Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 8
Resgate na Rota 102


Notas iniciais do capítulo

Galera, acessem o blog:
http://neo-hoenn.blogspot.com.br/
Lá vocês encontrarão mais informações dos personagens, especiais, musicas temas e muito mais coisas que serão postadas

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Outra coisa importante! A Neo Aliança é uma franquia criada por autores com histórias que se passam em diferentes regiões. Atualmente temos apenas dois escritores, Gabriel (escritor de Kanto) e eu (Hoenn), mas estamos procurando gente interessada em escrever para as Ilhas Laranja, Johto, Sinnoh, Unova e Kalos. Se algum de vocês possuir uma fanfiction ou souber escrever bem e quiser tentar uma vaga, entrem em contato comigo por mensagem privada aqui mesmo no nyah ou pelo meu email: carol.fanfic2012@gmail.com.

Caso queiram conhecer o outro autor: http://neopkmkanto.blogspot.com.br/



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Ainda estava escuro quando May despertou naquela manhã. Seus cabelos castanhos embolavam-se num emaranhado de fios enquanto o suor frio descia-lhe pela testa e nuca. Ela respirava apressadamente e passava as mãos no rosto tentando recordar-se do pesadelo que tivera a poucos segundos atrás. Havia água, sim, muita água, mas também havia fogo, um fogo tão quente que derretia instantaneamente tudo aquilo o que tocava. Entretanto, a única coisa que se passava por sua cabeça era o ódio, o grande ódio que sentia por estar ali e um ódio ainda maior pelo fogo que ameaçava aproximar-se dela. Queria destruir tudo o que estivesse ali, queria matar tudo aquilo que respirava na superfície...

As imagens do sonho porém, pareciam fugir lhe a cada vez que ela tentava puxá-las de modo que agora pouco se recordava do que sonhara. Desistindo, levantou-se vagarosamente para abrir a janela do quarto que agora parecia-lhe abafado. Assim que o fez, ficou ali parada para observar o dia que se iniciava. Ainda não amanhecera, mas podia-se perceber pela cor do céu que aquilo não demoraria muito a acontecer. Naquele dia continuariam sua viajem rumo ao primeiro ginásio e ao primeiro desafio de May. Seria um passo a menos rumo a realização de seus sonhos.

Enquanto olhava pela janela, um ruído chamou-lhe atenção fazendo-a olhar para baixo e se deparar com seus dois pokémons no andar de baixo. Mudkip, Skitty e Cascoon estavam entretidos em uma conversa em seu próprio idioma enquanto Vulpix assistia desinteressadamente lambendo as próprias patas e Azurill ficava escondido atrás de um arbusto observando os outros. Era interessante como cada um dos pokémons do grupo possuía uma personalidade própria, algo que os diferenciava dos demais.

A movimentação das criaturas tornou-se mais interessante. Uma espécie de batalha foi iniciada entre os três pokémons que conversavam. Skitty usou seu golpe recém aprendido, o Icy Wind para disputar forças com o Water gum de Mudkip. Cascoonn então começou a disparar suas agulhas venenosas para também atingi-lo, mas o anfíbio desviou com grande habilidade. May se perguntava se não seria melhor intervir, pois seus dois pokémons pareciam focados em atacar o outro e na maioria das vezes ele desviava ou defendia-se com sucesso. Foi um dos Tackles de Skitty que o derrubou, lançando-o por cerca de dois metros para trás. A gata entretanto, ao invés de comemorar, correu até ele e o ajudou a se levantar. Ambos pareciam sorrir e, quando Mudkip molhou a gata com uma pequena quantidade de água, ela percebeu que aquilo não passava de um treino.

“Então ele treina sozinho...” Pensou May enquanto observava o pokémon de Brendan. Ela tinha consciência de que ele era o membro mais forte da equipe e sempre se perguntara como podia ser aquilo visto que nunca vira Brendan falar ou fazer menção de ir treinar seu pokémon.

