Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 15
Sobrecarga.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, olha quem apareceu por aqui... Eu de novo, pra perturbar vcs um cadim!!
Hoje não vou enfeitar mt por aqui não, mas vou dar uns avisos. O capítulo de hoje tem "POV" (Ponto de vista) de outros personagens, espero que gostem de ver o que se passa na cabeça de outros dos nossos sobreviventes. É isso...
Atualizando...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486525/chapter/15

A volta estava sendo um pouco mais tranquila, Alexis e Bárbara paparicavam a pequena guerreira que conseguimos salvar. Ela ainda estava fraquinha, mas Bárbara conseguiu colocá-la no soro, e tínhamos algumas amostras de leite. Sem falar que na casa tinha aqueles leites especiais para recém-nascidos que não conseguem mamar, ou que tem algum problema.

Eu estava mesmo cansada. Aquela ultima luta tinha sugado todo o resto de minhas forças, e eu não estava mais aguentando a dor no meu pé. Quase bati o carro.

– Bia, Cuidado! – Alexis me alerta.

– Ta tudo bem, Bia? – Bárbara pergunta preocupada.

– Eu não aguento mais... – Comecei a chorar enquanto estacionava a ambulância.

– Seu pé? – Alexis perguntava em um tom aflito.

– Sim... Ta doendo muito. – Minha expressão era de dor. Mas não era só a dor do meu pé que incomodava.

– Deixa eu ver. – Bárbara levanta do banco. Eu me viro para ficar de frente a ela, eu ainda estava chorando muito. Ela retira a minha bota, começa a desenfaixar meu pé... – Nossa Bia! Ta quebrado. Não sei como aguentou até agora.

– Mas doutora... – Alexis começou a falar. – Eu o olhei mais cedo, e não estava desse jeito. Só havia uma contusão, não parecia quebrado não. – Alexis fala confusa.

– Pode ser, mas como ela forçou muito, correndo, lutando com aqueles zumbis, pulando em cima daquela ambulância, deve ter forçado demais o que já estava ruim. Está visivelmente quebrado... Está vendo como está escuro nessa parte? – Ela mostrava a lateral do meu pé. Alexis assente. – Então, isso indica que ela fraturou o osso. Ou seja, a senhorita vai ter que ficar em repouso absoluto desse pé. – E fez a recomendação.

– O que?! – Enxugo as lágrimas. - Mas eu não posso me dar ao luxo de ficar parada... E se acontece alguma coisa enquanto eu estou de molho? Por favor, doutora, eu tomo uma porrada de remédio... – Por mais cansada que eu estivesse, ainda me sentia responsável pela segurança de todos.

– Ta maluca? – Ela me interrompe. – Você pode tomar milhões de remédios que vai continuar quebrado, e vai piorando se você continuar forçando. – Ela tinha razão... Iria piorar se eu forçasse, e eu sem um pé seria mais inútil do que fui com o pé quebrado. – Alexis você assume a direção. – Ela fala a Alexis. - Bia dê as coordenadas, e arrume uma posição para descansar o pé. – Alexis e eu assentimos ao mesmo tempo.

Fui dando as coordenadas a Alexis, a contra gosto, e ela realmente fazia jus ao apelido que ela mesma se deu, o de piloto de fuga. Ela conseguia passar pelos carros e mordedores sem muita dificuldade. Logo reconheço a avenida que dá acesso ao meu pequeno bairro. Entrar ali e ver aquele cenário ainda mexia comigo. Não combinava com as lembranças que eu tinha de minha infância e adolescência. E aquilo me apertava o coração.

Em poucos minutos estávamos em frente ao portão. Da ultima vez que vi esse portão haviam cerca de 200 zumbis em frente, agora deveria ter umas 3 dezenas. Percebo movimentação na torre. Eles esperam algum sinal da ambulância. Procuro pelo meu rádio, mas não o encontro. Devo ter perdido em algum momento na lanchonete. Na ambulância tem um rádio, então eu tento a sorte. Tento sintonizar a frequência para pegar a frequência do rádio da torre.

– Alguém na escuta? Cambio. – Os zumbis que estavam à frente notaram a presença da ambulância.

Bia? É você na ambulância? Cambio. – Thiago me respondia.

