Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 12
Porque tem que doer tanto?


Notas iniciais do capítulo

Hello!!! Alguém aqui aguardando ansioso por esse cap? Rsrsrs...
Sei que não tivemos nenhum capitulo bônus essa semana, mas é pq estou com poucos capítulos prontos, e nã quis correr o risco de atrasar a fic. Pq se eu me atraso, ai fica difícil manter o ritmo. Mas estou aqui, como o combinado, o cap da quarta pra vcs seus liendjos!
Até lá em baixo!
Atualizando....



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– Bia!! Por favor, acorda!! – Ele invade o quarto aos berros. E pula na cama me acordando no tapa. Acordo-me no susto, Clara também se assusta.

– Uou, filho da mãe! Ta maluco? Como você me acorda assim? – Disse irritada, mas ele era um de meus melhores amigos, então relevei.

– Bia, por favor, você tem que me ajudar... – Ele não parecia se importar que eu estivesse dormindo, ou com o fato de Clara estar ao meu lado.

– Bom dia pra você também, Guilherme! – Digo divertida. Mas ele parecia muito preocupado pra se importar com qualquer brincadeira. – O que houve? –Mudei o meu semblante de divertido para preocupado.

– Meu pai... Os remédios acabaram, e os que você trouxe não têm os que são recomendados pra ele! E você sabe que ele precisa desses remédios para viver. É o que está mantendo ele vivo. Do contrário, ele pode ter outro infarto agudo do miocárdio! – Ele tremia. Estava em pânico.

– Calma... – Tento tranquilizá-lo. Minha mãe e meu pai aparecem na porta. Meu pai reprova com o olhar ao ver Clara na minha cama, e de camisola.

– Como eu posso ter calma, Bia? Meu pai tem 87 anos! Ele já teve dois infartos agudos, e ficou em tratamento. O ultimo, o médico disse que ele não pode ficar sem esses remédios, do contrário ele morre. E o que eu tenho, não vai durar nem três dias.

– Eu entendo Gui, mas o quer que eu faça? – Pergunto com medo da resposta.

– Por favor, você tem que ir até o hospital onde ele fazia o tratamento. Lá deve ter os remédios que ele precisa.

– Ta maluco Guilherme? Minha filha acabou de voltar de uma missão pra pegar comida e remédios pra vocês, onde morreu alguém. – Minha mãe se exalta. – Bianca Leão, você não vai. – Fala autoritária.

– Até parece que você não conhece sua filha... – Meu pai debochava.

– Eu não quero saber! Ela não vai e ponto. Desculpe, Guilherme, mas ela não vai. – Minha mãe disse firme.

– Mas... Tia, meu pai pode morrer... – Ele diz cabisbaixo.

– E minha filha também. – Ela se mantinha firme. - Acha que ela indo lá fora fica fácil de voltar? Já viu como está o portão? Toda vez que a minha filha sai eu não tenho certeza se ela volta, e é como se eu fosse vê-la pela ultima vez, e isso me mata aos poucos. – Ela começa a chorar sentida.

– Sua mãe tem razão, Bia. Você não deve ir... Você está muito cansada, ontem você conseguiu dormir, mas não foi o bastante. – Clara mostrava preocupação. – Sem falar que ta machucada...

– Bia... Você sabe que os meus pais são as únicas coisas que eu tenho no mundo. Você tem a sua família toda com você, até a Clara pelo visto voltou pra você... – Ele estava nervoso.

– Ei, não é nada disso que você está pensando! – Clara interrompe Guilherme. – Só nos resolvemos, e vamos ser amigas a partir de agora. – Olho para Clara desapontada.

– Eu posso ter a palavra por alguns minutos? – Os outros se calam. – Ótimo. Gui, eu realmente estou muito cansada. Estou com o meu pé fudido, provavelmente eu o torci quando pulei o muro da casa do Ricardo, o que piorou ontem depois daquele chute... Em fim. – Guilherme chora sentido. – Mas eu me coloco em seu lugar, e sei que eu ficaria tão desesperada quanto você está agora se fosse o meu pai, por mais que ele esteja me repelindo por esses dias. – Alfinetei as atitudes de meu pai que me olha torto desde o dia que decidi ir atrás de Clara. – E eu faria de tudo para poder salvá-lo. Sem falar que seu pai é como um tio pra mim... E eu sei que você não duraria muito tempo lá fora. – Ele assente.