Quando voltou a si em seus pensamentos, ela percebeu que os Pokémons já saiam dali, provavelmente voltando para a enfermaria. Virou-se para ver o relógio de parede sobre a porta e constatou que estava quase atrasada. O grupo havia combinado de sair cedo naquela manhã para dar algum tempo para Sam se recuperar e também porque a Enfermeira Joy recomendou-lhes que tentassem aproveitar ao máximo a luz do dia para a atravessar a rota, uma vez que a mesma poderia ser um pouco perigosa para iniciantes. Ela não podia dizer que Brendan ficara exatamente feliz com a entrada de Wally no grupo, mas ao ouvir a história do porque do mesmo ter ido até ali acabou aceitando sem reclamar muito. Ela não lhe contou o fato do garoto ter fugido de casa, mas mesmo assim ele não perdeu a oportunidade de dizer quando estavam sozinhos que ela só arrumava problemas.

Tomou um banho rápido, escovou os dentes e arrumou suas coisas, assim como a cama em que dormira. Sabia que com certeza a Joy viria mais tarde para trocar os lençóis e capa da travesseiro, mas mesmo assim não queria deixar um impressão ruim. Saiu do quarto trancando a porta enquanto questionava-se se deveria ir para o refeitório ou para a recepção. Acabou optando pelo primeiro, visto que se Brendan já estivesse a esperando, ia pirar quando visse que ela ainda não havia tomado seu café da manhã.

Assim como no dia anterior o local estava praticamente vazio, exceto pela presença de Brendan e Juliana, sentados em uma mesa central e três treinadores desconhecidos que se espalhavam pelo local. Pegou um pedaço de bolo de qualquer sabor e uma xícara de café, indo logo em seguida até a mesa onde os amigos estavam. Brendan lia um jornal como no dia anterior enquanto a mulata parecia cantarolar algo enquanto cortava com a colher e levava a boca o último pedaço de melancia. Sorrindo, a May colocou a refeição na mesa e sentou-se.

– Bom dia

– Esse meu jeito de viver, quem nunca foi igual... Cante comigo May! A minha vida é fazer o bem vencer o mal... –A garota de olhos azuis não pode conter um pequeno riso.

– Parece que você já melhorou bastante – Comentou enquanto a obsevava, ainda possuía a maior parte dos curativos do dia anterior e um dos pulsos estava enrolado em bandagens, mas fora isso, seu rosto adquirira uma cor bem mais saudável.

– Pelo mundo viajarei, tentando encontrar... Sim, sim. Eu estou bem melhor. A enfermeira Joy fez um ótimo trabalho.

– Você também me parecia mais tímida; não esperava encontrá-la cantando.

– Nem me fale – Disse o moreno sem tirar os olhos do jornal e deixando ambas surpresas, pois jurariam que o garoto não havia prestado atenção em sequer uma palavra que disseram.

– É que eu geralmente fico um pouco retraída e desconfiada na presença de estranhos. Já passei por muitas coisas no passado e foi difícil. Só estou assim porque decidi que devo confiar em vocês – Explicou-se com um sorriso.

– Não devia achar que somos tão legais. Nem sequer sabemos quem é você ou se o que diz é verdade. Não espere ter nossa confiança – O garoto havia abaixado o jornal e encarado a morena em sua frente com uma feição séria.

– Brendan! – Repreendeu May enquanto que a outra havia ficado muda pela surpresa – Dá pra ser menos grosso? – Ele não respondeu, apenas manteve o olhar fixo sobre a mulata. O rosto de Juliana, surpreendendo a ambos, abriu-se com um lindo sorriso.

– Você está certo Brendan, vocês realmente não sabem nada sobre mim. Quando estivermos na route eu contarei tudo o que quiserem saber. Não espero que confiem depois disso, mas durante o tempo em que viajarmos juntos farei de tudo para convencê-los com meus atos – Respondeu ela com um pequeno sorriso enquanto Brendan continuava sem dizer nada. Sentindo que um clima meio tenso havia ficado no ar, May optou por dizer algo.

– Vocês sabem se o Wally já acordou? Ele já deveria estar aqui.

– Diferente de você que sempre me atrasa, ele já tomou o seu café da manhã e está nos esperando na recepção – A garota sentiu suas bochechas corarem...

– Você ainda estava terminando quando eu cheguei. Não os atrasei tanto assim – Defendeu-se.