– Sou eu sim maninho! – Olho para a janela e aparece um zumbi. Ele parecia familiar, me lembrava... Meu tio, irmão da minha mãe. Ele morava em um bairro vizinho, era dono de um bar. Quando eu era criança eu vivia naquele bar, aprendi jogar sinuca, meu jogo de mesa preferido, lá. Ver o rosto de um parente, depois de tudo... Nossa! Era a última coisa que eu precisava naquele momento.

Bia? Bia? Você está bem? – A voz do meu irmão ecoava pelo interior do carro e se misturava com um zumbido ensurdecedor que ecoava dentro da minha cabeça. Alexis me sacode na esperança de me trazer de volta, inutilmente.

– Leãozinho isso não é hora de dar pane no sistema!! Pelo amor de Deus desce pra terra! Eles estão tentando quebrar as janelas!! – Ela estava apavorada. Bárbara se abraçou com a pequena.

Bia? Porra!! Vamos abrir fogo! – E uma chuva de balas se fez diante a ambulância. O zumbi que estava do lado da minha janela é o último a ser derrubado, e com ele foi- se embora os meus sentidos. A bala atravessando sua cabeça foi à última coisa que eu vi antes de desmaiar.

***********************

POV Marina....

Bia está naquela ambulância, e se ela não respondeu mais é porque tem alguma coisa errada. Miro no zumbi que subia o capô do carro, e o acerto com um tiro perfeito em sua cabeça. O mesmo cai para o lado. Aquele primeiro tiro foi o que iniciou a sequencia de tiros dos demais que estavam na torre. Por mais que tenha sido precipitado, mas era a minha capitã delicia que estava ali, correndo risco.

– Bia? Bia? Responde!! – Thiago falava ao rádio desesperado. E confesso que eu também estava. Imaginar que a Bia poderia estar ferida, ou pior... Morta. Não! A Bia é tudo o que eu tenho no mundo.

Bia era o porto seguro de todos ali, não os conheço bem, mas sei que eles só estão sorrindo, vivendo, porque se sentem seguros na presença dela, e se algo tiver acontecido a ela... Nossa, eu não sei o que vai ser dessa gente. Eu não sei o que vai ser de mim!

– Droga! Ela não está mais respondendo... E se... – Ele mesmo corta o que ia falar e balança a cabeça tentando espantar o pensamento.

– Calma, Thiago. Até parece que não conhece a Bia. – Henry era o mais concentrado. Ele possuía uma calma, controlava a respiração, atirava com precisão. Eu também tinha melhorado muito, desde a última vez que me lembro. Conseguia tiros precisos daquela distância. Realmente ela era uma excelente professora de tiro. A melhor da escola de cadetes.

Continuamos atirando. Tentei manter a calma, respirei fundo e acertei a cabeça do último zumbi que estava batendo na janela, tentando forçar a entrada, ele vai ao chão.

– Lucas! Abre o portão! – Thiago grita ao caçula, e o mesmo corre em direção ao portão, e o abre. A ambulância adentra o local. O portão logo se fecha por trás da unidade.

Uma mulher desce, ela usava uma jaqueta de couro preta, um óculos aviador, tinha presença, era bem feita, mas algo nela me deixou com um pé atrás. Ela abre a porta do carona, e eu vejo Bia desacordada. Todos correm em direção a ambulância. Henry a tira de dentro da ambulância nos braços.

– O que houve com ela? – Pergunto encostando aquela forasteira contra o carro, com o braço contra seu pescoço e minha pistola na sua testa. Ela me olha como se tivesse visto um fantasma. Abria e fechava a boca sem conseguir emitir uma só palavra.

– Marina, o que está fazendo? – Lucas tenta me parar.

– Eu não confio nela. Olha o estado da Bia!! – Eu pressionava meu braço contra o pescoço dela, sufocando-a.

– Você ta sufocando ela! – Uma voz atrás de mim ecoa em minha consciência. Olho pra trás, ainda pressionando a forasteira contra o carro, mas a deixo respirar. Sinto sua respiração ofegante quando paro de apertar seu pescoço. Uma mulher, loira, de jaleco, com um bebê nos braços. A criança parecia fraca, e estava com uma agulha presa a esparadrapos, como se estivesse recebendo medicação. – Ela desmaiou só isso. O pé dela está quebrado, e ela está muito cansada. Não aguentou, o corpo cansa, sabia?