– Por isso estou te pedindo, Bia... Por favor... – Ele pede aos prantos.

– Eu vou. - Disse firme.

– Bia, eu ainda sou sua mãe e você deve me obedecer. – Ela estava apavorada.

– Eu sei mãe... Mas eu preciso ir. Eles precisam de mim. – Clara fica desapontada. – Não se preocupem, eu vou voltar. Afinal, tenho alguns remédios para trazer, não é? – Disse divertida enquanto me levantava.

Mas eu estava mesmo triste com as palavras de Clara, onde deixou claro que queria apenas a minha amizade. Eu pensei que finalmente eu iria tê-la de volta. Mas, mais uma vez me enganei sobre ela, e sair um pouco de perto dela seria o melhor a ser feito. Eu estava com o pé machucado, o que me atrasaria, ou mesmo iria por a minha vida em risco. Se eu for cercada, eu ficarei fudida, mas é o certo a se fazer. Um amigo está precisando de mim, e o pai dele, que é um tio pra mim, está precisando ainda mais.

Era uma manhã estranhamente fria, o tempo estava nublado, parecia que iria chover. Visto uma blusa do Kiss na cor cinza, que eu tinha do meu antigo vestuário, uma calça de couro preta e meu coturno, parecia até que eu iria para um show de rock. E pra finalizar, visto a minha jaqueta de couro, estilo motoqueira.

Eu estava mesmo com frio, talvez até estivesse com febre, já que obviamente estaria com alguma inflamação no pé, e isso me pode ter me trazido a febre, mas eu não falaria para ninguém, do contrário não me deixariam ir. Meus pais e Clara saíram decepcionados comigo. Eu sei que Clara ainda mais, pois depois da conversa do dia anterior, ela havia tocado nesse ponto, o qual eu coloco todos na minha frente, passando por cima de mim e de minha segurança. Talvez ela esteja certa em ficar com o Ricardo, pois apesar de ele estar com ela só pra me desafiar, pra provar que pode ter a única coisa que eu realmente quero e não posso, ele cuida dela. Não tão bem, como no episódio do dia em que precisamos afastar os carros e ele mandou Clara ir no lugar dele, mas deve cuidar dela sim, se é segurança que ela procura em alguém, e ela estando com ele há 7 anos, ele deve cuidar dela sim.

Desci as escadas e lá estavam grande parte de minha família, e das pessoas que estavam morando com a gente, vizinhos, amigos... Estavam tomando café, todos bem felizes e sorrindo. Nem parecia que eu quase matei alguém de porrada no dia anterior. Acho que estão tão acostumados com a ideia do caos instalado nesse mundo, que uma barbaridade a mais não vai fazer diferença. Clara estava ao lado de Ricardo, cuidando dele e de alguns machucados. Coisa que ela deveria ter feito no dia anterior, mas ele estava com curativos por toda parte, alguém de fato cuidou dele. Provavelmente meu irmão Lucas, já que ele é o único médico da família, e na casa. Não um médico qualquer, mas um médico do exercito brasileiro, onde cuidava de doenças e povos na Amazônia, e também vinha pra casa de seis em seis meses. Marina estava ao seu lado, pareciam estar conversando sobre algo engraçado. Pelo que conheço da Marina, ela já deve ter feito amizade com meu irmão mais novo.

Todos andando pela casa tranquilamente, sem aqueles semblantes preocupados, como os quais ficaram quando a comida acabou. Eu tinha reinstalado a zona de conforto deles, e isso meio que me incomodava, porque esse portão não vai durar pra sempre, e a tendência é aumentar a quantidade de mortos vivos lá fora, tentando forçar a entrada. E se eles se acostumam com a calmaria, como irão reagir quando tempestade vier? Quando a coisa tiver feia, como eles vão sobreviver se estão se acomodando a cada dia mais? Bom... Não é algo que eu deva pensar agora, até por que... Esse portão é bem resistente, forjado no aço, o que me custou uma nota preta. Minha preocupação é com o muro... Mas creio que irá aguentar por um bom tempo. Até lá eu bolo um plano de fuga de emergência.