– Engano seu. Já estávamos nos levantando para procurar vossa magnífica pessoa que não se dá ao luxo de chegar na hora certa – Ela travou o maxilar e apertou os punhos. Sentia vontade de socar o garoto ao seu lado, mas se conteve, descontando sua raiva no bolo que comeu rapidamente a grandes mordidas e no café que bebeu de uma vez para desentalar. Nesse processo teve pelo menos 70% da superfície da língua queimada, porém não se queixou. Virou logo em seguida para o moreno que olhava a tudo com uma expressão neutra.

– May... – Começou Juliana, mas foi interrompida.

– Podemos ir então – Disse levantando-se pegando a mochila que estava no colo e pondo nas costas. Saiu a passos largos na frente do garoto e desceu as escadas do centro, passando por um pequeno corredor até chegar a recepção, onde Wally os esperava sentado em um dos sofás lendo uma revista sobre Contests.

Assim que viu May surgindo pela porta, o garoto de cabelos verdes levantou-se com um sorriso. Suas roupas estavam limpas e uma mochila de viajem com a cor quase idêntica a de seus cabelos estava em suas costas. Pelo seu olhar, a garota podia perceber que ele era de longe o mais animado daquela manhã.

– Estão prontos? Podemos ir agora? – Perguntou ele, ansioso. Naquele momento dois treinadores entravam no centro, ambos estavam rindo enquanto discutiam algum assunto que devia ser bastante animador. Foram direto até a enfermeira que já estava pronta para atendê-los.

– Calma aí – Riu May – Já estamos prontos sim, só precisamos entregar as chaves dos quartos e pegar nossos pokémons.

– Ah, certo – Concordou um pouco envergonhado. Brendan e Juliana finalmente haviam chegado até eles.

– Oi Wally! Não me apresentei direito, meu nome é Juliana. É um prazer conhecer você! – Disse a mulata animadamente enquanto estendia a mão para o menor.

– O-o prazer é meu.

– Eu acho a cor do seu cabelo muito diva. Você o pintou pra ficar assim? – Perguntou ela e Wally deu uma pequena risada.

– O que? Todo mundo me pergunta isso, a-acho que é porque ele se destaca demais em meio às multidões. P-pode parecer estranho, mas ele é realmente dessa cor.

– Sério?! Que genética boa. Vou me casar com você então para ver se meus filhos nascem com ele – Ela falava em tom de brincadeira, mas foi o suficiente para que o menor corasse como um pimentão e engasgasse com a própria saliva.

May tentava ajudá-lo a se recuperar enquanto ria da cena. O afastou um pouco dos amigos e pediu que eles pegassem seus pokémons e entregassem suas chaves enquanto tentava manter o menino vivo. Os dois treinadores recém-chegados já haviam deixado seus pokémons aos cuidados da enfermeira e agora estavam sentados em um dos sofás, ainda animados com o assunto que discutiam. Ela fez o garoto se sentar próximo a eles enquanto sentava-se ao seu lado e dava-lhe pequenos tapinhas nas costas.

– Pronto, respire... Respire... Calma, calma... Já está melhor?

– Sim – Disse ele com voz falha. Olhou para a morena e de volta para May – Ela é sempre assim?

– Eu realmente não sei. Não a conheço a muito mais tempo do que você – Riu.

– E eu acabei passando vergonha – Tampou o rosto com a mão.

– Não se preocupe, ninguém vai zombar de você por isso – Tranquilizou-o colocando a mão em seu ombro.

– Pois é cara, aquela pokémon era um pé no saco. Invadiu nosso acampamento, roubou comida e ainda não queria ir embora quando eu a derrotei – Disse um dos garotos próximo a eles. Era um loiro, alto e magro. Automaticamente ambos ficaram quietos para ouvir melhor.

– Você podia ter capturado, não é todo dia que se acha um daqueles por aí – Comentou o outro. Era bem mais baixo e possuía cabelos ruivos e lisos.

– Eu não queria aquela coisa - Coisa... Como se pokémons fossem objetos descartáveis Ela comprimiu os lábios e fechou as mãos em punho – Ela era uma fêmea e ainda estava prenha. Eu dei foi um belo chute nela e ela saiu voando. Aposto que cagou os filhotes...

