cima estava me pregando uma peça, e de humor bem negro.

– Você está bem? – Fiquei perdida em meus pensamentos, vendo aqueles dois cadáveres ao chão, que devo ter paralisado por alguns instantes, tempo o suficiente para Marina ligar o carro e parar ao meu lado com o semblante mais preocupado que eu já a vi expressar em todo pouco tempo que nos conhecemos.

– Eu travei... Simplesmente, travei. Não consegui usar a minha arma nem para me defender... Eu... –Eu estava derrotada.

– Vem Bia, entra no carro. Temos muito chão ainda para dirigir. E os tiros pode ter atraído mais deles. – Entrei no carro, e Marina gentilmente, o dirigia.

Eu não estava me sentindo bem. Não fui ferida ou coisa do tipo, mas minha cabeça estava a mil. Eu estava em um efeito dominó, havia perdido muito, e minha sanidade parecia que também se desfazia de mim. Juntou os fantasmas do passado e do presente, e minha cabeça entrou em curto. Eu travei, arriscando a minha vida, e a de Marina também, que se saiu muito bem, mas eu não lhe dei alternativas, e no calor do momento ela conseguiu acertar todos os alvos precisamente.

– Desculpe... – Foi só o que consegui dizer.

– Tudo bem, você está cansada. Não é fácil pra ninguém essa situação.

– Eu deveria te proteger!

– Você se arriscou por mim, você tomou a iniciativa de ir lá e tirar o carro do caminho. Provavelmente se tivesse sido eu, eles teriam me pegado. Você agiu rápido, conseguiu desviar deles.

– Mas eu deixei outras coisas tomarem conta de mim, entrei em pânico. Eu não deveria ter hesitado a tirar a arma do coldre, eu deveria ter atirado neles.

– Bia, quando eu vi aquele primeiro chegando perto de você, eu também hesitei a atirar. Afinal eles foram pessoas, e essa imagem ainda está recente. Não são nada parecidos com aqueles cadáveres de filmes, que assim que se transformam viram monstros decompostos, a imagem humana deles está bem evidente. Foi difícil pra eu entender que eu deveria atirar nele, enquanto isso ele chegava perto de você, ai eu tive que fazer uma escolha, não atirar por uma questão de princípios, já mortos, da nossa sociedade, ou salvar a sua vida. Eu escolhi o corpo vivo. Eu escolhi você. – Aquelas palavras me ajudaram com toda tormenta e conflitos que eu estava enfrentando naquele momento. E que aquela situação não era a mesma que eu vivi por alguns anos em um país diferente do meu, naquela luta urbana pelo poder.

– Escolhas... Você tem razão Mari, obrigada. – Dei um sorriso fraco.

– Só descansa, ok? E vai preparando seu psicológico para sacar sua pistola quando necessário.

– Tudo bem. – Fechei os olhos, precisava me concentrar. Precisava me equilibrar emocionalmente para enfrentar tudo aquilo, e proteger quem eu amo. Graças a Deus a Marina veio comigo, do contrário, eu teria tido o mesmo destino do Victor, o cadete insolente.

Fiz alguns exercícios de respiração, enquanto escutava o GPS indicando os melhores caminhos. Marina ligou o rádio, o qual passava uma mensagem do governo, para não sair de casa, repetidamente.


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Notas finais do capítulo

Não sei se o cap fico muito curto (eu achei), mas espero que tenham gostado, um pouquinho de ação é sempre bom. E Bia e Marina vão protagonizar bem mais ação no decorrer da estrada. Até o próximo pessoal, vejo vcs nos reviews. Besos ;*



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