– Bia? – Thiago me chama atenção.

– O que houve? É a Sara? Ela está bem? – Ele me olha cabisbaixo. – Ela está grávida mesmo?

– Sim... Mas não é isso que eu vim te falar. – Eu o olhei confusa. – Na verdade, é melhor você dar uma olhada. – Assenti e o acompanhei.

Ele praticamente me arrasta pela casa até a torre de segurança, o que me provoca dores terríveis, pois estava forçando o meu pé.

–Então? O que houve? – Perguntei com uma expressão de dor e totalmente confusa.

– Olha pra baixo... – Ele aponta para o lado de fora. Havia cerca de 20 zumbis no portão no dia anterior, mas agora a quantidade parecia ter sido multiplicada por 10. – Uou... C-como?

– Eu não sei. Eu acabei pegando no sono, era a minha vigília... Eu contei uns 200, mas provavelmente tem mais que isso.

– Puta merda! Como eu vou passar para ir pro hospital pegar os medicamentos do pai do Gui?

– Papai falou sobre isso... Sabe que é loucura, né? – Ele me adverte.

– Sei sim, meu irmão. Mas eu tenho que fazer...

– Porque você TEM que fazer? – Ele enfatiza a frase.

– Porque se eu não fizer, ninguém é idiota o suficiente para arriscar a própria vida pra salvar uma vida que já está praticamente no fim. – Ele assente. – Eu fiz um juramento, o qual tem como ponto forte o de defender a nação. As pessoas. E vocês são a minha família, cada um que está aqui faz parte dela. Eu não posso simplesmente deixar alguém morrer sob meus cuidados. Eu fui me tornando responsável por cada vida aqui dentro, mesmo que me custe a minha. Por isso me nomearam a líder, pois ninguém seria tão idiota para carregar um fardo desses, meu caro irmão.

– Às vezes eu tenho vontade de te socar! Porque você sempre se arrisca por todo mundo... Mas no fim, eu tenho mesmo é orgulho de ser o seu irmão mais velho. Ver que aquela garotinha que eu já segurei nos meus braços cresceu, e virou uma mulher de honra.

– É... Pena que o papai não me veja assim, já que ele só vê a filha com defeito que tem, que é o fato de gostar de outras mulheres. – Eu disse em um tom doloroso. Thiago abre e fecha a boca, tentando falar algo, mas não consegue. – Não preciso de palavras reconfortantes... Meu pai me tolera. E quando eu me separei de Clara, e não fiquei com mais nenhuma outra garota, ou mesmo garoto, ele voltou a me tratar bem. Mas com a volta de Clara, ele voltou a me tratar indiferente. E sinceramente... Eu não ligo. Eu to tão cansada, meu irmão, que esse tipo de coisa não me machuca mais. Olha pra eles... – Apontei para Ricardo e Clara que estavam na varanda. – Por mais que o Ricardo seja um fdp, ela gosta dele... E não vai deixá-lo.

– Mas eu pensei que... Bom, vocês dormiram juntas ontem. Tanto que quem cuidou do Ricardo foi a Marina e o Lucas.

– É... Todo mundo deve ter pensado. Até mesmo ele. Mas ele não é idiota de brigar com ela por causa disso, pois isso causaria um desconforto, e desconforto em uma situação dessas, só iria afastar ela dele. Ele é esperto. É o cara mais manipulador que conheço. E pra piorar, ele é formado em psicologia. – Eu rio irônica. – Clara não quer enxergar, apesar dela ter a mesma formação. E estar com ele é mais fácil. E de certo modo ela tem razão... Por mais que eu a ame, eu sempre vou estar saindo e me arriscando pelos outros. E um dia ela iria me perder. E hoje eu tive a oportunidade de provar pra ela o contrário... Mas depois de ouvir que ela só quer ser a minha amiga, eu não tenho nada pra provar pra ela. Não quero mais saber disso. Não quero mais querer alguém que nunca foi minha de verdade. E nunca vai ser... – Aquelas palavras me doeram.

– Nunca se sabe o dia de amanhã... – Ele tenta me incentivar.

– Na verdade... É só olhar pra eles... – Olho em direção aos zumbis. – Eles serão o nosso dia de amanhã. Mais cedo ou mais tarde. – Respiro fundo. Thiago olha na direção dos zumbis com uma expressão triste.