Foi como se uma explosão de fúria tivesse despertado dentro da menina. Ela sentia raiva, sentia que queria esmagar aqueles garotos com suas próprias mãos. Levantou-se bruscamente e no mesmo instante um jarro cheio de belas flores sobre o balcão da recepção partiu-se, espalhando uma grande quantidade de água para todos os lados. Com o susto a Joy, que estava entregado os pokémons aos jovens deu um grito, assim como Juliana, desviando por um momento a atenção de May dos garotos. Aquele porém, foi o tempo de Wally despertar do choque pelo que ouvira. O jovem garoto levantou-se em fúria e segurou a camisa do loiro com as mãos fazendo-o levantar-se para em seguida prendê-lo contra a parede.

– Repete! Repete o que acabei de ouvir! – Gritou ele, assustando a todos ali. Ele não parecia ser o tipo que um dia levantaria a voz a alguém.

– Wally – Chamou May que teve sua raiva substituída por preocupação com o garoto que encarava alguém bem maior que ele.

– Qual o seu problema, garoto? – Perguntou o loiro.

– Você é um animal! Aliás, animal não, pois eles fariam algo tão nojento quanto você, seu lixo!

– Me solta, seu demente – Com facilidade o loiro tirou as mãos do menino de sua camisa e o empurrou, derrubando-o no chão.

– O que está acontecendo aqui? – Disse a Joy que se deu conta da briga que se iniciara. Wally já se levantava.

– Eu vou quebrar a cara desse idiota.

– Pode vir então – Debochou o loiro. Só um cego não perceberia a nítida diferença de força entre os dois.

– Ninguém vai quebrar nada. Não são permitidas brigas no Centro Pokémon! – A mulher de cabelos róseos gritou fazendo todos se calarem. Não era comum de se ver aquelas figuras elevarem a voz e quando o faziam chegava a ser assustador.

– Eu não fiz nada! Foi esse pivete que veio para cima de mim – Retrucou o loiro.

– Pergunte a ele o que ele fez enfermeira Joy – Rebateu Wally – Pergunte sobre como maltratou uma pokémon grávida e a deixou seriamente ferida e sozinha no meio da rota! – Ele estava visivelmente furioso. De repente faltou-lhe o ar, anunciando que um dos ataques de asma haviam começado. Ele rapidamente retirou a mochila das costas e do bolso da frente retirou a bombinha de asma e a pressionou contra a própria boca, levando alguns segundos para se recuperar.

– Viu só? Ele é doente, nem sabe o que fala! – Defendeu-se.

– A asma não atrapalha sua capacidade de pensar. Wally, você tem certeza do que está dizendo? Isso é muito grave.

– Eu e a May ouvimos eles falarem. A Pokémon está na route ferida e sozinha!

– Eles estão mentindo - O outro garoto se manifestou – Estávamos falando de um pokémon que meu amigo capturou. Nós nem sabemos quem é essa pokémon.

– Porque eles inventariam essa história do nada? Vocês nem se conhecem! - Perguntou a mais velha – Vocês precisam dizer se isso realmente aconteceu, pois se for verdade a pokémon pode estar correndo sérios riscos de vida!

– Já dissemos, não sabemos do que eles estão falando... – Insistiu o loiro. A mulher suspirou e afastou-se dali, voltando para de trás do balcão.

– Enfermeira Joy – Chamou Juliana – Temos que fazer algo, por favor!

– Já estou fazendo - Disse ela enquanto discava um número no telefone branco em sua frente – Vou tentar contatar a unidade de atendimento pokémon móvel de Petalburgh. Vou pedir a eles para que procurem pela pokémon – Ela esperou alguns segundos e logo foi atendida. Explicou a situação para a pessoa com que estava falando e pediu que socorresse a pokémon ferida – Mas esse atendimento precisa ser urgente. Pode ser um caso de vida ou morte para a pokémon... Sim, eu sei que você tem outros casos que também são urgentes... Tudo bem, tudo bem... – Desligou o telefone.

– E então? O que houve? – Perguntou May ansiosa, a cara da mulher de cabelos róseos não era das melhores.