– Agora você pode me soltar, esquentadinha? – Ela fala em deboche. O que me irrita.

– Você teve sorte dessa vez, mas eu não te engoli, garota! – A solto e a ameaço com o olhar. Ela dá de ombros, o que me deixa mais irritada. Resolvo ir atrás de Henry, para ver como a Bia está. A Clara que se foda, eu que vou cuidar da minha capitã hoje.

********************

POV Henry...

Bia e sua teimosia... Ela nunca me escuta. Eu sabia que essa saída dela não ia acabar bem, mas pelo menos ela voltou e viva, e sem nenhuma mordida. – Se você me escutasse, e tivesse me deixado ir com você, ou mesmo me deixado ir, e tivesse ficado de repouso, nada disso teria acontecido. O que eu faço com você, Bianca? – A deita na cama delicadamente. Mas ela merecia que eu a jogasse brutamente, isso sim. Quando ela acordar, vai me escutar... A se vai!

Olho para o seu pé, o qual parecia uma bola roxa de tão inchado que estava. Realmente estava quebrado. Lembro do dia, em uma operação que essa pequena tomou um tiro no meu lugar. Eu devo muito mais que a minha vida a ela. Ela me escalou como o seu braço direito, mesmo sabendo que o Alex era melhor que eu, e o mais indicado. Ela me dizia que sem mim ela não era nada. Que aquele esquadrão só funcionava por causa da ligação que tínhamos. Sempre foi muito generosa, mesmo antes de ser capitã. Bia era a melhor pessoa que conheci em toda a minha vida. Por mais que a vida dela estivesse uma merda, por causa dessa garota, Clara, ela fazia de tudo pelos amigos. Todos do esquadrão a adoravam, a respeitavam, éramos como irmãos. E ela, apesar de ser a mais nova entre os membros, sempre foi a mãezona de todos. – Bia, você é o cara! Não é que trouxe uma médica? Espero que acorde logo, minha amiga.

Ela me ensinou muito sobre luta, me ensinou a controlar minha raiva, e até... Até me apresentou a minha esposa, Nayara... Não foi a toa que foi madrinha do meu filho, Yan. Respiro fundo, pensar neles ainda me doía muito. A forma como encontrei meu filho transformado, comendo as tripas da minha mulher, que estava grávida da minha primeira filha, minha garotinha que eu nem tive a chance de conhecer. Eu nunca vou esquecer o que vi, e fui um covarde por não ter acabado com o sofrimento do meu filho, não consegui apertar o gatilho e fugi. O deixando transformado, e deixando a minha mulher se transformar também.

****************

POV Clara...

Bia voltou desacordada, e meu coração está inquieto. Quero ir até o seu quarto, e ficar lá abraçada com ela, mas aquela piranha da Marina já subiu atrás da... Minha Bia. –Droga Clara! Porque você tem que ser tão idiota? – Penso alto.

– Porque disse isso? -Ricardo me pergunta confuso.

– Porque... Porque... Eu esqueci que não lavei as suas roupas sujas de sangue. Eu vou lá colocá-las de molho, ok? – Eu só queria sair de perto dele.

– Você é mesmo a melhor namorada do mundo! – Ele me beija. Mas eu não correspondo.

As vezes acho que ele se faz de tonto. Às vezes o recuso, e recuo quando ele me procura. Na verdade já faz meses que não transamos. E quando transávamos eu me sentia estranha. Já até cheguei a gostar, mas confesso que o último ano tem sido uma tortura. Ele está se mostrando grudento. Na verdade, sempre que a Bia estava pra voltar pra casa, para passar os 15 dias em casa, ele se transformava no melhor namorado do mundo, era o mais atencioso e cuidadoso. Realmente é muita coincidência, ou não. A Bia pode ter razão, mas o meu orgulho não me deixa admitir em voz alta que eu errei ao trocá-la por... Ele? O olho e ele está arrastando asa para Cristina, prima de Bia. – Que otário. – Entorto a boca.