– E agora? A Sara está grávida... E só de saber que o meu filho não tem um futuro... Isso me dói. – Ele me abraça, e chora no meu ombro.

– Me desculpa, maninho... Olha, eu sei que o que eu disse foi muito pesado para o momento. Eu realmente estou feliz por finalmente ser tia, apesar de que o envolvimento de vocês ter me surpreendido um pouco. Estou mesmo feliz. E agora mais do que nunca, vou lutar pra manter esse grupo vivo! Porque o meu sobrinho vai crescer. E vai viver bastante...

– Nesse mundo, Bia? Poxa... Meu filho não vai poder viver bem. Comer bem... Dormir bem! Porra! Que merda eu fui fazer? Eu deveria ter tido mais cuidado, pra Sara não engravidar...

– É, mas agora já foi. E você vai encontrar uma maneira de conviver com isso. Por ela, e pelo seu filho. – Disse dando as costas, parando na beira da escada. – E reze que eu encontre algum médico ginecologista vivo no hospital, para que cuide da gravidez dela. – Disse divertida. Ele sorri.

– Tenho certeza que você trará uma equipe de parto inteira! – Ele disse no mesmo tom.

Ele tinha razão, uma criança nascer naquele mundo era injusto. Ela não iria ter as mesmas oportunidades que tivemos. Mas eu tinha que passar alguma positividade para o meu irmão. Ele tem que aprender a conviver com isso, aliás, todos nós.

Sento em uma cadeira na varanda, tiro uma bota, olho para o meu pé, que parecia mais inchado do que no dia anterior. Faço uma careta de dor ao tentar movê-lo rapidamente. Com certeza isso irá me atrasar.

– Tudo bem? – Marina se senta ao meu lado.

– Indo... – Respiro fundo.

– Hm... Seu pé está bem inchado hoje. Não é melhor você cuidar dele antes de ir?

– Foi só uma contusão. Não tá quebrado não.

– É... Pode ser, mas se ficar forçando pode piorar.

– Eu sei. – Dou um sorriso torto e sem graça.

– Hm... Você é mesmo teimosa. Mas quem sou eu para te dar alguma ordem, não é? Sou apenas uma cadete. – Ela sorri torto.

– Ainda bem que sabe que eu ainda sou sua capitã. – Eu disse divertida.

– Adorei o “sua”! Minha capitã delícia! – Ela brinca.

– Só você mesmo para me fazer rir.

– Mas porque riu se falei sério? Você e o seu irmão não entendem o meu humor. As vezes falo sério e vocês ficam rindo como se eu fosse alguma palhaça. – Ela faz biquinho.

– Desculpa ai, moça. – Ela sorri lindamente. Você e o meu irmão... Estão... tendo algo? - Perguntei intrigada. Acho que senti uma pontadinha de ciumes.

– Claro, sexo selvagem, com direito a tapa na cara! – Eu a olho espantada. – Claro que não sua boba! Acha mesmo que eu sou o tipo de vadia que pega a família inteira? – Ela me da um tapa no braço.

– Claro que não. É que... Vocês parecem bem próximos e eu pensei que estavam tendo algo. – Disse sem jeito.

– Vou ignorar esse seu pensamento machista, Bia Leão. O Lucas é um fofo, mas somos apenas amigos, e ele não despertou a Marizinha aqui. – Ela aponta pra baixo.

– Credo! Você é muito direta.

– Sou nada... Só com você. E falando em você... E você e a Clara? Já se entenderam? – Ela pergunta curiosa.

– Claro, fizemos sexo a noite inteira, só que ela não deve ter gostado muito, já que está ali com o namorado dela. – Disse zombeteiramente.

– Que filha da puta burra. Não sabe o que é o bom da vida. – Ela franze o cenho.

– Claro que a gente não transou, mas nos entendemos sim. E ela quer minha amizade... Então ela terá somente isso. Por um momento, na noite de ontem eu cheguei a acreditar que voltaríamos, mas na manhã seguinte, ela solta a frase onde diz que seremos só amigas. – Disse cabisbaixa.

– Nossa... Por isso que você vai sair em busca desses remédios, né? Pra ficar longe dela?