– Eles disseram que enviarão uma unidade assim que disponível, então não há precisão do tempo que levará para acontecer. Temo que seja tarde demais quando agirem, pois não pareciam estar muito dispostos a procurar uma pokémon que nem sabem se existe de uma espécie desconhecida – O silêncio reinou no grupo. Os dois jovens ainda estavam ali, mas nada poderiam fazer. Qualquer confusão que fosse armada no centro pokémon poderia ser um problema para a enfermeira e até para eles mesmo. Wally foi o primeiro a se pronunciar.

– May, Brendan, Juliana, vocês podem seguir sua viagem. Eu vou atrás da pokémon - Levantou-se apressadamente enquanto colocava a bombinha que ainda estava em sua mão no bolso e ajeitava a mochila nas costas.

– Wally, você não pode sair sozinho assim pelo meio da route. Existem pokémons selvagens e você pode se perder! – Disse Juliana tentando colocar algum juízo na cabeça do garoto.

– Não vou me perder, eu tenho o Zigzagoon. Ele vai me proteger caso algum pokémom me ataque. Eu não posso ficar sem fazer nada, sinto que essa pokémon precisa de minha ajuda!

– Você não vai sozinho Wally – Dise May, também levantando-se. Ele já ia abrir a boca para discordar – Eu vou com você –Sorriu, fazendo-o sorrir também.

– Vocês dois ficaram malucos por acaso? Vocês não vão sair pra procurar essa pokémon. Essa route é enorme, não fazemos ideia de onde ela está ou qual pokémon é. Além disso, correm o risco de encontrar algum pokémon realmente perigoso se forem muito longe – Brendan se manifestou, contrario a decisão dos dois.

– Eu vou com vocês também! Operação S.P. iniciada! – Disse Juliana levantando-se.

– O que é S.I.?- Questionou Wally.

– Salvar Pokémon! Vocês não veem filmes policiais não?

Os dois treinadores ainda estavam ali esperando por seus pokémons. O loiro dormia tranquilamente como se nada estivesse acontecendo enquanto o outro estava simplesmente escorado na parede encarando o teto; hora ou outra olhava para o grupo em sua frente, mas assim que era percebido virava seu rosto para outra direção. Brendan levou uma das mãos ao rosto e olhou para os amigos que o esperavam dizer algo.

– O que eu faço com vocês? Não vamos conseguir achar essa pokémon entenderam? Ela provavelmente já deve estar... – Não teve coragem de prosseguir a fala ao ver o peso da palavra que proferiria. Suspirou e também levantou-se – Está bem, eu vou também apesar de achar uma perda de tempo...

– Vocês são crianças maravilhosas, apesar de eu, assim como Brendan, achar difícil encontrar esse pokémon tenho esperanças de que você consigam.

– Estamos indo então Srta. Joy. Obrigada por tudo! – Agradeceu May, assim como os outros.

– Obrigada por salvar minha vida. Serei eternamente grata! – Juliana correu o balcão e ajoelhou com os olhos quase em lágrimas. A mulher de cabelos róseos sorriu sem graça.

– Haha não é pra tanto. Não fiz quase nada!

– Vem logo, Juh! – Chamou a morena de olhos azuis que já quase na porta do centro. De repente o garoto baixo que estava acordado segurou sua mão e nela a garota pode sentir que havia um papel. Não disse nada, apenas esperou para ver o que o mesmo ia fazer.

– Te achei uma garota encantadora. Espero que possamos nos encontrar de novo – Disse beijando a mão da garota e fazendo-a corar muito. Ela nada disse, apenas seguiu seu caminho. Ouviu Juliana dar um pequeno risinho atrás de si.

– Arranjou um namorado? Que fofo!

– Um marginal, diga-se de passagem – Provocou Brendan

– Eu não arrumei um namorado! Ele segurou minha mão e me beijou apenas para me dar isso – Disse pegando o papel que o garoto havia entregado e mostrou ao grupo.

– Até parece, ele olhou pra você o tempo inteiro. Isso aí deve ser o numero da Pokenav dele – Continuou em tom debochado e com cara fechada, virando-se logo em seguida para seguir o caminho para a route.

Sem dar muita importância ao moreno mal-humorado, ela abriu o pequeno papel para encontrar os seguintes dizeres escritos em letra pequena e péssima caligrafia: “Oran berries. Kirlia”. Mas o que ele queria dizer com aquilo? O que as oran berries tinham a ver com o pokémon que procuravam? Por aquelas palavras, poderiam deduzir que a pokémon era uma Kirlia, que apesar de extremamente rara, era possível de se achar naquela região.