Eu quero tanto ela de volta... Sinto saudades do seu cheiro, do seu corpo, do movimento gostoso que ela faz sobre mim, quando fazíamos amor. Bia me fazia sentir a pessoa mais especial do mundo só em me olhar. Fui egoísta com ela, fui injusta por todos esses anos. Mas o meu orgulho não me deixa chegar nela e dizer tudo isso. Eu fiz tanto mal pra ela, não acho que a mereço. Quando fui falar com ela, quando tomei finalmente coragem de ir lá, eu queria ter dito tudo, mas não consegui. Mesmo assim, tudo o que queria era senti-la de novo, mas não podia, dormir ao seu lado, olhando o seu rosto, sentindo o seu cheirinho de maçã que ela exala, já me era o bastante. Eu poderia morrer ali, que eu morreria feliz. Ah, Bia... Se soubesse o quanto ainda te amo, e o quanto me sinto uma filha da puta por ter feito o que fiz... Eu só queria conseguir falar, conseguir consertar meus erros. Mas pra isso tenho que passar por cima do meu orgulho, e isso não é fácil. Ela sabe o quanto sou orgulhosa, o quanto já brigamos, ela nem tendo culpa e eu a agredindo com palavras duras, e ela sempre assumindo a culpa do que não fez, ou fez inocentemente. Ela não tem um pingo de maldade no coração. Essa guerra deve ter mexido com a cabeça da minha rockeirinha, e agora esse mundo? É demais pra ela. Eu sei disso. Droga, que espécie de psicóloga eu sou? Que não consigo passar por cima de um orgulho idiota e lutar pela mulher que eu amo, enfrentando tudo! Ricardo, pai da Bia, Marina... Até zumbis! Que droga!! Só queria estar com ela agora...

*************

POV Alexis...

Ver aquele rosto... Nossa. Como? Depois de tantos anos sem vê-la. A última vez que a vi, ela estava no quintal da sua casa, sozinha, com uma carinha triste. Ela deveria ter uns 17 anos de idade. Deveria estar se sentindo solitária. Eu só queria poder estar lá com ela, dizer que eu sempre estive por perto. O destino nos separou quando eu tinha 5 anos, mas eu nunca vou esquecer do dia em que a segurei nos braços e disse que a protegeria de tudo. Principalmente da nossa mãe, aquela puta sem coração. Minha mãe era uma prostituta, engravidou do meu pai, um cliente mineiro que estava de férias em fortaleza. Ela disse que ele foi doce, que a tratou bem, que a fez se sentir mulher, especial, e que por isso ela decidiu ficar comigo. Ela também precisava de companhia. Mas na verdade, ela queria era expandir os negócios quando eu crescesse... Então ela engravidou de novo, de outro cliente, era um mexicano, daqueles estilo galã de novela, mexicana, é claro. E ela não queria de jeito nenhum ficar com mais uma criança, ela dizia que eu já dava prejuízo o suficiente, mas que eu iria pagá-la no futuro. Que eu a recompensaria, e traria a aposentadoria dela. Então ela conheceu um casal que colocou anuncio em um jornal, onde eles estavam atrás de uma "barriga de aluguel". Minha mãe fez melhor, entrou em contato e vendeu a minha irmãzinha, quem eu já amava muito. Ela tinha apenas duas semanas de vida quando eles chegaram e a levaram. Foi o dia mais triste da minha vida, mas eu dei um jeito de achá-la. Não era difícil, afinal ele eram ricos, e minha mãe os chantageou por um longo tempo, conseguindo dinheiro para não ir a imprensa e contar que o casal maravilha não tinha adotado coisa nenhuma sua filhinha querida, que eles tinham comprado, como quem compra um carro. Mas minha mãe nunca estava satisfeita, então me anunciou em um site e vendeu a minha virgindade. Eu tinha 13 anos, meu corpo ainda nem estava formado direito, esse foi o segundo dia mais triste da minha vida. Eu estava tão assustada, não queria deixar que aquele monstro encostasse em mim! Deve ser por isso que não consigo gostar de homem, deve ser por isso que sou lésbica, ou sempre fui, sei lá. Só sei que esse foi o meu maior trauma, e que depois disso eu fugi de casa, revoltada. Odiava a minha mãe pelo que ela fez. Dormi na rua, me vi pedindo dinheiro para sobreviver, mas mesmo assim, eu visitava a minha irmãzinha quase toda semana, silenciosamente. Subia o muro de sua casa, e ficava lá do alto a observando. Eu sabia a hora que ela chegava da escola, eu sabia onde ela estudava, eu sabia onde ela fazia balé... Eu a acompanhava quase que passo-a-passo. Ela sempre tão triste, tão sozinha. Nunca vi nenhuma interação com os pais, nem nos domingos, onde sempre tinha alguma reunião, ela sempre no canto, brincando sozinha com algumas folhas de sua árvore favorita, a qual ela escalava e ficava horas lá em cima. Um dia tentei me aproximar, eu devia ter uns 16 anos, mas os seguranças me pegaram, em me ameaçaram. Achavam que eu iria roubá-la, ou algo assim. Claro que eu comecei a roubar para sobreviver, mas a ela? Eu nunca roubaria a minha pequena irmãzinha.