– Já sabe que eu vou sair?

– Sua mãe não fala muito baixo, e todos acabaram escutando, então sim, eu sei.

– Tudo bem... Por um lado sim, mas quero mesmo trazer esses remédios. Não quero perder mais ninguém agora.

– Entendo... Mas você já viu como está o portão?

– Vi sim. Não vai dar pra passar.

– E como você pretende fazer?

– Vou sair pelos fundos.

– Você é maluca? Como que você vai sair pelos fundos, sendo que você ta com essa pata machucada, e pulando o muro a gente não vai poder jogar o seu carro em seguida. – Ela me faz rir.

– Eu sei... Mas o muro de trás é colado com o muro do vizinho. E ele tem uma moto, uma Hornet RR, e eu sempre quis mesmo dar umas voltinhas nela e ele nunca deixou. – Sorri com a ideia.

– Mas e se tiver muitos deles no vizinho de trás?

– Minha Katana dará um jeito nisso. – Disse decidida.

– Eu vou com você. – Ela disse firme.

– Não! Olha... Você e o Henry são as duas pessoas que eu mais confio em deixar aqui em casa, cuidando das pessoas. Meus irmãos tem outras coisas para se preocuparem, o Lucas, como único médico, tem que cuidar dos idosos e doentes. E o Thiago tem a Sara, que está grávida...

– Ela está grávida? – Ele me interrompe.

– Está sim. E isso vai ser muito complicado, porque ela precisa de assistência. Por isso preciso de vocês aqui.

– Você tá é querendo se matar. – Ela fica com semblante triste.

– Hey... – Eu seguro seu rosto. – Acha mesmo que eu quero morrer agora? Depois de ter encontrado o melhor sexo casual que eu já tive?

– Como se você tivesse tido algum outro... – Ela ironiza.

– Não perde a oportunidade de passar isso na minha cara?

– Sete anos, Bia! Parece até mentira. – Ela ri.

– Pior que não foi. – Entorto a boca e coço a nuca.

– Você fica linda quando faz isso... – Ela estava me olhando adimirada.

– Obrigada, mas a linda daqui é você. E você vai cuidar da minha família enquanto eu volto, ok?

– Certo... Mas volta mesmo, ta? Ainda quero lhe usar! – Ela pisca pra mim, se levanta se sai. Seu andar era tão... Incrivelmente sexy. Ah Marina...

Como um pouco, deixo as pessoas se distraírem, e vou arrumar a minha mochila para a busca. Levo umas sacolas plásticas. Alguns biscoitos e água. Enfaixo o meu pé, e tomo um Ibuprofeno, que serve pra dor, inflamação e febre. Coloco uma cartela dentro da mochila, e vou até o quintal.

– Já vai? – Henry me pergunta.

– Já... Não queria falar com a minha mãe, pra ela não me amarrar.

– Sabe que é loucura? E sabe que eu deveria ir junto, né?

– Você não é o primeiro a me dizer isso hoje.

– Bia... Boa sorte. E pode deixar que eu cuido de tudo aqui. Só não garanto que o Ricardo vai estar vivo quando você voltar, porque se ele solta alguma piadinha pra mim, do tipo “Brutamontes, ou Ogro”, ele ta fudido na minha mão. Sou capaz de dar um hadouken nele. – Ele ri do próprio comentário.

– Cuida deles, ok? – Digo com os olhos tristes.

– Porque ta parecendo uma despedida pra mim?

– Porque nunca se sabe o dia de amanhã... – Disse cabisbaixa. – E deixa o Ricardo vivo... Ele já teve a lição dele. – Henry me abraça.

– Volte pra gente, pequena guerreira. – Sinto uma lágrima de Henry cair em meu ombro.

– Farei o possível, meu amigo.

Ele segura a escada pra mim, e calmamente eu vou escalando-a. Chego ao topo do muro e vejo que vou ter que pular para o outro lado. Respiro fundo mais umas três vezes, como se tivesse criando coragem para pular, já imaginava a dor que eu iria sentir. Olho ao redor e vejo que não há sinal de nenhum morto vivo vagando. Contei até 3 e pulei. Ao chegar ao chão, caio em seguida, pois a dor era insuportável. Mas contenho o grito, pois se eu gritasse, Henry escutaria e me faria voltar. Respiro fundo mais algumas vezes, na esperança da dor amenizar, mas não obtive sucesso. Então eu tentei esquecê-la. Me levantei calmamente, e fui pisando devagar no chão, até encontrar um meio do meu pé absorver o impacto.