– Wallance, Juliana, venham até aqui – Chamou-os e leu o que estava escrito no papel, mas nenhum dos dois entendeu muito bem. Alguns segundos passaram-se até que finalmente Wally demonstrou ter compreendido.

– E-eu acho que entendi. Q-Quando estava vindo para cá vi uma plantação de Orans e Pechas Berries. Ele quis dizer que o pokémon estava lá.

– Estranho... Você não se lembra que eles haviam dito que ela havia entrado no acampamento deles para roubar comida? Por que faria isso se eles estavam perto de uma plantação de berries?

– E-eu não sei...

– Não estamos na época do cultivo dessas berries. Simples assim – Juliana entrou na conversa e os dois interrogaram-na com o olhar sobre como ela sabia daquilo – Eu sou de Sinnoh, minha família tinha um pequeno Day Care lá. Nos últimos tempos a região vem esfriando e dificultando o crescimento desse tipo de plantas que preferem o solo tropical. Quando o dinheiro dava papai as vezes fazia encomendas de Hoenn, mas eu não me lembro dele ter feito isso alguma vez nessa época do ano. Enfim, o problema maior não é achar esse lugar e sim o tipo de pokémon, pois sendo ela uma Kirlia com certeza será capaz de usar o Teleport e ir para qualquer outro lugar.

– Você está certa, mas infelizmente contra isso não há nada que possamos fazer. Temos que prosseguir na fé de que encontraremos essa pokémon.

– D-desculpem interromper, m-mas na minha opinião devemos partir logo, o lugar fica longe daqui. Onde está Brendan? – Eles finalmente notaram a ausência do garoto. May deu de ombros.

– Provavelmente deve estar nos esperando na entrada da route. Você sabe como ele é difícil.

O grupo seguiu apressadamente para a saída leste da cidade e chegaram logo ao local. Assim como May havia dito, Brendan estava lá olhando o céu distraidamente e ao seu lado havia um estranho rapaz de óculos de fundo de garrafa que segurava uma lupa na mão, suas calças imitavam a parte traseira de algum pokémon. Assim que os viu, lançou-lhes um olhar aliviado, despediu-se do rapaz e correu até eles.

– Arrumou um novo amigo? – Provocou May, fazendo-o fechar a cara.

– Aquele maluco insistia ter descoberto pegadas de pokémon desconhecido que parecia ser perigoso. O palhaço não viu que aquelas marcas no chão eram dos próprios pés com aquela fantasia ridícula.

Nada mais foi dito e o grupo ganhou a route apressadamente. Vez ou outra o moreno reclamava, é claro, mas apesar disso a viajem seguiu tranquila. Apesar de ser muito conhecido, a route 102 não era um caminho muito fácil de ser percorrido. As estradas eram sinuosas e quase desapareciam em alguns pontos. Havia pouca sinalização para indicar em que parte da estrada estavam, mas sabiam que o caminho a ser percorrido ainda era logo. O dia começava a esquentar à medida que o sol subia no céu e nem a brisa que hora ou outra tocava-os animava o grupo.

Wally com certeza o mais afetado com aquela pequena viagem. As vezes ficava alguns passos atrás do grupo e levava as duas mãos a cabeça, balançando-a de um lado para o outro, como se algum ruído irritante o perturbasse, entretanto, o máximo que se ouvia ali era o piar dos pokémons pássaros e o som dos próprios pés dos treinadores tocando o chão de terra. Alguns treinadores apareciam durante o caminho para desafiá-los, principalmente caçadores de insetos, mas estes eram dispensados cordialmente pelos jovens que diziam não ter tempo a perder. Por volta do meio-dia pararam na sob a sobra de uma frondosa árvore e dividiram o almoço dado a eles pela própria enfermeira Joy. Os pokémons também se libertaram para alimentar-se.

– Onde estamos? Será que ainda falta muito? Santo Arceus, nunca senti tanto calor em minha vida inteira – Disse Juliana abanando a mão sobre o próprio rosto com a mão direita numa tentativa completamente falha de abaixar a sensação térmica. Assim que acabaram de comer, Brendan abriu sua mochila e dela sacou um mapa que lançou para o garoto de cabelos verdes.