Descobri que seu nome era Marina, um belo nome, mas eu a chamava de Ariel, eu era fã da pequena sereia. Então fui presa, fiquei três anos no reformatório, estudava, aprendi a ler e escrever, na verdade eu sabia, mas era pouca coisa. E com os meninos aprendi muita coisa, a fazer ligação direta, a pilotar, e a trapacear. Aprendi a usar o meu corpo como artimanha para enganar, mas nunca deixava que me tocassem. E no final, aquele reformatório acabou sendo uma faculdade para o mundo do crime, sai aos 18, e já colocando em prática tudo o que aprendi. Consegui um lugar para ficar, um bar de strip-tease, onde eu dançava e roubava a grana dos desavisados. Era um esquema, e o melhor era que eu pegava todas as stripers mais gostosas. Se eu tive algum amor? Tive... No reformatório conheci uma garota que me ensinou quase tudo o que eu sei, mas ela era mais velha e saiu primeiro que eu. Eu a amei muito, mas sabíamos que quando ela saísse seria o nosso adeus. Eu já fiz muita coisa, as quais não me orgulham... Sou uma das piores bandidas da história, pois não me limitei a apenas ser uma ladra dançarina, eu sempre queria mais... Aprendi a me defender, fiz aula de defesa pessoal, também aprendi a manusear as minhas armas brancas, fiz curso de tiro, sempre usando nomes falsos para não ser pega. Minha vida sempre foi bem agitada.

Encontrei a minha mãe, que logo me reconheceu, e na noite ela me puxou pelos cabelos, me xingava, me batia, e eu não sabia o que fazer. Ela queria me levar de volta para os clientes dela. Ela estava velha e já não tinha tantos clientes assim, e as chantagens com a família adotiva de Marina devia não dar mais certo, ela se achava no direito de me bater por ter fugido, só que ela se esqueceu de que eu não tinha mais 13 anos. Minha raiva só subia a cada tapa que ela dava em meu rosto, então eu segurei o braço dela e o torci, aplicando um golpe onde ela se pôs de joelhos. Eu disse tudo o que estava preso em minha garganta, principalmente as duas piores coisas que ela fez pra mim, vender minha irmã e me vender. Ela ria de mim, me chamava de ridícula, dizia que eu não era melhor do que ela. Que ela pelo menos trabalhava, que não precisava roubar nada dos outros, que ganhava o seu dinheiro honestamente, ela me colocou em uma posição pior do que a dela. Aquilo me doeu. Então ela falou que deveria ter me vendido também, como vendeu a inútil da minha irmã, “a mexicaninha inútil”. A raiva me falou mais alto, e eu a espanquei. A deixei desfigurada, e ainda cuspi em sua cara, debochando que a partir daquele momento ela morreria de fome, pois homem nenhum iria querer aquele monstro desfigurado.

Todo o meu passado veio à tona em minhas memórias. Eu finalmente havia encontrado a minha irmã, e ela finalmente tinha me visto. Não foi do melhor jeito, mas ela estava perto de mim. - Obrigado Bia por ter me encontrado e me trazido junto. Você não sabe o bem que me fez. – Pensei enquanto olhava Bia na cama, Marina do seu lado lhe acariciando o rosto adormecido. E com um semblante preocupado, e ao mesmo tempo carinhoso, algo que eu nunca consegui ver nela nesses anos onde eu a vigiei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai galera, o que acharam dos POV's? Continuo fazendo assim em alguns capítulos? Eu fiz nesse como um teste... Se vcs receberem bem, eu continuo fazendo, ok? Comentem, me falem o que estão achando. Favoritem!! Beijos e até quarta! ;)