Andei mancando até a garagem, era lá que a moto se encontrava, toda coberta com um pano grosso. Meu vizinho tinha paixão por ela, não entendo o porque ele a deixou pra trás, mas isso não importa. A chave ficava dentro de casa, na gaveta do criado-mudo dele. Eu sabia porque éramos colegas, e eu sempre ia na casa dele na esperança de poder dar umas voltinhas. Ele me deixou andar nela umas duas vezes, mas o ciúme era maior que a vontade de me emprestar. Eu sempre preferi as clássicas, mas a dele era potente, e eu gosto de potência.

Entrei na casa e logo ouço gemidos, já retiro a minha Katana da saya, e corto fora a cabeça de um morto vivo. Era Dona Célia, mãe de Rodrigo, dono da moto. Fiquei um pouco triste, mas continuei, pois os gemidos ainda não haviam cessado. Mais a frente na sala, a cena que vi era muito pesada. O cachorro deles, Mike, estava dilacerado. Dona Célia deve ter comido ele, ou sei lá. Ando mais alguns passos até o quarto dele, e meu pé já reclamava, mas aguento firme, e o vejo parado, olhando pela janela, com a chave da moto na mão. Que filho da puta, até morto não larga essa chave.

– Ptss... – Chamei a atenção dele. - Vim pedir sua moto emprestado. - E logo ele caminha em minha direção, furioso. – Qual é cara, tu ta morto! Prometo cuidar dela. – Não acredito que eu estava pedindo permissão para um mordedor. – Desculpa por isso, cara. – Enfiei a espada na cabeça dele.

Tirei a chave de sua mão com muita dificuldade, fui até a cozinha retirei dois comprimidos da cartela e tomei. A dor estava muito grande. Logo depois fui até a garagem, liguei a moto e dei partida.

O portão estava aberto, então não tive dificuldade em sair dali. Na verdade tive sorte de ter esbarrado com apenas dois zumbis. Dei a volta. Avisto Mari, Henry, Thiago e Clara na torre. Mari se preparava para atirar, e Henry também. Clara apenas olhava para os mortos com um semblante apavorado.

Ando com a moto até onde os mortos se encontravam. O ronco do motor chamou a atenção deles. Eu olho para os demais na torre, e sorrio, dando uma piscadela em seguida. Acelero a moto, fazendo círculos com ela. Eu queria atraí-los para mim, então eu também buzinava. Eles já se locomovem em minha direção, mas ainda não era o suficiente, queria que a maioria me seguisse. Me afasto um pouco, e acelero a moto, deixando ela fazer o desenho de espirais no chão. Agora uma grande quantidade deles se aproxima de mim, quase me alcançando, espero mais um pouco... Até a maioria sair de perto do portão, o que funciona. A horda toda ansiava por um pedaço meu. Então eu acelerei mais uma vez, mas sempre parando para eles continuarem me seguindo.

Continuei fazendo isso até pegar uma boa distancia da casa. Então sai em disparada dali.


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Notas finais do capítulo

Nhae... Eu de novo! Hahaha (Sou chata, né? ;P)
O que acharam do cap? O que acharam da atitude da Bia ao sair com o pé fudido, se arriscando e sabendo dos riscos? Ela foi meio suicida, não? - Eu achei. - Será que ela quer se matar, gente? OMG! :O
E Clara com essa historinha de "Somos somente amigas"? Ah para né Clara! No cap anterior vc tava quase esfregando a B... Na cara da Bia pô... Não Fo**!!! E O Thiago Vai ser papai! Awn, mais uma criança na casa! *-*
E Marina e Lucas? Bia com ciumes? Oi? Será que Bia já ta mudando os sentimentos e não percebeu?
E isso dela atrair a horda pra ela? Gente... '-'
Vamos aguardar o próximo pra saber o desenrolar...
Beijinho no coração de vcs! rsrsrs
Inté más. ;)



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