– Onde ficam essas tais plantações? Estou cansado de perder meu tempo com isso – Disse ele escorando-se na árvore e fechando os olhos.

– E-Estamos na metade da rota – Disse ele mostrando um ponto no mapa e em seguida sorriu – A-As plantações começam um pouco mais ao norte de onde estamos – Aquelas palavras foram uma injeção de animo para o grupo.

– E por acaso vocês tem alguma ideia de como vocês vão encontrar essa pokémon? E o que vão fazer depois que a encontrarem? – Brendan perguntou ainda com os olhos fechados. O trio recaiu em silêncio, realmente não haviam pensado nisso.

– Bem... – Começou May – Eu estava pensando em usar Zigzagoon que é o pokémon do grupo que tem o faro mais apurado e talvez a Vulpix... – Mas parou repentinamente ao notar o garoto a sua esquerda.

Wally não prestava mais atenção na conversa dos garotos. O som que lhe incomodara desde que pôs os pés na rota agora havia voltado com força total. Parecia ser uma mistura de gemidos, choro e no fundo um pedido inexplicável de ajuda. Ele estaria ficando louco? Sua cabeça chegava a doer com aquela mensagem que penetrava sua mente como uma agulha afiada.

– Pare, pare... Eu não consigo te entender... – Gemeu ele, fazendo os outros três chamarem por ele, mas o mesmo não escutou.

“Por favor... Por favor me ajude... Eu estou fraca... Estou morrendo...” Foi a primeira vez que ele ouviu claramente a voz da criatura em sua cabeça.

– Onde você está? Eu preciso saber ou não poderei fazer nada – As lagrimas chegavam aos olhos do garoto. Nem ele mesmo sabia se era por causa da dor ou pelo desespero da voz que clamava por sua ajuda.

“Eu... Por favor... Eu não aguento mais...” Disse a voz chorosa enquanto mostrava ao garoto a imagem diante de seus olhos. Ele reconheceu, era o mesmo local que procuravam, felizmente estava perto.

– Estou indo, aguente mais um pouco – Pediu enquanto sentia a presença desaparecer de sua mente. Quando voltou a si estava deitado sobre a relva encharcado de suor enquanto as duas garotas tentavam fazê-lo voltar a si. Brendan ainda estava escorado na árvore, mas um uma leve preocupação podia ser vista em seus olhos.

– Wally, Wally. Você está bem? – Chamava Juliana.

– Eu estou... Eu, eu a encontrei! Eu sei onde ela está! – Disse enquanto sentava-se ainda tonto.

– O que? Quem você encontrou? – Perguntou May cogitando a hipótese do garoto estar tendo algum tipo de alucinação.

De repente um som alto de veículo fez-se ouvir e logo um grande jipe de cor verde escura apareceu na pequena trilha para treinadores. Assim que viu os quatro jovens, o motorista do veículo parou ao lado deles. De dentro dele sai então uma bela mulher de corpo escultural e cabelos verdes presos em um rabo de cavalo. Vestia a roupa típica de policiais porém em modelo feminino e salto alto para dar-lhe uma certa elegância. No quepe, uma estrela dourada reluzia evidenciando o alto cargo que ocupava em sua profissão.

– Parece que finalmente tivemos sorte. Você é Wallance Young, filho de Charlotte e Benjamin Young, não é? – Perguntou a mulher enquanto observava um papel em suas mãos. O garoto de cabelos verdes ficou branco como um papel. Ele levantou-se vagarosamente e tentou fazer cara de desentendido.

– D-desculpe senhorita. A-acho que está me confundindo com outra pessoa...

– Claro que não! Esse na foto é você com certeza! – Virou a foto para o garoto. Provavelmente fora tirada quando o mesmo tinha por volta de uns 10 anos, mas ainda assim era impossível não reconhecê-lo de cara ao olhá-la, principalmente por causa dos cabelos – Seus pais estão desesperados procurando por você.

– Você fugiu de casa? – Perguntou Brendan levantando-se bruscamente. “Ops!” Pensou May, ela esquecera de que havia omitido aquela parte do garoto.

– Se a senhora notar bem, os olhos desse garoto são castanhos e os meus são azuis – Disse o garoto sério enquanto apontava para a foto.

– O que? Claro que não! – Aproveitando-se do momento de distração da policial, o garoto virou-se e entrou correndo nas árvores da rota o mais rápido possível – Garoto! – Gritou ela.

– Eu vou atrás dele! – Anunciou Brendan e saiu em disparada atrás do menino.

– Eu também – A morena de olhos azuis fez o mesmo que o outro.

– Esperem aqui crianças! – A policial tirou a chave do jipe e correu atrás da mulher sendo seguida por Juliana.

A tarefa de chegar até onde a Kirlia estava que antes parecera fácil para o garoto estava se tornando um verdadeiro suplício. Sentia que a qualquer momento iria desmaiar, na verdade, nem entendia como aguentara correr a tanto tempo sem que um de seus ataques começasse. Sabia que não duraria muito, precisaria conversar com a Kirlia de novo e explicar a situação.

“Me desculpe... Me desculpe Kirlia” Pensou, porém não obteve resposta. Esforçou-se mais, fechando os olhos com força e colocando as mãos em ambos dos lados da cabeça. “Kirlia!”

“Wally...” A voz da pokémon começou, entretanto, ele não podia ouvir mais nada do que ela dizia. Sua grande sorte como viajante o fizera tropeçar em algo que nem ele mesmo soube o que era e sair rolando por uma pequena depressão em sua frente. Parou no chão mais baixo já tonto, com falta de ar e sentindo a cabeça latejar. “Você veio...” Ouviu mais uma vez a pokémon e abriu os olhos vagarosamente.

Lá estava ela escorada em uma das árvores de berries com as pequenas mãos sobre barriga desproporcionalmente grande. A pele, assim como em tod sua linha evolutiva, era extremamente branca e na cabeça havia uma bela pelagem verde e duas grandes protuberâncias saindo uma em cada lado. Parecia exausta, desnutrida e desidratada, mas ainda assim exibia um pequeno sorriso, acreditando finalmente que seria salva. Ele imediatamente levou a mão ao bolso procurando sua bombinha, porém a mesma não estava lá, fazendo-o desesperar-se mais ainda. Aquela era a última que possuía e ele a havia perdido. Provavelmente enquanto corria ou durante a queda.

“Me desculpe Kirlia” pequenas lagrimas escorriam por seu rosto agora. No final, ele provou ser o inútil que sempre fora. Não conseguira salvar a pokémon e agora iria morrer no meio da rota. “Eu... Eu não consegui te salvar. Você escolheu a pessoa errada para pedir ajuda” Ele tentava falar em meio a crise, mas estava praticamente impossível. A pokémon psíquica olhou-o com ternura.

“Você não falhou pequenino. Obrigada por tudo” Ouvia a voz dela em sua mente.

“Porque eu?” Tentou uma última pergunta.

“O seu coração” A última frase saiu fraca. Seus olhos já estavam fechados, sentia que a escuridão começava a cobrir-lhe.

– Você não vai desistir agora que a encontrou não é? – Gritou uma voz.

“May?” Queria perguntar, mas sua voz não sabia. “Talvez eu já esteja morto”

– Wallance! - Ouviu a voz da policial chamar-lhe. O que era aquilo? Estava sendo levantado enquanto colocavam algo em sua boca e ele respirava novamente. Reunindo todas as suas forças, abriu os olhos e encontrou o grupo que o acompanhara até ali.

A policial juntamente com Brendan erguia-no para que respirasse com mais facilidade enquanto May segurava a Kirlia em seus braços e Juliana tentava dar-lhe água de seu cantil. Havia uma bombinha na mão da mulher que o segurava, teria ela achado a que deixara cair? Não, aquela estava nova. Provavelmente havia sido dada por seus pais para situações como aquela. Eles haviam achado-o mais cedo do que esperava. Ele iria para Verdanturf assim que pusesse os pés em casa, talvez nem chegasse a entrar. Naquele momento, entretanto, não se importou com aquilo, pois conseguira. Não havia sido ele quem a resgatara, mas levar o grupo até ela havia sido algo incrível para alguém como ele.

“Talvez eu não seja tão inútil assim” Pensou enquanto desmaiava de exaustão.


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